Gêmeos no Divã escrita por Lady Black Swan


Capítulo 12
6° Consulta - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Gente, mil desculpas pelo atraso, mas é que meu último domingo foi muito cheio e meio estressante, mas pra compensar aqui estou eu postando o capitulo de domingo passado e (daqui a pouco) o desse domingo agora, mas vou dar uma hora para vocês terem tempo de lerem e comentarem antes do próximo. :D



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Nós não chegamos a pedir o número de Verônica, como Ayume nos disse para fazer, até porque nem precisamos já que Verônica já foi logo nos dando seu número.

Foi numa quinta feira, e era — sem contar com a aula de Ed. Física de terça-feira — o terceiro dia consecutivo que Ayume não aparecia na escola, e isso era muito estranho porque Ayume quase nunca faltava, já que ela odiava ter que ficar correndo atrás do assunto depois, então claro que ficamos preocupados.

Por isso nós fomos à busca de Verônica, para saber se ela talvez tivesse alguma informação, porque afinal as duas eram primas.

Demoramos um pouco, mas finalmente a encontramos, estava num corredor quase vazio inclinada sobre um bebedor, bebendo água.

—Verônica Félix. — chamamos.

No susto — porque aparecemos de repente atrás dela — ela acabou deixando entrar água no nariz.

—Quem...? — ela virou-se — Ah, são os amigos gêmeos de Ayume.

—Desculpe assustar você. — dissemos.

Ela franziu o cenho.

—Vocês sempre falam assim?

—Assim como? — perguntamos inocentes.

—Deixa pra lá. Hum... Queriam alguma coisa comigo?

—Sim. — Vinicius respondeu. — Queremos saber se Ayume está bem.

—Porque já faz dias que ela não aparece na escola. — justifiquei — Sabe de algo?

—Ayume, é? — ela repetiu — Não precisam se preocupar, ela está bem.

—Então por que não vem à escola? — perguntamos agoniados.

—Provavelmente por causa de meus primos. — ela respondeu com um suspiro.

—Os irmãos dela? — eu franzi o cenho.

—Como assim? — meu irmão fez a mesma expressão.

—Como posso explicar? — Verônica jogou o cabelo por cima dos ombros — Minha prima vive cercada por três irmãos coruja, até o mais novo.

—Nós sabemos. — dissemos.

—E quando ela chegou a casa com aquele curativo na testa o do meio, que era o único em casa, surtou, depois os outros dois surtaram também, claro.

—Imaginamos. — dissemos.

—Claro que eles tentaram mantê-la em casa, mas Ayume é do contra então saiu do mesmo jeito, e o resultado foi um hematoma novo.

—Hematoma? — estranhamos.

—É, no ombro eu acho, parece que ela se bateu na Ed. Física. — Verônica encolheu os ombros — Depois disso, meus primos devem tê-la trancado no alto de uma torre, e deixado um dragão a vigiando ou coisa assim, mas não se preocupem, com certeza ela volta na segunda-feira.

Mas nós já estávamos preocupados, estivemos com Ayume durante toda a aula de Ed. Física e em momento algum ela tinha se batido — fala sério, ela nem participa! —, mas então onde teria arranjado um hematoma novo? — e isso implica que ela já tinha alguns antigos.

Verônica deve ter percebido nossas expressões.

—Por que não ligam para ela? — sugeriu.

—Hum... — fizemos.

—Ela não deu o número para vocês? — Verônica cruzou os braços e isso só acentuava o volume de seus seios, já acentuado pelo decote, é eu sei que isso é um comentário desnecessário. — Aquela Ayume é incorrigível! Vamos, me dêem aqui os celulares de vocês, eu vou passar o número.

Uma coisa sobre nossos celulares doutora: eles são tão idênticos quanto nós.

E não é por causa da mania de duplicidade de mamãe, até porque quem nos deu eles foi o papai.

É que quando ele nos deu aqueles celulares ele não queria que pensássemos que gostava mais de um do que de outro, comprando um celular mais caro para um... Então comprou celulares idênticos, até na cor, pra depois não ter essa de “porque deu aquele pra ele? Se aquela é minha cor favorita” e tal.

De qualquer forma, nenhum dos celulares pertence ao meu irmão ou a mim, ambos são nossos, assim como quase tudo em nossas vidas. Sinceramente acho que nosso pai já esperava por isso.

Verônica não pareceu surpresa quando entregamos os celulares idênticos a ela.

—Se eu der o número da casa dela, Ayume com certeza vai grudar chiclete no meu cabelo de novo, igual como na segunda série, mas acho que não tem problema se for apenas o celular... — ela comentou, como se pensasse em voz alta, enquanto salvava o número nas memórias. — Prontinho rapazes, aqui está, e também coloquei o meu para vocês não terem que ficar me caçando da próxima vez.

—Nós não estávamos te caçando. — negamos ficando vermelhos — Foi por acaso.

—Sei. — ela devolveu-nos os celulares e foi-se embora rebolando.

Nós esperamos até retornamos à tarde para a escola na hora da aula de Ed. Física para ver se Ayume apareceria.

Ela não apareceu então nós colocamos fones em um dos celulares, para que cada um pudesse ouvir por um lado, e ligamos.

Ayume nunca estava longe do celular, porque estava sempre vendo aqueles desenhos japoneses nele, então imaginamos que ela atenderia já no primeiro toque... Erramos por apenas três toques.

—Alô? — a voz, supostamente de Ayume atendeu.

Depois eu explico o porquê desse “supostamente”.

—Pequena Ayume! — cantarolamos como sempre.

—Quem é? — “Ayume” perguntou.

Nós estranhamos, afinal quantas pessoas Ayume conhecia que a chamavam daquele jeito cantando de maneira tão sincronizada quanto nós?

—Somos nós. — dissemos — Murilo e Vinicius.

—Ah, são vocês. — “ela” disse, e não parecia contente — Porque estão me ligando?

—Nós...

—Eu nunca mais quero que me liguem e nem dirijam a palavra a mim. — “ela” nos cortou abruptamente — Porque eu odeio vocês.

Nós ficamos mortificados com isso, doutora eu juro que se as coisas não tivessem sido esclarecidas logo nós já teríamos vindo parar bem antes na terapia:

—JJ, o que você está fazendo com meu celular? — ouvimos uma voz ao fundo — Francamente, eu saio uns minutinhos para limpar Ayu-chan, e você já apronta...! Alô?

—Pequena A-Ayume-e. — gaguejemos — Nós não sabíamos que você ia ficar tão irritada com uma ligação, por favor, não nos odeie.

—Mas o que...? Quem...? Meninos? — ela parecia genuinamente confusa — São vocês?

—Por favor, não nos odeie. — suplicamos

—Odiar... Olha seja o que for esqueçam, não era eu antes, tá legal? Era meu irmão menor, JJ.

Piscamos.

—Seu irmão menor? — perguntei.

—JJ? — Vinicius completou.

—É. Ele é capaz de imitar a minha voz e a dos meus irmãos pelo telefone. E está sempre se passando por nós.

—Oh. — fizemos.

Então essa é que era a sensação de não saber com quem estava falando, interessante...

E, na verdade, agora que prestávamos bem atenção, realmente podíamos ouvir uma voz lá no fundo dizendo: “Ei Boo quem é?! Desliga isso! Ei Boo! Boo!”.

—Mas esqueçam isso, como é que conseguiram esse número?

—Verônica nos deu... — Vinicius confessou.

—Verônica?! — ela exclamou, e de repente seu irmão se calou lá no fundo.

—Porque estávamos preocupados. — justifiquei.

—Não me liguem por algo assim! — ela nos censurou, ao fundo seu irmão já falava de novo “Eles são ficantes da Verônica? Por que estão te ligando? Querem que você os apresente a ela? Ei Boo!” — Eu... Ei Santiago!

—Ei! — nos assustamos quando uma voz masculina surgiu de repente — Quem é você? É homem ou mulher?!

—Hum... — fizemos.

—Escute aqui, eu...! — a ligação caiu.

Só por segurança nós decidimos desligar o celular.

No dia seguinte Ayume voltou à escola, e ela não parecia nada contente.

—Que ideia foi aquela de me ligarem?! — reclamou conosco — Vocês têm ideia do problema que quase me causaram?! Sabem como foi difícil tirar meu celular do Santiago?!

—Hum... Sentimos muito? — dissemos.

Ayume suspirou massageando as têmporas.

—Tudo bem... Porque eu consegui convencê-los que vocês eram só um par de idiotas me ligando para que eu falasse bem de vocês para Verônica.

—Por que ligaríamos por causa disso? — estranhamos.

Ela nos olhou.

—E por que não ligariam por causa disso? — Antes que respondêssemos, ela avistou Verônica, e saiu correndo esquecendo-se completamente de nós, mas óbvio que a seguimos — Verônica sua vaca!

Agora que penso nisso, Verônica estava usando trança nesse dia, e assim que ela ouviu Ayume, virou-se agarrando a trança e dizendo:

—Ei prima, calma!

—Calma nada! — Ayume parou em frente a ela, batendo o pé no chão — Como é que você sai dando meu número desse jeito?! Esses dois me ligaram e JJ quis jogar meu celular na privada, e depois quando Santiago também soube, ele quis que eu trocasse de número!

Verônica torceu a trança entre as mãos.

—Mas... Eles pareciam tão desolados e preocupados com você...

Ayume virou-se tão rápido que até nos assustamos.

—Isso é verdade?

—É. — respondemos, e fizemos nossa melhor cara de coitadinhos — Ayume por que você nunca nos deu seu número? Para nós é difícil te ter como melhor amiga e quase nunca podermos te ver ou falar com você fora da escola.

Fora que as férias também estavam chegando e nós estávamos preocupados de não ver Ayume durante esse período.

—Hum... — Ayume franziu o cenho — Se... Se isso é mesmo tão importante para vocês então... Hoje depois da escola eu vou ao “Planeta Mangá”, e se quiserem podem me acompanhar...

—Nós vamos! — dissemos na mesma hora, mesmo sem termos ideia do que seria o “Planeta Mangá” — Verônica você vem?

—Eu? — Verônica sorriu-nos. — Meninos, eu sou normal, Ayume é a única estranha da família que gosta dessas coisas.

Ayume também cruzou os braços, mas isso não tinha o mesmo efeito nela que tinha na prima. Nem de longe.

—Claro, porque é supernormal ser obcecadamente apaixonada por um cara bonitinho da TV, que nem sequer sabe que você existe.

Verônica olhou raivosamente para a prima.

—Pelo menos Lucian Reis existe, diferente daqueles garotos de olhos grandes por quem você sempre se apaixona! — retrucou — E ele não é só bonitinho, ele é um gato! E você saberia disso se visse um pouco mais de televisão!

—Tá, fala com a minha mão. — Ayume a ignorou.

♠. ♣. ♥. ♦

Dra. Frank desencostou-se da poltrona.

—Então Verônica é fã de Lucian Reis?

—Completamente. — Murilo confirmou.

—Mas até hoje a gente não tem ideia de quem é esse cara... — Vinicius confessou.

—Lucian Reis é um ator juvenil de ascendência européia que já há dois anos, vem fazendo muito sucesso interpretando Dennis, um dos protagonistas de uma série adolescente que passa na TV a cabo, intitulada “Vida de Irmãos” na qual um garoto adolescente vai morar com a irmã mais velha depois que a mãe deles sumiu no mundo com o último namorado. — Dra. Frank Lorret explicou — Segundo as pesquisas, quase 60% das garotas do país, e esse número só tende a subir, que estão na faixa etária entre 14 e 17 anos são “apaixonadas” por ele, elas são chamadas de “lucietes”.

Os gêmeos lançaram um olhar estranho à doutora.

—Doutora... — chamaram — Como a senhora sabe tanto sobre esse cara?

Doutora Frank suspirou.

—Minha filha, Cameron, tem doze anos e é uma “luciete” alucinada há quase um ano, ela jura por Deus que irá se casar com ele quando crescer... E vocês? Foram ao “Planeta Mangá” com a Ayume?

—Sim fomos! — responderam animados — Era um lugar cheio dessas tranqueiras japonesas que ela gosta, e foi muito legal porque fomos as primeiras pessoas, fora os irmãos, que ela levou até lá, mas...

Dra. Frank Lorret estranhou o repentino desanimo deles.

—O que foi?

—Ela nunca mais vai nos levar lá. — confessaram.

—Por quê... —Vinicius engoliu em seco e enterrou o rosto entre as mãos — Eu disse a ela que não queria mais se arrastado por ela para todas essas coisas esquisitas que ela gostava, porque odiava aquilo.

—E eu disse... — Murilo também enterrou o rosto entre as mãos — Que era um saco ter que ficar metido no meio de todos aqueles esquisitões por causa dela, e que eu odiava aquilo.

—Por que disseram isso a ela? — perguntou surpresa — Esperem, foi por causa de Verônica. Não foi?

—Sim. — eles confirmaram melancólicos.

—Mas eu achei que já estava tudo bem com vocês agora.

—E está. — alegaram — Mas mesmo assim depois disso, ela nunca mais nos chamou para ir a algum lugar assim com ela, nem nos chamou para ir ao evento desse ano.

—Achei que não quisessem ir...

—Mesmo assim!

Dra. Frank suspirou.

—E vocês já disseram isso a ela?

Os gêmeos ergueram as cabeças.

—Isso o que?

—Que está tudo bem. — explicou — Que vocês não pensam realmente aquilo, porque estão contentes em simplesmente estar com ela.

—Bem... Não. — negaram.

—Então por que não tentam? — Dra. Frank Lorret sorriu simpaticamente.

Os relógios de pulso dos meninos começaram a apitar, eles levantaram-se de um salto.

—Tem razão doutora, é isso que vamos fazer! — concordaram animados — Muito obrigado.

Ela sorriu.

—Ora, é para isso que estou aqui. — garantiu — No mesmo dia e hora semana que vem?

—Com certeza! — confirmaram.

—Então até lá.

—Até! — despediram-se fechando a porta.


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Notas finais do capítulo

O Planeta Mangá não existe realmente (ou pode até existir, quem sabe?) isso foi apenas um nome que inventei, porque sendo praticamente uma erudita trancada o tempo todo dentro de casa como sou, eu mal vejo a luz do sol, então não tenho ideia de onde pode-se comprar coisas do gênero. ^^'



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