Quando Harry e Gina saíram com James, Rony e Hermione se olharam ansiosamente. O dia havia sido estranho e ainda não tinham tido a oportunidade de conversarem a respeito da noite passada. Rony tentou quebrar o clima estranho que se instalou quando os dois se viram sozinhos.

— Legal que tenha dado tudo certo na casa dos tios do Harry, não é? — Rony perguntou um pouco tenso.

— Sim… É verdade — ela respondeu em meio a um sorriso — Ele já passou muitos problemas com os Dursley. Merece um pouco de calma agora.

— É… É verdade.

— E o primo dele reconhecendo a importância que ele teve, não só para o mundo bruxo, ajuda bastante as coisas — continuou convicta.

— É verdade… — ele estava ansioso agora — Ainda bem que deu tudo certo.

— Sim… E ainda tivemos o privilégio de passarmos o dia com o James — ela parecia confortável com aquela situação — Foi muito bacana da sua parte ficar com o James, Rony.

Rony ficou um pouco sem graça. Hermione sempre teve aquela facilidade em deixá-lo envergonhado. Depois de um pequeno momento de silêncio, ele resolveu iniciar a tão temida conversa.

Temia que Hermione, mais uma vez, negasse o que havia acontecido, mas precisava falar sobre aquilo e resolver tudo o quanto antes.

— Hermione… — ele começou quando a moça começou a mexer nos DVDs que estavam na estante da sala.

— Oi… — ela falou sem se virar ou parar o que estava fazendo.

— Sobre ontem a noite... — começou cheio de incertezas — Eu quero dizer que independentemente do que você ache ou esteja pensando, eu não me arrependo de nada do que eu disse ou do que fiz, foi ótimo e… "quero sentir tudo isso com você pra sempre"… e não vou aceitar suas reclamações dizendo que erramos ou algo do tipo.

— Reclamações? — ela se levantou e virou para ele. Tinha um DVD nas mãos — O que você quis dizer com "reclamações"?

— O de sempre, Mione… — ele continuou aparentemente menos tenso — Você vai dizer que erramos, que não devia ter acontecido, mas eu não acho que é bem assim…

— Rony… — Hermione falou enquanto se aproximava dele. Sua expressão era uma incógnita — Não vou dizer nada disso.

— Não? — ele parecia surpreso.

— Não — ela sorriu com leveza — Por que eu diria que está errado se eu mesma fui até o seu quarto e pedi que me beijasse?

— Eu… Eu não sei. Apenas pensei que falaria e… — ele estava desarmado agora.

— Rony — ela o silenciou colocando o dedo indicador sobre os seus lábios — Não pense nada sobre a noite passada. Eu não estou pensando nada sobre isso.

— O que isso quer dizer? — ele perguntou aflito. Precisava saber se finalmente haviam se acertado.

— Quer dizer que eu não quero falar sobre o que aconteceu noite passada. Não precisamos debater sobre isso. Somos adultos, Ron… Não precisamos perder tempo com pensamentos desse tipo.

Rony estava espantado. Os lábios estavam levemente abertos em resposta às palavras de Hermione. De tudo o que imaginou acontecer, aquilo não estava programado em seu cérebro.

Não sabia como agir ou o que responder à morena, ficando ainda mais atônito quando ela apoiou uma das mãos em seu braço e, ficando na ponta dos pés, lhe deu um selinho.

— Estou pensando em ver alguma coisa — continuou, naturalmente, indo em direção ao aparelho de DVD. Rony a seguia com o olhar, mas estava mudo — Pensei em algum romance, mas não quero que você durma enquanto assiste, então escolhi algo mais agitado — ela se virou para ele mostrando uma capa de DVD — Você já viu esse?

— Não — Rony respondeu automaticamente, olhando de relance para a capa que dizia De Volta para o Futuro e se aproximou do sofá, sentando enquanto a morena colocava o filme no aparelho.

— Esse filme estava na minha mala. Nem lembrava dele. É ótimo! Espero que goste. Ele tem uma sequência de mais dois filmes. Se achar legal, podemos ver os outros depois.

Hermione concluiu dando play no aparelho e sentando-se ao lado do ruivo. Era a primeira vez desde que aquela loucura começou que Hermione sentava perto dele.

Permaneceram sentados durante todo o filme, chegando a entrelaçarem as pernas em determinado momento.

Rony estava apreensivo inicialmente, mas resolveu aproveitar o momento quando viu que Hermione estava agindo de forma natural. Era como se ela estivesse, finalmente, dando uma chance aos dois, mas sem assumir audivelmente.

Ficou reconfortado e arriscou colocar o braço sobre o ombro da moça. Sorriu discretamente ao sentir o alívio de vê-la se recostando em seu peito. Estavam parecendo um casal e ele se sentiu fazendo parte de um casal. Ele a amava.

Assim que o filme terminou, Hermione se prontificou a preparar algo para que os dois pudessem jantar. Pegou algumas coisas na geladeira e fizeram um lanche muito saboroso.

Conversaram brevemente sobre o dia que haviam passado com o pequeno James e evitaram falar sobre a noite anterior. Como ela bem havia dito, eram adultos e não precisavam debater sobre aquela situação.

Subiram ambos para seus quartos nesse acordo silencioso e, enquanto arrumava as suas gavetas, Hermione pensava em tudo o que havia acontecido nas últimas vinte e quatro horas.

Já havia decidido que não adiantava nadar contra a maré dos sentimentos que nutria pelo ruivo e resolveu  optar por "deixar acontecer", no sentido mais simples das palavras, e relevar os muitos "i's" que o definiam.

Ao menos ele não a negara, como imaginou que faria quando decidiu ir até o quarto dele para lhe pedir o beijo que ela mesmo havia negado. Mas não. Ele a beijou, e não só isso, lhe deu carinho e aquela sensação de realização que ela sabia que não encontraria nos braços de nenhum outro.

Talvez por saber de seus sentimentos - ou aceitá-los de uma vez, ela nunca tenha conseguido se envolver completamente com outro homem, mas e Rony… Será que ele sentia o mesmo em relação a ela?

Enquanto pensava em sua vida e em tudo o que acontecia entre o ruivo e ela, Hermione não percebeu que estava sendo observada da porta de seu quarto. Ele a chamou pelo nome e, ao se virar, antes de sorrir, sentiu aquela fisgada incontrolada quando ela viu o ruivo daquele jeito.

Rony estava de pé, encostado no umbral da porta, e usava "apenas" a toalha enrolada na cintura. O cabelo estava mais vermelho que de costume, devido a água que escorria dele e descia em pingos ousados por seu peito e braços. Parecia ter saído do banho há pouco tempo e esquecido de se enxugar.

— Tudo bem, Rony? — perguntou sem muita concentração — Algum problema no banheiro?

— Tudo bem… Tudo em ordem por lá também… — falou um pouco receoso — Estava tomando banho e pensei em você.

— Em mim? — perguntou um tanto quanto afetada — Enquanto tomava banho?

— Sim… Estava pensando se você não queria tomar um banho… Relaxar um pouco.

— Hmmm… — ela olhou para ele semicerrando os olhos.

— A água está quentinha… Bem agradável. — continuou — E hoje não foi um dia tão tranquilo. Você cuidou do James o dia inteiro. Merece um pouco de cuidado.

— Não deu tanto trabalho assim. E você me ajudou na maior parte do tempo.

— Vem comigo — ele propôs estendendo a mão, sem falar mais nada.

Hermione aceitou e se levantou, segurando a mão ainda úmida de Rony. Caminharam pelo pequeno corredor em direção ao banheiro e quando a porta se abriu, Hermione sentiu um desejo enorme de se banhar. 

Rony havia enchido a banheira e o local exalava um aroma agradável que envolvia o ambiente. Ela sorriu e olhou para ele.

— Nossa, Rony… Que cheiro maravilhoso…

— É canela com limão — respondeu um tanto encabulado — Tinha uns sais lá no armário e pensei… Por que não preparar um banho pra você?

— É… Impossível negar — ela ficou na ponta dos pés e o beijou demoradamente, bem próximo aos lábios, sorrindo antes de falar — É uma pena que já tenha se banhado.

— Er… Na verdade — ele começou e ela sorriu — Eu tinha começado, mas resolvi parar e preparar isso pra você. Não cheguei a terminar o banho que tinha começado.

— Hmmm… — ela o olhava, sem falar nada. Daquele jeito impossível de compreender o que pensava.

— Mas eu espero você terminar, não tem problema nenhum — continuou um pouco confuso.

— Rony… — ela falou quando ele já começava a fechar a porta — Eu sei que já fez demais por mim preparando esse banho maravilhoso, mas se não for pedir demais, será que poderia me ajudar com uma massagem? Estou sentindo uma tensão incômoda nos ombros e, se me lembro bem, você tem certo dom para massagens…

— Um pouco — sorriu com malícia, temendo falar qualquer besteira que pudesse quebrar aquele momento — Será um prazer massagear você.

— E se quiser... — agora era ela quem falava com malícia — Pode terminar seu banho também, afinal… a banheira não é tão pequena assim… — falou olhando o objeto — Sei que suas pernas são compridas, mas… Se nos apertarmos um pouco, acredito que caberemos.

Rony já estava muito próximo dela enquanto ela falava essas últimas palavras. Seus olhos estavam em um azul vivo e intenso, um olhar desejoso que só tinha por ela.

Beijou o pescoço de Hermione e viu quando ela fechou os olhos, virando um pouco a cabeça para o lado, lhe dando ainda mais liberdade para explorar aquela região.

— Você é maravilhosa, Hermione — sussurrou em seu ouvido — E extremamente gentil. Será ótimo dividir esse banho com você.

Os dois se beijaram em seguida e Hermione sentiu o contato quente do corpo de Rony contra o seu imediatamente. Ele, desejoso por ela, a ajudou a se despir depois que ela retirou a toalha que o envolvia.

Aproveitaram aquele momento de todas as formas possíveis e nem mesmo perceberam que a água já estava gelada havia muito tempo. Rony ajudou a morena a se enxugar e ela fez o mesmo por ele.

Rony impediu que ela se vestisse e no quarto de Hermione eles continuaram o que haviam começado no banheiro. Aquele fim de semana havia sido intenso para os dois. Hermione queria apenas aproveitar aquele momento. Percebeu que fugir não era a melhor alternativa e resolveu viver o que a vida lhe oferecia.

Amava Rony mais do que achava necessário e não ter certeza se o sentimento era recíproco lhe deixava confusa e amedrontada, ainda mais quando os dois estavam juntos e ele a tratava com tanto carinho, porém, resolveu investir naquilo. Decidiu se dar uma chance de ser feliz e decidiu aquilo quando ouviu Rony dizer que ela teria de pedir seu beijo.

Ela sentia falta dele, de seus beijos e de sua companhia, e mesmo que o amor que ela sentia não fosse correspondido na mesma intensidade, faria o possível para aproveitar o tempo que pudesse ao lado dele.