Capítulo 36

Não há nada que eu possa dizer para você
Nada que eu poderia fazer para te fazer enxergar
O que você significa para mim
Toda a dor, as lágrimas que eu chorei
Ainda assim você nunca disse adeus e agora eu sei
O quão distante você está
A decisão estava tomada.

Avril Lavigne - I Will Be

Seu coração doía e apertava ao deixar tudo para trás, isso era um fato, mas ela nunca conseguiria superar tudo ali, em meio a tantos lugares que esteve com Damon, tão perto dele e sem poder toca-lo ou vê-lo, dizer o quanto o amava e o quanto queria estar com ele. Esse era o destino deles, e ela o aceitou.

– Você tem certeza disso? – Caroline possuía lágrimas nos olhos enquanto abraçava a melhor amiga.

– Nunca estive mais certa, Care – Elena respondeu sorrindo.

– Eu mal consegui minha filha e já a perderei de novo – Disse Isobel, ela estava sentada no sofá e chorava como uma criança. Elena se afastou de Caroline e se aproximou da mãe – Não vá, Elena, por favor.

– Você não está me perdendo, mãe – Elena beijou as costas de suas mãos, limpando suas lágrimas grossas – Eu irei, mas não é para sempre. Sempre te ligarei, mandarei e-mails, cartas.. Você sabe o quanto eu posso ser careta.

– Vou sentir tanto a sua falta – Isobel disse, puxando a filha para um abraço apertado que foi muito bem retribuído – Muita!

– Eu também sentirei, mãe, mas não chore, por favor.

A decisão de ir morar na Alemanha não surgiu de repente, ela pensou e pensou sobre o assunto, pensou sobre cada pessoa que deixaria para trás, mas além de tudo, ela pensou nela mesma, sabia que era o melhor para si. O 1% de dúvida que ela tinha sobre ir, era certeza que ela possuía.

Estavam todos que eram importantes na sala da casa de Isobel: Katherine, Elijah, Caroline, Klaus, Isobel e Jeremy, só faltava Damon e sua família para ser a despedida perfeita.

Elena estava deixando Jeremy nas mãos de Isobel, que o adotara como filho. Eles possuíam uma boa relação e Jeremy até morava ali agora.

– Você vai fazer falta, maninha – Katherine, que havia acabado de chegar, sorriu, abraçando a gêmea – Se cuide, e não se esqueça de manter contato ou então eu pego o primeiro avião para a Alemanha atrás de você.

– Vou manter isso em mente – Elas riram e se soltaram.

Por fim, Elena se virou para Jeremy que possuía os olhos cheios de lágrimas prestes a cair, e quando ela o abraçou, foi seu soco no estomago para ele começar a chorar tão desesperado quanto Isobel.

Era diferente de quando ela saiu de casa, porque eles ainda se viam quase todos os dias, agora a realidade era outra. Sua irmã, a quem tanto amava, iria para outro país e sabe-se lá quando voltaria. Ele morreria de saudades!

– Não chore, Jer – Disse Elena, mas ela mesma chorava agarrada a ele.

– Não vou conseguir sem você, Lena – Ele respondeu, o rosto escondido na curva do pescoço da irmã, claro, ele tinha que se abaixar, mas isso não era o seu maior problema.

– Vai sim, você é forte, é o orgulho da minha vida e conseguirá sim, porque além de tudo isso, você tem pessoas que te amam e que te apoiam.

Jeremy soltou Elena, ainda segurando suas mãos, e olhou ao redor, onde todos possuíam sorrisos que diziam que sim, eles cuidariam dele como Elena sempre cuidou.

O próximo e último foi Klaus, que recebeu uma bronca de Elena enquanto a abraçava. Ela disse que estava na hora dele pedir Caroline em casamento se não quisesse perder a loira, ele sorriu e disse que seguiria o conselho, conversaram com vozes baixas para que Caroline não os ouvissem, ela ainda chorava, agora abraçando Isobel. Nunca antes ficara tanto tempo longe da melhor amiga.

Após se despedir de todas, ela foi até o carro de Elijah que a levaria ao aeroporto. Já no carro, ela acenou para todos, limpando as lágrimas. Era sua chance de recomeçar, aquele era seu recomeço e ela acreditava que seria imensamente feliz.

– Antes de irmos, passe no hospital, por favor, eu quero me despedir da minha avó.

Elijah assentiu, dirigindo até lá. Ele parou em frente ao hospital e deixou Elena ir sozinha. Ela caminhou pelos corredores que conhecia tão bem e entrou. Sua avó estava acordada, tricotando algo, e quando Elena entrou, seus olhos cheios de esperança lacrimejaram e logo as lágrimas escorriam pelo rosto enrugado. A última vez que Elena estivera ali foi quando Helena lhe contou toda a verdade, a velha senhora acreditava que nunca mais veria a avó, mas não era bem assim.

Elena estava feliz, havia reencontrado sua família, seus amigos, e estava finalmente começando sua vida, não havia porque relembrar o passado. Como Jeremy e Isobel, ela estava deixando o passado para trás, e o último passo era perdoar a mulher que ela cresceu considerando sua avó.

– Oh minha menina – Dona Helena soltou as agulhas, limpando o rosto com as costas das mãos.

– A senhora está confortável? – Elena afofou os travesseiros e sorriu para a avó, ajeitando seus cabelos brancos em seguida.

– Agora está muito melhor – Helena respondeu, olhando a neta cheia de amor. Sempre adorou aquela menina, mesmo que soubesse que ela não era sua neta de verdade.

– Eu não virei mais – Disse Elena, assustando a mais velha – Vou embora daqui. Vou para a Alemanha, iniciarei uma nova vida lá, aqui não é para mim.

– Você está certa disso? – Helena lhe perguntou, e quando a neta assentiu, ela sabia que era o certo a se fazer – Então vá, viva sua vida bem e seja feliz, minha menina.

– Quando eu voltar, espero que você não esteja mais nesse hospital – Disse Elena, beijando as mãos da avó.

– Eu ainda irei no seu casamento, minha menina, não prometo ir andando, mas irei – Ambas riram.

Elas se abraçaram e se despediram com a promessa de que aquela não era a última vez que se veriam, então Elena deixou o hospital e retornou ao carro em direção ao aeroporto.

– Preparada? – Elijah lhe perguntou no caminho.

Elena não respondeu, mas sorriu para ele. Encostou a cabeça no banco e fechou os olhos, mas não dormiu, ela tentava acalmar seu coração acelerado e assustado com a realidade de ir morar em outro páis.

– Eu tenho certeza que você ficará bem.

– Meu alemão não pode ser tão ruim, certo? – Elena riu. Ela havia tido algumas aulas com um professor particular e tentou aprender o máximo possível. Ela possuía o básico do idioma e acreditava que conseguiria se virar por lá.

– Berlim que te espere – Ambos riram com a piada e fizeram o resto do caminho em silencio.

Xxxx

Damon correu do shopping e foi para o estacionamento, com pressa o ligou e partiu em direção a casa de Isobel em alta velocidade, precisava conversar com Elena, precisava vê-la e dizer que estava tudo bem, precisava tê-la em seus braços mais uma vez e para sempre. Não iria perdê-la!

Ele estacionou de qualquer jeito em frente a casa e antes que ele pudesse tocar a campainha, a porta foi aberta e Caroline, a loira que lhe entregara a aliança da última vez apareceu. Ele arregalou os olhos, surpreso por vê-lo ali.

– Onde está Elena? – Ele perguntou. Caroline franziu o cenho, confusa. Ele não sabia?

– Você não sabe? – Ela indagou, logo Klaus apareceu na porta ao seu lado, a abraçando pela cintura.

– O que?

– Elena viajou – Caroline respondeu se permitindo sentir dó de Damon, quando ele finalmente caiu na real, Elena já não estava mais ao seu alcance – Elena foi para a Alemanha.

Seu mundo caiu. Não podia ser real, era mentira e Elena estava ali dentro e pediu para a loira inventar essa desculpa para não vê-lo.

– Ok, muito engraçado – Damon respirou fundo, rezando para que fosse realmente uma brincadeira – Agora por favor, chame ela.

– Damon, você não está entendendo – Caroline suspirou, ela o entendia, apesar de tudo, e falava com a maior paciência do mundo – Elena realmente foi para a Alemanha, se você correr talvez a alcance.

Não foi preciso dizer mais nada para ele correr de volta ao carro e começar a dirigir em direção ao aeroporto, precisa a encontrar, precisava dizer tudo que estava entalado em sua garganta.

Elena fez o check-in no aeroporto e procurou seu portão de embarque, faltava pouco menos de cinco minutos para decolar e ela estava quase embarcando.

– Se cuide – Elijah a abraçou apertado, fazendo uma caricia suave nos cabelos lisos dela – Mantenha contato e venha nos ver.

– Vocês também podem ir para lá – Elena sorriu.

Na despedida de ambos, eles não choraram e o sorriso que Elijah lhe deu, Elena soube, estava tudo bem ir, sentiriam sua falta, mas estava tudo bem, ela podia seguir sua vida que todos superariam.

Com um sorriso orgulhoso e o coração apertado de saudade, Elena embarcou, entregando sua passagem e passaporte para o fiscal. Ela acenou pela última para Elijah e entrou.

Damon entrou ofegante no aeroporto, olhou o painel e viu que o voo para a Alemanha estava prestes a decolar. Com o coração na mão e as lágrimas nos olhos, ele correu até o portão de embarque, a chama da esperança de encontra-la ainda acesa.

Foi quando ele a viu de longe acenar para Elijah e entrar. Ele correu para o portão e gritou o nome dela repetidas vezes, ele tentou entrar, mas os fiscais o seguraram.

– ELENA! NÃO OUSE IR EMBORA! ELENAAAA!

– Senhor, por favor, se recomponha, você não pode entrar sem uma passagem e passaporte.

O impediram de entrar, enquanto ele não pôde impedir sua amada de partir. Ela se foi, se foi sem dar chance para ele de dizer que estava tudo bem.

– Damon... – Elijah se aproximou, tocando nos ombros de Damon – Ela já foi – Ele apontou para fora, onde o avião decolava e alcançava altura.

– Não! – Damon não queria acreditar enquanto deixava as lágrimas rolarem de arrependimento e saudade – Ela não pôde ter ido assim, eu tinha... eu tinha tanta coisa para falar.

– Sinto muito.

– Pode ir – Disse Damon se levantando do chão, olhou ao redor e percebeu que várias pessoas os observavam, provavelmente viram a cena que Damon causou – Não se preocupe comigo, Elijah.

Elijah assentiu e tomou seu rumo, deixando Damon. Damon caminhou até um banco e se sentou, encostando a cabeça no vidro. Estava tudo perdido, ele a havia perdido, havia deixado ela ir e sabe-se lá quando a veria novamente, talvez nunca. Era esse seu destino? Foi quando seu celular vibrou no bolso e ele viu que tinha um e-mail. Mesmo sem vontade alguma, ele o abriu.

Olá, eu não sei como começar isso...

Sou eu, Elena, você não se importaria de continuar lendo isso, certo? Está sendo bem difícil escrever tanto, então leia mesmo que seja difícil.

Eu cresci como filha de Miranda e Grayson Gilbert, e algum tempo atrás descobrir ser filha de Isobel e John. Eu fui roubada por Miranda e Grayson quando eu era apenas uma recém-nascida, é uma história confusa, por isso pouparei detalhes.

Algum tempo atrás, Katherine me procurou, ela pediu para que eu ficasse em seu lugar por um mês em troca de dinheiro. Eu precisava de dinheiro, minha avó estava doente e eu precisava dele para pagar o hospital, então eu aceitei.
Eu achava que seria fácil, era apenas um mês, éramos idênticas, então eu te conheci. Frio, arrogante, mas possuía um sorriso lindo e uma atitude que me tirava do sério, quando eu vi, estava apaixonada e não havia como voltar atrás.
Você pode pensar que tudo era mentira, mas eu nunca menti sobre os meus sentimentos. Eu sempre te amei e sempre te amarei, onde quer que eu vá, você é a minha luz, meu sol, como sempre lhe disse.
Eu estou indo embora, não sei quando voltarei, mas um dia eu voltarei e quando nos encontrarmos novamente, espero que tenhamos deixado o passado e as lembranças ruins para trás. Você sempre estará em meu coração e eu sei que quando esse avião decolar, eu estarei deixando meu coração aí, porque você não está vindo comigo.
Eu gostaria que a última memória que tivesse de mim fosse sorrindo, mas acho que não é possível, não é? Então, cultive nossas boas lembranças. Eu farei isso daqui também.
Por último, não sofra, se estiver destinado, nos encontraremos novamente e ficaremos juntos.
Eu te amo até o fim do mundo, Damon Salvatore!

Damon chorava enquanto lia, não se importava que parecesse um idiota, a mulher de sua vida, a mulher que amava, havia ido embora e ele nem pôde se despedir. Por que foi tão idiota com ela? Por que não a abraçou quando teve a chance?

Ele enfiou a mão do bolso da calça, e pegou a aliança que ela colocou em seu dedo na última vez. Com um sorriso e o rosto banhado em lágrimas, ele colocou a aliança.

– Eu vou te esperar, Elena, até o fim do mundo!

Porque ele acreditava que o amor deles era forte o suficiente para superar a barreira do tempo.