Kitty's Pride escrita por Bree


Capítulo 15
Uma liberdade inesperada


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Espero que gostem!



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— Como ousa?! Acaso pensa que sou uma moça de reputação duvidosa que se insinua atrás de algumas moedas?! Me ofende profundamente! – Disse Kitty, mantendo a voz em um sussurro feroz, mas muito discreto. Sebastian pôde sentir a raiva da jovem fluir por seu braço quando ela parou para encará-lo. Estavam bem próximos da loja onde Jane estaria, mas isso não o deteve.

— Jamais seria capaz de fazer tal coisa. - Garantiu, tendo a decência de corar. - A senhorita é Catherine Bennet de Longbourn. E por sua posição se permite repreender-me com muita facilidade. O ocorrido ontem nada mais foi que o resultado de condutas permissivas de ambas as partes. Ambos temos culpa, embora a senhorita tenha escolhido me crucificar. – Disse o homem, deixando Kitty a ponto de dar-lhe uma bofetada.

— Pensa que vejo minha virtude como algo tão descartável? Nos conhecemos há poucos dias e já assume que me ofereço em uma bandeja como um cordeiro? Francamente, Sr. Höwedes!– Respondeu ela, que agora se preocupava que alguém estivesse prestando atenção ao seu pequeno ataque de fúria. Para sua sorte, estavam sendo ignorados pelos transeuntes.

— Descartável? Soa mais uma vez como alguém moralmente superior e distante. Ensaia essas frases em casa, senhorita? – Perguntou ele, que agora abandonava seu ar divertido.

— Certamente nunca precisei usá-las. E nem achei que um dia fosse necessário. – Disse ela, ultrajada. - Não precisa me acompanhar daqui em diante. Obrigada.

— Disse que a acompanharia e assim o farei. – Respondeu ele, se recusando a soltar o braço de Kitty e voltando a arrastá-la com ele. – Poderíamos ter sido bons amigos, senhorita. Não fosse pelo seu mau humor.

— O senhor acha que eu deveria aceitar com bom humor que me olhe e me toque de forma inapropriada? – Questionou ela, enquanto seguiam por uma rua menos movimentada, que dava acesso à rua principal do povoado. Sebastian parecia nervoso, mas matinha o passo lento e a boca fechada. Aquilo era algo atípico, mas Kitty não pareceu prestar atenção. Ela continuou tagarelando e insultando Sebastian entre uma frase e outra, enquanto olhava por cima do ombro atrás de testemunhas. Estava tão chateada, que nem sequer notou que Sebastian parecia lutar com seu próprio interior. – Acaso era assim que se comportava com suas amigas na Alemanha? – Inqueriu ela, que logo desejaria ter se mantido calada.

— Ora, já chega, madame! – Respondeu ele, com a voz baixa. Sem a menor delicadeza, ele os tirou do trajeto e trouxe a jovem consigo até os fundos do que Kitty sabia ser um velho armazém. Não houve tempo para gritar ou soltar outra frase sagaz e amarga, pois suas costas bateram contra a parede fria e rapidamente todos os quadros saíram de vistas. Estavam ocultos por várias pilhas de trigo, e Sebastian precisara apenas de uma das mãos para imobilizar as de Kitty. A jovem tentou trazer ar aos seus pulmões, mas quase sufocou quando o cavalheiro se aproximou o suficiente para sentir seu hálito. Seu primeiro pensamento foi que estava perdida para sempre, mas seu medo foi neutralizado quando o homem voltou a falar. – Me comporto da melhor maneira possível. – Disse em um murmúrio, deixando que sua cabeça se aproximasse da dela até que a respiração de ambos se fundissem. Kitty sentiu-se tonta e pensou em gritar, mas sua garganta queimava. Inesperadamente, a jovem sentiu os lábios quentes, que tão inocentemente haviam beijado sua mão ainda naquele dia, se apossarem dos dela com paciência.

O cavalheiro usou a mão livre para tocar o pescoço da jovem, enquanto movimentava seus lábios vagarosamente. Kitty sentiu-se estranha, especialmente por ter acreditado que seu primeiro beijo fosse pertencer ao seu marido, e não a um forasteiro alemão sem a menor decência. Notou com profundo espanto que os lábios do rapaz possuíam um sabor doce, a temperatura e formatos ideais. Tudo neles era um convite. Ele se moveu para direita, e a jovem se surpreendeu quando seu corpo o acompanhou. Sebastian suspirou satisfeito, correndo os dedos pela bochecha de Kitty com delicadeza. Usou seus lábios para obrigar os da jovem a se entreabrir, deixando-a atônita quando correu a língua sobre seu lábio inferior. Ela gostara da sensação e ele sabia, tanto que soltou as mãos da jovem e guiou uma delas até seu cabelo. Aquilo era impensável e impróprio, mas estava acontecendo e bem perto de uma rua movimentada. Kitty sentiu a maciez dos cachos do homem e se permitiu um suspiro entre o beijo.

Sem querer assustá-la, Sebastian pressionou o corpo da jovem contra a parede. Kitty sentia-se tonta, mas seus instintos assumiam que deviam copiar o movimento da boca do cavalheiro. Sebastian pareceu mais que satisfeito, deixando que uma de suas mãos descesse pelo corpo do vestido de Kitty. Ambos pareciam imersos em uma nuvem de fumaça, e suas bocas finalmente haviam encontrado um ritmo, uma constância que só os levava mais e mais adiante em uma estrada reprovável. Como se tivesse sido despertado por uma lembrança, Sebastian tirou sua boca da dela e respirou pausadamente, mas sem se afastar. Kitty estava pálida e procurava seu próprio ar. Parecia mortificada, o que não impediu Sebastian de depositar um último beijo sobre seu pescoço descoberto. A jovem se assustou com sua própria descompostura, e olhou para Sebastian pronta para começar a correr.

— Como...como pôde? – Perguntou ela, à beira do desespero. Sebastian tocou seu rosto com a ponta dos dedos e finalmente se afastou, deixando cerca de um metro entre eles. Kitty parecia prestes a ter um ataque, enquanto o homem observava tudo com a respiração pesada. Ele obviamente havia beijado outras mulheres, mas Kitty era totalmente inexperiente e estava profundamente envergonhada. Estaria manchada para sempre. Se algum criado houvesse presenciado aquilo, seria excluída do seio da sociedade e condenada por toda a vida. Quem acreditaria na sua virtude se a encontrasse sozinha com um homem em tal situação?

— Não se alarme, Srta. Bennet. – Começou ele. – Isso é mais que natural entre um homem e uma mulher.

— Natural se são casados! Isso...isso só conseguirá me arruinar. Prometa-me que jamais dirá nada a ninguém! – Pediu ela, abraçando a si mesma e olhando com raiva para a figura descomposta do cavalheiro.

— Jamais diria algo sobre isso. Tem minha palavra. – Disse ele, abaixando o olhar constrangido e...desapontado? Houve uma pausa, um silêncio mortificante entre eles, em que Kitty mal suportava olhá-lo. – Deixe-me ajuda-la. – Pediu ele, e Kitty notou que ainda se apoiava na parede.

— Não é preciso. – Disse, alerta.

— Não faça isso. Não torne tudo ainda mais embaraçoso, senhorita. – Pediu o homem, que voltava a aparentar irritação. Kitty percebeu com raiva que ele esperava uma reação diferente e mais calma. Talvez esperasse mesmo que ela começasse a chorar. Mas ela não o fez.

— Não me venha falar de embaraço. – Começou ela, aceitando usar o braço do jovem como apoio para sair do canto em que estava. Quando tomaram a rua novamente, Kitty seguiu com passos apressados, acompanhada por um Sebastian tranquilo e determinado a não deixá-la até que encontrassem a irmã. A cabeça de Kitty rodava uma e outra vez, e ela ficou feliz por Sebastian se manter em silêncio. O que tinham compartilhado era algo extremamente íntimo para dois solteiros, e condenável em todas as esferas. Mesmo assim, tinha de reconhecer a coragem do cavalheiro, que tão facilmente arriscara sua cabeça e no mínimo sua permanência em Derbyshire.


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