Pequeno Potter escrita por Nena Machado


Capítulo 5
4. Dezembro, 1977.


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, eu sei que demorei muuuuuito, para vim atualizar, mas eu totalmente empaquei em uma cena nesse capítulo, agradeçam a minha beta que só faltou me da umas tapas até eu escrever tudo. Espero que gostem.



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Eu decidi passar o Natal no colégio por dois motivos. Primeiro: nunca passei o Natal em Hogwarts, pois sempre considerei o Natal uma festa muito familiar então sempre preferi passa-la em minha casa, entretanto como esse ano é o meu último decidi ficar. O segundo motivo é o casamento de Petúnia, que seria em março e eu não estava nenhum pouco a fim de me ocupar com a organização, além de que ela não me quer lá.

Minha relação com minha irmã é muito instável. Quando recebi minha carta de Hogwarts, a carta que me dizia que eu sou uma bruxa, ela ficou estranha comigo, cada vez mais afastada. Óbvio que isso ia acontecer, Petúnia é o tipo de garota que torce o nariz para tudo que é fora do padrão, e a magia em meu sangue não seria uma exceção. Fiz tudo que podia para ela me aceitar, mas nada deu resultado. Eu já estava conformada, quando na noite anterior ao meu ingresso no primeiro ano, ela entrou em meu quarto no meio da noite, com lágrimas nos olhos dizendo:

— Se você esquecer essa tolice de magia, se ficar aqui e ir para uma escola normal, e voltar a ser normal. Eu volto a ser sua amiga.

Lembro de ter ficado tentada a ficar, mas me contive, respirei fundo e respondi:

— Ser bruxa é parte do que eu sou, Tunia.

Ela se virou e saiu do quarto como um furacão. Nossa relação nunca mais voltou ao normal. Com o tempo ela passou a me tratar mal, criticando sempre que me via com a varinha no cós da calça e me chamando de aberração. Depois de um tempo deixei a mágoa de lado e passei a responder a altura, e então começamos a discutir aos gritos causando grande estresse a nossa mãe.

Para evitar isso tudo, ainda mais em uma época importante como o casamente da filha mais velha, preferi ficar na escola. Muitos alunos do 7º ano ficaram, provavelmente, para aproveitar ao máximo o último ano, também tinha alguns alunos do 5º ano estudando para os NON’s, mas a maioria dos mais novos retornaram para as suas casas.

Marlene foi uma das que voltaram. Tinha chegado aos ouvidos de seus pais e irmãos que ela estava namorando e a garota foi obrigada a voltar para casa levando Sirius junto. Foi hilário ver a cara de pânico dos dois. Do Sirius por ter que, pela primeira vez, encarar os pais de uma menina (e a menina em questão tinha o pai e três irmãos), e de Lene por que ela achava que sua mãe queria ter A conversa. Não me senti culpada por rir. Pois lembro muito bem que ela riu pra dedeu quando foi minha vez.

Dorcas ficou na escola comigo, assim como James e Remus. E por algum motivo nós continuamos a andar juntos, mesmo que não tivéssemos Lene e Sirius ali como desculpa. Com um pequeno sobressalto notei que em algum momento daqueles meses passamos a ser amigos.

Justamente por causa da recém descoberta amizade, não me surpreendi quando se tornou óbvio para mim o fato de Remus está gamado em Doe, muito menos o fato de eu saber exatamente qual é o real motivo para ele fugir toda vez que ela se aproximava.

— Você deveria dá uma chance. — falei me sentando ao seu lado num banco do pátio.

— Não sei do quem você está falando. — ele se faz de desentendido, sem nem mesmo se esforça para ser convincente, mas mesmo que ele esteja mais ou menos certo, eu me refiro a outra coisa.

— Estou falando de você mesmo, Remus.

Acompanho seu olhar. A alguns metros Dorcas estava envolvida em uma guerra de bolas de neve, ela comandava cinco meninas do primeiro e segundo ano contra o time de quatro garotos dos mesmos anos que eram liderados por James. Na regra, guerras de bolas de neve são proibidas, para evitar machucados. Mas é algo que normalmente os monitores ignoram, até mesmo alguns professores fingem não ver, afinal essa é uma pequena tradição importantíssima para o clima de natal.

— Se você quer mesmo impedir que as pessoas gostem de você. — digo em tom de brincadeira, mas com um fundo de verdade. — devia tentar agir como um arrogante babaca, não como um príncipe encantado.

Um mínimo sorriso pairou sobre seus lábios.

— Você não entende, ruiva.

— Entendo mais do que você imagina... — viro-me para encará-lo, mesmo que ele ainda esteja admirando Doe, então falo a próxima palavra de forma lenta e significativa. — Aluado.

O quase sorriso de Remus some e ele fica pálido, imagino que ele tenha ficado tentando decifrar se eu realmente tinha falado o que ele achava que era. Eu sei que esse é provavelmente o maior segredo dos Marotos, assim como também sei que eu própria não conheço toda a questão, mas sei o principal. Remus Lupin é um lobisomem, desde antes de entrar em Hogwarts eu diria.

Ficamos calados pelos próximos cinco minutos, apenas observando a guerra de neve entre os sexos. Eles estão ficando casados, os arremessos então fracos e sem mira. Vejo James correndo de volta para seu lado do terreno de batalha, ele carrega uma menininha sobre os ombros, aparentemente ele a considera uma prisioneira de guerra. Doe manda três meninas atacarem James para a pequena soldada se libertar, mas a menina gargalha tanto que não tem forças para se livrar de James.

— Como você descobriu? — perguntou Remus finalmente.

— Snape. — me limito a responder, omitindo a parte onde eu segui os amigos dele, sem querer que ele me ache uma fofoqueira. — você sabe que ela não vai esperar a vida toda, não é?

— O que você quer que eu faça? — pergunta Remus, parecendo frustrado, como se já tivesse pensando demais em todas as possíveis soluções. — eu gostaria de tentar, realmente gostaria, mas acho que gosto dela de verdade e não quero fazê-la passar pelo preconceito de estar com alguém como eu!

Suspiro, de certa forma eu entendo, afinal eu passo diariamente pelo preconceito de ser nascida trouxa, e para ele é ainda pior. Eu sei que para certos bruxos eu jamais estarei no seu nível social, jamais poderei ter um relacionamento com determinadas famílias, só que há outras que aceitam, os Mckinnon’s por exemplo eram uma família puro sangue que não tinha nada contra os nascidos trouxas. A questão era diferente quando se tratava que lobisomens, que eram vistos como animais, mesmo que passassem a maior parte do tempo como seres humanos.

Lá longe a guerra chegou ao fim com todos cansados demais para saber quem ganhou. Gostaria que todas as guerras se resolvessem fácil assim.

— Você não acha que ela deveria ter a chance de escolher? — pergunto sutilmente.

— É lindo na teoria, mas a pratica é arriscado. — responde francamente. — não me entenda mal, digamos que eu aceite paquerar com ela, e ai? O que acontece quando ela descobrir? Talvez ela aceite e vou envolve-la nesse problema todo, colocando-a em risco, ou talvez ela não queira e fique por isso mesmo, ou talvez ela não aceite e se sinta ofendida, e talvez conte para os outros sobre minha condição. Parece muito mais fácil simplesmente deixar para lá, sabe?

Suspiramos juntos, não tenho o que falar para ele, pois tudo poderia me comprometer demais, afinal e se eu desse um conselho ruim que arruinasse sua vida?

— Sentimentos são complicados. — respondo por fim. — Mas só quero que você saiba, que posso estar do seu lado para o que der e vier, e tenho certeza que os meninos também estarão. E principalmente, acho que você é uma pessoa que merece muito ser feliz.

X-X

— Bom dia, James.

— Bom dia, ruiva. — respondeu um James sorridente de sua mesa completamente bagunçada.

Eu nunca conseguia achar nada ali, mas James sempre parecia saber onde estava cada pena. Uma vez me ofereci para ajuda-lo a arrumar as coisas e ele me lançou um olhar sério que claramente dizia “não toque na minha mesa”.

Eu me surpreendi com muitas coisas durante o tempo em que tive que trabalhar com ele. Ele é educado e culto, e gostava muito de ler, disse que em sua casa tinha uma biblioteca com vários livros, não só de autores bruxos, mas também de autores trouxas.

Ele também era muito cavalheiro, mas isso todos os sangues puros tradicionais pareciam ser, o que chamou a minha atenção foi que James não se limitava a ser assim com os da mesma classe que ele. Ele puxava a cadeira para Doe sentar, cedia o último pedaço de torta para a Lene, e quando Minerva avisou que pelo menos um monitor chefe tinha que ficar no colégio, ele não hesitou em dizer que ele ficaria e eu poderia ir para casa, caso quisesse.

Entre todas essas surpresas, só não me surpreendi quando ele disse ser totalmente contra esse bruxo que prometia que iria limpar o mundo bruxo da escória.

— Não entendo por que alguém acha isso certo, por que eu mereceria ter magia mais do que qualquer outro? — ele falou enquanto liamos os relatórios dos outros monitores, e fazíamos o nossos. — até minha mãe acha isso errado, e ela era uma Black. Você sabia disso?

— Não.

Levanto a cabeça para olhar para James. Ele parecia esgotado, como se tivesse passado a noite acordado. Em outro dia, eu diria que ele passou a noite com uma garota, mas eu acabara de passar pelo nome Remus Lupin, que estava branco por causa da dispensa. Tínhamos acabado de passar pela lua cheia.

Eu não faço ideia do que eles fazem, mas que tem algo eu sei que tem. Lobisomens eles não são, e nem loucos o suficiente para ficar perto de um. Só sei que eles ajudam o Remus, talvez um dia eu descubra como, mas agora não é da minha conta.

— Então você cresceu com o Sirius? — pergunto, voltando a escrever.

— Oh, não. Nunca vi nenhum Black. — ele ri de algo que eu desconheço. — E só soube que minha mãe fora uma quando cheguei em casa falando sobre meu novo amigo. Minha mãe foi expulsa da família, antes mesmo do casamento dos pais de Sirius.

— Por quê?

— Ela conheceu meu pai, se apaixonou e quis casar com ele. A família não aceitou.

Ele não fala como se fosse algo surpreendendo, mas eu fico confusa, tentando entender qual foi a informação que eu perdi.

— Mas os Potter’s são puro sangue.

— Mas somos traidores do sangue há décadas, — ele responde como se fosse obvio, largando a pena e me olhando como se estivesse chocado por eu não saber daquilo — entre um Black e um Potter pode até haver uma amizade, mas jamais uma mistura sanguínea. Somos inferiores. Além do mais, ela já tinha um casamento arranjado em vista, os Black costumavam prometer os filhos logo no inicio da vida.

Confirmo com a cabeça, sabendo que ele me olhava, mesmo que isso não fizesse sentido para mim. Mas afinal, mesmo vivendo nesse mundo há anos, muita coisa ainda não fazia sentido: as crenças puro sangue, os casamentos tradicionais arranjados...

— Então Sirius já tem uma noiva?

— Não, não, eles pararam com isso há umas décadas — ela respondeu simplesmente, trazendo um papel mais perto para tentar decifrar a letra de algum monitor, ele franze a teste e faz um bico adorável, voltando a falar depois que ele entende a palavra. — agora eles deixam os filhos tentar achar alguém apropriado por conta própria, caso termine os estudos e não achem ninguém, os pais interveem.

Terminei meus relatórios antes, mas James recusou ajuda. Orgulhoso de que está acertando como se faz. Espero até ele terminar, enquanto ficamos conversando. Afinal conversar com James é algo realmente fácil e prazeroso.

X-X

Os alunos do sétimo ano se organizaram para fazer uma festa no natal, Dumbledore autorizou a mesma e arrumamos uma sala abandonada no quarto andar. Colocamos pinheiros e luzes como decoração, colocando feitiços de isolamentos sonoros, conseguimos bebidas e comidas e até enfeitiçamos uma vitrola para que ela toque músicas.

Pus meu vestido vermelho favorito. Ele costumava ser confortável, mas notei que ele estava apertadíssimo no busto. Meus seios estavam inchados e doloridos, indicando que possivelmente eu estava perto dos meus dias.

Doe me esperava no Salão Comunal. Ela usava um vestido branco que ia até seus pés e era de um tecido tão fino que quando ela andava parecia que ele flutuava atrás dela, fazendo-a aparecer até mesmo um pouco como um fantasma de filme de terror antigo.

A festa já estava animada quando a gente chegou. Vi James conversando com Remus num canto. Ambos estavam muito bonitos, James estava mais formal, já Remus em um estilo mais social. Dorcas suspirou ao meu lado.

— Você acha que eu tento outra vez?

— Remus? — perguntei e ela confirmou. — Acho que ele é alguém maravilhoso e que vale o esforço.

— Ele já me deu um fora, talvez não esteja interessado.

— Ou talvez só esteja acanhado, sabe ele é bem introvertido.

— Certo, vou tentar mais uma vez, apenas mais uma — ela me diz como se tentasse colocar essa condição para si mesma. — Se ele não quiser, vou partir para outro.

Então ela me deixou sozinha e andou decidida para perto deles. Me restou seguir para junto de alguns conhecidos da Lufa-Lufa, que eram monitores comigo.

X-X

Só arrisquei ir ate o bar no momento que considerei que estava cheia o suficiente para beber sem ficar bêbada. Depois do que eu fiz da última vez, decidi que ficarei dentro daquele limite de embriaguez onde sabemos o que fazemos.

Só não esperava encontrar Remus no bar, com um copo esquecido sobre o balcão e uma garrafa, quase no final, na mão. Ele não parecia bêbado, longe disso, parecia com plena capacidade de andar em linha reta, mas só parecia.

— Oi ruiva. — sua voz saiu completamente enrolada e embriagada. Notei que em cima do balcão já tinha outras garrafas vazias, ele tinha bebido muito e de tudo.

Abri um sorriso, era raro Remus beber ao ponto de ficar bêbado, mas quando isso acontecia era garantia de caos, pois ao invés dele impedir os amigos de fazerem besteiras, como sempre, ele acabava se juntando a eles e sendo o líder que arquitetava o plano.

Eu certamente me lembro da última vez que o vi embriagado, foi no Salão Comunal durante o quinto ano, após uma vitória realmente difícil do time da Quadribol, foi o primeiro jogo sem o Sirius, e o time sentiu muito a sua substituição.

Na época Remus e Sirius estavam brigados, e decidiram fazer as passes bebendo até subir numa mesa e começar a tirar a roupa ao som de uma música romântica. Ainda é meio constrangedor o fato de que Remus foi o primeiro cara que eu vi só de cueca, mas isso não me impediu de rir do James tentando fazer os dois descerem e se vestirem. Sirius lidou com isso numa boa, mas Remus ficava como um tomate toda vez que alguém citava o fato.

Peguei uma garrafa de cerveja amanteigada e sentei ao seu lado, decidida que só vou deixa-lo fazer merda se ele quiser muito. Sigo seu olhar melancólico e vejo Dorcas. Ela está com um garoto e isso não é tudo, o batom borrado dela e o resto de rosa na boca dele deixa óbvio que eles se beijaram, provavelmente Remus viu.

— Por que que temos que gostar de alguém? — ele pergunta parecendo indignado. — Por que não podemos ser que nem os bichos. Acasalar e partir para próxima? — ele rir sozinho e toma outro gole de bebida. — acasalar. — e rir de novo.

Ele não parece feliz e pronto para um stripper dance, parece mais controlado do que isso, apenas fazendo piadas ruins e rindo delas.

— Alguns animais vivem com seus parceiros até a morte. — respondo segurando uma risada.

— São tão idiotas como nós. — ele me oferece sua garrafa, noto que a bebida é algo bem mais forte que a minha, então dou um gole na minha cerveja.

Me arrependo na hora, sentindo uma azia muito grande.

— Eu amo — ele soluça no meio da frase, mas continua normalmente. — essa música! Vamos dançar!

Ele me puxa para a pista de dança sem me deixar escolha, eu rio de como ele dança, ele cambaleia de um lado para o outro, balançando os braços freneticamente para o alto, completamente fora de ritmo. Ele rir por tudo, como se tivesse fumado algo também. E gira, gira e gira. Gira tanto que começo a ficar tonta depois de tantos giros.

Só que ele olha por cima do meu ombro e subitamente para de dançar e fica melancólico. Olho para traz e vejo Doe saindo com o mesmo menino de antes.

— Poxa ela nem sabe que meu sacrifício é para o melhor dela. — descobri há muito tempo que é melhor não discordar de bêbados, se não eles vão tentar explicam o porquê de estarem certos, então só concordo com a cabeça. — eu devia ir lá!

— O que?!

— É, é isso mesmo — ele soluça — vou lá e vou explicar por que não posso ficar com ela.

Ele começa a caminhar para a porta e eu o sigo desesperada, tentando impedir que ele faça algo de que vai se arrepender profundamente. Porque eu sei que se ele contar isso para ela, ele irá se arrepender. Não faço ideia de como Dorcas pode reagir, na melhor alternativa ela vai aceita-lo e Remus vai achar que ela é boa demais para ele, magoando minha amiga e talvez acabando com qualquer chance deles. Na pior alternativa... bom, melhor nem pensar nisso.

— Remus não, você vai se arrepender disso amanhã!

— Não ruiva, é o certo a fazer, assim ela segue em frente. — ele para e me olha. — ou quem saiba ela me queira mesmo assim. Você acha que ela iria me querer?

— Remus, vamos embora. — digo me desviando da pergunta.

Ele me ignora e continua o caminho, cambaleando pelos corredores e se apoiando nas paredes. Ele bate em quase todos os quadros na tentativa de se manter em pé, e por isso as pinturas respondem com os mais diferentes xingamentos.

Vejo Doe no fim de um corredor, aos beijos com o dito cujo. Tento entrar na frente de Remus e impedi-lo de ver Doe, mas é tarde demais.

— Dorcas! — grita Remus, como se nós não estivéssemos fora da cama perambulando pelos corredores as 03:30 da manhã quando a festa deveria ir apenas ate meia noite. — eu quero falar com você!

Dorcas ergue uma sobrancelha, e o olha de cima a baixo. Eu sei bem como ela despreza pessoas bêbadas e sei que nesse momento ela já está pensando em como se livrar de Remus.

— Eu estou um pouco ocupada. — ela responde.

— Eu quero paquerar com você, quero mesmo! Mas antes você precisa saber algo sobre mim. — ele diz ao mesmo tempo em que eu digo.

— Não prestem atenção nele, já estou o levando embora.

O par palerma de Doe só fica olhando, calado. Como se a única função dele ali fosse beijar a Dorcas, o que de certa forma era mesmo.

— Escute, Remus. — diz Doe, e imediatamente eu sei que ela não será delicada. — eu queria ficar com você, mas não quero mais tanto assim. Quem sabe se você vier me abordar estando sóbrio tenha mais chances, hum? Amanhã, ou outro dia qualquer.

— Doe… — Remus não tem a oportunidade de terminar, Dorcas se vira e segue caminho, levando o palerma com ela para uma sala vazia.

Remus parece devastado, eu estou aliviada.

— Vamos pro seu quarto.

Ele me olha estranho e enruga a testa. Sinto a comida em meu estômago revirar e imagino se eu não deveria ter comido um pouco menos.

— Olha não acho que eu iria conseguir fazer algo com você. Quer dizer... você é uma grande amiga e isso magoaria James...

— O que? — eu começo a rir. — Não! Remus, longe disso. Não quero fazer nada.

— Aaaah, sim. — ele responde, parecendo nem lembrar se do que estávamos falando. — quer saber se ela não quer, deve ter alguém que queira.

Ele se vira e volta para a festa correndo em ziguezague. E eu corro atrás dele. Chegou à sala a tempo de ver Remus entrando na pista de dança e puxando uma menina pelo braço e a beijando. A garota fica de olhos arregalados e mal se mexe, corro até eles para pedir desculpas.

— Não. Não é alguém como você que eu quero. — Remus diz ao se afastar da menina.

Ela fica extremamente vermelha e dá um tapa tão forte no rosto de Remus que ele gira o corpo. Mas ele não parece sentir nada, pois sua atenção focou em outra menina, na mesa de petisco.

Ele segue até a nova vítima, eu sussurro um pedido de desculpas, embora a garota esteja ocupada falando com a amiga com quem ela dançava antes. Eu corro até Remus, e chego bem no momento em que ele começa a falar algo para a garota. Me enfio entre os dois, empurrando Remus para longe.

— Estou me sentindo mal — minto um pouquinho, mas é por uma boa causa. — não acho que vou conseguir chegar até um dormitório. Você pode me ajudar, Remus?

— Aaah, OK. — ele parece preocupado e me sinto mal em ter exagerado, é verdade que não estava me sentindo bem, mas não era necessário ajuda. — Vamos.

Tento achar James pelo caminho até a porta, mas ele não aparece, me obrigando a cuidar de Remus sozinha. Ele começou a sentir sono no meio do caminho. Então começo a ter de ajudá-lo a se manter em pé, e ele é pesado para um menino tão magricela. Nosso caminho também não é silencioso, primeiro por que nenhum bêbado é e sempre estão derrubando as coisas, segundo por que Remus nunca cala a boca.

— Ela podia me dar uma chance. — ele derruba um quadro.

— Eu quero outra bebida. — ele cai e me leva ao chão junto.

— Lily, eu te adoro. Cê sabe, né? — ele me abraça e me beija na bochecha. Me sinto sufocada pelo cheiro de álcool, e quase vomito em cima dele.

— Oh. Meu Merlin! Doe deve tá transando com aquele cara agora! Oh, Merlin. Poderia ser eu com ela agora! — ele derruba uma armadura e essa armadura leva duas amigas juntas para o chão.

— Cê sabia que — ele soluça — Peter é virgem? Quer dizer, estamos nos anos 70! Viva a liberdade sexual! UOU! — todos os quadros do corredor acordam e somos cobertos de reclamações sobre não respeitarmos o sono dos outros.

— Eu queria saber jogar Quadribol, Dorcas gosta de jogadores, quase todos os namorados dela eram jogadores. Eu devia tentar. — ele prende o pé num degrau falso e eu levo cerca de 10 minutos pra tira-lo de lá.

Por último ele cai no topo da escada que leva aos dormitórios masculinos. E rola escada abaixo, fico preocupado com ele, mas antes mesmo de descer ele começa a rir e se arrasta pelas escadas até chegar ao quarto. Faço-o entrar de baixo do chuveiro e lá ele tira a roupa e fica só de cueca.

— Obrigado por me manter sobre controle. — ele falou depois de meia hora embaixo do chuveiro, parecendo realmente melhor.

— De nada. — respondi. — mas eu realmente acho que você devia conversar com ela amanhã.

Ele não responde, ao invés disso ele só saiu do chuveiro, se enxugou e começa a chorar. Talvez ele não estivesse tão bem como eu imaginei. Ou ele não esteja chorando por Doe e sim pelo motivo que o fez se afastar dela. De qualquer jeito eu o abraço.

Ou tento, por que assim que sinto o aroma de sabonete doce misturado com o odor de álcool que está impregnado nele, me afasto e vomito na pia. Remus inclina a cabeça e sai do banheiro, ficando perto o suficiente pra manter uma conversa, mas não para sentir o terrível mal cheiro.

— Não era eu que devia fazer isso?

Tento responder, só que fico tonta e começo a cair. Remus tenta me aparar, mas ainda deve está tudo girando para ele. Vamos os dois para o chão, mas ele impede que eu me machuque.

Ele me arrasta para sua cama. Onde eu me enrolo no lençol e ele se deita ao meu lado, em uma distância respeitosa. Conversamos sobre Doe.

— Doe é orgulhosa, Remus. — digo. — se você fosse falar com ela...

— Não posso, — ele parece cansado e o bocejo que ele dá em seguida confirma isso. — ou ela vai me odiar ou vai querer ficar do meu lado. E eu realmente não sei o que é pior.

— Então o que você vai fazer?

Remus fecha os olhos, e responde com uma única palavra antes de adormecer:

— Esquecer.

Eu durmo em seguida. Incapaz de ir para meu próprio quarto.


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Notas finais do capítulo

Bem, eu quero da esse capítulo de presente a minha amiga e leitora Camila, que vez 18 aninhos a pouco tempo. Parabéns de novo amor, obrigada por acompanhar essa loucura.
Às outras leitoras, obrigada pela paciência e prometo que vou começar a posta com mais frequência. Esperando os comentários, beijos.
[Capitulo editado em 29/07/2020] Esse capitulo ficou relativamente igual, apenas algumas mudanças para melhor adequação da personalidade dos personagens, espero que gostem, bjs e ate em breve.



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