A Esposa do Século escrita por Yas


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pelo comentário, pessoal!
Boa leituraaa



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Capítulo 1

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar consertar você

Coldplay – Fix You

Foi confirmado cientificamente que existem, pelo menos, sete pessoas idênticas a você espalhadas pelo mundo. Bem, eu havia encontrado a minha.

Não foi algo tão emocionante quanto nos filmes, a gente não se encarou por longos minutos, nem nos perguntamos o por que de sermos tão parecidas, não conversamos nem marcamos nenhum encontro. Ela apenas saiu do banheiro como se encontrar alguém que poderia ser sua irmã gêmea fosse algo que acontecesse todo dia com ela.

Eu acabei não contando para ninguém sobre isso, era como se não fosse importante, e ao chegar em casa naquela noite, eu tomei um banho e fui dormir, como se nada demais houvesse acontecido.

No dia seguinte eu acordei cedo, pronta para o trabalho, mas ao me olhar no espelho, me dei conta do que havia acontecido.

– Ah meu Deus – Murmurei para mim mesma – Você encontrou alguém igual a você, Elena. Ah meu Deus... como diabos isso é possível?

Tentei não pensar nisso, pois se pensasse, eu ia parar, e eu não poderia fazer isso, afinal tinha que trabalhar. Isso, trabalhar! Coloque isso na cabeça, Elena! Pense em qualquer outra coisa...

Coloquei a roupa de sempre, uma saia lápis preta que possuía uma fenda até o meio da coxa, com uma blusa branca de seda de mangas longas, com um sapato de salto alto e um blazer preto. Amarrei meu cabelo longo em um coque bem feito, de modo que nenhum fio caísse em meu rosto.

Tomei apenas um café com leite e algumas torradas, eu nunca sentia fome de manhã. Apesar de amar cozinhar, não era algo que eu fazia com frequência por causa do trabalho, que ocupava muito do meu tempo.

Demorou um pouco para o elevador chegar, e tive que pegá-lo com mais quatro pessoas que iam para o térreo, como eu. Liguei o carro e entrei, dando partida, rumo ao meu trabalho.

Eu trabalhava em uma das empresas de hotelaria da família de Klaus, ele havia me recomendado um ano atrás, quando ele e Caroline começavam a ficar firmes no namoro. Eu trabalhava como supervisora de recepção, o salário é bom, mas não suficiente.

Ao meio dia eu saí para almoçar. Sozinha, como sempre, já que nenhum dos meus colegas de trabalho gostavam das mesmas comidas que eu. Hoje, o restaurante escolhido era um mexicano, localizado a algumas quadras dali.

Escolhi uma mesa ao lado da janela, afinal eu gostava de ver o movimento da cidade. Não demorou para um garçom vir até mim, fiz meu pedido e ele se retirou.

– Precisamos conversar.

– Hã?

Minha atenção se desviou do celular para a pessoa em minha frente. Era como olhar para um espelho. Como era possível? Meus olhos estavam arregalados, olhos que eram idênticos aos dela, e minhas mãos soavam. Como ela poderia estar tão normal diante de uma situação tão estranha?

– Como que...? – Procurei minha voz e não a encontrei, parecia que só agora eu acreditara verdadeiramente que havia uma mulher que era a minha cara.

– Como nos parecemos? Não sei, mas eu quero usar isso ao meu favor – Ela sorriu, um sorriso cruel e malicioso que eu nunca usaria, ela cruzou os braços e se encostou na cadeira elegantemente.

– Usar ao seu favor? – Ri – Olha, isso é realmente estranho, mas nem nos conhecemos.

– Você não me conhece, eu te conheço. Elena Gilbert, vinte e um anos, vó doente – Ela contava com os dedos as coisas sobre a minha vida.

– Como você sabe essas coisas? – Perguntei, começando a ficar preocupada.

– Eu fiz a lição de casa – Deu de ombros – Enfim, meu nome é Katherine Pierce, e quando eu disse que quero usar isso ao meu favor, eu quis dizer que eu quero que você se passe por mim.

– O que? Só pode ser brincadeira. Katherine, isso não é um filme, é a vida real – eu disse, indignada com sua ideia.

– Eu achava que na vida real a gente não encontrasse pessoas idênticas sem serem irmãs gêmeas, porque eu posso comprovar que irmãs nós não somos – Ela respondeu, ainda com aquele sorriso.

Enquanto conversávamos, eu percebi o quanto Katherine e eu éramos diferentes. Ela possuía os mesmos cabelos que eu, cacheados e cheios de volume que caiam por suas costas, olhos castanhos, mas eles possuíam malicia, e o sorriso de canto nos lábios finos, como os meus. Ela usava uma saia rodada vermelha, com uma blusa preta e sapato de salto. Éramos iguais e ao mesmo tempo éramos diferentes. Como era possível?

– Vou tentar esclarecer para você – Ela disse – Minha família está indo a falência, e para impedir isso eu tenho que casar com um cara rico. O casamento é daqui a um mês, mas eu quero aproveitar esse ultimo mês, então você teria apenas que se passar por mim até o casamento.

– E você espera que ninguém note que você mudou? – Indaguei.

– Ninguém vai reparar, eu não convivo muito com a família do noivo. E a minha família, bom, eu pretendo contar – Novamente ela deu de ombros. Katherine parecia levar aquilo como se fosse uma linda brincadeira de criança.

– Não posso largar minha vida assim, Katherine. Eu tenho emprego, família...

– Se você aceitar, eu pago a conta da sua avó no hospital e mais cinquenta mil dólares pelo mês que ficará como Katherine Pierce – Ela me interrompeu.

– E onde você espera encontrar esses cinquenta mil mais o dinheiro pro hospital? Achei que sua família estivesse falida – Eu disse.

– Eles estão, mas não o meu noivo – Katherine sorriu – Fica com o meu cartão. Pense e me ligue para acertarmos tudo direitinho – Ela me passou o papelzinho e se levantou.

– Você está falando como se eu fosse aceitar – Murmurei.

– É porque você vai – Ela respondeu, e após se virar com aquele mesmo sorriso cínico, ela disse: – Até daqui a pouco, Elena.

Eu me sentia em filme, só não sabia descrever seu gênero. Era obvio que eu não estava pensando em aceitar, eu não era tão louca a esse ponto, e também ela estava blefando. Como assim sumir por um mês? Ela não gostava do noivo? Como ele seria? E por que diabos eu ainda estava pensando nesse absurdo?

Após almoçar – ou tentar, já que depois de encontrar Katherine eu perdi a fome – eu voltei para o hotel, continuar meu trabalho. As oito da noite meu expediente acabou, e após me despedir dos meus colegas, fui para o estacionamento.

No carro, meu celular vibrou sobre o banco do carona quando eu estava prestes a liga-lo para ir para casa.

– Alô? – Eu estava com tanta coisa na cabeça que nem ao menos olhei quem era no visor.

– Elena? Sou eu, Jeremy – Era meu irmão, sua voz estava desesperada e ele parecia chorar.

– Jeremy? O que houve? – Perguntei preocupada.

– É a avó.

Para mim isso foi o suficiente. Por minha causa, ela acabaria morrendo, por eu não ter dinheiro o suficiente para mantê-la no hospital. Ela havia tido convulsões, Jeremy não soube explicar o porquê, mas conseguiram traze-la de volta.

Eu fui para o hospital, mesmo estando com a mente exausta e o copo cansado. Encontrei meu irmão no corredor do quarto dela. Ele parecia tão cansado quanto eu. Ele estava sentado com a cabeça apoiada nas mãos. Me aproximei e me sentei ao seu lado, o abraçando.

– Vai ficar tudo bem, Jer – Eu disse, beijando sua testa, como fazia quando ele era pequeno.

– Vai mesmo, Elena? Ela quase morreu agora – Ele disse, a voz embargada e rouca.

– Eu vou dar um jeito nisso, Jer. Ela vai sair daqui apenas quando estiver bem, ok?

– Como? O banco não aceitou me emprestar um dinheiro – Ele murmurou, soltando um longo suspiro em seguida.

– Não vamos precisar do banco – Respondi.

– O que você vai fazer? – Indagou, começando a ficar desconfiado e preocupado. Às vezes, ele parecia ser meu irmão mais velho, como quando juntava as sobrancelhas assim e me olhava daquele jeito.

– Eu consegui um emprego que vai me pagar muito melhor, por um mês.

Ele ainda tentou saber mais, mas desconversei e entrei no quarto da minha avó. Dona Helena um dia foi uma mulher linda, imagino. Eu não era nada parecida com ela. Ela estava com os cabelos brancos por causa da idade avançada, mas um dia eles foram loiros e brilhantes, os olhos verdes já não possuíam tanta vida, infelizmente. Ficar no hospital por tanto tempo estava acabando com ela, mas era isso ou morrer em casa, e eu não queria perdê-la, não poderia.

Minha vó e Jeremy eram minha única família viva atualmente, já que meus pais morreram em um acidente de carro, alguns anos atrás,

Me aproximei de sua cama e me sentei em um banquinho que havia ali do lado. Segurei sua mão junto a minha e a beijei. Ela abriu os olhos e sorriu para mim.

– Oh minha menina – Ela disse, com aquela voz de vó irresistível. Sorri para ela – Como você está? Anda comendo bem?

– A senhora que quase morreu e está se preocupando comigo? – Senti algumas lágrimas caírem de meus olhos e quando vi estava chorando em seu abraço gostoso – Achei que ia perda-la.

– Elena, querida – Ela dizia meu nome como se fosse uma canção de ninar, apenas sua voz conseguia me acalmar – A vovó está velha, eventualmente isso vai acontecer, e você e Jeremy tem que aceitar.

– Não posso aceitar isso, vó, isso não – Eu lhe respondi, agora olhando para seu rosto banhado em complacência.

– Quando você encontrar alguém que ame, que lhe der suporte emocional, você vai aceitar, querida. Você só precisa de alguém na sua vida – Ela disse.

– Eu não preciso de ninguém. Na hora certa irá aparecer alguém – Respondi.

– Só se você querer – minha vó sorriu, aquele sorriso sábio que dizia “eu tenho razão”

Após me despedir dela fui para o estacionamento. Já havia combinado com Jeremy que essa noite ele ficaria com ela. Eu tinha negócios a tratar. Com o cartão em uma mão e o celular em outra, disquei o nome dela e esperei ela atender.

– Você fez uma ótima escolha... Doce Elena!


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Notas finais do capítulo

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