Capítulo 22

Se você ama alguém
Melhor dizer enquanto eles estão aqui porque
Eles podem simplesmente fugir de você

Imagine Dragons - On Top Of The World

Damon não nos levou para nosso apartamento, invés disso ele foi até o parque onde havíamos comido pipoca da última vez. Seria ele sentimental? Foi impossível não sorrir com o pensamento, ele me olhou confuso, se perguntando do que eu ria, mas neguei com a cabeça e saí do carro.

Nos sentamos em um banquinho, e ele saiu para comprar água para mim, que ainda estava um pouco zonza da bebida. Quando voltou, Damon possuía um sorriso maroto de que aprontaria. Ele abriu a garrafa e estendeu-a para mim, em pé na minha frente.

– Beba mais – Ele disse após eu beber metade da garrafa, fiz uma careta, negando com a cabeça, mas seu olhar autoritário me forçou a beber todo o liquido.

– Satisfeito, papai? – Indaguei divertida, balançando a garrafa em sua frente, ele sorriu, pegando-a da minha mão e jogando-a em uma lixeira próxima – O que há? Você está com uma cara estranha – Franzi o cenho.

– Nos casaremos essa semana, e eu não poderia estar mais feliz e ansioso, mas antes que eu colocasse o anel de casamento em seu dedo na frente de toda aquela gente, eu queria te dar algo – Damon disse, abaixado na minha frente, segurando minhas mãos entre as suas. Ele colocou a mão no bolso da calça e tirou de lá uma caixinha que eu não havia reparado antes – No início, eu achei que passar o resto dos meus dias com você seria um inferno. Você era metida, nojenta, possuía o nariz empinado... Mas de um dia para o outro, me respondeu como uma adolescente petulante.

– Foi isso que fez você se apaixonar por mim? – Perguntei, alisando seus cabelos carinhosamente enquanto ele falava.

– Isso também. Você me mostrou o que era ser feliz, o que era aproveitar a vida, me mostrou uma vida fora do trabalho e da mídia, você se tornou minha vida – Ele sorriu verdadeiramente – Cada vez que você me provocava e me irritava, eu me via mais apaixonado por você, foi difícil admitir isso, mas foi impossível negar – Quando vi, lágrimas de felicidade escorriam por minha face, Damon as limpou com carinho – Eu só queria dizer: muito obrigada, Katherine Pierce, por me tornar um homem melhor, um homem apaixonado pela vida e por você.

Antes que eu pudesse abraça-lo e beija-lo para mostrar-lhe todo meu amor e gratidão, ele abriu a caixinha, mostrando uma pulseira que eu não duvidaria se fosse prata pura.

– Não é um anel, como geralmente fazem, e também não estamos em um jantar à luz de velas – Ele riu, se ajoelhando apropriadamente – Mas... Casa comigo?

A essa altura do campeonato, eu chorava e soluçava desesperada e com coração inchado de alegria por estar com aquele homem maravilhoso.

– Você, Damon Salvatore, se tornou meu tudo. Você é o que eu preciso para ver, como as flores precisam do sol e os peixes de água. Eu te amo como nunca amei ninguém, nunca me entreguei tanto à alguém como me entrego à você, e será assim, pelo resto das nossas vidas, simplesmente porque eu te amo – Eu disse, segurando seu rosto em minhas mãos, nossas bocas próximas – Sim, eu aceito me casar com você!

Ele riu escandalosamente, se levantou e me puxou pela cintura, me levantando e me rodopiando no ar. Com ele ainda me segurando, o beijei. Foi o nosso beijo que dizia sim, que sempre diria sim para quando fossemos nós dois!

– Eu te amo – Ele sussurrou em meu ouvido, abraçado a mim.

– Eu te amo – Repeti da mesma forma, essas sendo as palavras mais sinceras ditas por mim em toda minha vida.

Quando ele me recolocou no chão, pegou novamente a caixinha que havia ficado no banco e colocou a pulseira em meu pulso. A pulseira, que seria para sempre uma das provas do nosso amor.

Eu não quis me afastar dele pelos próximos minutos. Continue abraçada a ele sob as estrelas que se refletiam no lago e iluminavam o parque. Damon acariciava meus cabelos, com o queixo sobre minha cabeça. Era um momento bom, silencioso, apenas nós dois, eu queria pausa-lo e guarda-lo pela eternidade comigo.

– Eu queria ficar aqui para sempre com você – Eu disse.

– Vamos trazer nossos filhos aqui para brincar, não se preocupe – Ele sorriu, beijando minha cabeça.

– Você não tem medo do futuro? – Indaguei, encarando-o.

– Enquanto eu estiver com você, não – Revirei os olhos para ele, sem conseguir tirar o sorriso do rosto – Quer voltar?

– Não – Fiz um bico – Mas acho que somos obrigados – Rimos – Não me leva para o apartamento – Damon me olhou confuso, erguendo uma sobrancelha – Me leva para casa da minha mãe – Essa era uma das frases que eu dizia como Elena.

– OK. Já quer matar a saudade dela? – Quero conhece-la, essa era a minha resposta para sua pergunta, mas como ele não poderia saber, eu não a dei, invés disso apenas assenti, e caminhamos de volta ao carro de mãos dadas.

Fizemos o caminho em um silencio confortável, ao som de Maroon 5, nos olhávamos as vezes e sorriamos de felicidade. Como eu queria que ela durasse para sempre... mas não iria mais me lamentar, iria aproveitar o pouquíssimo tempo que eu possuía ao lado de Damon e ao lado da minha família.

– Não quer entrar? – Perguntei abraçada a ele na porta de casa. Ele sorriu, colocando uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.

– Não, acho que você precisa desse tempo com a sua família.

– Obrigada – Eu sorri – Você é o melhor dos melhores.

– Eu sei – Ele sorriu prepotente, jogando o cabelo meio grande para o lado. Gargalhei diante dele, enquanto seu olhar direcionado a mim era puro amor e compreensão – Tenha uma boa noite, amor.

– Seria melhor ao seu lado – Eu disse, nossos rostos próximos, prestes a nos beijar.

– Eu que o diga – E então ele me puxou para um beijo que mostrava toda a saudade que já sentíamos um do outro – Nos vemos amanhã?

– Você vai estar no shopping?

– Sim, tenho uma reunião marcada para às dez e meia – Ele suspirou.

– Então meio dia apareço por lá. Vou levar algo feito por mim para almoçarmos.

– Eu vou adorar – Damon riu, puxando-me pela cintura e me beijando novamente – Não vejo a hora de não precisar me despedir de você!

– Nem eu – Suspirei, já louca de saudade de tê-lo por perto – É melhor você ir, porque se demorar mais um pouco você não sai daqui hoje.

– Acho que vou demorar mais um pouco – Ele sorriu malicioso.

– Damon! – Eu gargalhei, batendo em seu braço – Tchau!

Dei um último selinho rápido em seus lábios, vendo-o revirar os olhos e se afastar, acenando com a mão já de costas.

Apenas entrei em casa quando vi seu carro se distanciar. As luzes estavam apagadas, todos já dormiam, afinal já era bem tarde da noite. Acendi a luz da sala e me deitei no sofá, tirando os sapatos. Observando toda aquela decoração cara, imaginei como seria ter crescido correndo por esta sala ao lado de Katherine. Sorri com as lembranças que não existiam, mas sem deixar me abalar.

Eu iria superar, tenho certeza, por mais que fosse difícil.

Será que um dia Isobel saberia que teve outra filha? Que seus melhores amigos a traíram? Muitas coisas passavam pela minha cabeça enquanto eu observava cada canto daquela casa, talvez pela última vez.

– Katherine? – Olhou para a escada onde Isobel descia sonolenta, vestida em um robe – O que faz aqui?

– Eu senti saudades – Eu sorri, caminhando até ela, e abraçando apertado. Isobel pareceu um pouco surpresa, mas retribuiu o abraço verdadeiramente – Vou sentir muitas saudades de vocês.

– Você só irá casar, minha filha, não é o fim do mundo – Ela riu, e juntas fomos para o sofá, onde nos sentamos uma na frente da outra – E moraremos perto, poderemos nos ver sempre que você quiser.

– Não é disso que estou falando – Murmurei – Damon me pediu em casamento.

– Mas vocês já estão noivos – Ela ergueu uma sobrancelha.

– Eu sei, mas nosso casamento é arranjado, ele nunca me pediu – Expliquei, e ergui a mão, mostrando a pulseira. Isobel arregalou os olhos, chocada.

– Uau, você realmente fisgou ele – Isobel riu, observando a pulseira de perto – Você sabe que isso é prata, não sabe? Esse Damon...

– E ele me fisgou, mãe – Eu sorri como uma adolescente apaixonada.

Enquanto conversava sobre aquilo com Isobel, eu não conseguia sentir nenhuma distância entre nós. Naquele curto momento eu percebi porque Katherine a descrevia com tanto amor no “livro de relacionamentos e hábitos de Katherine Pierce”.

Pensando nos próximos dias em que eu voltaria a minha vida comum, percebi que sentiria ainda mais falta de Isobel. De seu jeito arrogante, culto, e do sorriso sincero enquanto conversava com sua querida filha.

Isobel falava e falava, sobre coisas que eu não conseguia prestar atenção. Em certo momento, me deitei em seu colo e ela começou a acariciar meus cabelos, foi impossível não dormir, e dormir bem como havia um tempo que não o fazia. Era o que diziam, nada é como colo de mãe!