Capítulo 30

Quando eu te vi pela primeira vez, eu parei por um tempo
Como se alguém estivesse agarrando firmemente
Meu coração impedindo-o de continuar

SHINee - Lúcifer

Damon sentia seu coração se espremer no peito e a raiva lhe subir à cabeça enquanto ouvia Katherine falar e concordar com cada coisa distorcida que ele falava sobre seus encontros. Ele já não sabia quem era essa mulher, e quem era a mulher por quem se apaixonou. No momento, a única coisa que passava por sua cabeça era “como pude deixar levarem meu coração tão facilmente? ”.

– Pare! – Damon respirou fundo tentando se controlar.

Katherine arregalou os olhos, sentindo suas mãos tremerem de nervosismo.

– O- O que?

– Você não é ela! – Ele ergueu o olhar para Katherine que o encarava assustada – Quem é você? – Damon se levantou de supetão, assustando a morena, ele segurou seus braços e a balançou querendo a verdade.

– Do que você está falando? – Ela indagou, sentindo os braços doerem.

– Quem é você, droga? – Damon gritou, chamando a atenção de algumas pessoas do parque – Você não vai falar?

– Eu não tenho do que falar – Katherine negou, empurrando Damon para que ele a soltasse. Ele o fez, encarando-a com uma carranca.

– Você não é o meu único meio.

Damon lhe deu as costas, andando até o carro. Katherine não teve coragem de ir atrás dele, sua consciência e corpo pesavam, ela tinha vontade de se jogar naquele lago para acabar logo com toda a merda que havia feito. Como pôde pensar apenas nela quando sugeriu aquilo para Elena? Ela disse que havia ido procurar a verdade, mas foi porque saber a verdade sobre serem idênticas satisfazia apenas ela, Elena nunca quis saber. Se não fosse por Katherine, Elena nunca teria conhecido Damon e não estaria sofrendo. Ah, se existisse uma forma de voltar no tempo!

Damon caminhou até o carro pisando duro, soava frio e as mãos tremiam. Ele estava cheio de raiva, sentia-se a pessoa mais estupida do mundo. Quando finalmente conseguiu ligar o carro, ele entrou, encostando a cabeça no volante ele respirou fundo.

– Acalme-se, Damon! – Disse para si mesmo, lembrando-se de cada momento que passou ao lado de “Katherine”. Quem era ela? Ele estava indo descobrir.

Em alta velocidade ele foi até o escritório de Elijah, esperava que ele estivesse lá, e se não estivesse, iria até o fim do mundo atrás dele em busca de resposta. Ele ignorou as secretárias que tentaram o impedir e entrou na sala do “cunhado”. Elijah digitava alguma coisa no notebook quando ouviu a porta se abrir, ele ergueu o olhar, vendo Damon irritado, quase quebrando tudo. O cenho franzido e o peito que subia e descia rapidamente, sua respiração descompassada.

– QUEM É ELA? – Damon ignorou toda sua educação e bons modos, partindo para cima de Elijah. Ele segurou seu colarinho, encarando o outro nos olhos. Damon sentia que estava à beira de uma explosão de sentimentos.

– Do que você está falando? – Elijah perguntou, tentando se soltar do aperto do outro, mas Damon naquele momento possuía uma força que ele não saberia explicar de onde vinha.

– Aquela mulher... – Damon respirou fundo, soltando Elijah. Ele bateu na mesa com força, soltando um grito alto, quem sabe isso não fizesse seu coração se acalmar. Não fez! – A mulher do último mês... A mulher com quem eu me casei... Quem é ela?

Elijah sorriu, sentia que finalmente as coisas se ajeitariam. Ele esperava que com Damon sabendo a verdade, tudo se resolveria e todos sairiam felizes. Mas Elijah não sabia nem um terço da história e não conhecia Damon e Elena tão bem assim! Era um alivio para ele poder parar de mentir, ao mesmo tempo que contar a verdade era difícil.

– Ela não é a Katherine! – Disse Damon, sentindo sua cabeça doer e o corpo tenso.

– Não, ela não é – Elijah ajeitou o paletó que agora encontrava-se amassado por causa de Damon e voltou-se a ele – O nome dela é Elena.

– Elena? – Damon pareceu ponderar, e ao dizer o nome, percebeu que ele realmente combinava com a moça risonha que havia conhecido. Logo ele tirou esses pensamentos da mente, afinal ela não passava de uma mentirosa – Por que ela fez isso? Onde ela está?

– Eu não posso te contar isso, Damon – Elijah suspirou. Por um lado, ele queria que toda a verdade fosse revelada, mas ele se sentia hesitante ao pensar que a verdade traria dor para muita gente.

– Quem é ela? Por que elas são tão parecidas? Me diga isso, pelo menos – Damon parecia uma criança perdida dos pais, sem rumo, sem saber o que fazer. Tudo estava confuso para ele.

– Elas são irmãs. Gêmeas – Elijah respondeu após um suspiro. Era certo contar? E se Elena se machucasse? Damon parecia fora de controle e Elijah não podia imaginar o que Damon faria ao sair daquela sala.

– Gemeas? Como assim? Elas não...

Mas antes que Damon pudesse completar a frase, eles ouviram um ofego e se viraram. Isobel possuía os olhos arregalados e a mão no coração que batia rapidamente. O que eles estavam dizendo? Gêmeas? Era impossível! Era isso que se passava pela cabeça da mulher após ouvir a conversa aos gritos dos dois.

Isobel não aguentou o próprio corpo e mente, e no segundo seguinte ela caiu no chão desmaiada.

– Mãe! – Elijah correu até ela, colocando sua cabeça sobre seu colo. Os olhos arregalados voltaram-se a Damon que parecia assustado – Damon! Ligue para uma ambulância. Rápido!

Damon rapidamente o fez.

Elijah acompanhou Isobel na ambulância, enquanto Damon os seguiram de carro.

Elijah sentia que havia feito a coisa errada ao ver a mulher deitada sobre a maca com uma expressão tão angustiada e as mãos apertando o tecido da roupa sobre o peito. Depois daquele choque, seu coração devia estar em pedaços. Ela isso que tanto Katherine quanto Elena quiseram lhe dizer ao falarem que seria melhor deixar tudo quieto? Elijah tinha medo que algo acontecesse à Isobel. Vendo-a assim, tão frágil, o deixava mal. Apesar de ela não ser sua mãe de sangue, ela foi a mulher que o acolheu como um filho, foi ela quem deixou ele ficar ao lado de Katherine e a amar por tanto tempo. Ele confiava nela e a amava, não poderia a perder por causa de sua imprudência. Elijah segurou a mão dela e a beijou, rezando para que ela estivesse bem.

Minutos depois eles chegaram no hospital e Isobel foi levada pelos médicos, deixando Elijah e Damon do lado de fora da sala.

Elijah se sentou no banco, vendo apenas o branco do hospital a sua volta. Aquilo lhe lembrou do pior dia de sua vida, quase vinte anos atrás, quando seus pais morreram.

Ele era apenas um garoto e acabava de passar por algo que nunca se esqueceria. Elijah estava no carro com os pais, no banco de trás, observava os pais conversarem e rirem felizes. Seu pai, distraído, não viu quando o sinal fechou e atravessou, o caminhão que vinha do outro lado não teve tempo de frear e atingiu com força o carro. Semiacordado, Elijah viu seus pais dizerem as últimas palavras e darem o último suspiro. Mesmo morrendo, eles lhe perguntaram se ele estava bem. Sua mãe sorriu para ele, o último sorriso, seu coração parando de bater logo em seguida.

Ele não teve nem a oportunidade de se despedir de seus corpos. Após o acidente, Elijah entrou em coma e ficou na UTI por mais de mês, só então acordou e recebeu a trágica notícia. Ele foi levado até Isobel e John, amigos de seus pais, Isobel com um sorriso gentil o abraçou e disse que cuidaria dele, e assim o fez.

Por meses, Elijah não falava, não sorria, parecia um robô, indo e vindo pela casa. Até que aos poucos ele foi se entregando ao amor daquela família. Katherine era destemida, curiosa e teimosa. Mesmo sem ele querer, Katherine o fazia fazer coisas absurdas para ela, como se ele fosse seu escravo. Hoje em dia, Elijah acredita que foi esse gênio ruim dela que o fez “voltar”.

Elijah não só viu seus pais morrerem, como também foi o ombro dele que Isobel usou para chorar agarrada quando John morreu por causa de um tumor no celebro. Depois disso, Isobel se transformou em outra pessoa, ela ficara exigente, beirando a arrogância, possuía o olhar frio e as palavras exigentes. Talvez Isobel não percebesse que não era apenas ela que lamentava a morte de John, mas Elijah notou que tudo mudou quando Elena chegou. Isobel teria notado? Ela teria notado que aquela mulher que passou o último mês ao seu lado não foi a filha que criou?

Elijah não sabia, mas se sentia desolado.

Damon não fez mais perguntas, pelo menos por agora, via nos olhos de Elijah o quanto ele estava preocupado e pensativo.

Eles ouviram o barulho de sapatos baterem no chão e se viraram, vendo Katherine correr até Elijah. Ele se levantou e abriu os braços para recebe-la. Como quando eram crianças, Katherine se jogou sobre ele chorando, preocupada com a mãe, sendo recebida com um abraço cheio de de carinho e amor.

Agora toda a verdade começava a ser desvendada, e tanto Katherine quanto Elijah não poderiam estar mais aliviados!