Kitty's Pride escrita por Bree


Capítulo 1
Uma vida confortável


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Se possível, gostaria de conhecer opiniões. Boa leitura ^~^



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Kitty passava a maior parte do seu tempo com as duas irmãs mais velhas. E isto foi de grande vantagem para ela. Numa sociedade tão superior à que ela tinha conhecido, fez grandes progressos. Kitty não tinha um gênio tão rebelde quanto Lydia. E, longe da influência e do exemplo da irmã, graças a certos cuidados e atenções, tornou-se menos irritável, menos ignorante e menos insípida. A sua família julgou dever preservá-la de qualquer nova influência da parte de Lydia. E, embora Mrs. Wickham freqüentemente a convidasse para passar tempos em sua casa, com promessas de bailes e de rapazes, o pai jamais consentia que ela fosse.

Cerca de quatro invernos mais tarde, Catherine Bennet, ou apenas Kitty como lhe entitulava a família e os mais próximos, poderia facilmente se gabar de ter crescido em aparência, o suficiente para se assemelhar a querida irmã, Sra. Jane Bingley. Contudo, Kitty buscava incansavelmente ser comparada ao intelecto de Elizabeth, sua segunda irmã e senhora de Pemberley. Desde o casamento das duas Bennet mais velhas, Kitty havia sido inclusa no conforto dos novos lares das senhoras Bingley e Darcy, vivendo alegremente entre Goldenshaw e Pemberley, distantes apenas trinta milhas uma da outra. Aos dezessete anos, a jovem desfez-se em encanto com a perspectiva de viver entre uma classe elevada, agora aos vinte e um, refletia diariamente acerca de seu comportamento, receando ter sido um incoveniente para as irmãs e seus respectivos maridos.

Darcy por certo não era afeiçoado a boa parte da família de Elizabeth, julgando-os donos de pouca ou nenhuma propriedade e tato. Mas, meses depois da primeira estada duradoura de Kitty sob seu teto, foi forçado a assumir que o que faltava a menina era atenção e influência certa. Bingley jamais vira nenhuma contraindicação na cunhada e irmã, embora se sentisse tentado a reprimi-la por algumas risadas inapropriadas. Contudo, uma vez afastada de Lydia e dos ares do carinho materno, Kitty avançava a olhos vistos. Durante a temporada que passava com os Darcy, praticava piano com Georgiana e consumia tudo que a biblioteca de Pemberley podia ofercer, bem como recebia aulas de desenho regulares com a solteirona Miss Whitman. Quando hospedada em Goldenshaw, aprendia dança e praticava francês com Jane, aproveitava os vastos jardins do terreno (que só perdiam em graça para os de Pemberley) e rendia-se de novo aos livros.

Logo, apenas dois anos mais tarde, tornara-se uma peça fundamental na vida de ambos os casais, sempre disposta a ajudar, dona de opiniões cada vez mais sagazes e de modos mais polidos. Quando voltava a casa dos pais mal era reconhecida pela Sra. Bennet, que entre prantos agradecia aos céus pelas cinco filhas maravilhosas. A única irmã casada a qual Kitty jamais visitara era Lydia. A Sra. Whickham não mais exercia encantamento sobre ela, e com o apoio da família, passaram a se ver menos a cada ano. Não nutria mágoa pela irmã, mas entedia a gravidade do feito de Lydia e sentia-se feliz por ter saído da sombra e opiniões dela. Pela primeira vez desde seu nascimento ela era Catherin, com um novo mundo desacortinado diante de seus olhos. Modos, roupas, fala, sapatos, sorriso, hábitos e assuntos já não eram os mesmos, e ela se sentia imensamente feliz. Até a tarde de quatorze de maio daquele ano, quando estando em Goldenshaw, recebeu uma carta da mãe.

A Sra. Bingley espiava por uma das soberbas janelas de sua casa, vendo com deleite o marido e o filho Harry , com seus mal completos três anos, saindo para um passeio a cavalo.

— Meu pequeno Harry tem progredido tanto em equitação, não acha, Kitty? - Questionou a mãe encantada, voltando-se para a irmã.

— Tenho que concordar que é uma criança precoce. Sinto-me orgulhosa, irmã, mas muito preocupada com a segurança dele. - Colocou Kitty, entretida com o sombreamento do desenho de uma silhueta. Estava há bons minutos ocupada com a tarefa, enquanto Jane fazia visitas frequentes ao quarto da filha, Margo, de apenas um ano.

— Charles cuidará bem dele. - Disse a sorridente Sra. Bingley, que antes que pudesse acrescentar outra observação que tranquilizasse a irmã e boa tia, foi interrompida por um dos criados.

— Senhorita Bennet, correspondência de Longbourn. - Anunciou o criado, estendendo o envelope a Kitty.

— Obrigada, Sr. Grant. - Agradeceu ela, que logo se pôs a abrir a carta, sob o olhar curioso de Jane. As palavras da Sra. Bennet eram as seguintes:

"Minha amada Kitty,

Como deve supôr, não são muitas as novidades de nosso condado. Seu pai tem se tornado é claro um antagonista de meus nervos ainda mais inabalável. Lady Lucas esteve aqui há pouco para ostentar informações de seus netos, mulher orgulhosa, mal posso esperar para ver sua expressão diante da beleza dos filhos de Lizzie e Jane. E uma vez mencionando elas, lhes envie um abraço afetuoso e lembre-as de que seu pai planeja viajar para Pemberley no findar do próximo mês. Mas voltando a visita de Lady Lucas, senti urgência em lhe escrever assim que a velhota deixou nossa casa. Veja que ela veio observar que você, minha querida, já completa seus vinte e um sem nenhum pretendente. Eu, é claro, disse a ela que você não tem motivos para se desesperar e que goza de toda a segurança que nenhum marido poderia oferecer. Mas intimamente sabe que esse assunto me preocupa, e que uma vez recusando-se a ouvir sua pobre mãe em nosso último encontro, vou sempre lembrar-lhe de que o tempo não espera por nenhuma moça. Não quero que se preocupe em demasia, é claro, só que pense na imensa alegria que traria a todos nós ver você e nossa Mary casadas e felizes como Jane, Lizzie e Lydia.

Afetuosamente, sua mãe."

Quando terminou a leitura, Kitty sentiu seu rosto se aquecer, e estendeu o papel para a irmã.

— Se não estivesse diante de meus olhos, jamais poderia acreditar que mamãe me escreveu apenas para dizer futilidades. - Observou Kitty, desconfortável.

— Não a julgue severamente. - Pediu Jane, depois de terminar a leitura.

— Essa não é minha intenção. Poderia facilmente perdoá-la se houvesse mesmo motivos para se preocupar. – Explicou Kitty, inclinada a aparentar tranquilidade.

— Já chegou aos vinte e um, Kitty. – Disse Jane, inocentemente, devolvendo a correspondência a irmã. – É mais que natural.

Kitty permitiu que seu olhar vagasse até a janela. Não penssava em ser um fardo para os pais, mas não se mostrava disposta a casar-se tão depressa. Esse pensamento não era algo de importância para Kitty aos seus dezessete, mas o tempo havia curado qualquer traço da obsseção da mãe.

— Jane, atrevo-me a assumir que nada me atrai ao casamento agora. A princípio não tenho pretendente, como mamãe apontou. – Disse Kitty, guardando calmamente suas ferramentas de desenho.

— Alguma objeção mais? – Quis saber Jane, em um tom ligeiramente divertido.

— Dê-me alguns minutos e lhe direi. – Pediu Kitty, e ambas riram.

— Sabia que não tinha uma posição tão rígida, Kitty. Uma mente jamais mudar por completo. – Observou a Sra. Bingley.

— Mas se altera palpavelmente, e mesmo reconhecendo a necessidade de uma família, não posso mais estabelecer isso como meta de toda uma vida.

— Fala como uma futurista. – Observou a irmã mais velha.

— Longe disso, boa Jane. – Disse Kitty.

— Lizzie também aceitava o futuro como solteirona.

— Não me diga isso! Não sonho com tal coisa.

— Fala-me a sério?

— Só não quero me preocupar em demasia. – Concluiu Kitty, levantando-se e andando até a janela. Cunhado e sobrinho já desapareciam pelos campos exuberantes da propriedade. Pouco se disse após isso, já que Margo despertou e se pôs a chorar, tomando para si a atenção da mãe e da tia. Kitty dedicou algumas horas a leitura, e quando Harry e Bingley chegaram para o jantar, tinha os olhos cansados e certa curiosidade quanto ao cardápio.

— Charles nos comprou um cordeiro pela manhã. – Anunciou a Sra. Bingley. – Espero que Dorotha tenha tido tempo para prepará-lo.

Quando todos se sentaram a mesa e os criados começaram a servir tigelas de massa e cordeiro, Bingley iniciou alegremente um relato sobre o revigorante passeio com o filho. Jane ouvia encantada. Foi então que deu vida ao assunto que considerava uma grande notícia.

— Tenho notícias excelentes, minha querida. – Começou Bingley. – Ottercrow foi alugada ainda esta semana!


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