Sento-me no sofá e Jacob se espalha no chão com uma almofada debaixo da cabeça. O observo por alguns minutos. Jacob tem um físico atraente, sua camisa colada define seu peitoral. Perco-me na sua respiração e em seu peito se movendo de acordo com sua inspiração e expiração.

Tenho pressentimento de que estou o observando tempo demais, então desvio o olhar para televisão. Não estou com vontade de assistir e fico um pouco inquieta batendo os dedos de leve na minha perna. Queria saber o que está havendo lá na casa dos Cullen. Para falar a verdade queria está lá com eles. Ver a cara do visitante, memorizar para quem sabe um dia poder me vingar. O pensamento de vingança desce ardendo pela minha garganta.

—No que está pensando?- Jacob pergunta. Olho para ele que agora está virado me encarando curioso. Ele levanta as sobrancelhas- Parece muito pensativa! Preocupada eu acho...

—E eu estou... Com eles. –digo rápido.

—Não precisa se sentir assim!- ele se senta e me olha calculista- Sei como você se senti, mas você está aqui. Tem pessoas para te proteger aqui...

—E que eles se ariscaram por mim- digo baixo. Sinto uma pontada de culpa no peito.

—Se eles querem te proteger é problema deles, então não se sinta assim!- ele diz um pouco pensativo- E além do mais, eles sabem se virar.

—Eu acho que você está errado. Não é só problemas deles, são meus... –digo.

—Isso não importa!- ele diz e me encara- Sério? Eles escolheram isso e não importa mais.

—Talvez!- digo indecisa.

—Não quero que você faça nenhuma besteira!- ele diz de maneira severa.

—Besteira?- pergunto curiosa.

—Tipo se entregar para os Volturi para poupar as pessoas ao seu redor. –ele diz e desvia os olhos de mim.

—E isso importa?- pergunto cautelosa.

Ele não responde, só encara o chão que se estende dos meus pés até onde ele está sentado. Há apenas centímetros de distancia entre nós. Consigo ouvir sua respiração sendo controlada. Ele passa os olhos dos meus pés descalços até o meu rosto. Sinto meu rosto esquentar com seus olhos semicerrados me avaliando.

—Eu não sei. Talvez importe pra mim!- ele diz e seus olhos parecem sinceros.

Casso palavras para dizer, mas não consigo achar. Ele me faz sentir assim, sem saber o que dizer ou fazer. Apenas mordo os lábios e ele me encara curioso. Seus olhos são avaliativos em meu rosto como se cassasse algo de que precisasse. Sinto meu rosto vermelho e ele desvia os olhos para televisão.

Talvez Jacob esteja certo, me entregar para os Volturi é uma besteira. Não quero ser cobaia das coisas que mataram minha família, mas também não quero que ninguém se arrisque por mim. Por enquanto não sei o que fazer. Ficar aqui e descansar meus pensamentos parecem uma boa ideia.

Mais tarde, Jacob arruma uma cama para mim e ele coloca um colchão no chão ao lado da cama. Deito-me na cama e Jacob se estica no colchão. Observo o movimento da sua respiração ate que ele caí no sono.

A memória que absorvi de Paul vem na minha cabeça. Ele pulando, suas roupas se rasgando e ele virando um grande lobo. Por instante imagino os ombros tremendo de Jacob e ele logo se transformando em um lobo e atacando Paul. Consigo ver os dois em uma briga, quem sairia vencedor? Eu acho que Jacob, quero que seja ele.

Tento não pensar em mais nada. Fecho os olhos e espero que o sono venha.

Levanto-me assim que Jacob entra pela porta com as sacolas de roupas que Alice comprou para mim. Ele as coloca na cama e eu as encaro um pouco. Jacob sai do quarto para eu poder me trocar. Por um momento só observo a porta fechada, mas logo me recomponho e reviro as sacolas atrás de algo para vestir.

Por fim, caminho em direção ao banheiro, tomo um banho rápido e escovo os dentes com uma escova nova que Jacob me entregou. Visto a calça jeans, uma blusa de manga curta vermelha e calço meu tênis.

Saio do banheiro e pego um casaco que há em uma das sacolas e caminho até a cozinha onde Billy e Jacob está sentado tomando café. Billy aponta para uma cadeira para que eu me sente e me serve.

Depois do café, eu e Jacob seguimos para sala. Não há nada para fazer, não temos muita opção do que fazer. Não quero sair, tenho medo de que haja vampiros me caçando por ai... Sento-me no chão ao lado de Jacob, que mantém os olhos vidrados na televisão. De vez em quando seus olhos encontram os meus, eles parecem cansado assim como os meus.

—Por que realmente está me ajudando?- a pergunta sai da minha boca sem que eu perceba.

—Por que você fica fazendo essas perguntas?- ele me encara confuso, seu rosto está próximo do meu. Mesmo em centímetros de distancia, consigo sentir o calor brotando dele.

—Eu não sei. Elas só aparecem na minha cabeça!- dou de ombros.

—Vejo que sua cabeça é complicada demais- ele dá um meio sorriso.

—Você não imagina o tanto!- digo e reviro os olhos.

—Acho que estou te ajudando por consequência do destino- ele diz e me avalia com um olhar estranho.

—Acredita em destino?- pergunto irônica.

—Não, mas acho provável que ele exista- ele ergue uma sobrancelha.

—Provavelmente!- sorrio um pouco. Minha mão coça, sinto vontade de toca-lo, mas tenho medo. Medo de que ele me repreenda. Medo de que eu possa suga-lo. –Não acha que eu esteja atoa aqui?

—Sinceramente?- ele me encara. –Não!

—E o que você acha então?- digo e me aproximo mais dele. Levo minha mão ate a metade do caminho até o seu rosto e abaixo.

—Eu não sei!- ele diz e aproxima o rosto do meu.

Por um momento ele parece pensativo no que está preste a fazer, porem ele continua. Ele pressiona seus lábios nos meus, eles são tão quentes. Entrego-me aos seus lábios, suas mãos puxa o meu rosto para mais perto, elas descem até o meu pescoço me causando calafrios. Parecem correntes elétricas passeando pelo meu corpo e principalmente aonde ele toca no meu pescoço.

Mas algo de errado acontece. Vejo Renesmee sorrindo, ela parece conversar com alguém. Logo vejo com quem ela conversa, é com Jacob. Ela gira e a cena muda. Agora vejo Rosalie segurando um bebê. Jacob caiu de joelhos enquanto olha nos olhos do bebê. E pensa:

“A gravidade da Terra não me prendia mais ao lugar que eu estava. Agora era a garotinha nos braços da vampira loura que me mantinha ali. Renesmee.”.

Volto ao normal e os lábios de Jacob ainda estão nos meus, me afasto empurrando Jacob para trás. Um calor surge dentro de mim, sem explicação. Sinto meu rosto queimar, sinto pontadas de raiva ou rancor. Não explicar porque me sinto assim. Deve ser o que vi nas lembranças de Jacob ou porque eu acabei estragando tudo a lendo.

Olho para Jacob que encara o chão, parece pálido e confuso. Finalmente me encara com um olhar de culpa.

—Jacob me desculpe por... –tento dizer, mas não consigo terminar. Sinto-me culpada, mas também me sinto revoltada.

—A culpa não é sua!- ele diz, sua voz é rouca e tremula.

Não sei o que fazer. Não posso ficar ali o encarando, estou com raiva e não consigo olhar para ele. Levanto-me e saio dali. Ele não me acompanha, e eu acho boa a sua atitude de não me acompanhar.

Não sei exatamente para onde estou indo. Minha cabeça está confusa. O vento frio me invade, e o estranho é que eu não sinto frio. Meu corpo arde em um calor que não sei exatamente de onde vem... O calor de Jacob. Ando rápido desviando das arvores que me cercam.

Meus pensamentos vagueiam em minha cabeça. Rosalie segurando Renesmee ainda bebê em seus braços, Jacob caindo de joelhos no chão, os olhos curiosos de Renesmee encarando Jacob, seu pensamento... “Agora era a garotinha nos braços da vampira loura que me mantinha ali. Renesmee.”.

Ainda não consigo entender porque eu me sinto assim, tão perdida e confusa. Por que o que Jacob sentiu nesse exato momento que viu Renesmee me deixa frustrada? Por que isso importa para mim?

Meu corpo pesa e eu me sento ali mesmo encostada em uma arvore. Não quero fazer nada, só o que quero é chorar. Talvez não tenha motivo para eu chorar, mas eu quero.