Devagar, sem pressa nenhuma, Hinata tocou nas mãos de Gaara pela primeira vez. Ela sabia que ao fazer isso, o Reino dos Anjos não a perdoaria, uma guerra começaria e ela seria expulsa. Perderia suas asas e, assim, se perderia por completo. Fechou os olhos e se lembrou de seu primeiro voo sob o céu azul. De passar pelo meio das nuvens, de sentir aquele vento que tocava seu rosto gentilmente. “Nunca mais poderei voar”, pensava e uma lágrima brotou de seus olhos.

Gaara apenas a observava. Ele sabia o que aquele único toque significava e que aquela única lágrima que escorreu carregava todo o peso da dor. E ele se odiava por isso, por terem nascido de lados conflitantes, por terem se conhecido, por estarem apaixonados. Tão apaixonados um pelo outro que o desejo de sentir o toque de suas peles transbordara. Odiava-se por serem opostos.

Opostos. “Lembre-se Hinata, você nunca deve tocar em um demônio! Você é um ser puro e não pode tocar num ser impuro! Prometa que nunca fará isso! Pois você poderá ser julgada pelos deuses!”, dissera aquela que a criara e Hinata relembrava perfeitamente suas palavras. Anjos não tem mãe e nem pai, os deuses os criam e os colocam em ovos de cristais que ficam nas nuvens e são cuidados por outros anjos. Em contrapartida, para que o equilíbrio continue a existir, a cada anjo criado, um demônio também é criado.

Mas... seriam mesmo tão opostos assim?