Gêmeos no Divã escrita por Lady Black Swan


Capítulo 25
12° Consulta - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capítulo! =^.^=



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Ah valeu irmão, valeu mesmo.

Deixa a parte mais incomoda da história para mim, não é?

De novo, valeu mesmo.

Então... É isso, desde a semana passada Lucian Reis é o novo aluno da nossa escola.

É, bem vindo ao clichê colegial nosso de cada dia.

—Ei meninos, não precisam ficar incomodados, eu e Lucian nos falamos bastante online, mas não tanto na escola, afinal ele está sempre cercado de gente. — Ayume tentou nos consolar enquanto íamos em direção ao refeitório.

E nós? Nós apenas resmungamos inconformados.

Quando chegamos ao refeitório, nós paramos.

Era hora do almoço, e o lugar estava praticamente vazio exceto por uma mesa — que na verdade eram duas ou três juntas em uma só — que estava lotada até não poder mais e fazia parecer que todo o resto do refeitório estava vazio, como se todos os outros lugares fossem radioativos e só naquele canto fosse seguro sentar.

—Tem sido assim desde a semana passada. — Ayume nos disse — Onde Lorde Zucker... Quero dizer, Luciano, se senta, lota automaticamente.

—Então tudo isso é porque o gringo está sentado ali? — perguntamos.

E agora que estávamos prestando atenção, realmente podíamos ouvir a voz dele no meio de todo aquele tumulto, na verdade, agora nós praticamente só ouvíamos a voz dele.

Demos meia volta.

—Vamos comer lá fora. — dissemos.

Mas ela claro, nos impediu.

—Ah não! Onde vocês pensam que vão? — ela reclamou nos segurando pela camisa — Já estamos aqui, vamos entrar de uma vez!

Intimou-nos largando-nos e entrando sozinha no refeitório, nós suspiramos e a seguimos.

Não vimos nenhum dos três amigos dela em canto nenhum, mas eles sempre costumavam comer em sala mesmo.

—... Para falar a verdade, no inicio eu queria um falcão. — ouvimos o gringo dizer quando passamos pela mesa dele.

—Um falcão! — Alguém exclamou.

—Ah é, e também uma tartaruga, um gato branco e uma iguana. — ele continuou — Assim eu poderia chamá-los respectivamente de Suzaku, Gembu, Byakko e Seiryu.

Ele se calou, como se tivesse contado alguma piada e estivesse esperando a reação deles, mas ninguém riu, claro, afinal ninguém entendeu qual era a graça e o porquê daqueles nomes estranhos.

Ninguém exceto Ayume, que sorriu e cobriu os lábios com a mão.

Nós giramos os olhos e o gringo continuou a história dele:

—Mas a minha mãe disse que a casa dela não era zoológico, então eu escolhi só o falcão... Só que ela deve ter achado que era meio perigoso dar um falcão para um garoto de treze anos, e me deu uma calopsita mesmo.

—Uma... O que? — alguém perguntou.

—Uma calopsita. — ele repetiu.

E deve ter mostrado alguma foto daquele pássaro estranho dele, porque de repente todas as meninas começaram a fazer aquele barulho que sempre fazem quando acham algo fofo.

—E é macho ou fêmea? — alguém perguntou.

—É macho. — ele respondeu — Chama-se Suzaku.

As meninas voltaram a fazer aquele mesmo som de antes, nós giramos os olhos.

—Ei. — Ayume nos chamou — Já disse que não tem porque vocês ficarem assim, Luciano está sempre muito ocupado cercado de pessoas para falar comigo, então vocês nem vão notar que ele está aqui...

E foi só ela terminar de falar para nós ouvirmos:

—Ei! Ayume! — nós nos viramos, lá da mesa dele o gringo havia se levantado daquele formigueiro de gente e acenava sorrindo para nós — Oi! Oi gêmeos!

Ele gritava como se estivéssemos a um estádio de futebol de distância.

Nós acenamos carrancudos e nos voltamos novamente para Ayume que acenava de volta completamente sem jeito e nos deu um sorriso amarelo.

—Ok. — ela disse — Isso foi um caso isolado.

Só que não foi um caso isolado.

Durante a semana toda, aquele loirinho não saiu de perto de nós, éramos nós piscarmos e lá estava ele, sorrindo alegre como se fossemos grandes amigos, sempre perto de Ayume ou procurando por ela.

Na verdade, dois dias depois, nós passávamos pelo corredor quando vimos um amontoado de gente, se aquilo tivesse sido antes, nós obviamente teríamos nos preocupado achando que Ayume havia sofrido mais um de seus “acidentes”, que — como bem sabemos agora — não eram acidentes, mas agora nós sabíamos que aquele amontoado de pessoas só queria dizer outra coisa, e passamos direto.

Ou, ao menos, tentamos.

—Ei! Esperem! — ouvimos o loirinho nos chamar.

Nós podíamos ter fingido que não o ouvimos e acelerado o passo? Podíamos, e tanto podíamos que o fizemos.

Mas, infelizmente, acabamos por não sermos rápido o bastante, e o gringo acabou nos alcançando, praticamente saltando sobre nossas costas com os braços ao redor de nossos pescoços.

—Desculpe a demora! — ele disse.

Nós o olhamos.

—Do que você está...?

—Sim, sim, vamos indo! Desculpe pessoal, mas eu tenho que ir com esses dois aqui, tchau! — alegremente ele começou a nos empurrar e num tom mais baixo disse — Apenas continuem andando e não olhem para trás.

Então qual é a primeira coisa que você faz quando alguém te diz para não olhar para trás?

Olha para trás é claro.

—Não olhem! — ele sibilou desesperado nos empurrando com ainda mais urgência.

Só quando já estávamos longe o bastante foi que ele nos largou e suspirou.

—Ah, que pena que Ayume não está com vocês. — lamentou.

Nós dois cruzamos os braços.

—Afinal o que está acontecendo aqui? — Vinicius inquiriu.

Ele nos olhou.

—Como assim?

—Ayume nos disse que você não tinha muito tempo para falar com ela enquanto estava na escola. — afirmei — Por que é que agora não sai da cola dela?

—E da nossa também. — meu irmão acrescentou.

—Ah, isso... — ele sorriu — Não, o caso é o seguinte: a Ayume é pequena demais.

Nós franzimos o cenho.

—Nós sabemos disso.

—Pois é. — ele balançou a cabeça afirmativamente — Então o caso não é que eu nunca tenha tempo para falar com Ayume na escola, é que eu nunca a vejo na escola, porque ela é tão pequena que passa despercebida facilmente. — suspirou — Especialmente quando você está sempre cercado de gente.

—É um bom argumento. — admiti franzindo o cenho.

—Verdade. — meu irmão concordou — Uma vez fomos com ela ao shopping e entramos numa loja de roupas... — ele franziu o cenho — E a perdemos de vista em menos de vinte segundos.

—Ela é tão baixinha que simplesmente sumiu entre as araras de roupas. — expliquei.

Nós suspiramos em conjunto e balançamos as cabeças.

O gringo estalou os dedos.

—Não foi o dia em que vocês tiveram que ligar para ela e pedir que ela erguesse os braços bem altos para conseguirem achá-la?

—Ela te contou isso? — perguntamos.

—Contou, e os chamou de idiotas umas quinze vezes, mas ela também me disse que vocês estavam apenas azucrinando ela e eu acreditei, mas agora que a conheço pessoalmente. — ele franziu o cenho. — Acho que não foi bem isso... Eu fico me perguntando se ela sequer tem permissão para entrar na piscina dos adultos.

Nós nunca tínhamos pensado nisso antes, mas admito doutora, agora que ele tinha falado nós estávamos mesmo tentando imaginar Ayume na piscina dos adultos.

—Mas vocês, por alguma razão, se destacam na paisagem e é bem mais fácil procurá-los. — o loirinho continuou a falar — E ela está sempre com vocês, então sempre que eu quero encontrar Ayume eu procuro vocês.

Já deu para começar a entender o problema, doutora? A Ayume estava errada, não só o gringo gostar de estar o tempo todo perto dela, como nos usa como pontos de referência para encontrá-la!

—Ela é realmente pequena... — concordei.

Meu irmão franziu o cenho.

—Será que a Ayume tem altura para subir em uma montanha russa?

—Agora que você falou eu duvido... — comecei a dizer.

—Do que os três estão falando? — Ayume nos perguntou de repente, nos olhando da escada.

—Ayume! — nós três nos assustamos.

O loirinho passou a mão na nuca.

—Hã... Há quanto tempo você está aí?

Com o rosto apoiado em uma das mãos Ayume nos olhos por alguns segundos.

—Então vocês duvidam que eu tenha altura para subir na montanha russa?

Ops...

O loirinho virou-se para nós com os braços cruzados.

—Pois é pessoal, zoando a menina só por ela ser baixinha, e ainda pelas costas dela! Vacilo! — começou a nos repreender.

Até que Ayume continuou:

—E também não sabem se eu posso ou não entrar na piscina dos adultos.

—Opa. — ele deu um sorriso amarelo e virou-se para ela — Hã... Desculpa?

Se Ayume estava ou não nos olhando de olhos semicerrados é difícil dizer, mas por fim ela acabou nos dando as costas e subindo as escadas sem nos dizer mais nada.

E ele ainda nos coloca em problemas com a Ayume!

E às vezes ele da sorte e nem mesmo precisa nos usar para encontrá-la.

Como dois dias atrás, um pouco depois da hora saída, nós estávamos indo embora — tivemos um problema com um dos nossos armários emperrados por isso nos atrasamos — quando vimos Ayume parada perto de uma esquina entre um corredor e outro.

Já estávamos prontos para cantarolar o chamado de sempre quando a ouvimos dizer:

—Afinal o que você está procurando?

—Minha lente de contato. — ouvimos o gringo responder — Tenho certeza de que ela caiu em algum lugar por aqui.

—A-há! — Ayume exclamou apontando vitoriosa para o corredor fora de nosso campo de visão — Então você usa mesmo lentes de contato! Eu sabia que ninguém podia ter olhos iguais aos seus naturalmente!

—Do que está falando? — ele perguntou — Eu as uso porque não gosto de usar óculos em público.

—Óculos? — nossa amiga repetiu. — Você precisa de óculos?

—Hã? Ah, sim eu preciso, tenho miopia dos dois lados, 0,50 de cada lado.

—Se é assim, por que simplesmente não usa os óculos?

—Você diz isso porque não usa óculos! — ele retrucou — Se usasse saberia como é incomodo!

Ela cruzou os braços.

—Mais do que perde a lente de contato? — perguntou — Aposto que é bem mais fácil achar um par de óculos que cai no chão do que uma minúscula lente de contato.

Antes que o gringo pudesse responder, nós dois aparecemos, nos posicionando um de cada lado de Ayume e passando nossos braços em volta de seus ombros.

—A pequena Ayume não usa óculos, mas até que seria legal se usasse! — dissemos.

—O que?! — Ayume olhou-nos surpresa. — Mas de onde vocês vieram?!

De joelhos a nossa frente e tateando o chão o gringo ergueu os olhos para nós e sorriu, é, os olhos dele continuava tão irritantemente azuis quanto sempre.

—Oi gente! — cumprimentou-nos.

— Se a pequena Ayume usasse óculos. — nós continuamos — Isso, pelo menos, deixaria os olhos dela maiores!

—Mas do que vocês estão falando? — ela empurrou a mim e depois ao Vinicius dando as costas ao gringo — Vão embora daqui seus chatos!

Nós rimos, mas não fomos embora.

Ayume suspirou e girou os olhos pondo as mãos nos quadris.

—Mas de qualquer forma, Luciano. — ela o olhou por cima do ombro — Para mim garotos de óculos são fofos.

Ele franziu o cenho.

—Mesmo?

—É. — ela concordou — Acho que eu prefiro garotos de óculos.

E aí sabe o que doutora? Ontem ele foi para a escola usando óculos! Óculos! Dá para acreditar?!

E agora, por ultimo, aqui vai um pequeno fato, doutora: A organização dos armários na nossa escola muda a cada ano, e quem fez a organização desse ano com certeza estava de zoação com a cara de Ayume.

No ano passado Ayume tinha um dos armários debaixo, de forma que ela sempre mexia nele sentada no chão, e isso não a incomodava em nada, mas, esse ano, ela ficou com um dos armários de cima e agora quase sempre ela passa por algum problema para alcançar as coisas nele — por falar nisso, já notou como nos seriados e filmes estadunidenses os personagens sempre usam os armários de cima? Quer dizer, e aqueles armários debaixo? Para que eles estão lá afinal? Será que alguém realmente usa?

Então, hoje de manhã, estalando a língua nós nos posicionamos um de cada lado dela com as costas apoiadas nos armários e as mãos nos bolsos.

—Quer ajuda? — nos oferecemos vendo-a se esticar o máximo possível tentando alcançar um livro alto demais para ela e que não sabemos como ela colocou lá.

—Não, tudo bem, eu consigo. — respondeu-nos continuando a se esforçar.

Na verdade nós nos oferecemos só por educação, sabíamos que ela ia recusar, Ayume sempre recusa ajuda quando é para alcançar algo no alto — sei lá, mas acho que isso é algum tipo de complexo de baixinha.

—Ok, então. — nós concordamos.

Foi quando o gringo veio correndo pelo corredor, viu Ayume ali, parou, ergueu-a por debaixo dos braços para ela alcançar o tal livro, recolocou-a no chão e foi embora correndo sem dizer nada, deixando-a sem reação por alguns instantes com o livro na mão.

—O-obrigada. — ela gaguejou sem jeito, mesmo que ele já tivesse ido embora.

Agora se nós tivéssemos feito algo assim, pode apostar que ela se irritaria conosco.

Sabe de uma coisa, doutora? É por todas essas coisas e mais que nós detestamos esse gringo!

♠. ♣. ♥. ♦

Murilo encerrou a narração com um suspiro irritado.

Frank Lorret apontou aos dois com a caneta.

—Então Luciano, o Lucian Reis, agora está estudando na escola de vocês. — afirmou.

Os gêmeos fizeram uma careta, e Vinicius disse:

—Sério, Doutora? De tudo o que dissemos foi só isso que a senhora ouviu?

—Claro que não. — Frank Lorret girou a caneta entre os dedos — Mas esse parece ser o ponto principal aqui, não é? Afinal Luciano se transferiu para a escola de vocês, e agora vocês têm que dividir a atenção de Ayume com ele, é isso, não é?

—É. — os dois concordaram franzindo o cenho — Acho que sim.

—Mas afinal qual o problema? — a doutora insistiu — Vocês mesmo já disseram que Ayume sempre teve amigos, e segundo vocês próprios, ela é o tipo de pessoa que não dá para desgostar. Qual o problema de ela ter um amigo a mais?

—E diferente. — afirmou Vinicius.

—Diferente como?

—Só... Diferente. — Murilo franziu o cenho — O resto dos amigos da Ayume não nos usa como ponto de referencia para encontrá-la.

—Nem... Tenta se aproximar de nós. — Afirmou Vinicius — Eles... Só ficam na deles, nem parecem gostar muito da gente.

A doutora apoiou o rosto de lado na mão.

—Então vocês não gostam de Luciano porque ele gosta de vocês?

—Não... — responderam hesitantes — Hum... Não?

—Têm certeza disso?

Ambos franziram o cenho deixando claro que, na verdade, eles não tinham certeza de coisa alguma.

—É só que... Ele parece perigoso. — afirmou Murilo.

—Mas não perigoso do tipo que é perigoso de verdade, só... Perigoso. — Vinicius tentou explicar.

—Certo, e por que ele é perigoso? — nenhum dos dois respondeu, a doutora acenou — Por que não pensam nisso rapazes? E tentam me responder na semana que vem? Parece que isso é tudo por hoje.

Afirmou ao ouvir o alarme dos relógios de pulso de ambos.

—Tudo... Tudo bem. — concordaram. — Então até semana que vem doutora?

Frank Lorret sorriu.

—Até semana que vem. Garotos.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam da interação dos gêmeos com o Luciano?
Eu particularmente acho bem divertida kkkk

Opa! E não se esqueçam, caso alguém tenha interesse eu criei um Twitter especificamente para divulgar minhas estórias, onde eu posto como vai o andamento dos capítulos etc.
Quem quiser é só me seguir lá.
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