Between. escrita por Lana


Capítulo 3
'Til Kingdom Come


Notas iniciais do capítulo

Steal my heart and hold my tongue, I feel my time, my time has come. Let me in, unlock the door... I never felt this way before. Hold my head inside your hands, I need someone who understands, I need someone who hears... For you I've waited all these years. For you I'd wait 'til kingdom come, until my day is done and say you'll come and set me free. Just say you'll wait, you'll wait for me. - 'Til Kingdom Come, Coldplay.



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Rosalie estava em seu quarto, observando outra visita de seu pai. Ele a checava no mínimo quatro vezes ao dia. Ele nunca perdia as esperanças. Depois de ouvir o médico de Emmett aconselhando seus pais a desligar os aparelhos, Rosalie estava ainda mais grata por seu pai parecer não fraquejar em nenhum momento. Ele era um homem de fé, e tinha fé no despertar de sua filha.

Ele checou as ultimas atualizações do prontuário de Rosalie enquanto ela observava automaticamente. Carlisle suspirou, então, sentando-se na beirada do leito hospitalar e tocou os cabelos louros tão parecidos com os seus.

– Quando você irá acordar, querida? Não quero te apressar, eu sei que você precisa se recuperar, mas sua mãe está ficando mais preocupada a cada dia, e você sabe, ela não crê tanto quanto eu. – ele deu um sorriso triste. – Estamos todos sentindo muito a sua falta. Os almoços de domingo nunca mais foram os mesmos. E ninguém come mais sobremesa, porque você era quem as fazia.

Ele ficou em silêncio por um tempo, acariciando o cabelo de Rosalie, e foi quando ela se deu conta: ela podia sentir aquele toque. Ela sentia as mãos de seu pai em seu cabelo. Ela sentia! Rosalie correu porta afora, gritando por Emmett.

– O que? – ele perguntou quando a encontrou, alarmado pela gritaria. O sorriso de Rosalie era imenso.

– Você não vai acreditar no que aconteceu! – ela disse excitada. – Meu pai estava conversando comigo e tocando no meu cabelo e eu senti! Eu senti, Emm. Fraco, mas definitivamente estava ali! – ela deu uma risada. – Isso é bom, certo? Isso tem que ser bom. Eu senti o toque dele! – ela se lançou a ele em um abraço, feliz demais para continuar falando. Emmett retribuiu, apertando os braços em volta dela, enquanto duas coisas se tornavam claras em sua mente.

A primeira era que Rosalie estava melhorando. Se ela estava começando a sentir, provavelmente significava que ela iria acordar. Ela sairia dali logo.

A segunda era que ele não.

– Você está preocupado. – Rosalie constatou. Já havia alguns dias desde que sentira seu pai a tocar pela primeira vez. A sensação só se tornava mais forte. Ela sempre sabia quando alguém a tocava, mesmo que não estivesse por perto. E ela sentia que estava quase desaparecendo. Como se seu corpo ficasse mais forte e sua outra versão mais fraca. Como se estivesse sendo sugada.

Aquilo não a impedira de reparar em como Emmett estava lidando com a notícia. Ele não precisou dizer, mas ela sentiu a preocupação que emanava dele pelo fato de ela estar melhorando e ele não; afinal, ele estava ali há muito mais tempo. Ela se preocupava por ele também. Havia se apegado a Emmett de uma forma que não era natural, mas que ela relacionava diretamente à situação. Como não se apegar à única pessoa que estava ali com ela durantes aqueles meses, a mantendo sã?

– Eu estou bem. – ele assegurou. Rosalie tocou-lhe a mão, apertando-a, reassegurando que estava ali. Pelo menos, ainda. Um longo momento se passou antes que ele voltasse a falar. – Você acha... Você acha que eu algum dia acordarei? Que eu ainda vou melhorar? – sua pergunta saiu em um fio de voz, sua cabeça baixa. Rosalie puxou o rosto de Emmett com delicadeza até que ele estivesse olhando em seus olhos.

– Eu tenho certeza que você vai acordar. Você é um homem forte, guerreiro, e eu acredito que você, mais que ninguém, Emm, vai lutar para viver. Eu acredito que você vai abrir seus olhos e voltar a fazer todas as coisas que você ama. Além do mais, ainda temos que visitar a sua ex. – ela deu um sorriso de lado e ele não pôde evitar sorrir também.

– Obrigado. – ele fechou os olhos e respirou fundo. Ouvir aquelas palavras, saber que alguém acreditava nele – que Rosalie acreditava nele – era uma motivação e tanto para não perder as esperanças. Ele ainda tinha tanto para viver, queria tanto viver. Rosalie recostou a testa na dele, de olhos também fechados e ainda sorrindo.

– Você não pode desistir de si mesmo, Emm. Tenha fé em você. Eu tenho. – ela confessou.

Eles estavam ambos no quarto da loura. Já havia se passado mais de uma semana desde que ela começara a sentir os toques. Edward estava lá, lendo para ela. Eles estavam conversando e observando-o enquanto lia. Um longo tempo havia se passado sem que nenhum deles falasse, apenas a voz de Edward lendo o livro favorito de Rosalie sendo ouvida. Ela encarava o noivo, sentindo falta dele, sentindo falta das pequenas coisas, querendo mais que nunca poder falar com ele. Emmett não queria encarar, sentia-se como um intruso naquele momento, mas também não queria ficar longe de Rosalie quando sabia que ela estava prestes a partir. Ele podia sentir no fundo de sua alma. Então, ao invés de olhar para qualquer um dos dois, observava o monitor próximo à cama de Rosalie. E foi assim que ele percebeu a mudança, mas ela não. Ele engoliu em seco depois de respirar fundo.

– Rose, quando você acordar, lembre-se de aproveitar cada dia como se fosse o último. Faça as coisas que quer e não deixe nada para depois. Aproveite a vida. Você sabe agora quão frágil ela é. – ele comentou numa voz serena, tentando não soar tão angustiado quanto se sentia. Rosalie se virou para ele, tombando a cabeça de lado em confusão.

– Porque você está falando assim?

– Porque você precisa me deixar agora. – ele respondeu segurando-lhe a mão. Ela entendeu automaticamente.

– O que? Não! – ela respondeu, alarmada. Emmett a encarou, confuso. Ela também estava confusa. Não entendia da onde aquela resposta viera.

– Isso é tudo que você quer desde que você veio parar aqui. – ele contradisse.

– Isso foi antes de eu conhecer você! Eu não posso deixar você aqui sozinho! – ela rebateu.

– Eu estava aqui sozinho antes, baby. Não se preocupe com isso. – ele deu um sorriso de lado. – Rose, você precisa ir. – ele falou quando viu a expressão no rosto dela, se tornando determinada, de uma forma que não o agradou. É claro que ele não queria que ela fosse. Queria que ela ficasse com ele, não queria ficar solitário novamente, havia se apegado tanto a ela! Mas é claro que queria que ela fosse. Que acordasse, que vivesse sua vida, voltasse para sua família e sua casa, saísse daquele plano estranho em que eles viviam. Se ele apenas pudesse ter as duas coisas...

– Eu não vou deixar você aqui sozinho. – a voz dela soou firme e o sorriso do grandão aumentou.

– Você não tem escolha, você mesma disse que está sentindo como se estivesse desaparecendo. Você não pode escolher não viver. Além do mais, todos lá estão te esperando. Seus pais, o Edward...

– Eu não quero deixar você aqui. – ela confessou. – Venha comigo.

– Eu não posso. – ela sabia aquilo, e o fato dela pedir ainda assim fez com que ele desse um sorriso triste. – Eu não sinto nenhuma mudança desde que cheguei aqui. Não como você.

– Eu não posso deixar você aqui, Emm. Eu... Você não vai ter ninguém com quem conversar.

– Converse comigo. Eu estarei te ouvindo. – ele prometeu e puxou a loura, envolvendo-a em seus braços em um abraço protetor enquanto ela fechava os olhos com força, os olhos ardendo. – Não deixe que eles desliguem os aparelhos.

– Nunca. Eu prometo. – ela disse inocentemente. Nenhum deles sabia o que aconteceria, como aquilo funcionava, se ela sequer se lembraria daquilo. – Me prometa uma coisa. Prometa que você vai acordar também. Prometa que vai acordar e ter uma vida longa e maravilhosa e que vamos fazer todas as coisas que planejamos, e que você voltará para seus pais e para mim.

– Eu prometo que acordarei e terei uma vida longa e maravilhosa e que faremos tudo que queremos e que voltarei por você. – ele prometeu com um sorriso de lado. – Agora, abra seus olhos.

– Não...

– Abra seus olhos, Rosalie. – ele sussurrou em seu ouvido. Ao mesmo tempo, ela pôde ouvir outro sussurro, a conhecida voz de seu noivo repetindo o que Emmett acabara de dizer, como um eco. – Abra seus olhos.

– Eu não quero deixa-lo. – ela sussurrou, apertando os olhos com mais força. No fundo de sua cabeça, Edward continuava a repetir. Abra seus olhos, Rose. Abra seus olhos.

– Você não vai. – ele beijou o topo de sua cabeça, sentindo os olhos arderem com lágrimas que ele não queria derramar. – Por favor, abra seus olhos.

Respirando fundo, a loura lentamente abriu os olhos. Encarou o teto branco do quarto, sem saber onde estava, sem saber o que acontecera, sem se lembrar de nada. Emmett a observou, ainda com os braços em volta do vazio, recobrar sua consciência e esquecer-se dele.

– Eu estou tão feliz de te ter em casa novamente. – Edward disse a beijando antes de abrir a porta. – Você não tem ideia de como isso aqui é vazio sem você. – ela sorriu.

– É bom estar de volta. – ela respondeu quando entraram. Ela olhou em volta, reconhecendo o ambiente familiar, se sentindo em casa. Miau! Rosalie olhou para baixo, vendo um animal felpudo e de pelo preto, com grandes olhos amarelos a encarando.

– Esse é o nosso gato. – Edward sorriu, pegando-o no colo. Rosalie se derreteu pelo bichano.

– Olá filhotinho. – ela disse com uma voz melosa, pegando-o do colo de Edward e o acariciando. O gato pareceu gostar dela instantaneamente, ronronando em seu colo. – Você é tão fofinho, meu Deus. Eu quase tenho vontade de te morder, nhac. – Edward deu um sorriso de lado, observando-a brincar com o animal. Ele sentira falta dela. Deus, ele sentira tanto a falta dela.

– O nome dele é-

– Fritas! – ela falou rapidamente, um sorriso largo. – Ele tem cara de Fritas.

– Fritas? – Edward repetiu, franzindo as sobrancelhas, então deu um sorriso e balançou a cabeça. – Certo, acho que podemos viver com isso. Agora, largue esse gato e vamos te instalar. Você precisa de repouso e eu te farei um jantar. – ela sorriu e colocou o gato no chão, que reclamou com um miado enquanto caminhava entre as pernas dela.

– Eu estou bem, posso ajudar a preparar o jantar. – ela ofereceu.

– Você é péssima cozinhando, amor. – ele sorriu enquanto a guiava para o quarto. Rosalie sorriu.

– Quem falou qualquer coisa sobre cozinhar? – ela perguntou quando chegaram ao quarto, colocando os braços ao redor do pescoço de Edward. Ele riu, envolvendo-a com cuidado em seus braços antes de beijá-la.

Rosalie andava pelos corredores do hospital depois de uma ultima revisão – só em caso, insistira sua mãe e Edward. A loura parou quando viu uma porta aberta, um homem grande deitado na cama lá dentro. Ela se dirigiu para lá quando viu que não havia ninguém mais no quarto e chegou mais perto da cama.

O homem inconsciente tinha o rosto mais inocente que ela já vira em um adulto em toda sua vida. Seu cabelo cacheado estava sobre sua face e ela passou a mão ali, tirando os cachos já grandes de sua testa. Sua barba precisava ser feita, como se não a tivessem tirado durante alguns dias. Ela passou a mão delicadamente ali também.

Ele parecia tão pacífico, e ela imaginou por quanto tempo aquele homem estava ali e qual era seu problema. Olhando para o prontuário no final de sua cama, ela viu que ele se chamava Emmett McCarty. Ela se sentou na beirada da cama, ainda encarando o homem, e por alguma razão desconhecida, se sentindo incrivelmente triste por aquele estranho que ela jamais vira.

– Posso te ajudar? – uma mulher morena mais velha perguntou, dentro do quarto, com a voz séria. Rosalie levantou-se automaticamente, constrangida por ter sido pega.

– Oh, hãn, olá. – ela disse nervosa. A mulher a olhou, tentando reconhece-la.

– Quem é você? – ela perguntou quando teve certeza que não a conhecia de lugar algum.

– Eu sou Rosalie Hale. – a loura se apresentou com um sorriso simpático.

– Você é amiga do Emmett? – a morena perguntou enquanto elas apertavam as mãos. – Desculpe, mas não consigo me lembrar de você. – ela continuou num tom mais simpático agora, um sorriso de lado curvando seus lábios.

– Sou. – ela mentiu rapidamente. – Nós não nos conhecemos há muito tempo. – ela disse como se explicasse o fato de ser desconhecida.

– Ah, então você ouviu sobre o acidente recentemente? – ela assentiu, entendendo.

– É, isso aí. – Rosalie concordou.

– O que você soube? – Carmen perguntou se aproximando do filho e dando uma olhada nele, como se checasse que ainda estava inteiro.

– Não muito. Só me contaram que ele estava inconsciente e no hospital e eu vim o mais rápido que pude. O que aconteceu com ele?

– Ele foi baleado em um assalto, meu pobre bebê. Bancando o herói, tentou resistir ao outro homem, dá para acreditar nisso? Tão bobo! – ela deu um sorriso triste.

– Quando aconteceu? Eles não comentaram também. – Rosalie perguntou, também olhando para Emmett agora.

– Sete meses atrás.

– Tudo isso? – ela perguntou surpresa.

– É. Eu sou a Carmen, aliás. Mãe do Emmett. – Rosalie sorriu.

– É bom te conhecer, apesar da situação não ser das melhores.

– Você também, querida. – a mulher mais velha sorriu.

– Eu tenho que ir agora, mas eu gostaria de voltar mais vezes para visita-lo, você se importa? – ela indagou antes de sequer parar para pensar de fato sobre aquela pergunta.

– Claro que não. Venha sempre que quiser, eu tenho certeza de que ele iria gostar. – Carmen sorriu.

Rosalie sorriu também, se despediu rapidamente e foi em direção à saída, pensando da onde diabos tirara a ideia de visitar um homem totalmente desconhecido que ela por acaso tropeçara no hospital.

– Eu tive um bom dia hoje. – ela comentou com Emmett. Era a sexta vez que ela o visitava, desde que entrara em seu quarto, duas semanas antes. Ele continuava do mesmo jeito, imóvel. Ela estava sentada numa cadeira ao lado da cama. A outra versão de Emmett estava sentada na beirada do leito, olhando-a atentamente e respondendo vez ou outra, mesmo sabendo que ela não poderia ouvir. – Ninguém me tratou como se eu quase tivesse morrido, o que foi bom. Parece que as coisas finalmente estão seguindo em frente. Sua mãe me contou sobre sua noiva ontem. Eu sinto muito sobre seu casamento. – ela franziu os lábios e apertou a mão dele.

– Dona Carmen gosta de você. Ouvi ela falando isso com meu pai. – ele sorriu. – Acho que ela gostaria de você como nora. Ela nunca foi muito fã da minha ex.

– Como eu já falei, eu também tenho um noivo. Ele está ridiculamente protetor depois do acidente, está me deixando nos nervos. – ela revirou os olhos.

– Aposto que está. – ele sorriu e comentou consigo mesmo.

– Eu sei que não deveria, mas não é como se eu fosse uma criança. Eu acho que ele quer ter uma criança, na verdade. – ela comentou depois de um tempo. – Ele fica falando todo o tempo sobre como o Fritas parece uma criança, o que não é verdade de forma alguma. – Emmett sorriu ao ouvir o nome do gato. Ela não se lembrava dele, é verdade. Mas o fato dela ter voltado ao hospital por ele, mesmo sendo um estranho para ela, aquecia seu coração. O fato de ter dado o nome que ele sugerira ao gato, mesmo que não se lembrasse. Aqueles pequenos detalhes o davam esperança. – Eu não sei se quero ter um filho agora. Não é como se eu não quisesse ter filhos, eu quero. Mas não sei se essa é a hora certa. Eu não vivi muito ainda. Ainda há coisas que quero fazer. Tipo ir pra Espanha. E pro Brasil. E pra Tailândia. Eu não posso fazer isso com um bebê. Eu devo soar como uma pessoa extremamente egoísta e horrível agora, mas eu prometo pra você que não sou. – ele sorriu.

– Você nunca poderia ser, baby. – ele assegurou.

– Eu queria que você acordasse e me falasse o que você acha sobre isso. Acho que seríamos bons amigos. Seria legal você acordar e comer também, porque sua mãe me mostrou uma foto de um natal de vocês, e Emmett, você tinha um corpo enorme. Acho que você vai se irritar por perder seus músculos. Você me parece alguém que se importa com exercícios, então vai ter que trabalhar muito pra recuperar aqueles braços enormes. – ela sorriu e ele fez uma careta ao olhar seu corpo na cama. Ele estava, de fato, bem mais magro apesar de ainda ter um porte grande. Mais pálido. Aquilo o angustiou. Já eram mais de sete meses e os médicos estavam certos: as chances de ele acordar não eram grandes, e se acontecesse, ele teria sequelas. Ele não tinha certeza de que queria viver daquela forma. – Abra seus olhos. – ela pediu baixinho e Emmett se virou para olhá-la novamente, uma sensação de déjà vu o assaltando. – Abra seus olhos, Emmett. Eu quero tanto conhecer você.

Ele sorriu. Ele não sabia como acordaria – e se acordaria –, mas vendo-a ali, pedindo para que ele o fizesse, era impossível não querer, não se esforçar para algo mudar. Ele queria tanto fazer o que ela pedira. Ele queria tanto poder respondê-la e sentir sua mão de novo e dizer que sentia sua falta. Rosalie suspirou e apertou a mão dele mais uma vez.

– Eu preciso ir agora. – ela falou.

– Não! – Emmett falou ferozmente, não querendo perdê-la, não ainda. Rosalie voltou os olhos atentos para a mão que segurava, surpresa. Emmett seguiu seu olhar e seu coração quase inflou com o que vira. Seus dedos se movendo, como se seu punho fosse se fechar – assim como sua versão não carnal estava fazendo, segundos antes. Assim que se deu conta, entretanto, o movimento cessou. – Não, droga! – ele resmungou, tentando movê-la novamente. Rosalie estava sorrindo.

– Você se moveu! – ela disse de forma boba e feliz. Mordendo os lábios para conter o sorriso, ela repetiu: - Você se moveu.

Ele não se esforçava mais para se mexer. Tudo que ele podia fazer era encará-la, ver a forma como ela sorria porque um estranho em coma movera os dedos. Ela se lembrava – ele tinha que acreditar – em algum lugar daquela linda mente dela, ela se lembrava dele.

Era uma tarde de quarta feira, Carmen e Rosalie estavam conversando no quarto de Emmett, sentadas em cadeiras de plástico ao lado da cama e olhando uma para a outra.

A frequência com a qual Rosalie passou a visitar Emmett acabou sendo maior do que esperava e isso a aproximou da mãe do grandão, que gostou dela de cara. Carmen adorava contar histórias do filho, e Rosalie se deliciava as ouvindo. Fazia alguns dias desde que Emmett movera a mão, o que fizera com que Carmen se firmasse na decisão de não deligar os aparelhos de Emm quando a loura a contou do ocorrido.

– Você acha que ele pode escutar o que a gente fala? – Rosalie perguntou, virando-se rapidamente para Emm antes de voltar o olhar para a mãe. – Acha que ele vai se lembrar de mim?

– Eu espero que sim, querida. – ela respondeu, olhando para o filho também. – Apesar de que eu acho que o deixaria louco ouvir tanto e não falar nada. – Rosalie riu.

– Acho que eu ficaria louca também. Quando eu estava em coma eu não ouvi nada.

– Você estava em coma também?! – Carmen perguntou surpresa, voltando-se para ela. Rosalie mordeu a língua enquanto xingava em sua mente.

– Há um tempo. Eu sofri um acidente de carro e fiquei em coma por alguns meses.

– Oh. – Carmen assentiu, pensativa por um segundo. – E você teve sequelas?

– Miraculosamente, não. Todos achavam que eu ia ter, mas eu acordei bem. – ela deu de ombros e o coração de Carmen se encheu de esperanças.

– Foi tanto tempo quanto o Emm está em coma? – ela tentou não soar muito entusiasmada, esperançosa, mas sua voz deixou escapar um pouco do sentimento, e Rosalie se encolheu, entendendo onde ela queria chegar.

– Não, foi bem menos. – ela respondeu, pensando sobre os dois meses dos quais não tinha memória alguma. Carmen suspirou e Rosalie pegou-lhe a mão. – Não se preocupe, Carmen. Mesmo que ele tenha sequelas, o importante é ele acordar. E vamos estar aqui para ajuda-lo a superá-las.

– Obrigada. É muito bom ter você aqui, querida. Tenho certeza que Emm vai precisar de uma boa amiga como você quando acordar. – Carmen disse com um sorriso. – As pessoas pararam de visitar depois de um tempo, e é bom ter um rosto novo além do meu marido. – Rosalie sorriu.

– Não se preocupe, não tenho a intenção de deixar de aparecer. – a loura assegurou, desviando os olhos da mulher mais velha para dar mais uma checada em Emmett. – Carmen! – ela exclamou, sem desviar os olhos, virando-se totalmente para a cama onde o grandão estava.

A mãe se virou rapidamente, preocupada. Mas tudo que encontrou foi seu filho de olhos abertos, encarando as duas mulheres com uma expressão levemente confusa, mas ainda assim, consciente. Rosalie ficou paralisada, sem saber como reagir enquanto Carmen se levantou entusiasmada, beijando o filho, agradecendo a Deus, dizendo o quanto estava feliz por ele acordar. Estava sobrecarregando um homem que acabara de acordar de um coma, Rosalie queria dizer, porque ela já estivera naquela posição, mas não pôde dizer nada, entendendo como aquilo era necessário para Carmen. Ao contrário daquilo, levantou-se em silêncio com um sorriso, e foi chamar o médico de Emmett em seguida.

Quando voltou com o doutor, Carmen estava mais calma, Emmett ainda parecia confuso e Rosalie não conseguia tirar um sorriso bobo do rosto. Ela ficou no canto do quarto, observando enquanto o médico fazia várias perguntas e checagens pelas quais ela já passara. De cara, o médico não identificou nenhuma sequela além da dificuldade que Emmett tinha para falar, o que ele achou que logo passaria, de toda forma. Mas ainda era cedo para dizer se não havia nenhuma outra, como um dano de memória ou dificuldades motoras. Rosalie já havia preparado a desculpa que usaria quando Emmett não se lembrasse dela. O médico continuou conversando com Carmen e o moreno, e ela se absteve um pouco das palavras, olhando para o homem que estava agora sentado no leito, tentando acompanhar tudo que lhe era dito.

Ela gostava daquele homem, mesmo que nunca tivesse tido uma conversa com ele e que ele sequer soubesse quem ela era. Apesar de tudo, ela gostava daquele cara estranho sobre o qual já sabia tantas histórias e havia ainda tantas outras para saber. Ela estava interessada por aquele grandão que de alguma forma, sem palavra alguma, sem sequer abrir os olhos, ganhara sua atenção e afeto. E ela mal podia esperar para conhecê-lo.

– Rose? – ela o ouviu chamar com uma voz embolada. Hesitante e surpresa, ela deu um passo para mais perto da cama. Ao olhar para o rosto já tão conhecido, tudo que ela viu foi um olhar explícito de reconhecimento e um sorriso de covinhas que acelerou seu coração, que, aliás, ela podia jurar já conhecer e amar.


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Notas finais do capítulo

Oi gente! Essa foi a parte final da one hihih.
Espero que vocês tenham gostado! Eu sei que não é o final esperado, but, foi o único final que vi pra essa história yay. Espero que tenham gostado e que essa história tenha divertido vocês! Muito obrigada às meninas que comentaram nas partes anteriores! Espero que vocês tenham curtido bastante! :)
Sem delongas, bom domingo! Beijo grande!