Pequeno Potter escrita por Nena Machado


Capítulo 2
1: Setembro, 1977.


Notas iniciais do capítulo

OOOOi, saudades de mim. Eu sei que foi crueldade demorar tanto, mas acabou que eu me meti em uma longa pesquiça sobre gravidez da adolescencia e sobre as girias dos anos 70. por isso demorei tanto desculpem.
LEIAM AS NOTAS FINAL!



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 Ok, tenho que avisar a mamãe que esse conselho é ruim à beça. Mesmo assim, tudo o que me vem à cabeça é outra frase da mamãe “Quando a gente faz algo de que se arrepende, Lily, tudo o que nos levou a tal situação passa pela nossa cabeça.” Bem isso é verdade, por mais chocante que pareça. Por exemplo, nesse momento, enquanto seguro essa bugiganga onde fiz xixi, tudo o que consigo pensar é em todas as situações que me trouxeram a estar sentada no chão do banheiro, segurando esse potinho cujo liquido fica cada vez mais azul.

Bem, eu sei onde isso começou, o que já é um grande avanço.

Era dia primeiro de setembro quando tudo foi por agua a baixo. Geralmente, esse é um dos dias mais felizes do ano para mim. O motivo? Nesse dia eu pego o expresso de Hogwarts e volto para escola. Não me entenda mal, amo minha família, até mesmo Petúnia, e adoro estar em casa, mas é indescritível a sensação de estar de volta ao mundo que pertenço.

E aqui vai o primeiro fato maluco da minha curta vida. Sou uma bruxa! Então, não estou indo para uma simples escola e sim para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Isso por si só já é um barato. Porem tem um problema: minha família não é bruxa, por isso os meses que passo com ela é sem mágica, mesmo que nessas últimas férias eu já tenha 17 anos e possa fazer magia fora da escola toda vez que faço algo minha irmã (que não nasceu com o mesmo dom que eu) age como se eu merecesse ser queimada na fogueira. Ademais, esse ano eu tinha dois outros ótimos motivos para me alegra com o regresso.

Primeiro: fui eleita monitora chefe. O que, basicamente, significa que sou considerada a menina mais exemplar do último ano. Isso é ótimo para o meu currículo, e vai facilitar ainda mais a minha entrada no curso profissionalizante que desejo. E, para ficar tudo mais bacana ainda, os monitores chefes têm certas regalias que os outros alunos não têm, como dormitório próprio, banheiro particular, sala de trabalho (onde você não é obrigada a fazer sempre trabalho), entre outros.

Eu tinha ficado particularmente infeliz quando mandei uma coruja para Remus e ele me disse que não foi eleito junto comigo. Eu não queria ter que trabalhar com alguém indesejado, tipo um sangue-purista, grupo que vem aumentando muito de integrantes. Já pensou? Ser sempre chamada se “sangue-ruim” e nem poder tirar ponto, por que, claro, monitores-chefes não podem tirar ponto de outros monitores-chefes. Mandei cartas para outros amigos monitores, mas nenhum deles foi eleito, me fazendo torcer para ser alguém que não foi monitor e que eu precise apenas ensinar a fazer os relatórios. Mal eu podia imaginar que esse seria o último problema com o qual me preocupar.

O segundo motivo de felicidade era ele, o mais lindo, mais magnifico, mais responsável: o meu namorado e amor da minha vida. Ele se chama Ashton Spinnet. Olhos azuis marinho, rosto anguloso, cabelos loiros e cacheados. Tem a aparência que lembra a um anjo, e assim conseguiu esconder de mim sua verdadeira personalidade pelos 11 meses em que namoramos.

Mas isso não importa agora, não vou contar sobre ele, nem sobre como eu o amava, ou sobre como ele era um amor comigo, ou como ele foi tudo de bom durante todo nosso relacionamento. O que eu vou contar vai ser o acontecimento do dia 1 de setembro, como terminamos, como eu descobri que ele me traia, e tudo o que rolou.

Desde o último mês das aulas que eu vinha notando que os meninos do 6º ano da Corvinal vinham me encarando. Na época não associei isso ao fato de ter dormido (não no sentido literal da palavra) com meu namorado há pouco tempo, nem com o fato de que de vez e quando ele sumia por horas sem deixar nenhum rastro e depois reaparecia, bagunçado e com uma desculpa formulada. Nada daquilo me parecia interligado até aquele dia.

Eu me dirigia entre os vagões procurando por ele, já tinha deixado minhas coisas com Dorcas e Marlene, prometendo que me juntaria a elas assim que terminasse as funções de monitora. Quando cheguei onde os corvinais geralmente ficam, senti alguns olhares divididos entre assombro, divertimento e, principalmente, pena.

Parei ao ver uma cabine com todos os amigos de Ashton reunidos. Entrei sorrindo e perguntei:

— Onde está o Ashton?

Eu devia ter descoberto que tinha algo errado só para cara que eles me encararam. Lucian, o mais amigo de Ashton ficou branco, ou melhor, mais branco do que ele já é normalmente, já Mel, que sempre é um amor de pessoa, passou as mãos pelos cabelos negros e fez uma cara de pena. Por ultimo, Malcon, este sorriu divertido, como se alguém tivesse contado uma piada e eu tivesse sido muito panaca para entender.

— Bem, broto. Isso é uma coisa complicada. —  falou sorrindo.

—  Eu não vejo nada de complicado, —  respondi séria, não gostando nenhum pouco daquele sorriso sarcástico. —  Ou você sabe ou não, e se sabe me diz.

Lucian e Mel se entreolharam, nervosos, e falam respectivamente.

— Olha, chapa, nós não sabemos...

— Eu acho que devíamos contar.

— Ele é nosso amigo! — argumenta Lucian.

— Ela é mulher, eu me coloco no lugar dela. — contra argumenta Mel.

Não preciso esperar eles chegarem a um consenso, pois Malcon interrompe a discursão e fala maldosamente:

— Ele está na cabine perto do banheiro, aquela que ninguém nunca quer.

Me virei sem dizer mais nada, com a certeza de que tinha algo errado, algo que Ashton não queria que eu soubesse. Uma parte minha diz que eu devia ter obrigado Mel a me contar tudo, assim eu estaria preparada, só que a parte maior queria correr até lá para não dá chance dele ser avisado. Antes de a porta fechar atrás de mim, ainda pude ouvir Lucian falar indignado:

— Por que você contou a ela?!

Eu praticamente corri no corredor, o que, se você me perguntar, era um péssimo exemplo para as crianças do primeiro ano. Mas eu tinha que saber o que estava rolando, sabe, eu sou curiosa por natureza, mas quando se trata do meu namorado fazendo algo pelas minhas costas eu me torno impossível.

Quando alcancei meu objetivo já estava ofegante e minha franja grudava na testa! Não bati, achei que seria completamente inútil. E também não queria dar chances de alguém esconder algo. Só abri de uma vez. E congelei diante da cena.

Ashton estava sentado só de cueca, em seu colo estava uma loira do 5º ano da Lufa-Lufa. Nua, completamente nua. Os lábios de Ashton tinham acabado de se afastar de seu seio esquerdo, com o susto de terem sidos interrompidos. O rosto da loira ficou vermelho como meus cabelos, ela rapidamente saiu de cima dele e começou a se vestir, passando por mim como um furacão ainda abotoando a blusa.

E eu, que ainda estava congelada, fui puxada de volta ao mundo pela voz do ordinário.

— Lily, amor, eu posso explicar.

— Explicar? — minha voz soou tão calma que eu até me assustei. Em outro momento eu já estaria gritando aos quatro ventos. — você não precisa explicar patavinas! Porque já está tudo muito claro.

E então, a expressão dele mudou. Em um segundo seu roto transparecia culpa e arrependimento, no outro arrogância e cinismo.

— Ora, Lily, o que você pensou? — perguntou revirando os olhos, sua voz estava fria e sem nenhum sinal do amor que ele dizia sentir por mim. — que eu ficaria só com você? Que eu ficaria em abstinência até quando a virgem santa Lily decidisse estar pronta?

Eu fiquei calada, somente o encarando, deixando-o falar todas aquelas coisas asquerosa.

— Você foi um troféu, o babaca Potter te tornou isso, quantos pedidos para sair você passou a receber depois que ele passou a correr atrás de você? Ah, você não imagina como minha popularidade com a ala feminina cresceu depois do nosso namoro. — ele sorriu, sarcasmo pingava em suas palavras sem se importar se estava me ferindo ou não. — Sabe por quê? Porque foi para mim que a menina que negou James Potter deu por pri...

Ele engoliu suas palavras quando minha mão lhe acertou o rosto com toda força que minha fúria me fez produzir. Minha mão ardia como se eu tivesse batido em uma madeira, e eu tinha certeza de que ela devia estar hiper vermelha. Mas a dor valeu totalmente a pena quando Ashton me olhou com olhos arregalados e sangue escorrendo pelo lábio arranhado.

Minha segunda investida não foi um tapa, e sim um soco bem dado como meu pai me ensinou há tantos anos. Na terceira agressão ele segurou meu braço e eu utilizei o outro para lhe dá um soco no estomago. Ele se curvou para frente, soltando um resmungo de dor e eu me afastei.

Não falei nada, minhas palavras eram totalmente inúteis, mas tirei o colar que ele me deu no início do namoro e que eu não tirava desde então e joguei no chão com toda força que reuni.

Jogando meus cabelos quase em sua cara, saí da cabine de nariz em pé. Do lado de fora encontrei os amigos dele. Com um sorriso dei um passo para o lado, deixando-os ver o amigo, com a boca sangrando e apertando a barriga, eles correram para acudi-lo. E eu? Eu saí correndo de lá antes que minha pose de durona se desfase-se e eu começasse a chorar.

Entrei no primeiro vagão que achei sem ninguém, encostei contra a porta e comecei a chorar. Escorreguei para o chão e de lá me arrastei até apoiar meus braços no acento esquerdo, deitando minha cabeça ali e derramando lágrimas pelos próximos minutos, ou horas, não sei dizer.

Só sei que quando a porta da cabine abriu as lágrimas já tinham secado em meu rosto. Me ergui tão rápido que até fiquei tonta. Tendo que me segurar na janela para não cair de novo.

— Sou só eu. — respondeu uma voz bem conhecida.

— Ah, Sirius, não estou com paciência agora. — respondi com a voz embaçada.

Sirius era um maroto, isso por si só já devia me fazer odiá-lo, mas assim como Remus, com o tempo eu passei a acha-lo um garoto bem bacana, crianção como ninguém, mas essa era mais uma característica de sua personalidade do que falta de maturidade.

— Eu sei. — falou se sentando no banco. — já estamos por dentro do que aconteceu.

— Ótimo, agora todo mundo está comentando sobre a corna da Lily — resmunguei.

— Na verdade, — respondeu sorrindo. — tão mais é falando de como o Spinnet ficou sem ar depois do seu soco.

Por mais incrível que parece, eu sorri. Não pela ideia de ter causado dor em Ashton, tá talvez um pouquinho por isso também, mas a maior parte do motivo é que simplesmente não tem como ficar sem sorrir quando se tem Sirius Black por perto.

— Ok, o que você quer aqui?

— Marlene e Dorcas estão loucas atrás de você. — respondeu, dando de ombros. — então fui recrutado para te encontrar. Claro, aquelas duas nunca imaginariam que você estaria na ala dos sonserinos.

Ele passou as mãos nos cabelos, desfazendo os cachos negros, mas o miserável continuou bonito. Com esses olhos cinzas e a pele clara. Não é à toa que quase toda a população feminina e ate masculina, tem ou teve uma queda por ele.

— Então por que não as chamou?

— Por que você não as procurou? — perguntou de volta. — não acho que você quer conversar sobre isso, por isso estou aqui.

— E no que você iria ajudar? — perguntei arqueando uma sobrancelha.

— Bem, ruiva eu não entendo de sentimentos femininos, nem de consolar, nem de nada do tipo. — ele começou. — mas eu entendo de distrações. Afinal são quantos anos inventando histórias e desculpas mirabolantes para fugir de detenções?

E eu ri, de novo. Por que era verdade. Eu não queria falar do assunto, simplesmente por que isso o tornaria mais real e doloroso, e por isso não fui atrás das meninas, por que ela iriam me fazer falar. E também, por que se existe alguém capaz de me fazer esquecer de algo como isso, esse alguém é Sirius.

E então, passamos as duas últimas horas de viagem falando besteiras, ele saiu e comprou todo doce que podia carregar e me contou histórias dos marotos enquanto comíamos tanto que provavelmente não iriamos comer no jantar de boas-vindas.

E depois, quando chegamos a Hogwarts, ele ignorou seus amigos e sentou comigo e as meninas, fazendo o favor de desviar o assunto toda vez que elas tocavam em algo que escutaram no trem, até que elas desistiram de tentar uma conversa séria. Afinal, eu estava sorrindo e isso era tudo que eles poderiam querer, considerando que nunca gostaram tanto assim de Spinnet.

É, talvez, só talvez, Sirius não seja nem de longe tão ruim como eu o imaginava.

X-X

O dia seguinte foi mais difícil, a vergonha bateu forte e eu não queria encarar as fofocas e cochichos. Por isso passei a primeira semana na minha cama no dormitório privado. Faltei à primeira reunião de monitores alegando que estava doente e pedindo ao monitor-chefe, que eu ainda não sabia quem era, para assumir as responsabilidades prometendo que iria compensar depois. Faltei aulas e acumulei deveres de monitoria e tarefas escolares, indo na enfermaria e jogando fora as poções que ela me entregava.

Isso fazia eu me sentir culpada à beça, afinal meus amigos de casa perguntavam de mim, até mesmo a Professora Minerva mandou seu desejo de melhoras através de Dorcas. E era tudo uma grande mentira, eu estava completamente bem, ou o melhor possível que se pode estar quando o cara que você ama te trai. Mas Lily Evans era certinha demais para mentir assim, ou pelo menos era isso que todo mundo achava.

Então eu fiquei na cama, choramingando e comento doce com a certeza de que provavelmente já tinha engordado uns cinco quilos. Até que, finalmente, Marlene surtou.

— Já chega! — gritou entrando no meu quarto com um estrondo. — Você tem que parar de sofrer assim, Lily! Só essa sema ele foi visto com três meninas diferentes, está lá todo serelepe! Por Merlin, ruiva, você não é dramática desse jeito. A minha amiga teria saído dessa de nariz erguido! E não ficaria se escondendo toda borocoxô e chorosa.

— Eu estou tentando, Lene. — respondi com minha voz baixa e arrastada de quem ficou muito tempo sem falar. — mas não quero encarar os corredores enquanto todo mundo cochicha o quanto eu fui idiota.

Marlene sorriu, como se finalmente entendesse qual era o problema.

— Deixe de grilo, Lily. Ninguém está falando de você. — respondeu a morena com a voz cala e serena de quem tenta acalmar uma criança demonstrando a forma abrupta como ela muda de humor, se sentou ao meu lado, me puxando para seu colo e acariciando meus cabelos ruivos. — Se você saísse do seu confinamento, saberia que Sirius arrumou um jeito de abafar mais do que você.

Agradeci mentalmente ao Sirius, e fiz uma nota mental de livra-lo na próxima detenção em forma de agradecimento.

— O que ele aprontou?

— Ah, nada de mais, na verdade. — Marlene fez suspense, e então deu um sorrisinho cínico. — Só assumiu um namoro sério pela primeira vez na vida. As apostas estão altas para saber quanto tempo isso vai durar.

Arregalei os olhos o máximo que pude. Afinal estávamos mesmo falando de Sirius? Ele assumiria um namoro só por causa de mim? Mas Sirius Black não namora.

Antes de eu poder fazer qualquer pergunta. Lene ergueu a mão me impedindo.

— Não vou falar nada. Você tem reunião de monitoria em uma hora, e como chefe tem que estar lá meia hora antes, o que te deixa com só trinta minutos para se arrumar. — ela me largou sem nenhuma delicadeza e se dirigiu para a porta. — quando a reunião terminar, passe no dormitório, aí sim, eu te conto tudo que aconteceu.

Acho que nunca vou tomar um banho tão rápido como naquele dia, tive que usar magia para deixar minhas vestes apresentáveis, já que elas estavam jogadas no chão desde o dia anterior. Depois de pronta, corri para a sala de monitores enquanto tentava deixar meus cabelos presos em um rabo de cavalo. Eu já estava cinco minutos atrasada, mas só o monitor chefe estaria lá a essa hora, assim talvez não fosse tão embaraçador, a não ser que ele fosse um sonserino.

Entrei na sala como um furacão, e em seguida paralisei ainda com mão na maçaneta. James Potter estava sentado na ponta da mesa, olhando confuso para um papel.

— O que você está fazendo aqui? — minha pergunta se tornou ridícula, assim que ele se ergueu da cadeira. O distintivo de monitor chefe brilhou em seu peito, bem acima do distintivo de capitão do time de Quadribol.

— Uou, ainda bem que você veio hoje, ruiva, achei que ia me deixar sozinho nessa loucura de novo. — ele falou, mas não em um tom que indicasse que estava com raiva ou me criticando por ter sido irresponsável, na verdade, ele tinha um sorriso cínico nos lábios rosados. — Venha me ajudar com isso, pois, realmente, eu estou completamente perdido aqui.

Ele parecia realmente feliz em me vê, só então notei que não tinha topado com ele durante a semana de meu estado vegetativo auto imposto. Conviver com Potter tinha se tornado bem mais tolerável depois que comecei a namorar, ele me deu um pouco mais de espaço, só fazendo piadas ocasionalmente sobre meu péssimo gosto para meninos, depois de tudo, eu tinha que dar o braço a torcer: ele tinha razão. De qual quer forma, ele me esqueceu em algum momento dos últimos meses do 6º ano, mas também... com tudo que aconteceu com ele.

Céus! O monitor chefe era James Potter, o Potter! O cara que provavelmente tem algum tipo de recorde de detenções ou perdas de ponto. Ok, tudo bem ele não é mais assim tãããão ruim como era no nosso quinto ano, mas ele ainda era o principal encrenqueiro da escola, ainda fazia brincadeiras idiotas e já era capitão do time de Quadribol da Grifinoria. Era coisa demais para um adolescente, mesmo que esse adolescente fosse o poderoso James Potter.

Andei lentamente ate ele, ainda me recuperando do choque de vê-lo com aquele distintivo. Os papéis eram coisas simples, que ele saberia se tivesse sido orientado, mas aí, era eu que devia fazer isso... Expliquei o que ele tinha que fazer e logo ele pegou o jeito, me ajudando a acabar com a pilha sobre a mesa rapidamente.

Eu queria fazer perguntas, queria saber como ele parou ali, ou o que Dumbledore tinha na cabeça, entretanto, no momento seguinte a porta se abriu e entrou os monitores da lufa-lufa. Me sentei ao lado de Potter na cabeceira da mesa e, depois de todos reunidos, começamos a reunião.

Não foi algo rápido, Potter não soube o que fazer a primeira reunião e justamente por isso essa segunda precisou ser marcada, ao invés de só ser no mês seguinte. Embora ele tenha me contado que Remus ajudou como pode, eles não tinham conseguido organizar todos os horários, nem atualizar as tabelas de pontos por infração, apenas conseguiram explicar aos novos monitores como tudo funcionava. Remus, aliás, não perdeu o posto de monitor, só não foi promovido.

A reunião foi cercada de brigas sobre quem ficará com os piores horários de ronda. Potter ganhou uns pontos comigo em cada vez em que cortou Spinnet bruscamente. No fim, suspirei aliviada quando ficou só eu e Potter assinando os últimos papéis para ir embora.

— Eu te acompanharia até a torre, ruiva, mas preciso ir marcar os treinos de Quadribol.

— Oh, está tudo bem — respondi sorrindo. — eu tenho mesmo que ir encontrar Marlene e Dorcas.

— Bem, procure por Dorcas, — falou Potter com um sorriso maroto. — Marlene deve estar em algum lugar escuro com Sirius.

Eu subitamente me senti feliz, afinal durante as duas horas de reunião minha mente vivia pensando em como Lene estava com a historia de Sirius estar namorando, mesmo que aqueles dois fiquem se enrolando há quase um ano, eu sabia que pelo menos Lene gostava dele de verdade. Era bacana saber que de todo o meu sofrimento resultou em algo bom.

X-X

Diferente do que Potter achava, Marlene não estava com Sirius. Tanto ela quanto Dorcas me esperavam no dormitório feminino do 7º ano. Assim que entrei, notei que minha antiga cama não estava mais ali, então me restou somente me jogar na cama de Marlene, empurrando-a para o lado com uma delicadeza que a fez me xingar. A encarei com meu melhor olhar assustador.

— Conte-me tudo! — ela riu, mas começou a contar com ajuda de Dorcas.

Basicamente, as pessoas não paravam de falar de mim e isso piorou quando, em apenas três dias, Spinnet apareceu com uma nova namorada. Toda a escola sabia do relacionamento inominável de Lene com Sirius, isso porque já fazia um tempo que ele não saía com outras pessoas, entretanto, sempre que perguntavam algo, eles afirmavam que não tinham nada sério. E então Sirius teve a ideia: já que eles praticamente já tinham um relacionamento, pra que não assumir? Deram algo para os fofoqueiros falar, o povo me esqueceu, até porque um babado sobre os Marotos é sempre melhor.

— E foi isso. — finalizou Lene. — estamos muito bem até agora, mesmo que as apostas sobre o tempo que isso vai durar nos irrite as vezes.

Eu ri, coisa que não tinha feito muito na ultima semana. A risada que saiu soou estranha e áspera, como algo que não devia estar ali. Mas Lene e Dorcas trocaram um olhar de alívio, como se estivessem rezando por isso acontecer.

— Ok, agora me contem sobre o meu outro surto do dia. — falei enquanto apoiava minhas pernas na parede. — Como o Potter acabou carregando um distintivo no peito?

As duas riram.

— Nós esperávamos um surtinho maior, — comentou Dorcas que tinha a cabeça pendurada para fora da cama, fazendo seu rosto ficar vermelho, de acordo com ela isso faz o cabelo crescer mais rápido, não sei se é verdade, mas com ela funciona. — Parece que a primeira opção era Remus, mas por algum motivo ele recusou.

Bem, eu sei o motivo, sei desde o quarto ano, depois de tanto Snape falar sobre eles, comecei a observar mais. Tenho um instinto curioso, então um dia os segui, não precisei chegar até aonde quer que eles fossem, escutei a conversa “Vamos, a lua já vai aparecer”, “E o Aluado anda mais agressivo”. Ficou tudo muito claro, voltei ao meu dormitório com duas certezas. Primeira: Remus Lupin é um lobisomem. Segunda: eu faria tudo para isso nunca ser descoberto.

— Bem, dizem que James foi forçado a aceitar. — Falou Dorcas. — aparentemente, a Sra. Potter acha que ser monitor chefe é uma grande honra que não pode ser recusada.

— Sirius me contou que ela o fez escolher entre ser monitor e capitão, ou não ser nenhum dos dois. — comentou Lene, ela mexia no meu cabelo, as vezes bagunçando, as vezes arrumado. — não é preciso conhecê-lo muito para saber que ele nunca abriria mão do time.

A conversa fluiu para outros lados. Enquanto elas me atualizavam sobre as novidades da escola eu, finalmente, contei o que exatamente aconteceu no trem, e agradeci por terem me dado esse tempo. E então Lene contou que só me deixou quieta porque Sirius ameaçou passar super cola no cabelo dela caso ela tentasse.

— Então, sabe, eu agradeceria se você não contasse que eu fui lá hoje. — falou, me fazendo rir.

Já passava das onze quando eu fui para meu quarto. Não tinha focado nele, então, antes de tudo, parei para absorver os detalhes. O dormitório ficava no quarto andar, perto da sala de reuniões e do banheiro dos monitores, uma porta levava a uma espécie de sala comunal pessoal, e em cantos opostos tinha cada duas portas. Meu quarto era o da direita, o outro pertencia a Potter, me perguntei como não me encontrei com Potter sendo que ele dorme do meu lado, praticamente. Mas, de qualquer forma, eu mal saí do quarto.

O quarto tinha paredes vermelhas, elas ainda não tinham nenhum traço da minha personalidade, pois não tive nenhuma vontade de pregar fotos ou postes de banda. A cama era de casal, com cobertas douradas e um travesseiro macio, não havia cortinas como no dormitório, até por que aqui eu já tinha o quarto todo para ter privacidade. Havia uma cômoda com varias gavetas onde minhas roupas estavam arrumadas, em cima tinha minhas maquiagens, perfumes, cremes e coisas para cabelo, e isso era uma grande coleção.

Tirei o uniforme e coloquei uma blusa grande para dormir, e então deixei minha mente vagar pelos acontecimentos do dia, enquanto espero o sono chegar. Me prendendo em um especificamente. Nunca imaginei James Potter como um monitor, muito menos como monitor chefe. Claro ele não era mais o mesmo de anos atrás, ele tinha mudado muito depois do que aconteceu no ano passado.

Estava faltando uns cinco meses para terminarmos o 6º ano. E estando tão perto de irmos viver no mundo fora da segurança dos muros do castelo, nos deixaram a par de tudo que estava acontecendo. Sabíamos que tinha uma guerra perto de eclodir e que há pelo menos três anos os Aurores vinham tendo mais problemas para resolver. Charlus Potter era um desses aurores e, naquele dia, ele não sobreviveu.

Lembro de quando Potter recebeu a carta sobre a morte do pai, lembro de Sirius quando Potter passou a carta para ele. Aconteceu durante o momento de mais agitação do café da manhã, com uma grande plateia querendo saber o motivo do súbito silêncio na mesa. James paralisou e ficou assim pelos próximos vinte minutos, já Sirius encarava o prato enquanto lágrimas escorriam pela sua face silenciosamente.

Foram dias de uma calmaria no castelo. Os Marotos estavam em luto e todos os que gostavam deles entraram em luto também. Foram semanas em que Potter e Sirius não ingeriram nenhum alimento, faltavam às aulas e vagavam pelos corredores depois do horário de recolher. Sirius tinha Lene para confortá-lo, já Potter tinha uma garrafa de Whisky.

Conversamos muito naquela época, sempre que eu o encontrava costumava encobrir suas fugas e até convenci outros monitores a deixa-lo em paz, afinal era um momento difícil para ele. Passamos horas sentadas num corredor escuro, ouvindo a voz um do outro, tinha dias que ele falava do pai, em outros falava de qualquer outra coisa.

Mas o luto passou, a calmaria também, eles voltaram ao normal, riam, brincavam. Mas Potter e Sirius não voltaram totalmente ao que eram antes. A morte do senhor Potter os forçou a amadurecer. Minha relação com Potter não voltou ao que era antes, mas também não se tornou mais próxima, o momento que ele precisou de mim passou, não o encontrei mais bêbado pelos corredores. E embora eu estivesse feliz por ele estar melhor, sentir falta daquelas conversas.


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Notas finais do capítulo

Então gente, essa fic é tipo um desafio para mim, pois essa narrativa de outra década e ainda por cima feita por uma adolescente histérica não minha zona de conforto. Para piorar (ou melhorar) decidir outra coisa: vocês poderão dar palpites de coisas a acontecer durante a gravidez. Tipo: muito ou pouco enjoo, apetite, etc. Isso não mudara em nada o enredo da fic, é só detalhes que darão a realidade e que eu já havia começado a planejar. quem quiser pode mandar por comentario ou mp.
Bem é isso, amorecos, beijos e ate a proxima.

[Capitulo editado em 11/07/2020] Talvez vocês notem que esse capitulo tá beeeem maior que antes. Isso porque coloquei basicamente todo o cap 2 pra cá, pois ao meu ver, a Lily responsável que construir não iria negligenciar as suas obrigações por um mês por causa de um chifre.



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