Dracula Vs Jason: Terra Sangrenta escrita por fosforosmalone


Capítulo 12
Capítulo 12




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CASARÃO DE PATRICK NEAME

 

Patrick Neame esta caído no chão de seu próprio escritório, com a cabeça sangrando. Cacos do que um dia foi um vaso, estão espalhados pelo chão. De pé, Peter Van Helsing vasculha as gavetas da mesa, enquanto é observado pelo Padre Keir.

 

PADRE KEIR

 

- O que estamos procurando afinal de contas?

 

VAN HELSING

 

- Não tenho certeza (diz ele concentrado).

 

Na primeira gaveta, o jovem encontra apenas documentos referentes a finanças e a investimentos feitos pelo empresário. Na segunda gaveta, Peter encontra uma caixa de balas calibre 40, que ele imediatamente coloca no bolso. Na mesma gaveta, há um livro de capa vermelha, que o rapaz pega, e começa a folhear.

 

PADRE KEIR

 

- O que é isso? (Pergunta o padre nervoso)

 

VAN HELSING

 

- Espera. (Diz Van Helsing)

 

Van Helsing folheia o livro de paginas amareladas e carcomidas, escritas em romeno. As paginas também contem ilustrações bizarras, como uma criatura metade homem metade morcego cercada por lobos, todos babando sangue. Outra ilustração mostra um homem erguendo o corpo ensangüentado de uma criança, enquanto uma mão feita de insetos surge no céu, pronta para agarrar o corpo.

 

VAN HELSING

 

- Eu não via um desses há muito tempo. (Diz Peter em tom sombrio).

 

PADRE KEIR

 

- O que é isso?

 

VAN HELSING

 

- Depois eu te conto. Por favor, vigie a porta.

 

O padre vai até a porta enquanto Van Helsing continua a folhear o livro. Ele passa por mais gravuras bizarras, como a de três homens que parecem estar acorrentados uns aos outros pelas artérias, e a de uma moça sendo erguida por um esqueleto com presas. Van Helsing Pará de folhear, quando chega á ilustração de um anel gigante, que sobrevoa um bosque com as folhas banhadas em sangue. Sobre a imagem, se lê em romeno: Sangeroase Sol.

 

Na porta, o Padre Keir vê com horror, Philip surgir no fim do corredor, carregando um rifle calibre 12 na mão. O religioso volta para dentro do escritório, escapando do tiro disparado pelo mordomo. Keir fecha a porta, olhando desesperado para os lados, e avistando uma estante de livros, que ele logo começa a arrastar em direção á porta. O rapaz surge do lado do padre, lhe ajudando com a estante.

 

PADRE KEIR

 

- Temos que sair daqui, Van Helsing!

 

Um tiro rompe à estante, bem no espaço vazio entre Peter e o padre.

 

VAN HELSING

 

- Acho que é uma boa idéia. (Diz o rapaz olhando assustado para o amigo). Alem do mais, acho que já conseguimos alguma coisa (Ele mostra  as paginas que arrancou do livro).

 

Peter Van Helsing guarda as paginas no bolso, e corre novamente para trás da mesa, erguendo a cadeira de Neame no ar, e atirando-a contra a janela, que se estilhaça. O rapaz e o padre correm até a janela, e saltam por ela, no momento em que um novo disparo abre mais um rombo na porta.

 

O mordomo usa a arma para golpear com força os restos da porta e da prateleira, até conseguir entrar no escritório. Philip esquadrinha a sala com os olhos, até ver seu patrão caído no chão, atrás da mesa.  Ele corre até lá, agachando-se ao lado de Neame.

 

PHILIP

 

- Patrão, o senhor esta bem? (Pergunta ele colocando o patrão de pé. Neame balança a cabeça, tentando se recuperar)

 

NEAME

 

- Onde estão aqueles malditos? (Pergunta Neame com raiva na voz, enquanto confere com a mão o sangramento que tem na cabeça)

 

PHILIP

 

- Eles fugiram pela janela, senhor! (Neame agarra o mordomo pela gola)

 

NEAME

 

- Vá atrás deles e mate os dois! Não volte aqui caso eles não estiverem mortos, ouviu bem?!

 

 

                                                  FLORESTA

 

Após pularem da janela do escritório de Neame, Peter Van Helsing e o Padre Keir contornaram a casa, pois Philip poderia ter atirado neles pela janela, caso seguissem em linha reta. Os dois agora correm floresta adentro. A dupla pára ofegante, enquanto olha para trás.

 

VAN HELSING

 

- Acho que ganhamos alguma vantagem.

 

PADRE KEIR

 

- Você acha?! (Pergunta o Padre indignado) Essa investida contra Neame foi um fracasso! Não conseguimos nada!

 

VAN HELSING

 

- Eu não diria isso. (Diz Peter tirando da jaqueta as paginas que arrancou do livro de Neame)

 

PADRE KEIR

 

- O que é isso afinal de contas?

 

VAN HELSING

 

- Isso (Diz Van Helsing sem desviar os olhos das paginas) foi o que ajudou Neame a trazer o Conde de volta.

 

PADRE KEIR

 

- Maldita magia negra! Há algo nessas paginas que possa nos ajudar?

 

VAN HELSING

 

- Contra Drácula não (diz ele lendo novamente as cinco paginas que arrancou do livro). Esse tipo de ritual não é feito para, com o perdão da redundância, ser desfeito. Mas aqui diz que eventuais conseqüências estariam ligadas diretamente a fonte, e a única forma de anular essas conseqüências, é destruindo a fonte.

 

PADRE KEIR

 

- E no que isto nos ajuda?

 

VAN HELSING

 

- Acho que Jason é a conseqüência. Se matarmos Drácula, nos livramos de Jason também.

 

PADRE KEIR

 

- Isso não resolve nosso problema. Nossa prioridade é o vampiro (Diz o Padre irritado).

 

VAN HELSING

 

- É verdade, mas pelo menos já sabemos como deter Vorhees. Talvez nós possamos esperar um pouco e voltar lá pra procurar onde Neame esta escondendo o Conde. Duvido que estejam esperando outra visita nossa tão cedo.

 

Um tiro atinge o tronco da arvore, alguns centímetros acima da cabeça de Peter. Pequenos pedaços de madeira voam para todos os lados. Van Helsing e o Padre Keir se viram, e vêem Philip a alguns metros de distancia, pronto para atirar neles de novo.

A dupla começa a correr desesperadamente pela mata, sendo perseguidos pelo mordomo. Van Helsing corre rapidamente, enquanto o Padre o acompanha com dificuldade. Um novo disparo desintegra um tronco apodrecido do lado de Peter. O Padre Keir reza um pai nosso ao mesmo tempo em que corre. Philip se prepara para atirar novamente, desta vez mirando Keir. A bala atinge o braço do Padre de raspão, mas o impacto é suficiente para jogá-lo no chão.

 

VAN HELSING

 

- Merda! (Diz Van Helsing dando meia volta para ajudar o amigo).

 

Van Helsing corre até o religioso caído, e agacha-se ao seu lado, tentando levantá-lo. O rapaz ergue a cabeça, e vê a poucos metros, Philip vir correndo em sua direção, enquanto ergue a arma. Peter se prepara para ser atingido, quando o mordomo tropeça pouco antes de atirar, e cai em um pequeno barranco junto com a arma, enquanto a bala se aloja no chão, poucos metros de onde Van Helsing esta.

Philip rola no chão, deixando o rifle cair. Ainda caído no chão, começa imediatamente a procurar o que perdeu, até que enxerga sua arma. O mordomo rasteja em direção ao rifle, mas antes que possa pega-lo, vê um par de botas sujas e gastas se colocar bem atrás da arma. Philip ergue a cabeça, e percebe horrorizado que o dono das botas esconde o rosto com uma mascara de hockey.

O mordomo pega o rifle e se levanta, pronto para atirar em Jason, mas este segura o pescoço de Philip com uma mão, e o cano da arma com a outra, desviando-a para longe do seu corpo. Philip luta desesperadamente para apontar a arma em uma direção em que o tiro atinja seu algoz. Sempre com um olhar frio, Jason força a mão de Philip a apontar a arma para embaixo de sua cabeça. Philip tenta se soltar, mas o mascarado segura seu pescoço com uma força descomunal. O cano da arma agora está encostado debaixo da cabeça de Philip, que começa a suar frio. A mão de Jason que segura à arma, desce pelo cano até o gatilho.

 

PHILIP

 

- Por Deus, não!

 

Van Helsing tenta erguer o Padre Keir do chão, que sangra bastante, quando escuta um tiro.

 

Jason, com a mascara manchada de sangue, larga o corpo de Philip, que cai no chão com a cabeça despedaçada, juntamente com a arma. O assassino olha para cima, e começa a subir o pequeno barranco.

 

Van Helsing ergue o Padre Keir, olhando preocupado para trás.

 

VAN HELSING

 

- Aquele grito, e depois aquele som de tiro abafado. A gente tem que voltar pro barco logo. O senhor consegue andar?

 

PADRE KEIR

 

- Acho que sim. Machuquei o joelho na queda, mas consigo ficar de pé, Mas vou ter que dar ponto neste braço mais tarde. (Diz o Padre olhando para o corte profundo aberto um pouco abaixo do ombro) O que acha que aconteceu lá atrás?

 

Van Helsing não responde. O rapaz vê Jason, terminando de subir o barranco. Sem dizer nada, ele ajuda o Padre Keir a se apoiar, e começa a correr com dificuldade, devido ao peso do religioso ferido. Peter se esforça em avançar o mais rápido que pode em direção ao lago, mas percebe que Jason se aproxima cada vez mais em seu passo apressado.

 

VAN HELSING

 

- Padre, eu sei que dizendo parece burrice, mas vamos ter que nos separar.

 

PADRE KEIR

 

- O que?!

 

VAN HELSING

 

- Eu sou mais rápido. Vou chamar a atenção dele, acho que consigo chegar ao barco antes que ele me alcance. O senhor acha que consegue chegar até a margem?

 

PADRE KEIR

 

- Sim, mas...

 

VAN HELSING

 

- Então vai!

 

O Padre começa a correr, deixando Van Helsing sozinho. Quase no mesmo instante, o rapaz vê Jason chegando, em seu passo apressado e incansável. O assassino acompanha com o olhar o religioso fugir mancando. O gigante se prepara para mudar de direção. Peter tira do bolso a arma que roubou de Neame, e efetua dois disparos contra Jason, atingindo-lhe o peito. O mascarado volta seu olhar para o rapaz.

O assassino começa a andar em direção a Van Helsing, que por sua vez, guarda a arma, e inicia uma nova corrida. Peter corre o mais rápido que pode, sentindo a adrenalina invadir novamente seu corpo. Ele sabe que Jason esta atrás dele agora. Ele leu a respeito do que o assassino costumava fazer com suas vitimas, e vira com seus próprios olhos na noite anterior. Se Jason o alcançar...

Peter espanta estes pensamentos de sua cabeça, e se concentra em sua fuga. “Já estou perto de onde deixamos o barco”, pensa Van Helsing enquanto pula um tronco podre que se encontra caído em seu caminho. O jovem europeu escorrega em algumas folhas secas no chão da floresta, caindo ao som de terra triturada.

Van Helsing olha temeroso para o lado, mas não há sinal de Jason. Ele olha para frente, lá esta o píer, esta perto agora. Peter se levanta rapidamente, e corre em direção ao píer. Os pulmões do jovem começavam a arder. Tem um bom condicionamento físico, mas não é um atleta afinal de contas.

A madeira do píer range aos pés de Van Helsing, enquanto ele atravessa o píer em alta velocidade. Ele chega até onde a lancha foi amarrada, e começa a soltar o barco, quando percebe a presença de mais alguém no píer. Na entrada do píer, Jason está parado de pé, encarando o rapaz que o desafiara. O mascarado puxa o facão da cintura, e começa a andar apressadamente em direção á seu alvo. Peter volta a sua atenção para corda, lutando para desamarrá-la o mais rápido possível, enquanto ouve os passos do assassino se aproximando cada vez mais.

 

VAN HELSING

 

- Continue trabalhando. Não pare (Diz o jovem em voz baixa para si mesmo).

 

Van Helsing termina de desamarrar o barco, mas antes que possa saltar para dentro da embarcação, ouve os passos de Jason se intensificarem, e rola no chão, escapando por um triz de um golpe de facão desferido pelo gigantesco homem. Jason puxa o facão, que ficara cravado na madeira, e volta sua atenção para o rapaz a sua frente. Jason brande o facão contra Peter uma vez mais, que salta para trás, evitando ter o tórax cortado. Uma nova investida do mascarado, e mais uma vez o jovem evita o golpe.

Van Helsing percebe estar ficando encurralado na ponta do píer. Botando seu treinamento em pratica, Peter puxa uma estaca de dentro da jaqueta, e evitando uma estocada com um giro, crava a estaca no peito do assassino, que parece nada sentir. Peter consegue evitar ser degolado por um novo golpe de Jason, mas perde o equilíbrio, e cai do píer, mais precisamente dentro da lancha, batendo a nuca com força na alavanca de controle, o que a aciona.

A embarcação começa a se afastar lentamente do píer. Jason anda até a beira da plataforma, e vendo o rapaz desacordado dentro do barco, se prepara para saltar sobre ele, disposto a não deixá-lo fugir. Mas antes que Jason possa fazer isso, o Padre Keir surge atrás dele, saltando sobre suas costas.

Peter Van Helsing recupera a visão aos poucos, e com a visão turva, vê o Padre Keir agarrado nas costas de Jason, que se balança tentando se livrar dele. O gigantesco homem consegue jogar a pessoa que o havia atrapalhado no chão. O Padre Keir se levanta com dificuldade, e percebe que a lancha já esta a uma distancia segura do píer. Jason vira-se para o religioso, encarando-o com ódio.

 

PADRE KEIR

 

- Deus esteja contigo, Peter.

 

Da lancha, Van Helsing vê impotente, Jason brandir seu facão contra o Padre Keir, atingindo-lhe a cintura. O corpo do religioso é dividido em dois. O tronco, juntamente com todo resto, são projetados para fora do píer em um jato de sangue, caindo no lago, e afundando em seguida. As pernas e a parte do tronco que sobrara, cai como um saco de batatas aos pés de Jason. Van Helsing não consegue acreditar no que vê. O Padre Keir, o homem que o vira crescer, quase um segundo pai, acabara de ser assassinado diante de seus olhos, partido ao meio como um boneco desmontável.

Peter percebe que está indo para outra margem. Erguendo-se com dificuldade, manobra o barco na direção certa, de volta a cidade. A parte de trás da cabeça do rapaz lateja com força. Ele leva a mão até um pouco acima da nuca, e sente seus dedos tocarem um liquido viscoso. Já sabe o que é antes mesmo de olhar. Sangue.

 

VAN HELSING

 

- Que droga.

 

Van Helsing é acometido por nova tontura, e cai no chão do barco mais uma vez, embora dessa vez tenha conseguido amortecer a queda com os braços. Peter olha para o píer distante, e vê que Jason continua lá, coberto de sangue, observando a pequena embarcação se afastar. O jovem olha para o céu cinzento, que começa a ficar realmente escuro, anunciando a chegada da chuva.

 

VAN HELSING

 

- Eu não posso fazer sozinho, Padre. (É a ultima coisa que diz antes de perder a consciência).

 

 

                           CASARÃO DE PATRICK NEAME: PORÃO

 

O Conde Drácula esta de pé diante de Neame, que se encontra caído de joelhos, com uma expressão suplicante no rosto.

 

NEAME

 

- Me perdoe, mestre. Falhei com o senhor novamente.

 

DRÁCULA

 

- Então Van Helsing teve a ousadia de desconsiderar o meu aviso, e vir a minha procura (Diz o Conde mais para si mesmo do que para Neame).

 

NEAME

 

- Mas não se preocupe, mestre. O que aquele garoto maldito roubou não pode fazer nada contra o senhor. Alem do mais, mandei Philip atrás dele e daquele Padre. Ele esta demorando, mas...

 

DRÁCULA

 

- Você e eu sabemos que seu mordomo esta morto! (Diz Drácula rispidamente) Voorhees deve tê-lo apanhado. Com alguma sorte, Van Helsing também esteja morto, mas não acredito muito nisto.

 

NEAME

 

- Eu reuni os corpos que me pediu mestre (Diz Neame rapidamente). O que faremos agora?

 

DRÁCULA

 

- O sol logo perderá completamente seu efeito. Devemos preparar os novatos para a caça ao monstro.

 

NEAME

 

- E quanto ao padre e o rapaz? (Drácula sorri com a pergunta)

 

 

                                  APARTAMENTO DE DANA

 

Ouve-se o som de uma campainha. Uma moça loira, de aproximadamente 25 anos, vai até a porta, encontrando Lucy na entrada.

 

LUCY

 

- Oi Dana. Posso entrar

 

DANA

 

- Lucy! Claro que pode. Como é que você esta? Eu soube do que houve com o Vince, sinto muito.

 

LUCY

 

- Obrigado.

 

Lucy entra no apartamento. A lembrança do que houve com Vince volta a lhe entristecer, mas ela se controla. Se quiser ter alguma chance de salvar Amanda, tinha que ser objetiva. Van Helsing fizera aquele idiota das docas trancá-la. A garota vingou-se dele, chutando as partes baixas deste logo que foi solta, mas era tarde demais, Peter e o Padre já estavam longe.

Ela não podia deixar Amanda sozinha naquela situação. Se ela realmente estivesse lá, não confiava plenamente em Peter para resgatá-la, apesar dos confusos sentimentos que começara a nutrir por ele. Por isso, foi até em casa, e armou-se com um spray de pimenta, e duas afiadas facas de cozinha, colocando tudo na bolsa. Mas ainda precisava encontrar um jeito de chegar ao local do antigo acampamento Cristal Lake.

 

DANA

 

- Não se preocupa com o trabalho. O chefe entende a situação que você está passando. Até já me ofereci pra cobrir o seu turno hoje.

 

LUCY

 

- Valeu. Você é a melhor colega de trabalho que existe. (Diz Lucy acompanhando a dona da casa até a sala). Dana, eu tô precisando de um grande favor seu.

 

DANA

 

- Pode pedir.

 

LUCY

 

- Eu preciso do seu carro emprestado.

 

DANA

 

- O meu carro?(diz Dana surpresa) Eu não vou usar ele hoje, mas... Onde é que você quer ir com ele?

 

LUCY

 

- Dana, eu não estaria te pedindo se não fosse muito importante. Eu tenho que ir a esse lugar, é uma questão de vida ou morte. Você pode me emprestar ou não? Sem perguntas, por favor.

 

Dana pensa por um instante. Apesar de não serem amigas intimas, confiava em Lucy. Haviam se conhecido em um curso de espanhol, e foi Lucy que havia conseguido o emprego pra ela no posto em um momento de dificuldades. Alem do mais, via nos olhos dela que seja lá o que ela quisesse fazer, parecia urgente.

 

DANA

 

- Tá bom, Lucy (Diz ela pegando um chaveiro em cima da mesa). Eu te empresto o carro (Ela tira a chave do carro do chaveiro e a entrega a Lucy). Ele tá na garagem da esquina. Enquanto você desce, eu vou ligar pra lá pra te deixarem pegar o carro.

 

LUCY

 

- Obrigado Dana (Lucy abraça a amiga). Você não tem noção do quanto esta me ajudando. Me leva até a porta? (As duas andam até a porta do apartamento) Me desculpe aparecer assim Dana, mas é mesmo bastante importante. Vou te devolver ele o mais rápido possível.

 

DANA

 

- Tudo bem (Lucy passa pela porta, e quando esta prestes a descer a escada, Dana a chama mais uma vez). Lucy, não vá fazer nenhuma bobagem, tá?

 

LUCY

 

- Pode deixar. (Diz Lucy dando um fraco sorriso a colega)

 

 

                                          RUAS DE CRISTAL LAKE

 

Peter Van Helsing anda por uma rua pouco movimentada da cidade, com o asfalto esburacado, e ladeada por algumas casas. Um turbilhão de pensamentos vagavam pela cabeça do rapaz. Tinha muita sorte de estar vivo. Perdera os sentidos por alguns minutos no barco. Podia ter batido em outra embarcação, ou podia ter saído da rota e se acidentado na margem. Mas felizmente, nada disso ocorrera, o barco seguiu em linha reta, há uma velocidade segura, e o jovem acordou a tempo de conduzir o barco em segurança até o pequeno porto aonde havia alugado a lancha. Não foi somente a sorte que o ajudou. O Padre Keir dera sua vida pela dele. Mas não podia pensar naquilo agora, não era hora pra se lamentar.

Peter passa na frente de um mini mercado, e resolve parar. Precisava beber alguma coisa antes de continuar. Antes de entrar, olha para o céu, que esta ficando cada vez mais cinzento. O sol iria se por completamente em duas horas, no Maximo

Entrando no mercado, Peter se dirige ao refrigerador, pegando uma lata de Coca Cola, e em seguida, vai ao caixa efetuar o pagamento.

 

CAIXA

 

- É só isso, moço?

 

Van Helsing hesita por um instante. Ele olha para o mostruário do balcão, vê algumas revistas de fofocas, chocolates, lâmpadas, maços de cigarros e isqueiros.

 

VAN HELSING

 

- Não. Vou querer mais umas coisas.

 

Do lado de fora do mini mercado, Peter bebe o ultimo gole do refrigerante, e atira a lata em uma lixeira. Ele tira do bolso o maço de cigarros e o isqueiro que havia comprado no mercado. Jamais fumou em sua vida inteira, não tinha curiosidade em saber do gosto ou da sensação, mas desde criança, achava estiloso os personagens que fumavam nos filmes em certas cenas, e desde essa época, decidiu que fumaria perto da hora de sua morte, se tivesse chance. Olhou para o céu uma vez mais, tendo a impressão de ter visto um relâmpago. Ele acende o isqueiro, e tira um cigarro da carteira, o olhando demoradamente. O rapaz apaga o isqueiro, e joga o cigarro na lixeira, jogando o maço inteiro em seguida.

 

VAN HELSING

 

- Eu fumo outra hora.

 

Van Helsing pega o caminho do hotel. Ainda não está pronto pra se entregar assim.

 

 

                                     ESTRADA: CARRO DE DANA

 

Lucy dirige o carro de Dana pela estrada de asfalto, indo em direção ao local onde se localizava o antigo acampamento Cristal Lake. Parte dela sabia que era loucura o que estava fazendo, que seria mais prudente dar meia volta. Ir a policia talvez fosse a melhor solução. Por outro lado, sabia que Van Helsing estava certo. Mesmo em Cristal Lake, era uma historia fantástica demais para alguém dar crédito.

Mas ela sabia por que estava se arriscando. Por uma grande amiga. Perdera Edward e Vince nas ultimas horas, não iria perder Amanda. Peter e o Padre tinham que estar errados, deveria haver algum jeito de salva-la.

Lucy pensa em Peter. Será que ele estaria bem? Apesar do que o filho da mãe fizera com ela nas docas, Lucy sabe que o europeu fizera isso pensando em sua segurança, talvez pensando naquele beijo da madrugada.

Ela varre esses pensamentos da cabeça. Precisa mesmo se concentrar na tarefa que tem a frente. Ir até a casa do tal Neame, e encontrar sua amiga. Nunca pensou que estaria indo sozinha ao lendário “Acampamento Sangrento”, o território de Jason. Lucy olha para a cruz em seu pescoço, e inicia uma prece.

 

 

                                           HOTEL CRISTAL LAKE

 

Peter chega a entrada do hotel. Pretende se preparar por uma hora, e então voltar ao covil do inimigo. Tudo que ele quer é cair na e dormir, mas isso terá que esperar. O rapaz passa pela recepção, e percebe que o lugar esta vazio. Estranho, onde terá ido a Sra. Freeman e o filho? Bom, melhor assim. Não teria que dar explicações de onde está o Padre Keir.

Enquanto sobe as escadas, Van Helsing pensa em Lucy. A garota deveria estar furiosa com ele. Não gostava de pensar que ela estaria sentindo raiva dele, mas pensa ter tomado a decisão certa, caso contrario, ele poderia estar contendo a tristeza pela morte dela neste momento.

O rapaz chega ao seu quarto, fechando a porta atrás de si. Ele vai direto ao banheiro, e abre a torneira, molhando o rosto com as mãos em concha. Ele se olha no espelho, olhos verdes de uma expressão fria o encaram de volta.

 

VAN HELSING

 

- O que você ia querer que eu fizesse agora, pai?

 

Peter olha pelo reflexo do espelho, a porta do quarto aberta. Poderia jurar que a havia fechado ao passar. Ainda olhando no espelho, vê uma gota de sangue surgir do nada, como se materializasse no ar, cair no chão.

Van Helsing se abaixa rapidamente, escapando de um soco que atinge o espelho do banheiro, o partindo em vários pedaços. O europeu sabe que só existe um tipo de criatura que não reflete no espelho. A retaliação de Drácula viera mais cedo do que ele previu. Peter gira o corpo, tentando desviar de seu agressor, e corre para fora do banheiro, mas antes que possa alcançar a porta do quarto, a pessoa que lhe atacou o persegue, e o empurra para o lado com um forte jogo de corpo.

Peter bate contra o armário, que cai para o lado com o impacto. Van Helsing consegue ver quem é seu oponente. Não é Drácula, como pensara a principio, mas sim o vampiro que o Conde lhe apontara na noite anterior. Usava uma camisa vermelha, e tinha a boca toda lambuzada de sangue.

 

WILLIAN

 

- Você devia ter ouvido o conselho do mestre e se mandado, seu babaca. Agora tú tá ferrado.

 

 

                                 FLORESTA (MINUTOS ANTES)

 

Lucy anda cautelosamente pela floresta. Ela deixou o carro de Dana em um acostamento próximo, decidindo seguir a pé. Se ia mesmo invadir a casa do Tal de Neame, era melhor não correr o risco de ser avistada chegando de carro. O céu começara a tomar tonalidades mais escuras. O sol não tardaria a se pôr. Percebendo isso, Lucy apressa o passo.

Lucy pára de repente, escutando um insistente zumbido. A garota olha para cima, e sufoca um grito de pavor. Pendurados nas arvores, há dois cadáveres, cercados por moscas. Um de uma moça, e outro de um rapaz com o rosto horrivelmente deformado, com lascas de seu crânio saindo pela pele. Ela começa a correr apavorada, tropeçando em algo, e só não cai, pois consegue se segurar em uma arvore. Ao ver o que é, uma onda de náusea atinge Lucy. Trata-se de um cadáver de um rapaz partido ao meio, com alguns vermes cobrindo os órgãos expostos.

Lucy Farmer corre o maximo que pode, mas logo se força a parar, se apoiando em uma arvore, ofegante. Precisava raciocinar. Aqueles corpos pareciam estar ali há algum tempo. Será que Jason estaria por perto? Lucy olha apavorada ao redor.

 

LUCY

 

- Hora de deixar o orgulho de lado. (Diz Lucy a si mesma, tirando o celular da bolsa)

 

 

                                        HOTEL CRISTAL LAKE

 

Willian arreganha as presas, e corre contra seu alvo.Van Helsing saca a ultima estaca que lhe sobrou no bolso interno da jaqueta, e investe contra seu inimigo, mas ainda esta lento devido ao choque com o armário e pelo elemento surpresa. O vampiro agarra-lhe o pulso, desviando o golpe, e torcendo-lhe o braço, prensando o europeu na parede.

 

WILLIAN

 

- Que caçador de vampiro de merda você é, hein? Podia te matar agora mesmo, mas o mestre mandou fazer você sofrer bastante.

 

O vampiro atira Van Helsing contra a parede, do outro lado do quarto. Peter ouve o ar zunindo, e sente os sentidos lhe abandonarem por um segundo, quando bate contra a parede, para em seguida cair na velha cama, que não resiste ao impacto, desmontando-se.

Willian anda tranquilamente em direção a Peter, que está caído no chão.  Ele desfere um chute contra o inimigo subjugado, mas Van Helsing desvia do golpe, rolando no chão. Ele rapidamente se põe de pé, e com uma das tábuas soltas da cama, desfere um golpe contra a panturrilha do vampiro, que caí de joelhos. Peter pega a guarda da cama, que também se soltou, e investe com ela contra o vampiro, no momento em que este se levanta. Willian é jogado para trás, tropeçando no armário caído.

Peter solta a guarda, e tenta correr uma vez mais para a saída do quarto, mas Willian já esta de pé, e com sua velocidade vampirica consegue alcançar Peter, o puxando pelo pé e o derrubando no chão. O celular do rapaz cai no chão, e como por culpa da queda, começa a tocar. Peter tenta alcançar o aparelho, mas o vampiro o puxa pelo pé, o erguendo-o no ar, e o bate contra o teto, sem solta-lo.

 

WILLIAN

 

- Você é bom cara, mas eu sou melhor. O mestre vai ficar felizão depois que eu acabar contigo.

 

O vampiro ergue Peter no ar, como se fosse um troféu, e o atira através da porta. Van Helsing choca-se contra a balaustrada de madeira da escada, e cai, rolando os degraus. Vários pedaços de madeira caem junto com o caçador de vampiros, que sente fortes dores no corpo, especialmente no braço. Peter esta imóvel no chão,um filete de sangue escorre da sua boca. Willian dá um salto, ficando de pé na parte do corrimão ainda inteiro, exatamente em cima de onde Van Helsing está caído.

 

WILLIAN

 

- E agora, o gran finale. Uhuuuuu!

 

Willian salta do alto da escada, como um lutador de vale tudo, caindo como uma bomba em direção a Peter. Em um movimento rápido, Van Helsing agarra um dos pedaços da balaustrada que caíram com ele, e o firma no chão, o apontando para cima. Um segundo antes de atingir o alvo, uma expressão de horror surge no rosto de Willian. O rapaz cai contra o pedaço de madeira erguido por Van Helsing, que ao ser partido, se tornara pontiagudo em uma extremidade. O vampiro solta um grito gorgolejante quando sente a estaca improvisada penetrar seu coração.

Peter quase deixa o balaustre partido escorregar no chão quando o alvo o atinge, mas consegue segurar firme. Com força, e sentindo seus músculos doerem ao fazer isso, Van Helsing sai de baixo de Willian, que parece paralisado. Van Helsing sabe que o vampiro ainda não esta morto. Willian esta caído de costas. Peter coloca o pé sobre as costas do vampiro, e empurra. A madeira penetra ainda mais fundo o coração do vampiro, chegando ao ponto necessário. Willian dá um ultimo gemido, e então, em poucos segundo, o corpo do vampiro se transforma em cinzas, sobrando apenas as suas roupas no lugar. Van Helsing fica impressionado. Apesar de ter ouvido muitas historias e relatos, nunca tinha visto um vampiro morrer. Se deu conta que havia acabado de matar alguém, e que não estava triste ou chateado com isso.

Van Helsing percebe que seu celular continua tocando, mas o aparelho pára logo em seguida. Uma voz feminina grita do andar de cima.

 

- Caçador! Sobe aqui! Eu quero te mostrar uma coisa.

A voz parecia vir de um dos quartos. Havia mais um deles lá em cima. Peter sente uma pontada mais forte em um dos braços. Olha para ele, e percebe que ele esta deslocado. Não sabia se tinha condições de enfrentar outro agora. Talvez pudesse fugir. Como em resposta, a voz voltou a gritar.

 

- Se não subir agora, mato mais um deles.

 

O rapaz suspira, e começa a subir as escadas.

 

 

                                              FLORESTA

 

Lucy escuta a linha cair. Por alguma razão, Peter não atendeu sua ligação. Será que ele não poderia atender? Será que estava morto? Ela sente o coração gelar. Não, ele não podia estar morto.

 

LUCY

 

- Estou sozinha (Diz com a voz fraca)

 

Agora era tarde demais para voltar ou se arrepender. Precisava ir até o fim. Respirou fundo e continuou a andar. Alguns minutos depois, Lucy se surpreende ao ver que a mata começa a ficar mais aberta. A garota detém sua caminhada ao perceber um grande casarão a frente. Aquele tinha que ser o lugar.

 

 

                                             HOTEL CRISTAL LAKE

 

Van Helsing atravessa o corredor com passos vacilantes. A voz vinha do ultimo quarto, no final do corredor. A porta esta entreaberta. O rapaz carrega o revolver de Neame na mão. Não tivera chance de usá-lo contra o primeiro vampiro, talvez a arma fosse útil agora. Ele abre a porta, e se depara com um cenário sangrento. Um corpo masculino esta com as mãos amarradas na cama, com o rosto e a garganta dilacerados. Um pouco de carne impede sua cabeça de se separar do corpo. Há sangue por toda volta. De pé, no fundo do quarto, esta a garota loira que Van Helsing viu na noite anterior, usando um vestido branco, que possui um generoso decote, é cortado um pouco abaixo da cintura, deixando suas pernas a mostra, mas que é longo na parte de trás. Debra esta segurando pelo braço Jeannie, a jovem hospede de cabelos vermelhos que chegara mais cedo. A pobre moça esta amordaçada, e tem as mãos amarradas nas costas. Ela está com a blusa rasgada, e lagrimas escorrem do seu rosto.

 

DEBRA

 

- Então você é o caçador de vampiros. Você vai morrer, mas antes, vou mostrar o que vai acontecer com essa vadia cabeça de cenoura, tudo por culpa sua.

 

“Talvez devesse ter fumado aquele cigarro”, pensa Van Helsing consigo mesmo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capitulo. Em breve, o capitulo 13.