Gêmeos no Divã escrita por Lady Black Swan


Capítulo 6
3° Consulta - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Ainda com probleminhas técnicos no computador... Pois é, é a vida. -.-'



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Certo Murilo, você já disse tudo o que tinha pra dizer sobre a Maya, então me deixa continuar daqui.

Bem... Então embora as reações de nossos familiares tenham sido unânimes quando conheceram Verônica — vamos deixar isso para depois, mas já de antemão eu digo que não foram boas — a coisa foi diferente com Ayume, por causa de sua estranha, e inexplicável, habilidade de nos diferenciar um do outro, já de primeira Maya passou a praticamente idolatrá-la, papai olhava-a como se tentasse identificar se ela era ou não humana, e mamãe ficou inconformada.

A primeira a conhecê-la foi Maya, e aconteceu três dias antes do pequeno, mas traumático, evento — ao qual havíamos nos comprometido a ir sem fazer idéia do que estávamos nos metendo — quando Ayume apareceu em nossa casa sem qualquer aviso prévio.

No dia em que ela chegou estávamos apenas nós dois e Maya em casa, e nós estávamos na cozinha preparando um lanche, mas Maya estava na sala vendo desenho então quando alguém bateu na porta — o que significava que tínhamos esquecido de trancar o portão de novo — foi ela quem abriu.

—Pois não?

A ouvimos dizer muito educadamente, do jeitinho que mamãe tinha lhe ensinado, mas o que ela nunca aprendia é que antes de abrir a porta era preciso perguntar quem era, porque nunca se sabe quem pode estar do outro lado, suspiramos.

—Eu sou uma amiga da escola de Murilo e Vinicius, eles estão em casa? — nos surpreendemos ao ouvir a voz de Ayume.

Entreolhamo-nos com cara de “Você ouviu o que eu ouvi?”.

—Estão sim, espera ai que eu vou chamar eles, tá moça? — Maya pediu educadamente.

—Claro, eu espero aqui. — Ayume respondeu.

A essa altura nós já estávamos nos entreolhando com cara de “Você definitivamente ouviu o que eu ouvi!”.

E então Maya apareceu na cozinha, e acho que aqui é uma boa hora para descrevê-la, ela tem os mesmos cabelos castanhos lisos, mas encaracolados nas pontas, e olhos também castanhos, no formato de amêndoas arredondadas, de mamãe, mas havia qualquer coisa nela que nos fazia pensar em papai sempre que a olhávamos.

—Tem uma menina ai na porta, ela disse que é amiga... De vocês? — terminou em tom de duvida.

Era natural, afinal nunca ninguém havia ido visitar a gente, nós nunca nem sequer tínhamos comentado em casa sobre ter qualquer amigo na escola, porque tínhamos um ao outro então não precisávamos de mais ninguém.

Saímos da cozinha sendo seguidos por Maya para comprovar o que já sabíamos: Ayume estava ali, parada na porta.

—Como você chegou aqui?! — eu perguntei surpreso.

—Oi para vocês também — ela disse entrando e se aproximando para puxar-me para baixo pelo ombro e me dar um selinho — Vinicius. — depois fez o mesmo com meu irmão. — Murilo. — afastou-se um passo para trás e postou-se sorridente à nossa frente, para só então responder: — Eu vim de ônibus.

—Você consegue diferenciá-los? — Maya perguntou curiosa.

Ayume a olhou.

—Consigo. Você não?

—Não.

—Mas você não é a irmã deles? — perguntou confusa.

—Sou. — Maya inclinou a cabeça sem saber o que uma coisa podia ter haver com a oura.

—Mas como você descobriu onde moramos?! — perguntei desviando a atenção dela de nossa irmãzinha.

E ela, pelo menos, teve a decência de corar antes de nos responder:

—Eu meio que posso ter seguido vocês uns dias atrás.

Tá certo que nós moramos perto o suficiente da escola para irmos andando se quisermos — mas, por sermos preguiçosos, sempre vamos de ônibus — mas ainda assim ficamos encarando, meio que aparvalhados, sem acreditar que ela tinha mesmo feito aquilo, e quando o silêncio começou a ficar constrangedor, nós pigarreamos e perguntamos:

—E o que veio fazer aqui?

—Vim arrumar o cabelo de vocês para o evento que prometeram ir comigo.

Nós piscamos.

—Três dias antes?

Ayume sorriu e meteu a mão numa sacola plástica que estava carregando, da onde tirou uma caixa de tintura para cabelos.

—Vamos começar? — perguntou com um sorriso meio maligno.

Nós nunca tínhamos tingido o cabelo antes, doutora, cortado e até raspado sim, mas tingido nunca, então de inicio até relutamos, mas havíamos prometido então não tínhamos muita escolha, e Ayume tingiu nossos cabelos no banheiro tendo Maya como testemunha, até que ao final a cor castanha escura havia dado lugar a um ruivo alaranjado.

—Você ainda vai voltar aqui não vai? — Maya perguntou esperançosa quando viu que Ayume já estava indo embora.

—Eu venho me vestir aqui no dia do evento para ajudá-los a se fantasiarem também. — ela respondeu mexendo nos cabelos de nossa irmãzinha — Tchau, Maya, eu gostei muito de você.

—Eu também gostei muito de você, Ayume. — Maya respondeu com os olhos brilhando de admiração. — Volta logo tá?

Quando nossos pais voltaram à noite e viram nossos cabelos mamãe tropeçou em seus próprios pés e papai deixou cair às compras de supermercado no chão.

E então chegou o dia do evento.

♠. ♣. ♥. ♦

Dra. Frank arqueou uma sobrancelha e se ajeitou quando percebeu que a pausa de Vinicius estava se prolongando demais e que ele não pretendia mais continuar falando.

—Bem, e então? — perguntou incentivando-o a falar. — Você pode continuar Vinicius.

Ele sorriu.

—Sabe doutora, nós dois seguimos seu conselho da semana passada. — disse — Perguntamos a Ayume como ela se sentia sobre as provocações de Verônica e pedimos desculpa por nunca termos a defendido.

Ela sorriu agradavelmente ao ouvir aquilo.

—E como Ayume reagiu?

—Ficou muito feliz na verdade, porque isso provou que estamos mesmo nos consultando com uma terapeuta. — franziu o cenho.

—Mas é como dissemos doutora, aquilo tudo é só provocação entre primas. — afirmou Murilo mexendo em seu relógio de pulso digital — Não é como se as duas se odiassem, Verônica a provoca e tudo, e às vezes até pega um pouco pesado, mas elas meio que se suportam, entende? Ayume até convenceu Verônica a ir ao evento com ela esse ano, embora ela tenha se recusado permanentemente a se fantasiar e só tenha aceitado depois que Ayume concordou em ir com ela “montar acampamento” na frente de um hotel onde está hospedado um cara famoso.

—Eu fico feliz que as duas se dêem bem no final das contas. — afirmou com sinceridade.

Os dois deram de ombros e falaram:

—Acho que, como nós dissemos a ela que depois do evento do ano passado nunca mais íamos fazer nada sequer parecido, ela teve que arranjar uma substituta.

—O que aconteceu no evento do ano passado? — perguntou.

O relógio de Murilo começou a apitar em seu pulso, mas o de Vinicius continuou em silêncio — o que era muito estranho porque os relógios dos dois eram sempre tão sincronizados quanto eles — e os dois levantaram mais do que depressa.

—Nossa como a hora passa rápido! — afirmaram cheios de inocente surpresa — Precisamos ir!

—Mas nós estávamos começando a chegar a algum lugar... — começou a dizer, mas os dois já estavam saindo.

—Já está tarde doutora, e nós temos que ir agora se não quisermos pegar trânsito. — afirmou Murilo — Então até semana que vem ok? Ok.

E fecharam a porta com um baque apressado tão forte que as janelas de vidro de seu consultório se sacudiram... E então a porta voltou a se abrir, mas apenas o suficiente para Vinicius colocar a cabeça e uma pequena parte do corpo para dentro e dizer:

—E caso esteja se perguntando isso doutora, sim, dessa vez nós estamos fugindo.

E voltou a fechar a porta.

Dra. Frank piscou e olhou para o relógio em sua parede, eles haviam fugido quinze minutos antes do término da sessão.


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Notas finais do capítulo

Até semana que vem leitores queridos. :)



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