Between. escrita por Lana


Capítulo 2
Can I Stay


Notas iniciais do capítulo

So can I stay here with you, till the day breaks? There's something you should know, I ain't got no place to go. So can I stay here with you, till the day breaks? How happy it would make me to see your face when I wake. - Can I Stay, Ray LaMontagne.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/629605/chapter/2

– Com você conheceu seu noivo? – Emmett perguntou.

– Nos conhecemos em um avião. – ela sorriu de forma meiga enquanto se lembrava. – Nos conhecemos num voo para Nova York e então ele começou a falar comigo sobre o livro que eu estava lendo e esse assunto levou a outro e outro... Quando o avião pousou lá, nós já éramos amigos. – ela revirou os olhos. – Então quando nós estávamos de volta aqui, ele me ligou e nós começamos a sair. Depois de um tempo estávamos juntos. E você e sua ex?

– Nos conhecemos na faculdade.

– Com o que você trabalha, aliás? – ela perguntou.

– Eu sou um homem de negócios. – ele sorriu, como se zombasse do termo. – Eu tenho algumas academias pelo estado. E você?

– Sou advogada. – ela falou.

– Por que você quis ser uma advogada?

– Eu não sei, eu sempre gostei muito da profissão, sempre assisti programas de tv com advogados e achava o máximo, e daí quando chegou na hora de escolher eu não tinha outra coisa em mente e fui sem saber de verdade se era o que eu queria fazer da vida. Mas depois de começar eu me apaixonei e hoje eu não me vejo fazendo outra coisa. – ela sorriu. – O que você cursou na universidade?

– Eu comecei a faculdade de medicina, mas odiei, então eu saí depois de algum tempo. – ele deu de ombros. – Depois acabei não fazendo mais nenhuma.

– Sua perda. As festas da faculdade são incríveis. – ela sorriu e piscou enquanto ele dava uma risada grossa.

– Seu noivo também é advogado? Ele tem cara de advogado. – ela revirou os olhos e deu um sorriso curto.

– Não, ele é um psicólogo. Ele trabalha com o tribunal algumas vezes, mas se concentra na sua clínica na maior parte do tempo.

– Uh, parece um homem rico. – ele provocou e ela sorriu, balançando a cabeça negativamente.

– Falou o homem que tem uma filial de academias ao redor do estado. – ele riu. – O que você pensou quando você foi assaltado? Quero dizer, o que fez você reagir? Você não me parece alguém que dá tanta importância ao dinheiro.

– Eu não dou. – ele deu de ombros. – Não era sobre o dinheiro. Foi por causa de uma corrente. Minha mãe me deu quando eu comecei o meu negócio, para me dar sorte, e desde então eu sempre a usei. O cara a queria, eu não quis entregar, então dei um soco nele e ele atirou em mim.

– O que você pensou quando foi baleado? Quer dizer, você ao menos pensou alguma coisa? Houve tempo pra isso? – ela perguntou confusa.

– Eu pensei que estava a caminho de uma reunião e eu ia chegar atrasado. – ele rolou os olhos com um sorriso de lado. – Bom, acho que eu estou mais atrasado do que eu esperava. Mas quando eu fui atingido, a última coisa que pensei foi na minha noiva. Eu pensei que ela ficaria desapontada por não ter o casamento que ela queria, porque seria dali a uma semana. – ele deu um sorriso de lado e sua voz tornou-se irônica. – Novamente, você pode perceber como eu sempre estou preocupado com as coisas certas.

– Bom, quando nós acordarmos, nós podemos ir até a casa dela fazê-la se sentir mal, e uma vez que ela te queira de volta, você diz a ela que já conheceu uma garota adorável que roubou o seu coração. – ela deu um sorriso conspiratório e ele riu.

– Você irá comigo, para ser essa jovem adorável? – ele checou.

– Por que não? – ela deu de ombros. – Eu vou adorar quebrar a mulher que quebrou seu coração. – ele sorriu de lado.

– Obrigado, jovem adorável.

– Você alguma vez já pensou em suicídio? – ela perguntou do nada. – Tipo, ao longo da sua vida, você alguma vez pensou sobre isso?

– Não, por quê? – ele franziu as sobrancelhas.

– Nada. – ela deu de ombros, desviando o olhar.

– Você já?

– É.

– Por quê?

– Eu não sei como explicar. – ela encolheu. – Eu tinha tudo que podia querer. Eu era popular, tinha um namorado bacana, tinha um bom relacionamento com meus pais, vários amigos, rainha do baile de formatura... Mas ainda assim, eu estava incrivelmente triste. Eu fiquei tão melancólica, que suicídio passou pela minha cabeça porque eu não queria viver daquela maneira e eu não tinha certeza se iria sair daquilo. – ela contou em voz baixa, evitando olha-lo nos olhos.

– Isso é... estranho. – ele disse, sem saber o que falar. Rosalie deu uma risada sem humor.

– Eu sei, certo? Mas eu fiquei tão assustada com aquilo, que nunca mais permiti a mim mesma chegar perto daquele tipo de sentimento novamente. Foi mais do que assustador, foi... aterrorizante. Foi a pior fase da minha vida.

– Como você saiu dessa?

– Eu tomava remédios e ia a um psicólogo. Ele me ajudou muito. Mas levou bastante tempo pra eu me livrar daquilo. – ela franziu os lábios. – Eu comecei a pensar duas vezes antes de julgar alguém depois de passar por isso. Acho que me fez aprender que as aparências podem enganar, sabe? Alguém pode alegar inocência e ainda assim ter cometido um delito ou vice versa.

– Você sempre usa essas metáforas? – ele cerrou os olhos. – Porque elas são meio ruins. – ela revirou os olhos e reprimiu um sorriso.

– Antes isso do que aquelas piadinhas de academia que você solta às vezes. – Emmett fingiu horror.

– Você ama as minhas piadas! Você quase morreu de rir da que eu contei na semana passada! – ela ergueu uma sobrancelha, o semblante sério. Ele a encarou. – Você não achou engraçada? Você fingiu? – a loura sorriu lentamente.

– Você nunca vai saber.

– Quanto tempo já faz? – ela suspirou.

– Mais de um mês. – ele franziu os lábios. Mais de cinco meses para ele. Ele estava perdendo as esperanças. Ele respirou fundo e tirou aquilo da mente, era um terreno perigoso de se pisar. – Qual a primeira coisa que você vai fazer quando sair daqui?

– Comer um hambúrguer. – ela respondeu sem pensar duas vezes.

– Ótima resposta. – concordou.

– E você?

– Brincar com meu cachorro. Ele deve estar morrendo sem mim, meus pais não gostam de cachorro, exceto quando estão trancados em algum lugar longe deles.

– Qual o nome do seu cachorro?

– Logan.

– Tipo o Wolverine?

– Eu gosto de quadrinhos. – ele deu de ombros com um sorriso culpado.

– Eu gosto também. Eu gosto do Logan. E do Bruce Wayne, cara, o Batman é o cara dos meus sonhos. – Emmett revirou os olhos.

– Solitários.

– O que?

– Os dois personagens. São meio solitários. – ele explicou.

– São corajosos. – ela rebateu.

– São. Mas não deixam de ser solitários.

– O que você está implicando?

– Nada, é só um comentário. – ele cerrou os olhos. – Você que está se identificando.

– Eu não estou! – ele sorriu.

– Estou brincando, loura. Fica fria.

– Eu tenho um gato agora. – ela comentou mudando de assunto. – Acho que eu não falei com você.

– Onde você achou um gato? – ele soou confuso.

– Tenho um gato em casa. O Edward adotou.

– Achei que você queria um cachorro. – ele provocou com um sorrisinho.

– E um gato também. Eu não discrimino. – ela mostrou a língua. – O nome dele é Gato. O Edward escolheu.

– Seu noivo não é muito criativo. – ele zombou e deu um sorriso. Rosalie revirou os olhos.

– É de um filme. Você está muito crítico a respeito do Edward hoje. – ela observou franzindo o cenho.

– Não é verdade. – ele desviou o olhar. – Mas é verdade que ele não é criativo. Você deveria chamar o gato de Fritas.

– Fritas? – ela ergueu uma sobrancelha.

– Claro. Como em batatas fritas. Seu gato se orgulharia. – Rosalie o encarou em silêncio por um longo minuto, o rosto impassível. – O que? – ele perguntou incomodado, depois de um tempo.

– Eu gosto desse nome. – ela admitiu depois de um gemido. – Eu adorei esse nome. E o gatinho deve ser tão fofinho a ponto de dar vontade de morder, então faz todo o sentido o chamar de Fritas.

– Você é tão estranha. – ele disse com uma risada.

– Eu sei.

– Acho que é isso que eu gosto em você. – ele deu um sorriso de lado.

– Como você acha que essa pessoa veio parar aqui? – a loura perguntou quando pararam em frente a uma mulher chorosa e solitária na sala de espera do hospital. Emmett tombou um pouco a cabeça enquanto pensava.

Eles costumavam fazer aquilo muito. Pelo menos uma vez por dia. Ás vezes mais. Escolher uma pessoa da sala de espera e criar uma história para ela. Ponderar sobre sua vida, seus desejos, seus entes queridos.

– Hm... Eu não sei, talvez ela seja a amante de alguém e por isso não pode ficar com a família do amante, daí ela fica em volta, tentando ouvir notícias dele.

– E ela provavelmente está grávida. – Rosalie adicionou. Emmett virou-se para olhá-la.

– O que? Ela não está grávida.

– Mas ela tem uns peitos enormes, tipo peitos de grávida. – Rosalie falou apontando para o par de seios surpreendentemente grandes para uma mulher tão magra.

– Ela tem uns peitos lindos. – ele tossiu quando viu o olhar que Rosalie o dirigiu. – Sabe, talvez ela só tenha peitos grandes, isso não quer dizer que ela esteja grávida. Ela nem tem barriga de grávida, também. – ele revirou os olhos depois de analisar.

– Tudo bem, talvez você esteja certo, mas...

– Ugh, não. Deixe os peitos dela em paz, vamos passar para o próximo enigma. – ele pediu.

– Aquele homem. – Rosalie disse apontando para uma nova pessoa.

– Aquele com as crianças? – Emmett perguntou depois de seguir a direção apontada por ela com o olhar.

– Isso aí.

– A esposa está aqui. Ela está tendo outro bebê. Olhe a desolação no rosto dele, como se ele estivesse pensando “meu Deus, como eu vou cuidar dessa boca extra?” – ele imitou com uma voz desesperada e Rosalie riu, concordando.

– Eu não posso julgá-lo. Sete é um número grande. – ela deu de ombros após contar as seis crianças em volta do homem.

– É verdade. Eu provavelmente só iria querer três. E você? – Emmett comentou.

– Hm, talvez três ou quatro. Eu gosto de crianças e não quero que meus filhos cresçam sozinhos, sabe?

– Sei. Um irmão ou irmã pode mudar sua infância. – ele concordou balançando a cabeça lentamente e começando a caminhar. Ela o seguiu.

– Eu não poderia concordar mais. – ela franziu o cenho. – Mas achei que você não tivesse irmãos.

– Eu tinha. – ele disse com um sorriso triste. – Ele morreu quando tinha doze anos. Eu tinha sete.

– Emm, eu sinto muito. – ela tocou seu ombro em sinal de conforto. Desde que descobriram que podiam sentir um ao outro, eles haviam se tocado o suficiente para aquilo não fazer mais tanto alarde quanto outrora. Seguravam as mãos juntas por bastante tempo, como um lembrete de que não estavam sozinhos ali, havia alguém, alguém que se importava.

– Obrigado.

– Como... Como ele faleceu?

– Ele sofreu um acidente, foi atropelado. Fez uma cirurgia, tudo parecia bem, mas ele teve uma infecção e não resistiu. – a voz dele era firme, sua respiração longa. Mesmo depois de tantos anos, ainda não era um tópico fácil, nada perto daquilo. – Foi por isso que eu quis ser médico. Quando ele morreu, eu decidi que seria médico para que aquilo não acontecesse mais.

– Isso foi muito bonito de sua parte. – ela deu um sorriso de lado.

– É. Mas não era pra mim. Adivinhe só a ironia: eu não gosto de hospitais. – ele sorriu ao olhar pra ela; Rosalie sorriu de volta, pegando a deixa para mudar do assunto doloroso.

– O que você queria ser quando era criança? – ela perguntou.

– Um astronauta. E um cowboy. – ele sorriu. A loura deu um riso.

– Sério? Coisas que tem tudo a ver. – ela revirou os olhos.

– E você, engraçadinha? O que você queria ser? – ele perguntou depois de sorrir.

– Uma princesa da Disney, tipo a Cinderela. Nossa, eu amava a Cinderela. Eu me lembro de ter ganhado uma fantasia dela e praticamente não a ter tirado por um mês inteiro. – ela revirou os olhos enquanto sorria. Emmett sorriu também. – E depois eu quis ser uma cantora, mas infelizmente eu não nasci com esse dom.

– É mesmo? Deixe-me ver. – ele pediu.

– Há há há. Não mesmo.

– Qual é... Me divirta. – ele pediu fazendo uma cara pidona que fez Rosalie rir.

– Não, é embaraçoso.

– Qual é, olhe onde estamos! – ele falou. Ela mordeu os lábios, encarando-o de forma séria, ponderando. – Por favor? – ele pediu, vendo que estava perto de convencê-la. Rosalie soltou um longo suspiro alguns segundos depois e as covinhas de Emmett apareceram enquanto ele sorria.

– Nem que você me pagasse. – ela disse lentamente, um sorriso brincando nos seus lábios ao ver a decepção no rosto do grandão.

– Me conte uma experiência que você amou. – a loura pediu, deitando-se de costas na maca, erguendo as duas pernas e colocando-as contra a parede, fazendo com que sua cabeça pendesse para fora do colchão e ela enxergasse Emmett de cabeça para baixo. Ela aprendera a gostar muito daquela posição.

– Bungee jump, é delicioso. E você?

– Você é um cara que curte adrenalina, eu deveria imaginar isso. – ela revirou os olhos ao olhar para os fartos músculos dele. – Eu gosto da experiência de cozinhar. Eu sou totalmente horrível nisso, mas quando estou fazendo com alguém é bacana. É bagunçado e sujo, mas é divertido.

– Eu não sei a como exatamente você se referia, mas eu consegui transformar isso em uma coisa pervertida na minha mente. – ele comentou quase rindo.

– Meu Deus, você realmente tá precisando se aliviar! – ela revirou os olhos e riu.

– Vai me dizer que você não sente falta de sexo? Você tá aqui há mais de um mês!

– Eu acho que sua necessidade de sexo agora é bem maior que a minha. – ela franziu as sobrancelhas.

– Eu não posso discordar.

– Mas já que você citou, essa coisa de começar a cozinhar e acabar em sexo é meio bacana. Tipo, usar os ingredientes para deixar a experiência mais divertida, sabe? Ou em uma bancada de cozinha. Cara, eu amo bancadas! – ela começou a falar mais empolgada. – Quando eu era adolescente e tinha acabado de descobrir como sexo era bom, meu namorado e eu fazíamos em qualquer oportunidade, como qualquer adolescente cheio de hormônios. Uma vez fizemos na bancada da cozinha dos meus pais e meu pai quase nos pegou. Eu nunca esqueço isso. – ela parou quando viu a expressão de Emmett, o sorriso de lado e a sobrancelha erguida. Ele se divertia com as associações dela. Em como ela estava falando de uma coisa e de repente estava falando de outra. – O que?

– Nada. – ele deu de ombros. – Eu acho que tinha tomado você pelo tipo de garota que não gosta de ousar, do tipo que só gosta de transar na cama, no velho e bom estilo papai e mamãe.

– Por quê? – ela perguntou quase ofendida. Emmett riu.

– Não me leve a mal. Eu não sei. Acho que é porque você tem essa cara inocente, sabe? Tipo aquelas imagens de anjos que a gente vê por aí, então você não pensa em um anjo fazendo sexo selvagem ou transando no meio de uma cozinha. – ele se encolheu. Ele achou que ela ficaria ainda mais irritada, então ela sorriu e trocou de posição, sentando recostada na parede e tombando a cabeça um pouco para um lado.

– Você acha que eu sou como um anjo. – ela disse ainda sorrindo com uma voz suave. – Isso é tão meigo.

– Você não é como um anjo. Você só se parece com um. – ele discordou revirando os olhos. A loura riu.

– Eu sei que esse é seu jeito distorcido de machão forte de falar que eu salvei a sua existência nesse plano estranho em que estamos e que você estaria louco que nem uma criança que se perde dos pais no supermercado se não fosse por mim. – ela brincou, sorrindo, se lembrando do que ele falara logo quando ela chegara ali. Emmett mordeu o lábio inferior para reprimir um sorriso pequeno antes de se voltar para ela.

– Você provavelmente está mais certa do que pensa. – concordou.

– Emm, já são dois meses. – ela disse um dia, angustiada ao ver dois médicos conversando ao lado de seu leito.

– Fique calma. Pode acontecer a qualquer momento.

– O que? O que vai acontecer a qualquer momento? Porque nada acontece e os dias parecem anos. – ela resmungou. – Eu vejo pessoas entrando e saindo desse hospital todos os dias, pessoas melhorando ou não, mas elas saem desse hospital. Eu não quero ficar aqui pra sempre!

– Olha, você pode acordar a qualquer momento, Rose. Você os ouviu, suas chances são boas.

– Mas e se eu não acordar? – ela soou mais angustiada que nunca. Ele passou um braço ao redor dela, reassegurando-a.

– Você vai. Eu sei que você vai. – ele prometeu.

– Fala alguma coisa que você gosta em mim. – ela pediu. Eles estavam deitados no quarto de plantão do hospital, onde os médicos dormiam, Rosalie na cama do topo e Emmett na de baixo.

– O que? – ele soou surpreso. Ela virou-se na cama, movendo a cabeça para que ela aparecesse para que pudesse ver o grandão.

– Algo que você goste em mim. Por exemplo, eu gosto das suas covinhas. – ela falou. – Acho covinhas muito charmosas. Eu queria ter. – ele franziu a testa, tentando entender da onde diabos ela tirara aquele assunto, mas desistiu e resolveu apenas fazer o que ela queria. Ele fechou os olhos e respirou longamente.

– Eu gosto dos seus olhos. É da cor do céu em um dia bom. É meu único céu ultimamente. – Rosalie sorriu, embora ele não pudesse ver.

– Eu gosto do seu sorriso, mas provavelmente isso é só por causa dessas suas covinhas. – Emmett riu, sem abrir os olhos.

– Eu gosto da sua risada, apesar dela ser ridiculamente engraçada.

– Ela não é! – Rosalie discordou, fingindo horror. Emm sorriu.

– Você sabe que é.

– Argh, você está certo. Odeio você.

– Ei, a culpa não é minha se você ri de forma estranha. – ele se defendeu.

– Não tem ninguém aqui que aponta isso além de você.

– Baby, não tem ninguém aqui além de mim. – ele sorriu. Ela abriu a boca para rebatar, mas fechou antes de responder.

– Eu estou feliz que você esteja aqui comigo. – ela confessou em voz baixa depois de um tempo em silêncio, deitada na cama e encarando o teto. – Quero dizer, se eu tenho que estar aqui com alguém, eu fico feliz que tenha sido com você.

Emmett absorveu aquilo, sem saber ao certo como responder. Ele queria falar que estava feliz também. Que se pudesse escolher, não escolheria ninguém além dela. Mas ele refreou suas palavras, assim como vinha fazendo há algumas semanas sempre que a urgência de falar o que sentia surgia. Ela era noiva. E eles estavam em uma situação estranha e impossível. Ele sabia que aquilo já era loucura o suficiente.

– Eu... fico feliz que você goste. Mas acho que é porque você não tem muitas opções e as covinhas contribuem. – ela riu e ele sorriu. A risada dela era engraçada. E também era a coisa que ele mais gostava de ouvir ali.

– Idiota! – ela falou sorrindo. – Vamos. – ela disse jogando as pernas para fora da cama. – Tá na hora do Eleazer te checar.

Eles estavam chegando ao quarto de Emmett quando ouviram seus pais e o médico de Emmett conversando.

– Como eu falei, as expectativas não são boas. – o homem de branco disse de forma delicada. – Ele está assim há mais de seis meses e nenhum sinal de mudança.

– Não. – Emmett arfou ao o ouvir dizer aquilo. Ele já presenciara conversas como aquelas com outros pacientes. Rosalie o encarou, confusa.

– O que há de errado?

– Eu acredito que se ele acordar, e as chances a essa altura não são grandes, ele terá sequelas graves, e as chances de sequelas só aumentam a cada dia. Eu temo que nesse ponto, as chances de ele se recuperar são pequenas. – ele continuou a dizer, os pais de Emmett ouvindo as palavras com olhos marejados, sem querer aceitar a situação. Carmen se apoiou no marido, sem saber o que dizer. Rosalie ainda parecia confusa.

– Não! – Emmett gritou. – Mãe, você não pode desistir de mim! Não ainda! – ele continuava a falar como se de alguma forma eles pudessem ouvir seus pedidos. – Não desista de mim! Eu estou aqui, eu ainda estou aqui, droga!

Rosalie olhava para Emmett tentando assimilar o que aquilo significava. Suas palavras entraram lentamente em sua mente enquanto ela se dava conta do motivo pelo qual o médico estava ali. Ele estava sugerindo que os pais de Emmett desligassem seus aparelhos. Que o deixassem morrer.

– Não. – ela sussurrou assustada. Não queria que Emmett morresse. Não queria perde-lo. Não queria ficar ali sozinha, sem ele. – Eles não podem.

Emmett não parecia ouvi-la, ainda inutilmente pedindo a seus pais para não fazerem aquilo.

– Eu vou deixar vocês a sós, eu entendo que é uma decisão extremamente delicada e vocês precisam pensar antes de tomá-la. Qualquer dúvida vocês podem me chamar. – o médico avisou. O pai de Emmett agradeceu antes de o doutor sair e então abraçou a esposa, mostrando-se mais abalado que antes.

– Eles não podem desistir de mim. Não podem. – Emmett sussurrou. Ele estava mais que assustado, ele não queria morrer agora. Ele esperara tanto, lutara tanto para perder aquela batalha logo agora.

– Eles não vão. – Rosalie assegurou, apertando seu braço num gesto de segurança. – Eles não vão, Emm, não vão.

– O que... O que você acha, querida? – eles ouviram a voz de Garret. Ambos se voltaram para olhar para o casal. Carmen enxugou suas lágrimas, indo segurar a mão do filho e sentar-se na beirada do leito.

– Eu não sei. – ela sussurrou. – É nosso bebê. Não quero perdê-lo. Não posso perdê-lo, Garret. Não de novo. – ela soluçou, colocando uma mão nos olhos para impedir as lágrimas de caírem. – Mas apesar de tudo, me pergunto o que Emm iria querer. Se ele acordar com sequelas graves, como o doutor disse... Eu não sei se ele ficará feliz vivendo com sequelas. Você conhece o Emm. Ele é um homem ativo, aventureiro... Se ele acordar e tiver algum dano cerebral... Ele não vai ser mais o mesmo. Eu não sei o que pensar. – ela desistiu de segurar suas lágrimas, deixando-as cair livremente de novo. O marido voltou a abraçá-la, tentando dar apoio a esposa.

– Tudo bem, está tudo bem... Não precisamos decidir nada agora. – ele a assegurou. Emmett não conseguia dizer nada. Ele encarou os pais, divido entre alívio e horror. Sua mente começara a pensar em sequelas, quais sequelas seriam e como afetariam sua vida. Ao sair do hospital, ele não seria mais o mesmo. Ele nunca estivera tão assustado. Rosalie segurou sua mão e a apertou.

– Eu estou aqui, Emm. Não se preocupe, tenho certeza que seus pais não farão nada que você não queira.

– Eles não sabem o que eu quero! – ele respondeu. Eu não sei o que eu quero!, ele completou.

– Eu... Eu preciso de ar fresco. – Carmen disse se levantando subitamente. – Eu volto logo. – prometeu ao marido antes de sair. Garret encarou a porta pela qual ela passara antes de se voltar para a figura imóvel do filho e suspirar.

– Eu não sei o que fazer, filho. O que você iria querer. – ele engoliu em seco. – Já são meses e estou preocupado. Estou com medo de que você não acorde. Estou com medo de que você passe o resto de sua vida numa cama de hospital, porque sei que você não iria querer isso. Sei que a vida vai estar uma bagunça se você acordar, mas acredito que você poderia arrumá-la. Todos te ajudaríamos. Eu só preciso de um sinal, Emm. Qualquer coisa que signifique que você ainda está ai, está lutando para viver.

– Pai... – a voz sussurrada de Emmett saiu sem que ele percebesse. Muitos minutos se passaram sem que nada acontecesse e o pai do grandão suspirou, derrotado.

– Eu vou te dar mais tempo. Eu vou esperar pelo seu sinal. – o pai prometeu, apertando a mão do filho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi gente!
Espero que tenham gostado do capítulo. Só tem mais uma parte que logo logo eu vou postar. Obrigada a todo mundo que deixou review no capítulo anterior! Amei e espero que gostem dese tambem! Vejo voces logo logo. Beijo grande!