O Olho da Tempestade escrita por Eye Steampunk


Capítulo 19
A Caçada - O equilíbrio bipolar de Ékatrea


Notas iniciais do capítulo

Fortuna e Niki perseguem Layer e Auras, ambos são extremamente poderosos, representando a sorte e a vitória, mas como vencer quem vence eternamente e tendo a sina ao seu lado... Layer ainda não acredita no poder da Sorte.



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Filágeros abriu um portal, e dele cruzou um réptil gigante de três metros de altura, e nele montado um garoto com trajes vitorianos, mochila voadora e martelo gigante, junto com uma garota com um relógio e adaga as mãos.

— O tempo pode voltar a circular! — disse clicando ao relógio e tudo ao espaço farfalhou como se uma camada de ar cruzasse todo o caminho, ao fim do portal, Tsur-U pousou sobre um solo humoso e exalando cheiro de terra molhada.

— Onde estamos?

— Bem vindo ao Jardim do Éden! — disse Auras, minha segunda companheira de viagem. — Onde o equilíbrio habita.

Não sei quais eram as definições de equilíbrio àquele jardim, mas tudo era invertido, quando desci de Tsur-U de três metros notei a presença de girafas, que em meus livros de Ciências da Era Antiga, diziam medir cinco metros, estas mediam meio metros ao meu lado.

Cogumelos e samambaias cobriam todo o local e eram maiores que Tsur-U, enquanto aos meus pés existiam pequenos bonsais de pinheiros, palmeiras, árvore frutíferas etc., apanhei uma pequena maçã, entretanto era tão miúda que se esmagou facilmente entre meus dedos.

— Vamos! — disse Auras — temos um caminho a seguir antes de encontrar Ékatrea!

Subimos novamente sobre Tsur-U e cavalgamos alguns minutos em silêncio, por fim várias perguntas surgiram em mente. Auras parecia está interessada apenas em ajudar-me a encontrar Ékatrea, como favor a Filágeros, já que Élpis estava em poucas condições de continuar.

— Então... Você é irmã de Sapiens? — perguntei puxando assunto.

Ela virou o rosto e continuou em frente a cortar os galhos que surgiam com sua adaga que parecia extremamente afiada.

— Sim! Sabedoria e Altruísmo são filhos da Prudência. — respondeu.

— Você parece meio que diferente de seu irmão... Digo, além de fisicamente, parece que você não tem apreço a sua mãe como Sapiens tem por ela. — disse.

— Layer, minha mãe é uma dos Setes. Sapiens apenas é um de seus lacaios, eu preferi ser independente, viver ao lado de Prosochí me tornaria mais uma virtude esquecida.

— Mas Filágeros também... A muita história que Élpis não me conta sobre vocês. Em resumo são Setes virtudes que comandam todas as outras virtudes, tudo ideia da virtude da Esperança, uma profecia diz que um escolhido saciaria a fome da Grande Tempestade e poria fim à oligarquia das Sete; mas Filágeros encontra outro método, reúne as virtudes menores e começar uma guerra, sendo que ele é um dos setes.

— Resumiu tudo perfeitamente. — respondeu — Omnimus foi o primeiro a sair dos setes, Esperança lhe tirou a comunicação, Eros cuidou dele por um período antes de regredir a sua embarcação comandada por Dinamy. Algumas virtudes menores tentaram derrubar os setes do poder, um exemplo é Hanki.

— Hanki?!

— Ele era a virtude da rebeldia, se rebelou contra Esperança, e acabou sendo dizimado, ele era fraco, ninguém mais o cultuava...

— Espere, qual é o nome de Esperança?

— Como assim?

— Vocês sempre se apresentam com algum nome, Auras, virtude do altruísmo, Élpis, da consciência, Hanki, da rebeldia... Mas e Esperança, por que ninguém diz ou sabe o se nome?

Auras ficou em silêncio e me observou por um tempo.

— Melhor seguimos em frente! — exclamou.

A floresta obscura de samambaias se abriu a uma clareira, um bosque fluorescente. Tsur-U parou em meio à clareira e grasnou em direção a um caminho feito, uma trilha. Auras e eu descemos de Tsur-U. O réptil no deixou para um passeio atrás dos insetos gigantes.

— Uau! — exclamei.

O bosque era repleto por cogumelos brilhantes, libélulas de asas translúcidas maiores que meu braço voando em círculo aos ares, e borboletas com coloração cítrica pousava sobre enormes flores, transportando o néctar e despejando um pó dourado por onde passavam.

Espirrei — O que é isso?

— Pólen! — respondeu Auras.

Aos meus pés, algo enroscava e apitava, era a tromba de um pequeno mamute que fazia cócegas em mim. Uma lagarta gigante de coloração azul-esverdeado deslizava sobre um dos cogumelos, os olhos da lagarta fixaram a mim como lesse minha mente.

— Acredito que ele quer que você o siga?

— O que?

— O paquiderme! — apontou ao mamute.

Tirei os olhos da lagarta e voltei ao mamute que puxava a minha perna, um grupo de mamutes seguia pela trilha aberta com caminho formado por pedras esverdeadas, esmeralda; igualmente como os olhos de Élpis, como estará Élpis?

— Melhor seguirmos eles! — disse a Auras que apenas acenou com a cabeça de modo “não é óbvio”.

Em meio caminho, cruzamos com alguns seres bizarros, plantas com folhas longas que ao serem triscadas se fechavam repentinamente, sensitivas; algumas papoulas se auto explodiam ao toque liberando suas sementes, Auras e eu tínhamos que nos protege deste ataque surpresas, principalmente quando as sementes tinham trinta centímetros de comprimento.

— Vamos! — disse Auras segurando dois mamutes à mão atrás de um arbusto. —Aqui existe um atalho!

— Ok! — exclamei com outros mamutes aos braços.

O atalho voltou ao caminho de pedras após o bosque de plantas altamente sensíveis ou com disparador de projéteis naturais, Auras e eu pomos de volta os mamutes ao solo e eles tornaram a nos guiar até uma segunda clareira ao meio do bosque.

Um anfiteatro natural abria espaço em meio à clareira, fogo crepitava em um braseiro de bronze no centro da arquitetura, vários animais estavam presentes rodeando o local, girafas, rinocerontes, cavalos, tigre com grandes dentes, mamutes e etc.

Sentados a arquibancada do anfiteatro existiam alguns jovens, cada um carregava uma esfera à mão, ao colo, ou encostado a si; enquanto carregavam algum outro objeto, uma jovem tinha os olhos vendados e mordia seus lábios constantemente; outra jovem tinha uma roda à mão, e a manivelava em sentido horário; e outro usava uma coroa de louro a cabeça e me observava com seus olhos verdes como se eu fosse um prêmio a se colocar em sua estante.

Ao centro da clareira havia uma senhora acomodada em um trono de palmeiras, como Prosochí numa versão menos Frankstein; digo, seu corpo era dividido ao meio, em seu lado esquerdo usava um vestido branco, manchado de diferentes cores e metade de um avental, os cabelos avoaçados e os olhos selvagens. Ao outro lado, o direito, seu vestido negro parecia mais formal, metade da armação dos óculos sobre o olho direito e um metade coque de cabelo preso por uma vareta de madeira.

— Bem vindos meus inimigos... — disse a senhora —... Ou mal vindos meus amigos!

— O que? — perguntei.

— Ela é bipolar!

— Eu sou Ékatrea! Senhora do equilíbrio, portadora das chaves das duas portas, aqui trás Ordem e Caos, a Temperança — gritou como se falasse por duas, totalmente com vozes diferentes como Filágeros e as três virtudes que o constituíam. — Posso ser sua liberdade, ou sua condenação eterna!

— Então... A senhora vai testar, hum... Tipo fazer alguma escolha?

— Não! — gritaram ambos os lados de Ékatrea. — Eu não julgo escolhas boas, como Prosochí; Sr. Layer, eu julgo o equilíbrio do universo, um prato nunca deve está pendendo mais que outra em uma bandeja, ninguém deve ser samaritana por perfeito, as portas da maldade devem ser fechadas, o apego é crucial e os vícios devem ser mantidos, ou vice versa.

— Eu não entendo o que ela diz, fazer o bem é errado? Mas a maldade não deve fazer?!

— Apenas peça o teste! — ordenou Auras retirando a adaga presa ao laço em se vestido — estou começando a achar que sua presença aqui, atrair alguns vícios e virtudes.

Olhei ao meu redor, os jovens que há segundos atrás se divertiam com seus objetos, agora estavam de pé se aproximando lentamente passo a passo, a garota vendada lambia os beiços, um garoto de rosto com várias cicatrizes, mostrava as presas a mim e seus olhos famintos.

— Ok! — me ajoelhei, talvez como forma de perdoa minha grosseria de antes, e como era o equilíbrio, teria que agir de duas formas, talvez assim ajude no teste — Ékatrea, eu ordeno que nos diga o seu teste!

— Que tal ser um pouco mais simpático?! — sugeriu Auras com adaga a mão e apontando para que os outros se afastassem de mim.

Cuspi aos pés de Ékatrea.

— Mil perdões! — respondi aos meus atos.

Um dos lados do rosto de Ékatrea sorriu, enquanto outro mostrou desprezo.

— Muito bem, Sr. Layer! — disse Ékatrea — Você foi o primeiro em anos que me tratou da forma correta, gostaria de mandar-lhe cortar sua cabeça!

— Você é muito fraca para pedir isso! — disse.

— Você quer nos matar?! — perguntou Auras cortando o ar a frente.

O jovem de presa avançou e a adaga cortou seu corpo na região torácica, ele parou e olhou seu corte, pegou a gota de sangue que escorria e levou aos lábios, “Eca”, pensei.

— Nossa! — disse Auras, sua voz falhou e senti algo fora do contexto de sentir medo ou nojo do garoto — Layer, mas algum plano idiota!

Eu encarava Ékatrea, esperava está certo, um elogio e uma agressão, seus olhos se fixaram ao meu, senti a respiração de um dos jovens tão próximos, era o garoto de coroa de louro, seus olhos apenas projetavam a mim, diferente dos outros.

— Vícios e virtudes! Afastem-se! — ordenou Ékatrea.

As virtudes se afastaram, um garoto de caninos soltou um granido e se acanhou ao perder a oportunidade de uma refeição, mas seus olhos não deixavam Auras, que também o olhava.

— Layer, se tanto deseja ser um exemplo de equilíbrio, assim como sua gentileza e grosserias agiram juntas em seu pedido! Eu o testarei. — Ékatrea se levantou do seu trono — Ao outro lado do rio que cruza o bosque existe a fonte do pecado, antes ela era uma árvore de frutos belos, mas assim como o tempo que sua amiguinha controla, ele é mutável e agora despeja as águas virgens proibidas.

— Então deseja que eu a beba ou algo assim?

— Não! — gritou Ékatrea e Auras juntas.

— A água ainda é o fruto proibido, quem o come libera virtudes malignas... Como aquela! — apontou Auras, ao jovem de caninos, que apenas lançou-a um sorriso debochado.

— Espere um momento, isso não é uma história da religião da Antiga Era, o primeiro homem e primeira mulher e tal?

— Isso não vem ao caso, várias histórias, vários mitos, fruto proibido, maçã de Hesperides, pedra filosofal, etc. Entretanto dela não pode tocar, deve se manter pura, por isso sua missão é trazer a este talha! — disse Ékatrea, surgindo misteriosamente uma jarra de barro em suas mãos — e traze-la a mim, mas...

— Odeio esses “mas”. — disse Auras

— Vocês são dois, então dois dos meus filhos, um escolhido por mim, devem lhe persegui-los, a eles tem a ordem de matar... Ambos — disse Ékatrea, incluindo a Auras. — consumiremos suas almas ou no caso dela, sua essência!


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Notas finais do capítulo

Sentiu dúvida em alguma palavra ou sobre algum cunho cientifico no livro, pesquise, busque resposta, ou deixe seus comentários abaixo. Espero que tenha gostado do início desta aventura... Nos vemos nos próximos capítulos *-* By: Eye Steampunk



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