Querido Diário... escrita por Thaciane


Capítulo 4
Capitulo 4: Conversas e estrelas


Notas iniciais do capítulo

Pronto, aqui está o tão aguardado capítulo 4. Você poderia deixar um review, caso tenha uma conta no Nyah?
Gostaria muito de saber quantas pessoas estão vindo aqui. ''/
Enfim... Boa leitura.



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Quando o domingo chegou, não sabia o que fazer. Depois do nosso beijo, acabei dormindo no quarto do Calebe e passamos a noite abraçados. Mas mesmo depois disso, durante todo o domingo nós continuamos agindo como bons amigos.

As vezes, ele olhava pra mim e dava aquele sorriso torto dele. Eu sorria de volta, mas nós não falávamos nada.

Passei mais um dia sem comer. Quer dizer, meio dia. Lá pelas seis da tarde, não resisti, e acabei comendo. Logo, bebi água e corri pra vomitar tudo. Calebe estava na sala vendo televisão. Eu disse que ia tomar banho, ele me olhou e assentiu. Quando cheguei no banheiro, liguei o chuveiro, coloquei música alta pra tocar, e joguei tudo pra fora, com a mesma facilidade de sempre.

Um tempo depois, quando tive certeza de que toda a comida estava na privada, me levantei, desliguei a música, entrei no chuveiro por alguns minutos e depois sai, embrulhada em uma toalha rosa velhinha.

Depois de me trocar e pentear o cabelo, deitei na cama, e comecei a chorar.

Quase sempre quando eu vomitava isso acontecia. Gostaria que as coisa fossem diferentes, mas elas nunca eram. Eu sempre me sentia gorda, e nunca parava.

Logo que comecei a chorar, Calebe entrou. Era tudo que eu não queria. Não gostava que ninguém me visse chorar.

–O que aconteceu? - perguntou com irritação na voz. - ouvi você vomitando da sala, e não vem com aquela conversa de eu passei mal porque...

Ele parou de falar quando me viu chorando. Sentei na cama e olhei pra ele. Ele suspirou, sentou do meu lado e me deu colo.

–Por que você está fazendo isso, linda? - disse, fazendo carinho no meu cabelo. - Por que tem que viver esse inferno?

Eu ainda chorava. Estava fraca, com um pouco de tontura. Mas precisava falar... tinha muito o que dizer.

Precisava dizer a ele que me sentia sozinha, que ainda tinha muitos outros problemas que ele não fazia nem ideia que existia, e precisava pedir desculpas por ter duvidado do amor dele naquela noite. Dizer que eu também sentia o mesmo e dizer que eu o queria como meu namorado. Queria ele do meu lado para sempre.

Eu ia abrir a boca pra dizer alguma coisa, quando ele viu meu pulso. Minha mão estava caída em seu colo, e meus pulsos cortados, a mostra.

–Linda... - olhei pra ele. Pensei que ele queria exigir uma resposta ou alguma coisa assim, mas ele olhava fixamente pro meu pulso. Foi quando me toquei que os cortes estavam a mostra.

–Calebe, isso não e nada. - digo, me levantando do colo dele e cruzando os braços.

Ele se levanta, pega meu braço e me encara.

–Nada? Como nada? - ele diz, segurando meus pulsos e olhando para os cortes. - Ally, isso está feio.

–Já fiz pior. - digo, voltando a chorar.

–É, estou vendo. - ele diz, olhando pras cicatrizes espalhadas pelo meu braço - Depois conversamos. É melhor fazer um curativo.

Assenti com a cabeça e ele me levou até a sala. Limpou meus machucados com álcool e colocou um banda id. Colocou algum liquido em um copo com água, e me entregou.

–Pro estômago. - ele explica. Assenti e bebi.

Coloquei o copo na mesa, e senti a vista embaçada. Vomitar sempre me deu sono, mas me sinto especialmente cansada dessa vez.

–Calebe, eu... - começo a falar me levantando.

–Linda? - ele diz, e eu sinto uma mão em torno da minha cintura.

Mas quando eu ia dizer mais alguma coisa, minha visão embaça mais ainda e eu apago.

Enquanto meus olhos estão fechados, eu não consigo ouvir nada, mas consigo me lembrar de muita coisa.

Vejo, no fundo da minha mente, uma menininha vendo a mãe e as duas irmãs falando de peso, e de corpo. Se sentindo feia e gorda, e chorando a noite.

Então essa menininha não come mais. Ela está mentindo para os pais dela, dizendo que já comeu, escondendo comida pra depois jogar fora, enganando seu pais.

Vejo essa menininha desesperada, porque estava com muita fome. Sentindo tontura devido aos dias sem comida, e agora se sentia fraca. Pesquisou desesperada na internet como provocar vômito. E achou as respostas pra sua pergunta. E comeu. E vomitou.

Essa menininha está debruçada sobre o vaso sanitário. Levanta e se olha no espelho, e decide que tem que fazer isso mais algumas vezes ate se sentir bem. Lagrimas escorrem pelo seu rosto.

Mas agora essa menina está trancada no banheiro, e tem uma gilete na mão, que ela tirou de um apontador. Minutos depois, os seus pulsos sangram. No momento em que ela vê o sangue, nota que vai chorar pelo pulso mais vezes.

Nesse momento, a garota levanta o rosto, e eu levo um susto: sou eu.

Acordo num pulo e Calebe está sentado ao meu lado. Estamos em meu quarto.

–Shhhh, calma linda, sou eu. - ele diz, pegando minha mão. - Como se sente?

–Fraca. - digo, e ele sorri, triste.

–Era de se esperar.

Abraço ele, e ele retribui.

–Ei, você me prometeu um passeio hoje.

–Sim, e está na hora. Mas podemos deixar pra amanhã se...

–Vou me trocar. - digo, me soltando dele. Ele me encara.

–Tem certeza? - pergunta, ainda preocupado.

–Absoluta. - dou um sorriso fraco, e ele retribui. Ele sai do quarto, e eu tomo um banho rápido.

Saio embrulhada em uma toalha e com outra no cabelo.

Abro o guarda roupa, e escolho uma blusa de alcinha azul, calça jeans clara tamanho 36 e jaqueta jeans escura, com sapatilha cor de areia. Coloco um colar, um brinco de ouro que Calebe me deu, e tiro a tolha do cabelo.

Passo creme pra pentear, penteio, e modelo os cachinhos com gel nas mãos.

Não exagero na maquiagem. Só passo lápis e rímel no olho, pó nas bochechas e brilho labial. Um pouco de perfume doce, e estou pronta.

Desço e Calebe está na sala esperando. Ele está com uma blusa branca, uma camiseta xadrez clara por cima, aberta. Jeans claro e all star.

–Vamos? - ele disse se levantando.

–Vamos.

Quando chegamos na porta, ele pega minha mão. Sorri, e eu também. Então conseguimos relaxar.

Ele me levou até uma sorveteria. Chegando lá, pedimos, e assim que a garçonete virou as costas, ele me encarou.

–Nada de vômitos hoje, linda. - alertou. - Não vou mais deixar.

–Okay. - sorri. Amava Calebe, e poderia fazer um sacrifício por hoje. Só hoje!

Depois de chupar os sorvetes, pagamos (Calebe pagou, na verdade. Tipo: fofoooo) e nós fomos pra uma praça ali perto. Estávamos no banco, e ele tirou um papel do bolso.

Ficou olhando por uns momentos, e depois olhou pra cima. Sorriu, parecendo ter achado alguma coisa.

–O que foi? - perguntei, sorrindo.

–Linda, está vendo aquela estrela? - diz, me mostrando uma estrela linda. Brilhante, perdida entre milhares.

–Sim, o que tem? Deus, é linda.

–É sua. - ele diz, e me encara. - Comprei hoje, é o seu presente. Dei seu nome pra ela.

Comecei a chorar e ele sorriu, me abraçando.

–Eu não acredito que fez isso, Cal. Obrigada!

Ele ajoelhou, tirou uma caixinha do bolso na qual tinha uma aliança de namoro, e perguntou, vermelho:

–Ally Grey, quer ser minha namorada?


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