Dracula Vs Jason: Terra Sangrenta escrita por fosforosmalone


Capítulo 13
Capítulo 13




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HOTEL CRISTAL LAKE

 

Peter Van Helsing aponta a arma que roubou de Neame para Debra. A vampira segura pelo braço uma moça de cabelos vermelhos, que amordaçada chora muito. A refém tem as mãos amarradas, e sua blusa esta rasgada. Debra e Van Helsing se encaram atentamente.

 

DEBRA

 

 - Cadê o padre?

 

 VAN HELSING

 

- Esta morto (Diz ele simplesmente). Deixe-a ir. Sou eu que você quer.

 

DEBRA

 

- É verdade. Mas você não estava, então Willam e eu ficamos matando o tempo, como se diz.

 

Peter olha mais uma vez para o cadáver semi decapitado sobre a cama. Ele sabe que não pode atirar na vampira sem correr o risco de atingir a refém. E mesmo que pudesse, aquela arma não mataria a loira, nem a deteria por muito tempo.

 

  VAN HELSING

 

- Estou aqui agora. Já pode solta-la (Debra revela suas presas, emitindo um silvo).

 

DEBRA

 

- O que você fez com o Willian?

 

VAN HELSING

 

- Eu o libertei. (Peter vê o ódio surgir nos olhos da vampira ao ouvir estas palavras).

 

DEBRA

 

- Desgraçado! (Jeannie sente o aperto no seu braço se intensificar).Quero que olhe pra expressão desta vadiazinha (a prisioneira tenta gritar, mas a mordaça a impede) olhe bem, e se lembre de que toda dor que ela vai sentir agora é culpa sua! (Debra puxa os cabelos de Jeannie, deixando o pescoço da vitima a mostra. A garota de cabelos vermelhos fecha os olhos, esperando a dor chegar)

 

VAN HELSING

 

- Não é você que quer fazer isso!  (Debra interrompe seu ataque, as presas a centímetros da jugular de Jeannie. A vampira olha para o rapaz)

 

DEBRA

 

- Como?

 

VAN HELSING

 

- Você sabe do que eu estou falando. Você vai matar essa moça e depois me matar não porque você quer, mas por que ele mandou, não foi? Você pertence á Drácula agora.

 

 DEBRA

 

- Sim, eu pertenço a ele, mas por que o amo. (Diz ela com emoção na voz) e ele me ama também.

 

 VAN HELSING

 

- Você acredita mesmo nisso (Diz Van Helsing dando uma risada). Seria até engraçado se não fosse tão patético.  Vá em frente, mate a moça se acha que eu me importo, e depois vem cá pra ver se você se sai melhor que o seu parceiro. Se conseguir, pode voltar pro seu dono como uma cachorrinha. Por que me matar não vai mudar o fato de você ser fraca a ponto de não conseguir resistir a ele, ao que ele fez com você.

 

  DEBRA

 

- Cala essa boca (Diz Debra com raiva na voz).

 

VAN HELSING

 

- A verdade é mesmo chata, né? Gostei do jeito que ele vestiu você. (Diz Peter olhando para as pernas de Debra, que o vestido deixa a mostra, e para os seios expostos pelo generoso decote). Tá parecendo uma boneca. Uma bonequinha sem alma.

 

Debra emite um novo silvo de raiva, e arremessa Jeannie para o lado, correndo em direção a Van Helsing. O rapaz efetua três disparos contra a moça, mas nenhum a detém. Ela derruba a arma com um tapa, e agarra o caçador de vampiros pelo pescoço, o erguendo no ar, para em seguida jogá-lo contra a parede, do lado da estante do quarto. Antes que Peter possa se levantar, a vampira já está em sua frente, com as presas a mostra. Ela o ergue pela gola, o encarando com um ódio assassino.

 

DEBRA

 

- Você se acha muito forte, não é mesmo, seu idiota? Você não sabe o quanto é difícil resistir a ele. Não sabe o quanto é difícil resistir a um vampiro. Mas agora você vai saber.

 

Em um movimento rápido, a vampira puxa Peter para perto de si, e crava as suas presas no pescoço dele. O rapaz sente a dor de ter a carne perfurada pelos dentes da vampira, e grita de desespero. Ele tenta se libertar, mas graças a seus poderes, ela é extremamente forte. Ele sente as presas dela se afundarem mais em sua carne, e pode sentir seu sangue sendo sugado. Uma leve sensação de prazer começa a tomar conta de seu corpo, como se estivesse se enrolando em um cobertor quente em uma noite de inverno, mas sabia que não podia se entregar a esta sensação, precisava se concentrar na dor.

 

 

                                      CASARÃO DE PATRICK NEAME

 

Após se esgueirar até o casarão, Lucy anda cautelosamente encostada a parede, até chegar diante de uma porta de ferro, com uma pequena janela ao lado. Lucy abaixa-se, temendo que alguém a veja pela janela. Ela apura os ouvidos, tentando escutar se existe alguém atrás da janela, mas não escuta nada. Lentamente, a garota abre a bolsa, e tira a faca que trouxe para se defender. Ela coloca a mão no trinco, e o puxa para baixo. A moça dá um leve empurrão na porta, que cede sem fazer barulho.

Olhando para dentro, a moça vê uma cozinha branca, impecavelmente limpa. Lucy se levanta de seu esconderijo, e entra na casa, sempre atenta ao menor ruído. A garota observa mais atentamente a cozinha, é um lugar comum, com uma mesa, uma pia com um suporte de utensílios e armários. Não há nada para ela ali.

Ela saí da cozinha, e após atravessar um pequeno corredor, chega a uma imensa sala de estar, que contem luxuosos moveis em estilo vitoriano, alem de um grande sofá, e uma poltrona mais moderna. Ainda há uma lareira ornamentada na parede. Pouquíssima luz entra pela janela, devido as grossas nuvens de chuva que cobrem o céu. Lucy encontra-se agora em uma encruzilhada, pois no extremo oposto da sala, há uma escada, e dois corredores em cada lado da parede.

Mais uma vez, a garota fecha os olhos, e tenta escutar algum barulho no casarão, mas não escuta nada. Ela decide começar a procurar Amanda pelo corredor da esquerda. Ela tira o celular do bolso, e o usando como lanterna, adentra o corredor escuro. Enquanto atravessa o corredor, Lucy pode ver quadros pendurados na parede, que remetem a tempos antigos. A garota passa por uma porta despedaçada. Ao espiar para dentro do cômodo, ela vê o que parece um cenário de guerra. Uma grande janela esta estilhaçada, e uma prateleira lotada de livros esta caída no chão. Lucy percebe que não há mais nenhuma porta dentro daquele cômodo. Sua amiga não estava ali.

 

 

HOTEL CRISTAL LAKE

 

Peter sacode as pernas e os braços desesperadamente, mas a vampira não o solta, e continua com as presas cravadas em sua jugular, sugando lentamente o seu sangue. A mão do rapaz tateia desesperadamente a prateleira a seu lado até tocar uma lata de desodorante  em spray .Pensando rápido, o rapaz coloca a mão no bolso, rezando para que o que procura não tenha caído na briga com o vampiro. Ele aponta o desodorante para a barriga de Debra, e com uma dor terrível ao erguer o braço deslocado, tira do bolso o isqueiro que comprou mais cedo . Ele acende o isqueiro, e em seguida ativa o spray.

Uma grande labareda atinge o corpo de Debra, que larga Van Helsing e se afasta com um grito, sentindo o peito queimar. Quando cai no chão, Peter deixa o isqueiro escapar de sua mão. Ele se arrasta atrás do isqueiro, mas Debra com as presas a mostra avança na direção do caçador de vampiros. Mas antes que ela chegue até ele, Jeannie surge e atinge a vampira com uma pesada enciclopédia. Van Helsing consegue alcançar o isqueiro, e virando-se para as duas, grita para a garota.

 

VAN HELSING

 

- Sai de perto!

 

Jeannie se afasta da vampira, e Van Helsing aciona seu lança chamas improvisado, atingindo Debra em cheio. O vestido, o rosto e os cabelos da vampira ardem em chamas, enquanto ela grita de agonia. Ela corre desesperada até a porta do quarto, caindo do alto da escada, e rolando os degraus. Ela vê um grande galão de agua atrás do balcão da recepção, e imediatamente o agarra, despejando o liquido sobre si, e apagando as chamas. Com o rosto chamuscado, e sentindo fortes dores, a vampira olha pra cima com raiva, e lagrimas nos olhos. Não tinha condições de lutar agora, mas aqueles dois pagariam. Ela sai em disparada pela porta do hotel.

Enquanto isto, no andar de cima, Jeannie corre até Van Helsing, que continua caído no chão.

 

 JEANNIE

 

- Você salvou a minha vida! (diz ela em prantos). Eu não tenho como agradecer.

 

   VAN HELSING

 

- Tem sim. (Diz o rapaz com a respiração pesada e a mão no pescoço). Hoje mais cedo você disse que tinha treinamento em primeiros socorros, certo?

 

JEANNIE

 

- É verdade (diz ela controlando o histerismo que a dominava). Falando nisso, é melhor darmos um jeito neste braço antes que inche.

 

VAN HELSING

 

- Esquece o braço! Temos coisas mais importantes pra...

 

Mas antes que ele termine a frase, a garota bota uma mão no ombro de Peter, e com a outra, segura o braço deslocado, e num movimento rápido, coloca o membro no lugar, o que é seguido por um desagradável estalo. Peter sente uma grande dor, que seria ainda maior se não estivesse anestesiado pela neurotoxina.

 

VAN HELSING

 

- Merda! (Diz ele sacudindo o braço, e o livrando das mãos de Jeannie). Eu falei pra esquecer o braço!

 

JEANNIE

 

- Desculpe (Diz Jeannie aflita). Eu pensei que...

 

VAN HELSING

 

- Tudo bem (Diz Peter tentando se acalmar). Eu vou resumir a situação pra você. Aquela vampira me mordeu. Preciso que vá até o quarto do Padre e pegue uma maleta preta no malão dentro do armário dele.  Traga as garrafas de agua mineral tambem. Depois vá até a cozinha e esquente algo para que possamos cauterizar a ferida.

 

  JEANNIE

 

- Mas se ela ainda estiver por ai?

 

VAN HELSING

 

Não vai. Ela é uma vampira novata. Nós a assustamos com o fogo. Moça (Diz o jovem olhando suplicante para ela) Se você não fizer o que estou dizendo, eu vou morrer. Entendeu?

 

JEANNIE

 

- Sim. (Diz ela nervosa)

 

VAN HELSING

 

- Ótimo, é o primeiro quarto do corredor. Vai!

 

 

                                       CASARÃO DE PATRICK NEAME

 

Lucy continua andando pelos corredores do silencioso casarão. Ela continua a iluminar o caminho com a luz do seu celular. A garota chega ao final do corredor, onde encontra uma porta de metal recentemente pintada. Ela ainda consegue sentir o cheiro da tinta. A porta esta entreaberta, e com um leve empurrão, Lucy consegue abri-la.

Dentro daquele cômodo, Lucy vê uma prateleira de metal cinza, contendo frascos de vidro avermelhado, aparentemente produtos químicos. Ela entra no cômodo, onde pode sentir uma mistura de cheiros fortes e incômodos. Ela tateia a parede, procurando algum interruptor. A garota finalmente o encontra, e ao apertá-lo, uma forte luz branca inunda o local. Agora, Lucy pode ver uma espécie de banheira de metal acoplada a uma mesa. Há uma maleta aberta sobre a mesa. Ao se aproximar, Lucy Farmer pode ver um vão dentro da maleta, que prova que ali dentro já esteve uma escopeta.

Lucy olha dentro da “banheira”. Um arrepio lhe percorre a espinha. Ela sabe para que serve aquilo, para dissecação de cadáveres. Mas felizmente não há nada ali dentro. A garota vai até a prateleira de metal, e lê alguns dos rótulos dos frascos. Acido Sulfúrico, acido nítrico, base caustica, e oxido de cálcio são algumas das substancias. Lucy é boa em química, e lembra que todas estas substancias são altamente corrosivas. A garota nota um baú ao lado da prateleira, e sobre o baú uma caixa.

Já com as mãos trêmulas, Lucy abre a caixa, e dentro encontra algumas seringas, um cutelo, e um serrote cirúrgico. Ela fecha a caixa, e ao tentar abrir o baú, percebe que o mesmo está cadeado. A garota observa o baú mais atentamente, não haveria como colocar ninguém ali dentro, a não ser que...

Ela pensa na “banheira” e depois no cutelo e no serrote. Não! Sua amiga não estava dentro daquele baú. Um pouco nauseada, Lucy sai da estranha sala, tendo o cuidado de apagar a luz.

O corredor acabou. Lucy decide conferir o andar de cima, talvez encontrasse alguma pista lá. Ela volta a percorrer o corredor, mas desta vez no sentido contrario. O silencio mórbido daquele casarão começa a incomodá-la. Ela espera que os donos continuem fora por um bom tempo, mas não consegue deixar de se perguntar para onde terão ido todos.

 

 

                                    CABANA: NÃO MUITO LONGE DALÍ

 

Patrick Neame e o Conde Drácula observam vários sacos mortuários atirados no chão da cabana. O vampiro anda até a janela, contemplando o céu cada vez mais negro.

 

DRÁCULA

 

- A tempestade que se aproxima foi muito oportuna, Neame.

 

NEAME

 

- De fato mestre, a tempestade permitiu que o senhor recepcionasse pessoalmente os novatos.

 

DRÁCULA

 

- E eles precisam ser guiados, Neame. Para o que esta por vir. Esta noite, vou livrar esta cidade de Jason Voorhees de uma vez por todas.

 

NEAME

 

- Posso fazer uma pergunta, mestre?

 

DRÁCULA

 

- Faça (Diz Drácula lhe dando pouca atenção).

 

NEAME

 

- O que o senhor planeja exatamente? Digo, depois de matar Voorhees.

 

O vampiro lança um olhar curioso para seu servo.

 

DRÁCULA

 

- Compreendo as suas duvidas, Neame. Eu disse que seriamos discretos a principio, e agora, estamos diante de um pequeno exercito de vampiros, prestes a despertar. Eu vou lhe explicar para que entenda. Em primeiro lugar, acredito que muitos destes vampiros não sobreviveram ao encontro com Voorhees. Em segundo lugar, quando fui naquela festa ontem á noite, me dei conta de uma coisa.

 

NEAME

 

- Do que, mestre?

 

DRÁCULA

 

- Que os jovens são o futuro, Neame. Quem controla a juventude, controla a sociedade. Vai ser bom ter alguns servos leais infiltrados na comunidade jovem. Alem do mais, Cristal Lake me parece ser uma cidade esquecida pelo mundo, e assim sendo, perfeita para sede de operações para projetos futuros. Por isso, é tão importante se livrar de Voorhees.

 

NEAME

 

- Projetos futuros?

 

DRÁCULA

 

-Uma coisa de cada vez, Neame (Diz o Conde encerrando o assunto).

 

 

HOTEL CRISTAL LAKE

 

Jeannie entra correndo em seu quarto, carregando uma maleta preta em uma mão, e uma garrafa de água na outra. Ao olhar para Peter Van Helsing, a garota percebe horrorizada que o corpo do rapaz esta tenso, e tremendo levemente. Ele tenta falar alguma coisa, mas o som que sai dos seus lábios é muito baixo. Jeannie se inclina, colocando o ouvido perto da boca do rapaz.

 

JEANNIE

 

- Me diz o que eu preciso fazer (Diz com urgência na voz).

 

VAN HELSING

 

- Dentro da maleta... Seringa... Antitoxina.

 

JEANNIE

 

- Ok, entendi.

 

 Ela abre apressadamente a maleta. Dentro Lucy pega a seringa indicada. A única coisa que poderia ser uma antitoxina eram os pequenos frascos de liquido azulado, que a garota recolhe também. Ela enfia a agulha na tampa macia do frasco, enchendo a seringa com a antitoxina. A garota pega o braço de Peter, afastando a manga da jaqueta, mas o rapaz balança a cabeça e tenta falar mais uma vez. Jeannie se aproxima novamente para poder entendê-lo.

 

VAN HELSING

 

- No pescoço... Mordida (Com a cabeça tremendo, ele vira o pescoço, expondo a marca deixada pela vampira)

 

  JEANNIE

 

- Você quer que eu lhe aplique a injeção na jugular? (Diz insegura) Mas eu posso fazer alguma coisa errada. Posso acertar uma veia importante ou...

 

VAN HELSING

 

- Tem..... Po!  (Grita Van Helsing, fazendo um esforço enorme para isso. É como se suas cordas vocais tivessem se transformado em pedra. Jeannie respira fundo e ergue a seringa, olhando para as duas marcas no pescoço de Peter)

 

JEANNIE

 

- Tudo bem. Vamos lá.

 

Jeannie aproxima a seringa de uma das perfurações, e cuidadosamente, insere a agulha na ferida. A boca de Peter se abre, sem emitir som algum, enquanto seus olhos ficam marejados. Van Helsing consegue sentir o liquido entrando em contato com seu sangue, enquanto Jeannie injeta a antitoxina.

A garota retira a agulha, e um fio de sangue escorre da ferida.

 

JEANNIE

 

- Ah, droga!

 

Jeannie olha ao redor, procurando algo que possa estancar o sangramento. A moça se precipita até a maleta, onde encontra plastificado um rolo de gaze. Após rasgar o plástico, ela puxa um pedaço de gaze, levando-o a ferida no pescoço do rapaz que salvara sua vida.

Poucos segundos depois, Van Helsing começa a tossir incessantemente, para o horror de Jeannie, que se afasta assustada. Os braços do jovem se movem lentamente, até que ele consiga usá-los de apoio par a sentar no chão. Ele olha para ela, e diz ofegante

 

VAN HELSING

 

- Bom trabalho, mas ainda não acabamos. Você esquentou algo para cauterizar a ferida como eu pedi?

 

JEANNIE

 

- Sim, mas acho que...

 

VAN HELSING

 

- Temos que cauterizar a ferida!

 

JEANNIE

 

- Não é preciso cauterizar. O ferimento já parou de sangrar e...

 

VAN HELSING

 

- Moça, Esse não é um ferimento comum! Eu devo ter dez minutos antes de morrer, ou seja, me transformar em um vampiro. A menos que eu possa cauterizar isso e parar a infecção. Por favor, me ajude.

 

Jeannie olha para Van Helsing parecendo compreender a situação, e sai do quarto, correndo em direção a cozinha. Ela retorna em menos de dois minutos, usando luva de forno, e trazendo uma longa colher de metal semi incandescente na mão.

 

JEANNIE

 

- Acha que isso vai servir? (Pergunta ela com nervosismo na voz)

 

VAN HELSING

 

- Com certeza vai. Agora vem a parte delicada. Cauterize. Pressione com força, esta bem? Segure a minha cabeça.  Você sabe que eu vou me afastar por impulso, né?

 

A garota balança a cabeça. Peter se coloca de joelhos no chão, e vira o pescoço mostrando as marcas da mordida mais uma vez. Com as mãos tremulas, Jeannie segura o lado oposto ao da mordida.

 

VAN HELSING

 

- Ok. Três segundos devem bastar. Não menos, ta legal? Manda ver!

 

,Ela aproxima o ferro em brasa. Peter respira fundo, e então sente o metal fervente tocar-lhe a pele. O rapaz tem a sensação que uma pequena bola de fogo explodiu em seu pescoço. De fato ele tenta se afastar, mas Jeannie segura à cabeça do rapaz, enquanto lagrimas escorrem dos seus olhos. Van Helsing dá um grande grito,um grito que não se lembrava de ter dado até então, e quase não reconhece como sendo de si próprio.

Quando Jeannie o solta, ele atira-se para longe, levando alguns segundos para recuperar a visão. Ele corre o olho pelo quarto, até encontrar a garrafa de água benta que Jeannie trouxera. Ele se atira em direção a garrafa, e a destampa desesperadamente, despejando o liquido sobre o ferimento no pescoço.

O rapaz geme de dor quando o liquido toca a queimadura, mas após o breve choque térmico, sente um repentino alivio. Jeannie o fita assustada. Ele a olha com gratidão.

 

VAN HELSING

 

- Obrigado. Obrigado mesmo. Acho que não teria conseguido sem você.

 

JEANNIE

 

- De nada, eu acho. Deu certo? O que você fez, deu certo?

 

VAN HELSING

 

- Vamos saber em um minuto ou dois (Diz ele pondo- se de pé). Me diz uma coisa, como você se desamarrou?

 

JEANNIE

 

-  Ela não deu um nó muito forte. Com a força dela, ela achou que não ia precisar. Quando ela me jogou na parede, o nó enfraqueceu e consegui me soltar. Aqueles dois... Eram Vampiros de verdade?

 

VAN HELSING

 

- Você viu, mas não consegue acreditar, não é mesmo? (Diz ele sério)

 

JEANNIE

 

- Como... Como é possível que eles existam?

 

VAN HELSING

 

- Historia comprida e complicada demais pra contar agora. (Diz ele recolhendo o revolver do chão, e conferindo a munição) Nem eu sei direito na verdade. Temos que sair daqui. É impressionante a policia não ter aparecido até agora.

 

JEANNIE

 

- Eles cortaram as linhas telefônicas. Harry... (Ela olha para o cadáver ensangüentado do filho da Sra. Freeman sobre a cama, virando o rosto rapidamente) Harry achava que uns quatro quarteirões deviam estar sem telefone. Também não conseguimos sinal pelo celular. Eu não entendo, se são vampiros, como podem andar durante o dia.

 

VAN HELSING

 

- Você já olhou lá fora? Com este tempo, o sol não é forte o suficiente para queimá-los. (Os dois se encaram em silencio) A Sra. Freeman também está...

 

Van Helsing não termina a pergunta, pois já sabe a resposta. Jeannie balança a cabeça tristemente.

 

JEANNIE

 

- Eles... Eles enfiaram o corpo dela no armarinho embaixo do balcão da recepção (Diz a garota prestes a cair no choro novamente). Quebraram todos os ossos dela pra isso. O homem me contou enquanto... Enquanto me lambia e dizia o que ia fazer comigo. Me fizeram assistir... Os desgraçados me fizeram assistir aquela vaca matar o filho da Sra. Freeman e beber o sangue dele (As lagrimas começam mais uma vez a rolar pelo rosto da garota)

 

VAN HELSING

 

- Olha... (Diz o rapaz parecendo escolher as palavras) Qual o seu nome mesmo?

 

JEANNIE

 

- Jeannie Madison.

 

VAN HELSING

 

- Eu sou Peter Van Helsing. Sinceramente, eu sinto muito que tenha passado por tudo isto. Mas o tempo esta correndo, e o sol já vai se por. Eu preciso saber, você tem um carro?

 

JEANNIE

 

- Tenho sim (Responde enquanto tenta reprimir o choro).

 

VAN HELSING

 

- Talvez eu possa acabar com tudo isto esta noite. Impedir que isto se repita. Mas pra fazer isso, preciso que me leve em um lugar.

 

JEANNIE

 

- Você vai atrás de mais destas coisas?!

 

VAN HELSING

 

- É preciso. Eu não te pediria pra me levar lá se houvesse outro jeito. É só me largar perto do covil deles, e depois dirigir pro mais longe possível desta cidade.

 

JEANNIE

 

- Mas você não esta em condições.

 

VAN HELSING

 

- Tudo o que eu preciso esta no quarto do Padre. (Diz Van Helsing se dirigindo para a porta). Então, você me leva ou não?

 

JEANNIE

 

- Você salvou minha vida. Acho que eu te devo isso. (Diz enxugando as ultimas lagrimas)

 

VAN HELSING

 

- Você não me deve mais nada, mas obrigado mesmo assim.

 

 

                                      CASARÃO DE PATRICK NEAME

 

Lucy sobe as escadas do casarão, enquanto um novo relâmpago ilumina o recinto. Ela olha nervosa para trás, mas não vê ninguém. Aquele lugar, aquele casarão todo, emanava uma energia muito ruim, ela podia sentir. Ouve-se o tamborilar de chuva na janela, começou a chover.

 Ao chegar ao fim do corredor, a garota vê a sua frente um novo corredor escuro. Repetindo o processo, ela usa a lanterna do celular para iluminar o caminho.

Lucy começa a sua caminhada. Luminárias em forma de tochas adornam as paredes. A garota encontra a primeira entrada á esquerda, uma elegante porta pintada de branca, com a maçaneta dourada. Cuidadosamente, a invasora abre a porta. Ela vê o que parece ser um banheiro.Ao iluminar o ambiente com sua lanterna improvisada, a moça visualiza de fato um bem cuidado lavabo, com uma privada, uma pia de mármore branquíssimo com torneiras douradas, e um Box envidraçado.

A garota fecha a porta do banheiro, e continua sua caminhada. Após alguns segundos que parecem horas, ela encontra uma nova porta, exatamente igual à anterior. Ela abre a porta, e ao iluminar o quarto com o celular, percebe que se trata de um ambiente maior. Como já havia feito antes, ela tateia a parede do quarto, a procura de um interruptor, o encontrando rapidamente. Antes de ligar, entretanto, ela hesita. Há uma janela no quarto, e se os donos da casa estivessem do lado de fora, poderiam notar que havia um intruso. Lucy retira a mão do interruptor e entra no cômodo. Clareando o caminho com a lanterna, ela vê uma cama de casal de madeira nobre. De cada lado da cama, há uma cômoda feita da mesma madeira. Em frente à cama, há um armário branco acoplado a parede. A garota vai até o armário e o abre, mas ao vasculha-lho, percebe que está vazio.

Lucy sai do quarto, fechando a porta ao passar. Ela prossegue com sua busca, chegando a uma nova porta. Como já havia feito duas vezes naquele corredor, ela abre a porta branca com maçaneta dourada. Aparentemente é um quarto semelhante ao que acabara de visitar, com a diferença que a cama se encontra virada para o lado oposto. A garota adentra o recinto, mas pára subitamente quando a luz de sua lanterna atinge a cama, iluminando um par de pernas desnudas. Lucy se aproxima lentamente da cama, e ilumina o rosto da pessoa deitada. Finalmente a havia encontrado, Amanda!

A garota deitada na cama estava de olhos fechados, em um sono profundo. Usava um vestido branco, cortado um pouco abaixo da cintura, o que expunha suas pernas. O vestido também contava com um decote bem generoso.

Lucy põe a mão sobre os ombros da amiga, sentindo sua pele gelada, e a sacode.

 

LUCY

 

- Acorda garota, a gente tem que ir.

 

Amanda não reage, suas pálpebras sequer se mexem. Por um instante, Lucy pensa que a amiga esta morta, mas ao olhar mais atentamente, percebe que ela continua respirando. Quando vai sacudi-la novamente, Lucy se afasta horrorizada, ao ver duas marcas no pescoço de Amanda.

 

 

                                                   CARRO DE JEANNIE

 

Jeannie dirige o carro pelas ruas de Cristal Lake, passando em frente ao posto onde Lucy trabalha. Antes de sair do hotel, Van Helsing voltou ao quarto do Padre, pegando mais uma estaca, e os dentes de alho que havia comprado mais cedo. Como não conseguiu carregar tudo na jaqueta, botou parte de seu “arsenal” na maleta do falecido Padre Keir, e a trouxe também. Alem disso, levava o revolver com ele. Depois de pegarem tudo o que era necessário para a batalha que estava por vir, ele e Jeannie saíram do hotel.

Depois de dizer pra onde iriam ir, Peter não trocou mais nem uma palavra com a garota depois que entraram no carro. Ao passar em frente ao posto, ela olha pra ele, e percebe que seu pescoço está totalmente curado, sem sinal de mordida ou queimadura.

 

JEANNIE

 

- O seu pescoço. Não é possível!

 

  VAN HELSING

 

- O que? (Diz ele passando a mão no pescoço até surgir um brilho de compreensão em seus olhos) Ah, isso! Quer dizer que deu certo! (diz animado).

 

JEANNIE

 

- Não entendo (Diz confusa).

 

VAN HELSING

 

- Pra falar a verdade, eu também não. Tem alguma coisa a ver com a autodestruição da enzima depois da cauterização da ferida. Se a ferida não tivesse fechado, significaria que eu me transformei. Mais uma vez obrigado Jeannie, graças a você, ainda sou humano

 

JEANNIE

 

- Isso é ótimo.

 

Diz a garota, percebendo uma vez mais o absurdo da situação. Um carro de policia vêm na direção oposta, e ao passar por eles, dá meia volta passando a segui-los, para logo depois fazer sinal com o farol para o carro parar.

 

JEANNIE

 

- Essa não. O que eu faço? (Pergunta nervosa)

 

VAN HELSING

 

- Encosta e aja normalmente (Responde sério).

 

Jeannie encosta o carro, e a viatura encosta logo atrás. De dentro do veiculo policial, desce o Xerife Mathews, ao mesmo tempo em que uma leve chuva começa a cair. O policial olha para o céu, e pega um chapéu dentro do carro. Observando tudo pelo espelho retrovisor, Van Helsing aproveita este breve momento de hesitação, e desce do carro também.

 

   XERIFE MATHEWS

 

- Peter Van Helsing (Diz o Xerife andando em direção ao rapaz), algo me dizia que nos veríamos logo, logo.

 

VAN HELSING

 

- Pois é, Xerife (Diz ele sorrindo, e estendendo a mão sem sair do lugar)

 

Mathews estende a mão para cumprimentar Peter, mas quando Van Helsing aperta a mão do Xerife, o puxa para perto de si, e rapidamente saca o revolver do bolso da jaqueta, e o encosta na barriga do policia. O Xerife o fita espantado.

 

VAN HELSING

 

- Por favor, não reage, Xerife. E tira a mão do coldre agora. (Mathews retira a mão da arma em seu coldre. Ele olha em volta, mas a rua parece estar vazia)

 

XERIFE MATHEWS

 

- Que merda você ta fazendo, garoto? (Um trovão ecoa pela rua, e a chuva começa a cair mais forte)

 

VAN HELSING

 

- Um, seqüestrando você, Dois, Indo salvar a sua cidade, três, arruinando a minha vida no processo.

 

  JEANNIE

 

- É isso que você chama de agir normalmente?! (Diz Jeannie pela janela, olhando aflita para os lados)

 

VAN HELSING

 

- Pensei melhor e vi que não ia dar certo, então resolvi improvisar.

 

JEANNIE

 

- Improvisar?! Cara, você é louco!

 

VAN HELSING

 

- Você pode ir, Jeannie.  Dirija pro mais longe que puder. Obrigado por tudo. (Ouve-se um novo trovão, e a chuva passa a cair mais forte agora, Jeannie sente as grossas gotas geladas em sua pele, enquanto desce do carro)

 

JEANNIE

 

- Eu não vou sair por ai como uma fugitiva! (Diz ela elevando a voz devido ao ruído da chuva). Eu já sou sua cúmplice de qualquer maneira mesmo!

 

VAN HELSING

 

- Eu já envolvi gente demais nisto! Vai embora!

 

XERIFE MATHEWS

 

- Ouça o que ele diz! Vá embora e peça ajuda. Isso pode aliviar seja lá o que vocês dois fizeram!

 

JEANNIE

 

- Não fizemos nada! (Diz Jeannie com os cabelos vermelhos já pingando água) E já disse, por garantia, vou ficar com você! Depois do que houve no hotel, a gente ta junto nessa.

 

VAN HELSING

 

- Merda! Tudo bem, todo mundo pra dentro da viatura! (Diz Van Helsing empurrando Mathews) Jeannie, pega a minha maleta.

 

 

                                                      VIATURA

 

Mathews dirige a viatura, sob a mira do revolver de Van Helsing, que esta no banco do carona. Jeannie esta no banco de trás, aonde encontrou uma arma calibre doze, juntamente com uma caixa de balas. A pedido de Peter, ela estava molhando as balas encontradas com água benta. O Xerife vira-se para Peter.

 

XERIFE MATHEWS

 

- Escuta garoto, eu não sei o que aconteceu naquele hotel,  mas se você me falar o que esta acontecendo, talvez eu possa ajudar.

 

VAN HELSING

 

- Eu tenho que te mandar calar a boca de novo? (Há um momento de silencio) Se eu te contasse, tu não ia acreditar.

 

XERIFE MATHEWS

 

- Tente. (Peter suspira antes de falar)

 

VAN HELSING

 

- O homem que comprou as terras do acampamento Cristal Lake, Patrick Neame, ele...

 

 

O telefone celular de Peter começa a tocar. Ele olha para o bolso da jaqueta, e então para a arma.

 

VAN HELSING

 

- Não se mexa (Diz ele para o Xerife). Jeannie, pega a arma.

 

JEANNIE

 

- O que?

 

VAN HELSING

 

- Pega a arma e aponta pra ele!

 

JEANNIE

 

- Eu não vou fazer isso.

 

VAN HELSING

 

- Jeannie, a gente ta nessa junto, lembra?

 

JEANNIE

 

- Ok, me dá isso. (Diz ela tensa)

 

Sem tirar os olhos do Xerife, Van Helsing entrega a arma para Jeannie, e atende o celular sem ver quem é.

 

VAN HELSING

 

- Alo?

 

LUCY

 

- Peter, eu achei a Amanda!

 

VAN HELSING

 

- Lucy? Como é que é, você achou a Amanda? Onde é que você ta?

 

LUCY

 

- Eu to na casa do Neame, Peter. Por favor, me diz que existe um jeito de salvar a minha amiga, por favor! Me ajude a salvar a minha amiga!


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Notas finais do capítulo

Quem esperava um cap especial por ser o numero 13, me desculpe. Na verdade, Jason acabou nem dando as caras neste cap, hehehe. Mas prometo que ele estará de volta no proximo.

Espero que tenham gostado. Em breve, o cap 14