Como eu disse, lendo o caderno de jutsus do meu pai, perdi uma noite de sono. Eu fui dormir quando o dia começou a clarear e deitei na cama com os pergaminhos, fotos e o caderno em volta de mim. Dormi até à tarde quando Neji veio me procurar em casa. E como eu não atendi, ele tentou abrir a porta, mas estava trancada. Ele achou estranho e pulou, passando para o telhado e dando a volta na casa para chegar na janela do meu quarto. Ele segurou no telhado, apoiando os pés na parede e me viu pela janela, deitada e com todos aqueles papéis em volta de mim. Ele a abriu e entrou, me olhando em dúvida. Se aproximou e viu as fotos, achando estranho, mas reconhecendo minha mãe.

Não sei por quanto tempo ele esperou eu acordar, mas quando finalmente acordei os papéis não estava mais na cama. Os vi em cima da minha mesa ao lado de uma bandeja com café da manhã: uma tigela de frutas e chá de bambu no copo ao lado.

– Ohayou.

Olhei para o lado e Neji estava na porta, me olhando.

– Ohayou... – Disse quase inaudível – Etto...

– Não te vi na vila, então vim te procurar.

– Ah... – Desviei o olhar, envergonhada – Arigatou.

Ele foi até a mesa e pegou a bandeja, sentando na ponta da cama e me dando. Encolhi as pernas tanto para lhe dar espaço como por vergonha.

– Por que estava com essas coisas? Onde conseguiu essas fotos da sua mãe? – Ele perguntou calmamente.

– Na... Casa do meu pai. – Dei um meio sorriso sem graça.

Ele fez cara de tédio.

– Era pra você descansar e você foi lá. – Suspirou – Sempre faz as coisas ao contrário, ne?

– Gomen. – Disse, achando graça – Passei horas tentando achar a casa dele e encontrei essas coisas num fundo falso no chão do quarto. – Disse feliz.

Ele olhou meu sorriso e pareceu acalmar o olhar.

– Que ótimo. – Ele disse, sorrindo levemente.

Olhei aquele sorriso e corei, levantando rápido e indo até a mesa para dar tempo de eu parar de corar.

– Olha. – Disse, pegando os papeis e mostrando a ele – Ele estava tentando fazer um jutsu novo.

Ele me olhou surpreso e eu mostrei tudo a ele enquanto comia.

– Ele precisava do Byakugan.

– Mas só conseguiu um jutsu com o aprimoramento do próprio. – Ele disse, analisando o caderno – Ele é inteligente. Ótima tática.

– Hai.

– Você pode continuar o que ele estava tentando fazer.

– Eh? – O olhei em dúvida.

– Você tem os dois doujutsu, Naru. – Ele me olhou – Pode continuar o que ele estava tentando fazer e ainda fazer melhorias.

– É, mas olha. – O mostrei – Ele parou na metade das tentativas quando viu que precisava do Byakugan.

– Isso. E você pode continuar.

O olhei surpresa e sorri aos poucos, admirada. Me senti acreditada.

...

Foram dois meses e meio treinando. Treinei tudo que pude com Neji, todas as três grandes técnicas do Mangekyou Sharingan. Ficávamos esgotados no final do dia. Todos os dias ele estava treinando comigo para eu aprender as técnicas dos pergaminhos. Tsukuyomi, Amaterasu e Susano’o. Aprendi todas, mas meu susano’o não estava perfeito ainda. No começo eram apenas as costelas do humanoide ao meu redor, me protegendo e me permitindo atacar o adversário. Ele pareceu ter crescido no decorrer do tempo e seu tronco estava completo tanto quanto os braços e cabeça. Porém apenas isso, não havia pernas e nem o resto. Fora que eu sentia uma dor horrenda quando o usava. Como dizia no caderno do meu pai, meu olho com o Mangekyou sangrava e cada parte do meu corpo doía.

Em meio a isso, eu progredia na criação do jutsu do meu pai. Aperfeiçoei o Jutsu Esfera Solar já que com o usuário protegido ele não enxergaria o que estava do lado de fora com perfeição. Com meu Byakugan, eu enxergava perfeitamente e conseguia manter a esfera de fogo ao meu redor por muito mais tempo do que estava descrito no caderno do meu pai. Eu via que estava mais forte quando percebi que não estava ficando fraca ao gastar metade do meu chakra. Isso significava que ele aumentara de tamanho. Eu estava mesmo mais forte!

– Argh! – Exclamava enquanto treinava com Neji.

Ele desviava, ofegante e eu girei, fazendo o Jutsu Esfera Solar e jogando kunais nele, vendo perfeitamente onde ele se encontrava. Ele saltou e tentou me jogar uma shuriken, porém com a velocidade em que o fogo girava ao meu redor, ricocheteava. Era agora, precisava que ele estivesse pronto.

– Jutsu Mãos Solares! – Exclamei, parando a esfera e com isso o fogo se dissipando.

Essa técnica era parecida com o Punho Gentil e com o Passo Gentil dos Punhos de Leões Gêmeos da Hinata. Eu fluía chakra nas mãos ou até pelos braços, usando o Katon e cobrindo as mãos ou braços com o fogo. Com o Byakugan eu enxergava os pontos vitais do adversário e era morte certa comigo acertando os pontos e o fogo se estendendo, atravessando o adversário. Era um corte fatal e sem chances de cura já que não haveria tempo se fosse no coração.

Eu o fiz e comecei a tentar acertar Neji. Ele desviava constantemente e ficava cada vez mais veloz, porém eu quase o acertei de verdade. Ele desviou e eu acertei de raspão seu ombro, fazendo um corte em sua camisa tanto quanto em seu braço. Perfurei a árvore que estava atrás dele e parei o jutsu, olhando-o apavorada.

– Gomen! E-Eu... – Disse, me aproximando e pondo a mão no corte para curá-lo.

– Você o concluiu. – Ele disse convicto.

– Eh?

Ele sorriu e com isso eu sorri feliz. Quando terminei, o abracei. Eu estava realmente mais forte!

...

O que faltava agora era meu Susano’o. Mas eu finalmente estava forte! E essa foi a razão para eu ter sobrevivido aquele dia. Neji e eu estávamos voltando de uma missão pelo país da terra e passávamos por uma estrada que ficava entre duas grandes montanhas. Neji comentava que eu estava forte e eu sorri embaraçada ao passo que olhei de relance para uma rocha no alto, logo à frente. Parei de repente, vendo aquela pessoa.

– Naru? – Neji parou, me vendo daquele jeito.

“Sa... Sasuke...”, disse mentalmente.

Ele me olhava de cima daquela rocha e deu um meio sorriso, levantando e começando a andar para o lado oposto. Arregalei os olhos e comecei a correr, saltando de uma parede da montanha para outra e subindo na rocha que ele estava.

– Naru! – Neji me gritou.

Eu desapareci e ele me seguiu. Ou pelo menos tentou. Eu corria rápido para tentar alcançar Sasuke, eu tinha certeza que era ele! Algo parecido como a sombra dele entrava pelas fendas da montanha e corria dando aquela risada debochada e sempre desaparecendo, surgindo e dando voltas para eu voltar a segui-los. Eu fui burra, o segui para onde ele queria.

– Argh! – Exclamei, usando o Katon e lançando fogo pelo lugar.

Tudo se iluminou e eu vi aqueles olhos vermelhos me fitando. Ele saltou, desaparecendo e eu vi sua sombra correr dando mais uma risada debochada. O segui e saímos daquele lugar, entrando num local aberto e plano. Eu parei ofegante e o vi. Estava de costas para mim, mais alto e com o mesmo cabelo.

– Sa... – Gaguejei, engolindo a seco – Sasuke.

Ele sorriu e se virou, me olhando.

– Ora...

Arregalei os olhos.

– Quem diria que alguém como você o teria. – Ele disse com um sorriso debochado.

– S-Sasuke... N-Nani?

– O boato sobre você está se espalhando rápido. – Ele disse agora sério – A Hyuuga mestiça. Quem diria que um Uchiha faria isso.

O olhei, surpresa.

– Uhm...

– Você estava com os Hyuuga, ne. – Ele disse – Por isso ele não a matou.

– Sasuke... Eu...

– Você é um erro da natureza.

Arregalei os olhos.

– N-Nande?

– Quantos anos tem? 16?

Eu apenas o olhava, por que ele estava dizendo tudo aquilo?

– Hum. – Ele suspirou – Enfim... – Tirou a katana na bainha – Vamos terminar logo com isso.

Ele mirou a espada em minha direção e eu fiquei paralisada. Meus olhos marejaram, ele queria me matar? Sasuke estava sério e flexionou levemente os joelhos, dando impulso e vindo em minha direção. Eu o vi se aproximar rápido de mim com a espada em minha direção. Ela ia acertar meu rosto, mas eu despertei e tirei a minha katana da bainha, bloqueando o ataque dele e fazendo as espadas saírem faíscas com meu bloqueio.

– Sasuk...! – Tentei exclamar e recuei, me afastando.

Ele parou e seu corpo começou a se cobrir de raios. Me atacou, mas eu girei como se fosse fazer o Kaiten e fiz a Esfera Solar. Ele arregalou os olhos e da esfera eu atirei kunais. Não queria acertá-lo de verdade, apenas distraí-lo. Parei o jutsu e o olhei em posição de defesa com uma kunai na mão.

– Onegai, Sasuke! – Exclamei – Por favor... Pára com isso...

– Parar? – Ele sorriu debochadamente – Vocês não desistem? Onde você aprendeu esse jutsu? Onde! – Ele exclamou, me atacando de novo.

Arregalei os olhos e bloqueei a espada com a kunai.

– Por favor! – Exclamei – Volte conosco!

– Morre! – Ele disse com raiva.

Engoli a seco e me afastei, fazendo com que meu Susano’o surgisse. Desde a cintura até a cabeça ele surgiu, com uma cor preta avermelhada. Sasuke arregalou os olhos e eu o fiz levantar o braço, abaixando-o com força e tremendo o chão do lugar. Um pouco de poeira se levantou e Sasuke apertou os olhos para enxergar aquilo, ficando com raiva por eu poder fazê-lo. Ele recuou o braço e o jogou em minha direção. Várias cobras saíram dele e me atacaram, mas meu susano’o usava uma espada e cortou a maioria. Eu estava protegida dentro daquilo e conseguia o deter, mas não queria. Com aquela chance eu queria que ele voltasse comigo, que voltasse para Konoha.

– Por favor... – Meus olhos marejaram e meu olho direito começou a sangrar por causa da técnica.

Ele franziu o cenho com mais raiva e mais cobras surgiram de seu braço, maiores e mais fortes. Levantaram meu susano’o, comigo ainda nele, e Sasuke tentou jogá-lo para longe. Eu aterrissei no chão, tremendo-o mais uma vez e exclamei pela força com que caí. Ele se desfez ao meu redor, me deixando desprotegida. Meus olhos marejaram e as lágrimas começaram a escorrer, me perguntava por quê. Se eu usasse as mãos solares, conseguiria pará-lo. Mas eu não conseguiria machucá-lo! As mãos solares eram para matar, para ter certeza de que meu inimigo morreria!

Sasuke correu em minha direção e eu levantei lentamente, chorando em silêncio. Eu esperava que ele parasse, mas com tudo que estava havendo até agora, via que ele me mataria mesmo. Mas... Apenas tinha esperanças. Cobri meus braços com chakra ao passo aproximei a mão da boca, soprando levemente o fogo. Meus dois membros se cobriram de fogo, mas eu estava imóvel. “Onegai...”, pensava. Ele corria em minha direção.

– Nii-san! – Exclamei, apertando os olhos.

Ele arregalou os olhos. Eu abri os meus e os arregalei. Sasuke estava com a kanata atravessada no meu corpo, no meu coração. Eu o olhava com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

– Acha que você conseguiria me levar para aquele lugar?! – Ele disse, me encarando – Vai morrer aqui.

Acalmei o olhar, não conseguia acreditar. De repente uma mão surgiu para atingir Sasuke, que desviou arrancando a espada do meu corpo e saltando para trás. Era Neji, que quando eu ia cair, me apoiou em seus braços. Ele me olhou com os olhos arregalados e depois encarou Sasuke, que sorriu maldosamente e começou a desaparecer, alargando cada vez mais seu sorriso em nossa direção. Neji rangeu os dentes e me olhou, ajoelhando no chão e me segurando nos braços.

– Gomen... – Eu disse, chorando.

– Baka... – Ele pegou em minha bochecha, encostando a testa na minha – Por que é tão impulsiva?

Sorri levemente e pus a mão na ferida.

– Arigatou... – Disse – Você chegou bem a tempo.

Ele me olhou sem entender. Comecei a fluir chakra na mão e a curar a ferida. Arigatou, Sakura! Demorou longos segundos com a dor que eu estava sentindo, mas consegui. Porém com a ferida, o chakra que eu gastei antes e agora essa quantidade que eu gastei para me curar, fiquei fraca e quase perdi a consciência.

– Naru... – Neji disse surpreso, me olhando.

Eu sorri, quase rindo.

– Sakura me ensinou.

– Baka! – Ele exclamou, me abraçando – Quando eu vou parar de quase perder você?

Acalmei o olhar, o abraçando. Verdade... Quando iriamos parar de perder as pessoas que gostamos?

...

Dias depois, voltamos para casa e reportamos o que houve a Tsunade-sama. Ela assentiu com raiva e eu pedi desculpas, dizendo que agora sabia do que Sasuke era capaz e que tomaria mais cuidado, mesmo não tendo certeza disso. Mas de uma coisa eu sabia: não pararia de lutar. Com certeza Naruto e eu o traríamos de volta!

Porém... Nossa luta não parou ali, claro. Konoha foi atacada de novo e dessa vez por um ruivo da Akatsuki chamado Pain. Ele usava o mesmo casaco negro com nuvens vermelhas e estava acompanhado por mais outros ruivos com espécies de piercings negros pelo rosto. Eles atacaram Kohona e a destruíram. Foi horrível e Hinata quase morreu tentando ajudar Naruto, que estava lutando com Pain. Eu consegui matar um deles usando o susano’o e As Mãos Solares. Eles eram muito estranhos e anormais, mas por fim tudo acabou e Naruto o derrotou.

Mas, e como eu odeio esses “mas”, estávamos agora prestes a presenciar a Quarta Grande Guerra Ninja. Agora... Que droga vai acontecer? Apenas espero que os que eu amo fiquem bem. Espero que Neji e eu fiquemos bem.