A Esposa do Século escrita por Yas


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Boa leituraa!
~sem nada para falar hoje



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Capítulo 23

Oh, nenhum lugar para ir
Estamos chegando mais perto, mais perto?
Não, tudo o que sabemos é que não
As noites estão ficando mais frias, mais frias

Adam Lambert - Outlaws Of Love

O dia amanheceu chuvoso, o céu nublado, mas mesmo assim eu não desanimei, manteria a promessa que fiz a mim mesma: viver esses últimos dias com amor, para que quando eu fosse embora, fosse com o coração leve de arrependimentos, apenas pesado de arrependimentos.

Eu preparei um almoço japonês, e o coloquei em uma marmita típica de lá também. Coloquei tudo em uma sacola e quando deu onze e meia eu saí de casa.

O shopping não era longe, e após perguntar para um segurança onde era a sala de Damon, ele me levou até lá. A secretária me deixou entrar mesmo que ele ainda não houvesse chegado.

A sala de Damon era... Bom, nunca imaginaria que ela fosse tão clara. Tudo era de vidro. Em uma parte mais afastada, havia uma espécie de sala de estar, onde eu ajeitei o almoço sobre a mesinha de centro.

Sentei-me no sofá e esperei por Damon. Já passava de meio dia e ele não havia chegado. Deixei que meu corpo tombasse para o lado, e ali mesmo eu dormi, ou cochilei, não soube quanto tempo havia se passado quando eu acordei, mas notei Damon me observando. Ele vestia terno, como sempre, e em seus lábios havia um sorriso de canto. Damon estava inclinado sobre mim, bem próximo. Sem me conter, o puxei para um beijo que ele não hesitou em retribuir.

– Me desculpe pela demora, a reunião demorou mais do que pensei – Ele disse.

– Que horas são?

– Uma da tarde. Eu pedi para minha secretária esquentar nosso almoço, para então eu te acordar, mas você estava linda dormindo e eu não quis o fazer – Damon se levantou, sentando-se sobre uma almofada, como nos costumes japoneses.

– Obrigada – Me sentei ao seu lado, em frente à mesa de centro – Damon...

– Hum? – Ele havia acabado de comer um bocado – Uau, isso está realmente bom. Quando nos casarmos você irá cozinhar para mim sempre, não é?

– Achei que você fosse um cara muito ocupado para almoçar em casa todos os dias.

– Eu sou, mas por você eu abro exceções. E também teremos filhos, não quero que eles tenham um pai ausente – Damon me respondeu, deixando o hashi de lado e se virando para me encarar – O que queria me dizer?

– O que você pensa sobre mentiras? – Perguntei. Eu sabia que ao fazer essa pergunta eu estava quebrando minha promessa, mas eu precisava saber se haveria chances dele me perdoar algum dia.

– Nos negócios isso é comum, as pessoas mentem e jogam sem regras, sem se importar com quem sairá machucado, só pensam em subir de cargo, ganhar um bom dinheiro – Ele respondeu com pesar, como se já houvesse passado por algo assim.

– E na família?

– Aí é mais complicado, afinal somos do mesmo sangue. Todos dizem que independente do que for, temos que perdoar a família, isso é verdade? – Ele franziu o cenho, perguntando retoricamente.

– Você perdoaria alguém de sua família por uma traição?

– Apenas o tempo pode dizer. Uma traição na família não é como se fosse a de um amigo, a quem você pode escolher nunca mais ver. Mesmo não querendo, somos obrigados a conviver com nossa família.

– Mas você perdoaria? – Insisti, querendo ter uma resposta precisa.

– Por que quer tanto saber? – Ele riu, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha – Por acaso sabe de alguém que me traiu?

– Não, claro que não – Desviei o olhar, colocando um sushi na boca, e o engolindo com dificuldade por causa da garganta seca – Eu estava apenas curiosa.

– Aham – Damon me olhou desconfiado, mas voltou a comer.

O resto do almoço foi feito em silencio, em um clima tenso. Eu não sabia o que dizer ou fazer. Damon parecia perdido em pensamentos. Ele estava em sua mesa, lendo e relendo papeis, concentrado.

– Damon...

– Hum? – Ele não me encarou, mesmo quando eu me sentei na cadeira em frente a sua mesa.

– Você está chateado comigo? – Perguntei.

Damon suspirou, soltou a caneta e me encarou, fechando a pasta que lia.

– O que está acontecendo, Katherine? Ontem você me veio com um papo de não ser a Katherine, e agora me pergunta o que eu acho de pessoas que mentem para mim e traem minha confiança, sua expressão não parecia de alguém que está apenas curiosa – Ele disse, a voz e o olhar denunciando seu aborrecimento.

– Não está acontecendo nada – Eu fui até ele e me sentei na ponta na mesa, entre suas pernas – Se... Se estivesse acontecendo algo, eu te contaria – Menti, sentindo meu coração pesar e eu cair cada vez mais no fundo do poço – Eu te contaria, Damon!

– Katherine... – Ele suspirou, me puxando pela cintura para me sentar em seu colo – Você é tudo para mim!

– Você é tudo para mim também – Eu sorri, beijando sua testa, fazendo um carinho em sua nuca – Eu te amo.

– Ah, isso é bom – Ele sorriu, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás. Desci minhas mãos para seus ombros e comecei a massageá-los, só então ele abriu os olhos – Eu também te amo, por isso nunca minta para mim!

Um dos dilemas da minha vida: mentir para Damon e deixa-lo para viver sua vida com Katherine, ou contar para ele e correr o risco dele me odiar. Eu preferia que ele continuasse me amando, por mais que esse amor não fosse dado a mim, do que saber que ele me odiava. Nas duas situações, Damon não ficaria comigo, então eu preferia a primeira, por mais que isso me fizesse uma pessoa nojenta e mesquinha.

– Não irei – E o beijei, querendo que aquilo me purificasse de alguma forma.

Suspirei quando enfim me vi longe de sua sala, que com certeza eu nunca a esqueceria.

Eu estava quase saindo do shopping quando vi Stefan conversando com alguém. Esperava que ele não me notasse, mas me notou. Ele acenou e sorriu largamente, se despedindo do homem e vindo até mim.

– É uma pena que você vem até aqui apenas para ver meu irmão – Ele disse.

– Stefan...

– Eu sei, não irei insistir, não quero que você me odeie – Stefan sorriu – Mas como uma despedida apropriada, eu queria lhe dar um presente. Posso?

– Despedida? Você vai viajar? – Perguntei confusa.

– A turnê da minha banda irá começar – Ele explicou com os olhos brilhando.

– Então você não vai ao casamento?

– Não – Stefan coçou a cabeça e desviou o olhar – Sinto muito, Katherine, mas eu não me sentiria confortável. Não foi minha escolha fazer a turnê tão rápido assim, mas eu não reclamei porque... não quero vê-la casando com outro homem.

– Sinto muito por tudo que eu lhe causei, Stefan – Eu disse, pela primeira vez vendo Stefan além de um garoto traidor.

– Eu aceitei tudo, mesmo sabendo dos riscos. Acho que nós dois erramos – Ele sorriu – Vem, vou te dar um presente.

Ele segurou minha mão me guiando por aquele shopping enorme. Paramos em uma loja de joias.

– Em que posso ajuda-los? – Perguntou a vendedora, ela era jovem, provavelmente não possuía mais que vinte anos, e por isso seus olhos brilharam ao notar Stefan, como todas as outras pessoas ali, e me olhavam com certo... rancor?

– Podemos ver os colares?

Simpaticamente a moça nos levou até o balcão, onde possuía uma variedade de colares de diversos modelos e pedras.

– Qual você quer? – Ele me perguntou.

– Não será um presente se eu escolher – Respondi.

– OK, você tem razão – Stefan observou cuidadosamente cada um deles, e começou a fazer perguntas para a vendedora sobre eles, observei-o achando graça de tanta dedicação para agradar a Katherine. Ele realmente a amava – Aqui está.

Ele ergueu – depois de um bom tempo tentando escolher – um colar de ouro, com um pingente de coração azul.

– Gostou? – Indagou após colocá-lo em meu pescoço e me dar um espelho para observa-lo.

– Sim, obrigada.

– Eu espero que mesmo quando você se casar, se lembre de mim e de como fomos felizes – Ele murmurou em meu ouvido, sério, para logo então voltar a expressão risonha de sempre.

Eu não sabia o que Katherine e Stefan haviam passado juntos, ou como haviam se conhecido, mas me perguntava se Katherine retribuía os sentimentos dele, ou se estava apenas brincando com seus sentimentos.

Voltei para o apartamento perdida em pensamentos. Quando finalmente entrei no quarto, tirei o casaco e o cardigã, ficando apenas com uma blusinha, assim eu podia observar bem o colar em meu pescoço em frente ao espelho.

Havia um mês. Um mês havia se completado desde que eu virei Katherine, e muitas coisas aconteceram, coisas que eu nunca imaginaria.

Abri a caixinha de joias de Katherine e tirei de lá todas as que eram importantes para mim: a bijuteria que formava par com a de Damon, a pulseira do pedido de casamento, e por fim o colar de Stefan. Essas coisas tornavam real todo esse tempo.

Peguei a pulseira e a coloquei em meu pulso. Ela ficava ainda melhor ali, e foi com esse pensamento que eu me dei conta de que eu nunca poderia dá-la para Katherine, eu queria manter algo físico de Damon comigo, por que como eu havia dito, ele era meu tudo, o tudo que eu estava prestes a perder.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e não se esqueçam de comentar *--*



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