Sete vezes por noite em Baker Street escrita por Nana Castro


Capítulo 3
Dança Lenta


Notas iniciais do capítulo

Para esse capítulo, tenho duas músicas. Escute-as antes de ler e você saberá onde elas se encaixam. Depois escute novamente, no lugar certo! XD

Boa leitura!!!

Slow Dancing - U2 - https://www.youtube.com/watch?v=zbg7CNONqzg

Get Happy/Happy days are here - Pink Martini - https://youtu.be/1_MxgPfNCCc?list=PLNhYcBwsZjp0b_L1M1uSrKb4W6_37zBZM



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/629017/chapter/3

Sherlock e eu já havíamos saído algumas vezes e eu sentia que algo estava acontecendo, mas ainda não sabia nada sobre ele. Qual era seu prato favorito? Qual era a sua cor favorita? Eu não sabia nada disso. Estávamos juntos, mas não éramos um casal de verdade. Estávamos conversando. Eu já estava ansiosa. Não queria ser amiga dele apenas. Alguns rumores surgiam aqui e ali, dizendo que namoradas não eram a área de Sherlock. Mas eu não acreditava. Ele estava sendo tão atencioso, gentil, carinhoso. Segurava minha mão quando atravessávamos uma rua mais movimentada, sorria sempre. Era estranho, tenho que admitir. Mas ao mesmo tempo que ele apresentava esse comportamento mais aberto, ele também era o mesmo Sherlock do dia do casamento de John e Mary; indecifrável. E eu gostava disso nele, não posso negar. Era como se, a qualquer momento, algo extraordinário pudesse acontecer. E eu? Eu também tinha segredos que não contaria a ele. Pelo menos não naquele momento. Era cedo. Muito cedo. Ele teria tempo pra descobri-los, se quisesse.

Naquela noite o jantar seria na minha casa. Arrumei tudo, deixei as garrafas de vinho a postos. Não cozinhei nada muito elaborado. Não por falta de talento, mas por medo de inventar demais e ele nem sequer gostar do que eu preparei. Então saiu um espaguete à bolonhesa, que, modéstia à parte, ficou maravilhoso.

Quando a campainha tocou, senti um arrepio percorrer todo meu corpo. Ele estava ali. Era real.

Respirei fundo. Eu sempre respirava fundo antes de encontrá-lo. Eu precisava me acalmar. Ele era tudo que eu sempre quisera. Eu tinha uma lista das coisas que eu queria num homem e a maioria delas estava estampada em Sherlock. Até aquele momento ele era um presente enviado diretamente dos céus:

— Boa noite, Janine.

E a voz de barítono ressoou no corredor do prédio. Eu sorri e o convidei pra entrar. Ele me beijou no rosto, segurando meu braço esquerdo. E o coração disparou de novo. Eu pensei tê-lo ouvido sorrir. É possível, não é? Ouvir um sorriso? E ele cheirava tão bem. Entrou e numa olhada rápida, tenho certeza que descobriu mais de mim do que eu mesma sei.

— Está com fome? Perguntei.

— Pra dizer a verdade, sim. Não parei um momento sequer hoje. Andei meia Londres tentando ligar uns pontos para um caso.

— E... Pode me dizer o que é?

— Não muito. É apenas um homem de negócios, que anda fazendo aquisições incomuns.

— Como assim incomuns? Eu estava curiosíssima.

— Não posso te dizer, perdoe-me. Não posso arriscar com esse caso, conversando sobre ele.

— Certo. - Respondi, meio sem jeito, sem tentar esticar o assunto.

Eu não perguntava muito mais sobre o trabalho dele, pois nunca sabia onde poderia me meter. Era apenas o início, como eu já disse e eu não queria correr o risco de estragar tudo por ser curiosa, por mais que eu estivesse.

O resto do jantar correu bem. Conversamos um pouco e depois da sobremesa, nos sentamos no sofá da sala. Abri mais uma garrafa de vinho. E durante alguns segundos, que pareceram uma eternidade, ficamos em silêncio. Eu bebi da minha taça, sentada de lado no sofá, olhando pra ele. Sherlock estava sentado, retinho, olhando pra frente, do jeito que fazia quando precisava se concentrar. As bochechas dele estavam meio rosadas. Devia ser do vinho. Eu me perguntava o que ele estava planejando, se é que estava planejando algo. As vezes ele só estava se se sentindo meio deslocado, sem saber o passo a tomar depois. Os rumores também diziam que ele nunca estivera com mulheres, nem por diversão. E eu, mais uma vez, não acreditava. Um homem tão charmoso e inteligente não poderia... Não, definitivamente não. Mais alguns segundos de silêncio e Sherlock virou-se, ficando de frente pra mim. Me olhou nos olhos. Se moveu para mais perto. Eu bebi mais um pouco do conteúdo da taça, lentamente e...

Uma música lenta começou a tocar. O rádio estava ligado desde antes de Sherlock chegar, mas eu não tinha dado importância à nada do que estava tocando. Até aquele momento.

Resolvi ser espontânea. Faria bem.

— Vamos dançar! Eu disse, num tom animado. Creio que quase gritei.

Sherlock hesitou, piscou, pressionou os lábios e não se moveu:

— Você não disse que gosta de dançar? Continuei - Esta é sua chance! Finja que sou aquele caso que você esperava, onde você pode usar a dança.

Estendi minha mão pra ele. Ele a segurou e levantou-se. Me segurou pela cintura e olhou novamente nos meus olhos, profundamente. Eu vi algo diferente ali. Alguma coisa diferente dos outros encontros que tivemos.

Começamos a dançar.

Toda a hesitação que Sherlock mostrou anteriormente, acabara. Ele me puxou mais pra perto e eu podia sentir todas as nuances dos perfumes que rodeavam seu corpo. O amaciante da roupa, a colônia que ele havia escolhido. Eu queria rir, não estava me contendo de felicidade. Sorri um sorriso largo e escondi meu rosto no ombro dele. Ficamos assim pelos minutos restantes da música, sentindo as batidas do coração um do outro. O meu, completamente descompassado, denunciava como me sentia; nas nuvens. A canção falava de um amor cruel, mas naquele momento a letra não importava. Apenas o balanço do corpo de Sherlock me levando pelo meio da minha sala. Era sublime e sexy ao mesmo tempo. Meu corpo todo estava alerta e eu me perguntava se o dele também estava. Se estivesse, o que seria de nós naquele momento?

A música seguinte começou num tom mais animado. Ela nos convidava a sermos felizes. Sem pensar duas vezes, esqueci meu receio e aceitei o convite. Sorri pra Sherlock. Ele sorriu de volta e me levou mais um pouco, mostrando mais dotes de dançarino, me fazendo dar pequenas piruetas. Com o vinho subindo a cabeça, desequilibrei e me deixei cair no sofá, dando gargalhadas. Ele sentou novamente ao meu lado. E enquanto eu ria despreocupada, Sherlock se aproximou e acariciou meu rosto. Seus olhos eram de um azul tão profundo que eu queria apenas mergulhar ali e ficar. Parei de rir. Ele se aproximou mais. Fechei meus olhos. Um beijo suave chegou aos meus lábios. Quis fazer um movimento mais direto, abraçá-lo, agarrar seus cabelos, qualquer coisa que mostrasse que eu estava entregue, mas não tive tempo. Ao me dar conta de tudo, ele já havia se levantado e abotoava o blazer:

— Janine, não sei bem como dizer isso...

Nesse momento ele dava pequenos passos, indo e voltando perto da porta. Parecia nervoso ou inseguro. Passou a mão nos cabelos:

— Você deve saber que não tenho muita prática nessa área Continuou - Mas creio que chegamos ao ponto em que devemos nos tornar um casal. Realmente... um casal.

Boquiaberta, acenei com a cabeça, concordando:

— Eu...

Não tive tempo de me levantar, nem falar. Como um menino assustado, ele piscou pra mim e saiu porta afora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? E aí? Deixa seu comentário e me diga se estou no caminho certo! XD Beijo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sete vezes por noite em Baker Street" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.