O Olho da Tempestade escrita por Eye Steampunk


Capítulo 22
Em busca da luz...


Notas iniciais do capítulo

Layer vence Justa em seu jogo, uma vitória, um presente e a revelação de grande segredos envolvendo Élpis. Em busca da Sexta virtude, Layer, Auras e Élpis, enfim recuperada, partem do núcleo de Júpiter.



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Auras e eu nos abraçamos ao fim da partida e comemoramos, ela estava feliz por conseguir vencer Justa e eu por conseguir enfrentar os meus julgamentos. Eu não pude ver o que Justa sentia por trás da fita que cobria os seus olhos, mas o seu rosto ainda estavam concentrados a peça do tabuleiro, por fim ela se levantou e nos conduziu a caverna do lado oposto. Auras correu em direção a Vitória II, enquanto eu estava caminhando ao lado de Justa.

— Tome cuidados, Layer! O perigo está mais próximo que você imagina...

— O que você quer dizer?

— É a Esperança que nos lidera, e quem for contra a seu governo é condenado... Omnimus, Filágeros, Hanki e... — ela tentou lembrar o nome de mais alguém, mas simplesmente levou a mão ao ar em sinal de esqueça — Hanki, você me faz lembra ele!

— A virtude da rebeldia! — comentei.

— Sim, caro Layer, eu tenho dois filhos, e um deles era tudo que eu não desejava! — comentou Justa.

— Hanki é seu filho! — disse.

Justa parecia procurar algo em seus trajes, por fim retirou um compasso, sim, aquele objeto utilizado para conferir raios de um círculo, ou mesmo projetar planificações circulares.

— Acho que meu filho gostaria que isto fosse passado a diante.

— O que é isso? — perguntei.

— Você descobrirá mais a frente, quando realmente precisar usá-la. Mas não conte a ninguém que lhe dei isto, Esperança nunca iria me perdoar se descobrir que a arma do seu principal arqui-inimigo foi dada por mim a você.

O objeto era um compasso comum, mas parecia exalar um incrível poder, não sei o que aquilo faria, mas talvez se descobrisse, poderia enfrentar quaisquer virtudes.

— Obrigado, mas eu não aceito. — digo estendendo a mão para devolver o compasso.

— Presentes não se devolvem Layer. — disse Justa — Aceite! Como disse, você é um bom menino, eu sei o caminho que trilhou até aqui, sei que está fazendo tudo isso não pelas virtudes, mas pelo afeto que sente por Élpis; entretanto...

— Entretanto...

— Ela não é quem você pensa, ela apenas está...

— Layer! — gritou uma voz feminina vindo da embarcação, trajando um vestido verde florido e os cabelos penteados e presos para trás em um rabo de cavalo, com lança em mão, estava Élpis. — Pensei que você não havia sobrevivido sem a consciência ao seu lado.

Élpis pulou da embarcação ao solo perfeitamente ágil, abraçou Auras e depois veio ao nosso encontro, de mim e de Justa, uma cara fechada se formou ao rosto de Justa, o clima parecia mais pesado.

— Oi, mãe! Sou eu, sua filha, a Consciência...

Justa bateu de mão aberta no rosto de Élpis, guardei o compasso ao bolso do colete.

— Você nunca será minha filha!

A cena chocou tanto a mim, quanto a Auras, nós dois ficamos trocando olhares e tentando negociar quem interveria primeiro. Eu realmente estava em choque, Élpis tinha uma mãe? E logo era Justa, a virtude da Justiça (assim imaginei). Por que Élpis nunca me contara aquilo?

— Pensei que seu irmão fosse Sapiens?

— Que? Ela não é minha irmã! É? — perguntou Auras mais confusa.

— Não, Layer! Vamos embora, eu não quero está neste local.

Élpis tocou com a palma em seu rosto e caminhou de rosto baixo em direção a Vitória, Auras e eu apenas encaminhamos de costa enquanto pedíamos “mil perdões a Lorde Justa” e voltamos à embarcação. Auras se encarregou de ligar os motores, parece que ela tinha tido aprendido a pilotar àquela embarcação, talvez já estivesse em companhia de outros escolhidos, ou seja, seu espírito altruísta.

Estava um pouco cansado, não havia dormido desde a Ilha de Chipre, terras de Filágeros, quando a embarcação decolou, ainda havia grandes túneis a seguir, Auras disse que conhecia o caminho para a saída, então não me preocupei. O mais importante era Élpis, ela estava sentada na popa da embarcação, fazendo pequenos carinho na cabeça de Tsur-U.

Tsur-U havia voltado ao normal, deixado seu tamanho de três metros de altura para seus vinte e alguns centímetros; ele merecia uma refeição, felizmente ele se encontrava de volta a nave preso pelas correntes, mesmo nos ajudado eu ainda não confiava em um réptil desenvolvido. Carreguei uma tigela de suprimentos para Tsur-U, uma desculpa para me aproximar de Élpis.

— Freak! — grasnou Tsur-U ao receber sua tigela.

Sentei ao seu lado e observei as formações rochosas em torno, Vitória seguia voando entre os túneis de geodos, minerais e pedras preciosas, brilhando e iluminando tudo ao redor, como o solo com inveja do céu, quisesse demonstrar que também possuía estrelas. Ainda estava preocupado com a presença de sodalitas e seu fator luminescência.

— Então... Deseja me contar algo?

— O que você sabe sobre Sapiens e eu?

— Antes de entrarmos no templo de teste de Prosochí, ele mencionou que você e eles eram “grandes irmãos”, então pensei que seu relacionamento fosse fraterno e...

— Nós éramos casados.

Aquela notícia foi recebida por um soco em meu estômago profundamente, agora estava tudo explicado, Élpis e Sapiens eram companheiros, mas não somente por exercerem a mesma influência sobre os humanos, mas por este serem companheiros no amor.

— Então... Você e ele...

— Sim Layer, nós convivíamos um relacionamento juntos.

E todo o tempo que Élpis me socorreu no desafio da esfinge, ou quando salvamos um ao outro no teste do cubo do Rubik, ou quando me sacrifiquei por Élpis e meus amigos, ele esteve presente. Sentia-me um traidor, tentando cortejar Élpis em frente ao seu ex-companheiro; por outro lado Élpis não tinha nenhum desejo por Sapiens, então...

— Então esta é a causa de sua mãe lhe odiar?

— “A consciência é fruto da justiça!”. Não é basicamente isto, tem haver com meu irmão. — disse Élpis.

— Hanki!

— Exato! Mas... Como? — perguntou, talvez estivesse meio confusa sobre como eu sabia de tudo isto.

— Auras, ela havia me dito o que acontecia com as virtudes que enfrentaram Esperança.

— Hanki é um caso especial, ele era a rebeldia, ele enfrentou mais diretamente Esperança, e foi condenado a ter a essência consumida.

— Isto é ruim? — perguntei.

— Quando uma virtude morre, ela poderá se reconstituir, podem durar dias, semanas ou meses, nunca anos; quando voltamos viemos um pouco mais fracas, não conto quantas vezes eu já renasci somente por falta de forças, precisamos implorar a uma dos setes virtudes que compartilhem a alma de seus escolhidos. Mas caso isso não aconteça, nós simplesmente perdemos nossa essência por completo e deixamos de existir e podemos não voltar por milênios. — disse Élpis. — Hanki morreu por ser muito apressado, ele não aguardou o tempo da profecia, por isso, após sua morte, resolvi seguir o seu caminho e guiar o escolhido, passando pelos Setes e levando-o para o sacrifício pela Grande Tempestade, assim as virtudes estarão livres. Como estou apenas repetindo o que Hanki fez, minha mãe me odeia.

Abri questionamento sobre Justa não amar Élpis, ela me concede um objeto do seu filho Hanki, um compasso. Talvez sua mãe simplesmente não desejar perder outro filho e sua única, seguindo o mesmo caminho do seu filho morto.

— Mas... E a guerra que Filágeros está declarando?

— Não sei se isto fará mudanças, a profecia é clara, o fim...

— Élpis, os versos não mencionavam nada sobre sacrifício.

— Mas assim deverá ser, Layer. — balbuciou em choro — Um corpo em troca do fim dos sacrifícios, Hanki sempre me disse isto, ele interpretou toda a profecia completamente, todas as passagens e cantos, eu não sei o que fazer se falharmos!

— Ei! — Digo, tocando em seu queixo com o polegar de minha mão, que por acaso estavam sujas com terra da caverna de Justa e floresta de Ékatrea. — Vai ficar tudo bem! Eu farei tudo que estiver ao meu dispor.

Seus olhos esverdeados se encontraram ao meu, uma mecha em frente ao seu rosto cobria parte da maçã do seu rosto aquilino, retirei-os da frente enquanto nos aproximamos para o primeiro beijo em consenso de ambos. Não estávamos à beira da morte ou precisando de respiração, aquele beijo fora apenas para aquecer os nossos corações e gostaria de ter mais tempo juntos. Muitos lutariam para viver ao lado de quem ama, eu entrego minha vida pelo meu amor.

— Aí pombinhos, o que é isto? — perguntou Auras carregando aquela caixa estúpida que surgiu no começo da jornada com as duas mãos.

— Não abra! — gritou Élpis afastando o rosto do meu. Ela se levantou e caminhou a Auras e retirou a caixa de sua mão. — Desculpe, mas esta caixa nunca deve ser aberta!

Élpis trocou olhares entre nós dois e depois levou consigo a caixa para o convés inferior. Auras por fim me observou.

— O que aconteceu com ela? — perguntou.

— Não sei!

— Então... — disse Auras deslocando o peso do pé de um lado para outro. — As turbinas seguem em frente e diagonalmente ao ângulo de 25°, onde há uma saída do núcleo de Júpiter e...

— Espere um momento... Você disse núcleo de Júpiter, isso é impossível!

— Nada é impossível! — disse Auras, abaixou-se e abriu um dos baús, retirou um colchão de espuma. — Agora se me permite, preciso descansar um pouco aqui no convés da embarcação!

— Entendi o recado! — disse me levantando, fazendo um cafuné na cabeça de Tsur-U.

Desloquei-me para a cabine do comandante, onde se encontrava uma cadeira giratória, feita de barril recortado e almofadas recheadas por espumas no interior. Sentei-me a cadeira e comecei a girar até que o sono me guiou aos braços de Morfeu.

Em meus sonhos eu estava ao convés inferior, estava sozinho e o silêncio e a escuridão eram normalmente interrompidos pelo clarão e o som de raios e relâmpagos. Algo bateu no casco da embarcação, cai ao chão, os objetos no convés reviraram para um lado e para outro, então ouço vozes.

“Socorro, me tirem daqui!”. Gritava uma voz feminina conhecida, era Élpis, ela parecia em perigo, corri para as escadas que levavam ao convés superior, entretanto a sua voz me parou em meio caminho; o som não vinha de fora, mas do interior daquela caixa que estava a mãos da estátua de ferreiro, “Como chegou aqui embaixo?”, me perguntei.

Aproximei da caixa e abri-a. “Não Abra!”, gritou outra voz.


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Notas finais do capítulo

Sentiu dúvida em alguma palavra ou sobre algum cunho cientifico no livro, pesquise, busque resposta, ou deixe seus comentários abaixo. Espero que tenha gostado do início desta aventura... Nos vemos nos próximos capítulos *-* By: Eye Steampunk



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