Kitty's Pride escrita por Bree


Capítulo 6
Um baile singular


Notas iniciais do capítulo

º Vamos em frente :3



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Sobre os olhares curiosos de uma série de conhecidos, os Bingley e a Srta. Bennet fizeram seu caminho pelo bem cuidado acesso de Ottercrow. A construção era magnífica e traduzia bem a alma vaidosa do proprietário. Kitty pôde identificar algumas reformas sutis, como colunas restauradas e janelas com uma nova mão de tinta. Com curtas reverências, eles finalmente transpassaram a soleira da porta. Ali, o anfitrião esperava com um sorriso largo.

— Sr. Bingley, eu deduzo. – Disse o Sr. Höwedes. – Não poderíamos estar mais encantados. – Continuou, inclinando-se levemente e estendendo a mão para Charles, que a capturou de pronto. Kitty observou sem surpresa que o cunhado também caminhava para o encantamento. Sempre disposto a ver o melhor das pessoas.

— O senhor não pode imaginar o quanto me perturbou não poder recebe-lo em nossa casa. – Comentou Bingley, com um exagero que a jovem Bennet não deixou passar. Ela conteve uma risadinha, mas não rápido o suficiente para que a Sra. Höwedes não a flagrasse. Kitty sentiu sua face corar e abaixou os olhos por um breve instante. A anfitriã pareceu ignorá-la e cumprimentou a todos com um sorriso brilhante, porém forçado. Os homens logo deixaram as mulheres por sua conta e se puseram a confabular sobre negócios. Kitty acompanhou a irmã e a Sra. Höwedes pela sala.

— Sra. Bingley, permita-me manifestar o quão maravilhada estou com o seu penteado. – Comentou a mulher, sem deixar que Jane respondesse. – Minha filha Audrey vai adorar apreciar seus detalhes, ela tem um bom gosto monumental. – Concluiu, conduzindo-as pelo mais exuberante salão que Kitty já vira até ali. Imensas cortinas douradas cobriam as janelas brancas. A mobilha era composta pelas velhas peças de Sir. Nichols e por móveis modernos que os Höwedes certamente haviam trazido da Alemanha. Kitty ficou encantada e um pouco tonta com a riqueza e com a naturalidade com que os criados circulavam pelo salão, carregando bandejas como se estivessem valsando.

A Sra. Höwedes finalmente parou, bem no centro do ambiente, em um pequeno círculo, composto por duas jovens. Sendo despertada de seus devaneios, Kitty reconheceu a mais nova das Bolton, Lara. Um gosto amargo lhe veio a boca e ela não pôde evitar olhar ao redor para ver onde as outras irmãs estavam. Amélia e Susan deveriam estar pavoneando em outro dos cômodos da casa. Após a surpresa, Kitty conseguiu sorrir de forma decente, cumprimentado a conhecida e aquela que lhe foi apresentada como Audrey Höwedes. Audrey era o que se esperava de uma jovem de sua posição social, elegante e com maneiras muito dignas. Mas havia algo maroto em seu olhar que fez com que Kitty se sentisse curiosa. Do que conhecia dos recém chegados até aquele momento, a moça Bennet ficou feliz ao constatar que uma deles era humana.

— Aqui está ela! Audrey, essas são Jane Bingley e Catherine Bennet. – Indicou a mulher mais velha, com um aceno curto na direção delas. – Imagino que já conheçam a Srta. Lara Bolton.

— Sim! É muito bom vê-la, Srta. Bolton. – Cumprimentou Jane, com um de seus sorrisos verdadeiros.

— Ouvi coisas sublimes sobre as Bennet de Derbyshire. – Começou a jovem Höwedes. A moça tinha cabelos loiros como os da mãe, pele pálida, olhos claros e algumas sardas. Kitty a julgou muito bonita. – Mas nada faz jus a tamanha graça.

— Quanta gentileza! – Exclamou Jane.

— Receio que os donos de tais comentários tenham exagerado. – Completou Kitty, humilde e polidamente como jamais conseguiria ser anos antes.

— Ora, duvido muito. Mamãe está entre eles. Os céus sabem que ela é muito sincera. – Comentou a garota, para a surpresa de Kitty, palavras que pareceram uma ofensa sutil a mãe, que não escondeu o desconforto. Por mais controlada que Kitty quisesse ser, não conseguiu evitar pensar no que se ocultava na vida doméstica daquelas pessoas. Ao mesmo tempo em que pareciam em perfeita sintonia, destoavam e se confrontavam com olhares.

O ar logo ficou mais agradável e Jane foi questionada sobre a ausência dos Darcy de Pemberley.

— Acreditávamos que eles poderiam comparecer. – Comentou a Sra. Höwedes.

— Por um infeliz contratempo o marido de nossa irmã teve se ausentar. Mas sua encantadora irmã mais nova não tardará a chegar. – Respondeu Jane. – Ela tem um carinho especial por eventos como esse. Mal posso esperar para ver seu deleite diante dessa visão. – Continuou a Sra. Bingley, com um aceno sutil que abrangia todo o salão.

— Georgiana Darcy? – Questionou a Srta. Audrey Höwedes. A cabeça de Kitty girou até encontrar a face da jovem, com surpresa e dúvida.

— A senhorita conhece Georgiana? – Perguntou Jane, sorrindo e verbalizando o pensamento de sua irmã mais nova.

— Ouvi a respeito da família. O casamento do Sr. Darcy foi um enlace bastante comentado. – Se explicou a jovem, com um sorriso contido. Kitty ficou inquieta ao pensar em porque a família recém chegada da Alemanha se interessaria tanto pelo casamento de Fitzwilliam Darcy. Mas não disse nada, levando em conta a proeminência da fortuna do cunhado e em como o dinheiro atraia comentários. Estremeceu por um segundo.

— Minha irmã é uma das mulheres mais felizes da mundo desde então. – Disse Jane.

— Triste não podermos tê-la aqui hoje. – Comentou a Sra. Höwedes. – Mas Srta. Georgiana é sem dúvida uma das criaturas mais encantadoras desse condado. É estranho que ainda não tenha fisgado o coração de um jovem de valor.

— Nenhum que tenha lhe despertado o amor. – Kitty se apressou em dizer, lembrando com pesar de como Wickham, agora seu cunhado, havia enganado Georgiana para tentar aproveitar-se de sua herança.

— Mas ela chega agora a idade dos amores. Creio que ela será muito feliz. – Comentou a Sra. Höwedes. – As senhoritas têm a mesma idade?

— Pode-se dizer que sim. – Respondeu Kitty, tentando parecer atenciosa e gentil, mas sentindo-se ligeiramente incomodada.

— Tem receio em revelar sua idade, minha querida? – Questionou a anfitriã.

— Receio nenhum. Não tenho tamanha vaidade. – Respondeu a moça, atraindo a atenção do resto do grupo. Lara é claro, como havia se elegido concorrente de Kitty com relação aos bons pretendentes, já conhecia sua idade. As duas novas vizinhas por outro lado, pareciam interessadas.

— Estaria sendo indelicada se esperasse uma revelação? Entenda, uma velha como eu tende a ser curiosa. – Continuou a Sra. Höwedes.

— De forma alguma. Tenho vinte e um. Recém completados. – Revelou Kitty, sem alterar seu semblante calmo.

— Jovem, sem a menor dúvida. – Observou a anfitriã. Mas Kitty não pôde deixar de julgar sua reação, formulando teses em seu íntimo. Era quase como se a mulher estivesse inconformada com sua idade. De imediato, quis confirmar uma de suas ideias mais irracionais.

— Georgiana é mais nova, devo lembrar. – Disse, fazendo com que a frase soasse casual e não calculada. Quase imediatamente, viu o os olhos da mulher mais satisfeitos. Não conseguia imaginar um motivo, mas a Sra. Höwedes se interessava por sua amiga.

Jane conduziu a conversa em outra direção, e logo as quatro damas estavam rindo de um comentário que Kitty não havia entendido muito bem. Música de qualidade começou a ser executada pelos músicos mais requisitados de Derbyshire, e com uma desculpa qualquer, Kitty se afastou do grupo e foi até um dos criados. Capturou uma taça de água e seguiu por entre a aglomeração de dançarinos até se posicionar a poucos metros do cunhado, perto da janela e ainda entretido com o Sr. Höwedes.

 


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