Pequeno Potter escrita por Nena Machado


Capítulo 14
13: James Potter


Notas iniciais do capítulo

EU AINDA ESTOU VIVAAAAA
Oi, meus amores (se é que ainda tem alguem ai), depois de longos dois anos estou aqui postando mais um capitulo. primeiramente quero agradecer todas as mensagens que recebi de vocês. Frequentemente eu lia elas pra me lembrar que ainda precisava voltar a escrever, também quero agradecer a maravilhosa Memorians Pimentel, que escreveu uma recomendação linda mesmo quando a fanfic já tinha mais de um ano sem atualização, muito obrigada amor, serio.
Segundamente: Quero avisar que estou muito melhor, fiz terapia por um tempo, faz alguns meses que não tenho nenhum ataque de ansiedade, nem de choro, nem de panico. Considero que estou muito bem, embora não esteja "curada". Mas vou seguindo.

Vou fazer o possível para trazer um novo capitulo o mais rápido que eu puder. E espero mesmo que vocês gostem desse.



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Minha primeira missão depois de entrar para o curso de auror é pessoal e dada por mim mesmo. Durante toda a primeira semana do curso, foquei em estudar e pesquisar tudo o que existia sobre os feitiços mais poderosos de proteção.

É impressionante tudo o que não nos ensinam em Hogwarts, um mundo inteiro de feitiços e encantamentos para as mais diversas coisas. Mas faz sentido, de diversas formas. Imagine, para começar, o que poderia acontecer que todas essas informações escapassem do Ministério, além do mais é impossível uma pessoa saber todos os feitiços, de todas as áreas, especificar o estudo depois de Hogwarts é logico.

De qualquer forma, sempre que saio do curso, procuro visitar Lily, saber como ela está, se precisa de algo... Estamos na reta final da gravidez e ela merece toda atenção que eu puder dar. Porem hoje faço um caminho diferente, pego o metro (para evitar o risco de ser visto aparatando em uma comunidade trouxa) e sigo até a casa que só visitei uma única vez. A casa da família Evans.

Está exatamente como me lembro, mas não perco tempo observando-a. É perigoso eu ficar aqui, nunca se sabe quem pode estar nos seguindo. Tem três feitiços que quero colocar aqui, feitiços que deixarão a família de Lily segura. Ontem fui até a casa da irmã dela, que está com a barriga maior do que a da própria Lily, e lancei esses mesmos feitiços.

Os dois primeiros são fáceis, protegem principalmente a casa, uma espécie de camuflagem para aqueles que possui interesse em fazer algum mal, simples e eficaz. O terceiro é o cansativo, exige um fluxo continuo de magia por trinta minutos, ele protege não só a casa, mas os moradores dela, uma proteção que os seguem aonde forem.

Isso me deixa exausto, cansado ao ponto de querer deitar no meio da rua e tirar um cochilo. Mas não posso fazer isso, então me preparo para voltar ao metrô e é quando eu vejo.

O movimento na janela é mínimo, mas andei treinando para notar esses pequenos detalhes. Eu nunca soube exatamente o que Lily falou com a irmã, nem como tudo foi resolvido, ela não fez a mínima menção sobre o assunto, e eu não achei certo me intrometer. Mesmo assim, reconheço o Sr. Evans. Ele puxa a cortina para o lado e me olha, e eu sei que ele também me reconhece.

Acho que ele sabe o que eu estou fazendo. Principalmente tendo em vista que sua própria filha, no dia seguinte a completar os 17 anos, esteve parada exatamente onde estou para lançar feitiços parecidos com os que eu lancei essa noite.

Me pergunto o que ela sabe sobre a guerra, se Lily explicou algo naqueles meses anteriores, se ensinou a descobrir pistas de ataques bruxos no jornal trouxa. Eu não tive oportunidade de conhecer a família de Lily, e não sei quando nosso filho terá essa oportunidade, mas espero que um dia possamos sentar juntos para jantarmos e conversar sobre tudo o que passamos nesses tempos sombrios.

Por enquanto, o Sr. Evans sorri para mim. E eu sorrio de volta.

X-X

Durante os dias seguintes coloco todas as minhas forças na sala de treinamento, fico até sem visitar Lily. Como passei a primeira semana focado em feitiços de proteção, foquei em duelo nessa segunda. Richard Smith era meu instrutor, ele era apenas 3 anos mais velho que eu, a ponto de eu lembrar dele em Hogwarts, capitão do time de Quadribol da Lufa-Lufa.

Ele nos separa em duplas, fico com Marlon Dubois um jovem francês que veio para cá em busca de lutar pelo bem, pela segurança da família. Ele tem minha idade, está esperando o treino acabar para se casar com a noiva, sonha em ter vários filhos e sempre me pergunta como esta minha “namorada”. Ele ignorou todas as vezes que eu expliquei que Lily e eu não tínhamos um relacionamento, de forma que agora eu apenas respondo que ela está bem, e o bebê também.

Ele é bom em duelo, muito bom. Mas eu andei treinando exaustivamente, e acabo por conseguir lançar um expelliarmus bem-sucedido, que joga sua varinha para quase dez metros de nós, em seguida executo um Accio e ela voa para minha mão. Aponto minha varinha de volta para ele, que ergue as mãos em sinal de rendição, sorrindo sem ressentimentos e ate divertido.

— Se isso fosse uma batalha de verdade, Dubois, você estaria morto, na melhor das hipóteses — escutamos a voz alta de Olho Tonto. — Na pior, você seria capturado, torturado e interrogado, e então teríamos que fazer uma difícil escolha, te deixar morrer e possivelmente contar tudo o que sabe no processo, ou fazer uma missão de resgate onde provavelmente perderíamos mais homens.

Ele manca até nos, recentemente, Olho Tonto perdeu a perna e um olho durante um combate, por isso foi tirado de campo, pelo menos até se recuperar. Enquanto isso está nos auxiliando no treinamento. É ótimo ter instrução de alguém que tem muita experiência nessa guerra, mas ele é sem duvida o professor mais rígido e assustador que já tive, ele faz a Prof. McGonall parecer uma vovó que dá biscoitos.

— Parabéns, Potter, foi um excelente trabalho. — ele dá um tapa no meu ombro e passa reto por mim. — Você me lembra ao seu pai.

É estranho como todos falam isso aqui, com um tom de nostalgia, saudades. Tudo o que eu faço os lembra do homem que há alguns anos deu a vida para defende-los, desde a forma de eu segurar a varinha, até a forma como enrugo a testa quando estou concentrado. Isso, logico, não é novidade para mim, trabalhei muito quando criança para agir igualzinho ao meu pai. Mas aqui é diferente, não sei exatamente por que, mas é.

X-X

Depois que Lily e as meninas se mudaram para o novo apartamento, eu consigo manter muito mais contato com Lily. Antes eu me limitei a uma visita por semana, no domingo, quando eu saio mais cedo do treino. Agora posso dá uma passada rápida no apartamento delas para saber se ela sentiu algo todo dia, e levar apenas dois minutos para voltar para meu próprio apartamento. Isso é muito importante para mim, daqui a dois dias ela completa 38 semanas, e ai temos que ficar atentos para os sinais do parto, quero estar presente nesse momento.

Hoje é a entrevista dela na sessão de Poções, ainda não entendo muito bem com o que ela vai trabalhar, nem como vai conciliar isso com o bebe, mas sei que é o sonho dela, então vou fazer o possível para ajudá-la.

Olho para o relógio, que marca 16:30, Lily deve estar saindo da sua reunião com uma resposta definitiva se foi aceita ou não. Mais meia hora e eu vou encontra-la para comemorarmos, ou consola-la se for o caso, mas acredito que não. Lily é uma aluna exemplar de mais e Horácio estava pessoalmente envolvido com o caso dela.

Estou terminando de ler um arquivo sobre um ataque de 1780 quando a sirene toca. Eu e Marlon nos entreolhamos nervosos.

A sirene só toca quando está ocorrendo um ataque, é o ponto de fazer uma missão rápida. Para a sirene tocar, já passou por várias etapas: a denúncia, a apuração, um planejamento de intervenção. Todos somos orientados a ir imediatamente para a sala de reuniões, receber suas funções. Desde que entrei, nenhum recruta estudante foi convocado para ir em combate.

— O ataque é na residência dos Lewis, é uma família com vários membros pertencentes ao alto escalão do ministério da Magia. A denúncia foi realizada por Margaret Lewis, uma criança de apenas 7 anos que se escondeu quando os “homens mascarados” invadiram a casa. — Olho-Tonto informa tudo de maneira rápida, enquanto outros aurores correm de um lado para o outro. — Aparentemente o ataque é para tentar conseguir informações de Natan Lewis, chefe da seção de registro familiar de nascidos trouxas. Nossa missão é defender essa família. De acordo com a menina, tem cerca de 10 Comensais da Morte, e 13 Lewis, sendo que cinco são crianças de 2 a 10 anos.

“Vamos: Eu, Jason Ezra, Katherine Grace, Richard Smith, George Allen, Anne Harris, John Andrews” ele continua falando nomes, totalizando 18 pessoas “Dessa vez vamos levar dois recrutas, James Potter e Marlon Dubois, para que vocês possam ter uma experiência pratica. Se preparem, saímos em cinco minutos.”

X-X

Há um uniforme especifico de duelo, ele ajuda a nos proteger de batidas, mas infelizmente não é nada eficaz contra feitiços. Mesmo assim eu e Marlon o colocamos em silencio no vestiário dos recrutas, levamos menos de três minutos para estarmos prontos, e seguimos até o armário de vassouras. Iremos voando, pois a família tinha restrição contra paratação na casa.

Passo todos os três minutos pensando na família de Lily, ela finalmente criou coragem para entrar com pedido para apagarem os seus dados familiares, porém ainda não recebeu nenhuma resposta quanto a isso, a questão costuma levar pelo menos dois meses. Se a missão dos Comensais da Morte for bem-sucedida essa noite, não apenas os Evans, mas muitos trouxas estarão em perigo.

A viagem leva apenas 10 minutos, tempo no qual mando um patrono para Sirius encontrar com a Lily. Passamos o tempo tenso, preocupados, cada minuto pode ser a vida de alguém. Mesmo assim não adianta ficarmos ansiosos, pois o foco é fazer um resgate bem-sucedido, caso contrário, os Comensais podem se antecipar e matar todo mundo.

No caminho, Olho Tonto explica o plano. Cinco aurores (entre eles Marlon e as únicas duas mulheres que nos acompanha) ficaram do lado de fora, como um reforço e preparados para interceptar qualquer um que passe, escuto de leve o resmungo de uma moça de cabelos curtos sobre sempre deixarem as mulheres de fora da ação.

A segunda equipe de oito tem a função de atacar e duelar com os comensais, mande-los ocupados para a terceira equipe (onde eu estou), entrar e retirar as vítimas. O primeiro foco são as crianças e as mãe, mas o plano é tirar todos de lá com vida e, de preferência, levar presos os Comensais.

Pousamos a cerca de 100 metros da casa, apenas começou a anoitecer e ainda não temos a escuridão como aliada, por sorte, ela é rodeada por um enorme jardim, o que provavelmente nos ajudara a alcança-la sem sermos vistos. As equipes se dividem, os primeiros a irem é a equipe dois, eles atacarão e tentarão distrair os Comensais da Morte, nós temos que esperar, agachados atrás de uma cerca viva de um plana que tenta pegar nossos cabelos, cinco minutos para poder segui-los.

São os cinco minutos mais longos da minha vida, tanto que só noto que que balanço minha perna nervosamente quando Olho Tonto se senta ao meu lado.

— Esses momentos antes é o mais difícil, não é filho? — Ele comenta, como se eu tivesse mais experiência com esse momento do que essa única. — Odeio não está lá lutando junto, nunca gostei de mandar crianças recém-saídas da escola para batalhas, mas é tempos difíceis, ninguém sabe quanto tempo mais ficaremos vivos, ou quando vocês precisarão assumir tudo isso. Lá dentro, fique esperto, sua função é tirar as crianças, elas são mais complicadas, estão assustadas, nervosas, tente deixar o braço da varinha livre, nunca solte a varinha, mas lembre-se que essa não é sua única arma. E acima de tudo, não feche os olhos, nunca, já vi gente mais experiente que você morrer por conta desse reflexo.

— Tudo bem, obrigada. — respondo tentando respirar fundo.

— Está na hora, seu pai estaria orgulhoso de você. — sinto meu peito aquecer com isso, e quase, quase, consigo ignorar a segunda parte da frase — mesmo que quase morrendo de preocupação.

X-X

Me arrasto pelo meio das plantas, tentando ao máximo não ser visto. Mesmo quando o som do duelo nos alcança, continuamos a usar o jardim para evitar ser atingidos por feitiços que os comensais lançam aleatoriamente pelas janelas do segundo andar. Já estou perto o suficiente para ver a porta da frente, arrombada por algum feitiço.

É aqui que cometo o primeiro erro, eu deveria parar na porta, verificar se era seguro e depois entrar. Entretanto eu entro direto, isso resulta em ser recebido por uma luz ofuscante, não sei que feitiço é, mas consigo me defender, não tenho tempo de atacar, outro auror se responsabiliza por isso. Então apenas tento correr para as escadas.

As crianças estão trancadas em um quarto diferente, de acordo com a menina, eles foram separados das mães. Quando chego lá noto que já tem alguém, primeiramente imagino se não é um comensal, e quase jogo um feitiço, mas depois reconheço Frank Longbottom, ele é alguns anos mais velho, e por esta envolvido com uma investigação pouco o vejo.

— Aqui, não podemos levar todas juntas, mas não posso deixa-las sem proteção. — ele me diz apreçado, vejo que ele tem um corte na testa e me lembro que ele estava na equipe de ataque. — você consegue levar dois juntos?

— Creio que sim.

— Você não pode crer — ele repreende com uma careta. — ou consegue ou não. Quer saber, leve uma apenas, não vou arriscar.

Fico em silencio, enquanto ele me entrega uma criança de aproximadamente 2 anos.

— Leve no colo, a proteja com sua vida, pense que essa criança é seu filho!

Sinto um calafrio no estomago, em pouco tempo terei um bebê, um bebê mestiço, filho de uma nascida trouxa talentosíssima com um traidor do sangue treinando para ser auror. a verdade é que há uma boa chance de um dia ser o Pequeno Potter sendo resgatado de um ataque. Algo explode no andar de baixo, e outro auror chega correndo, com esse Logbottom nem pergunta, apenas entrega duas crianças.

— Está esperando o que, Potter? Corre — ele briga comigo de novo.

Me viro e corro, descer as escadas é o mais preocupante, por que estaremos sem visão. Por isso desço abaixado, a sala está um caos, de alguma forma tem mais aurores no chão do que comensais, eles estão nos superando em número. Quero lutar, ajudar, mas não posso, a menina no meu colo chora e cada vez parece ficar mais pesada.

Passo por trás do sofá, tentando fugir da luta na sala, entretanto vejo uma movimentação a minha esquerda, viro o rosto a tempo de ver uma luz azul sair da varinha de um opositor. É aqui que cometo meu segundo erro, o que há poucos minutos Olho Tonto me orientou. Ao invés de conjurar um feitiço protetor, ou pelo menos me jogar no chão, eu fecho os olhos.

Reconheço meu erro em meio segundo e os obro novamente, mas já não tenho tempo de fazer nada. Entretanto vejo o feitiço se apagar até sumir e ele não me atinge, em seguida o bruxo cai no chão e posso ver quem me salvou. A moça atrás é baixa e de cabelos curtos, a que reclamou por ficar esperando e lembro que já a vi com Logbottom, sua namorada, ou noiva, não sei bem. De qualquer forma, ela era para esta lá fora, com a terceira equipe, se ela está aqui, é por que eles vieram de reforço.

Esta muito barulho, mas vejo sua boca mover os lábios formando um “vá”, e com isso volto a correr. O caminho até onde os outros estão parece mais longo, porem corro o mais rápido possível. Tem apenas três aurores lá além das vítimas, 3 crianças e 5 adultos. Falta duas crianças e três adultos.

Enquanto corro de volta para casa vejo dois autores passando carregando um homem desacordado com um feitiço.

Noto que a luta acabou assim que chego, o silencio reina, ao entrar noto os aurores reunidos na sala, no canto, cinco comensais da morte estão desacordados, os braços junto ao corpo demonstrando que estão firmemente presos.

— Eram apenas 10, como é possível que 20 aurores não tenham dado conta disso? — pergunta nervoso um homem alto de cabelos brancos.

Frank vem em minha direção.

— Potter, ainda tem duas crianças desaparecidas, provavelmente elas estão escondidas em alguma parte da casa, vá procura-las, por favor. — sua voz é totalmente diferente da anterior, está calmo e sem urgência.

Concordo com a cabeça e subo as escadas e tempo de ouvir o homem velho dizer:

— Qual é o problema desse batalhão?

Vou primeiramente ao quarto onde elas estavam antes, procuro embaixo da cama, no guarda-roupas e embaixo na mesa de estudos, elas não estão aqui. Saio para o corredor, tem uma porta a direita, abro e noto ser um banheiro. Olho a banheira, o armário é pequeno, mas decido olha-lo mesmo assim.

E é ali que as encontro, são duas meninas, uma de uns 4 anos e outra de uns 6. Elas se encolhem ao me ver.

— Calma, está tudo bem, estou aqui para ajudar você, venham, está tudo seguro.

A menina maior parece desconfiada, mas convenço elas a saírem, carrego a menor no colo e seguro a mão da outra.

As coisas no andar de baixo estão mais calmas, o homem de cabelo branco não estar mais ali. Há apenas dois aurores, Olho Tonto e Longbottom.

— Achei elas, estavam no banheiro. — anuncio.

Vejo o movimento com o canto do olho, algo a minha esquerda, ao me virar vejo um homem mascarado, ele joga algum feitiço verde, dessa vez não fecho os olhos. Jogo meu corpo para o chão, empurrando a menina maior para trás, minha varinha ainda está na mão que segura a garota menor, e no chão posso solta-la. Assim que lanço o feitiço, noto que Olho Tonto e Longbottom fazem o mesmo, a força do feitiço triplo é forte o suficiente para fazê-lo atravessar o armário embaixo da escada onde ele estava escondido.

As crianças gritam e começam a chorar, mas já acabou tudo.

X-X

No quartel, eu e Marlon trocamos de roupas em silencio. Somos os únicos no vestiário, visto que os outros foram montar seus relatórios imediatamente, não mandaram a gente montar os nossos, creio que pelo simples motivo que imaginarem que estamos em choque. E nos estamos, e não só isso, também estamos cansados, fisicamente e mentalmente.

Marlon tem um leve corte no braço esquerdo, mas tirando isso está bem. Já eu, apenas sinto como se toda a adrenalina que a poucos minutos me fazia tremer, tivesse deixado meu corpo totalmente dormente e dolorido.

Depois que visto minhas roupas, pego minha bolsa e me encaminho para a saída, vejo que são quase 23:00, mas sei que Lily ainda deve esta acordada me esperando, querendo ter certeza que cheguei bem.

— Tchau, Marlon. — digo com a voz baixa.

— Tchau — responde, sem nenhum entusiasmo e levemente sombrio.

Estou quase no elevador quando escuto alguém correndo, ao me virar me deparo com Logbottom a poucos metros de onde estou.

— Potter! — ele grita, me alcançando. — Graças a Merlin lhe alcancei. Tem várias mensagens de patrono para você, de seus amigos. Sua esposa entrou em trabalho de parto, ela já estar no St. Mungos. Você precisa ir para lá.

E de repente meu coração acelera, começa a ficar difícil respirar. Eu entendi certo? Lily está tendo o bebe? O corredor começa a ficar escuro, desfocado. Não consigo respirar, não consigo pensar. Sinto minha bochecha molhada, quando levanto a mão noto que não consigo tocar meu rosto.

— Calma, James, calma. — escuto ao longe.

Não sei onde estou, só consigo sentir meu coração, ele bate tão forte que o sinto nas pontas dos pés. Foco na respiração, tem algo importante acontecendo, algo que preciso fazer. Parece que estou a minutos assim, sem saber de nada, só escuto a voz.

— Respire, vai ficar tudo bem, respire.

Aos poucos, minha visão clareia, está tudo embaçado, mas logo noto que em algum momento eu tirei os óculos. Estou sentado no corredor, não sei como sentei, mas estou encostado na parede. Logbottom está de joelhos no meu lado.

— Está melhor? — ele pergunta, minha respiração ainda está voltando ao normal, sinto minha garganta seca e o rosto molhado. Eu estava chorando? — acho que você teve um ataque de pânico.

— Merlin — digo e noto minha voz rouca.

— Tudo bem, eu não conto para ninguém, — ele me entrega os óculos, ao colocá-lo vejo o risco, a lente direita rajou, o que me diz que eu devo ter jogado os óculos no chão. — se serve, no seu lugar eu também entraria em pânico. Mas acho que agora você vai querer ir ver o nascimento do seu filho.

Ele estava certo, me levantei com sua ajuda e segui para o elevador. Quando ele abre, Logbottom entra junto comigo.

— Vou com você, me certificar que chegue lá acordado. — ele explica sorrindo diante da minha confusão

Decido não me preocupar com isso, ele vai para onde ele quiser, eu só preciso chegar no hospital a tempo de ver o Pequeno Potter nascer.

X-X

Não foi difícil achar informações sobre Lily. Assim que chego no St. Mungos, Marlene apareceu como por invocação.

— James, graças a Merlin. — ela nem olhou na direção de Logbottom antes de me arrastar até uma sala. — Vista isso, vou avisar Sirius para ele sair da sala e você entrar, Lily quer você lá com ela.

Estou levemente sem ar, e por um segundo fico com medo de esta tendo outro ataque, mas dessa vez eu seguro a onda. Troco de roupas e encontro Lene fora da sala, Logbottom não esta por perto, então concluo que ele deve ter ido embora.

Lene me leva ate a sala de parto que Lily esta, de onde Sirius acabou de sair.

— Esta quase, James, você chegou na hora certa.

Na sala, vejo Lily deitada numa maca, sua Obstetriz esta ao seu lado, falando com ela embora ela pareça nem escuta-la. Suas pernas estão apoiadas numa estrutura de metal e entre elas esta uma mulher que não conheço, ao seu lado uma jovem que deve ser da turma de Lene que passa tudo o que a primeira pede.

Avanço em direção da Lily e pego sua mão, quando ela olha pra mim vejo seus olhos se iluminarem e sinto algo aquecer meu coração.

— Você consegue, querida, força.

— Eu não consigo — ela me responde aos prantos — não tenho mais foças. Não consigo fazer nosso filho nascer.

— Você tem sim — se pronuncia Andrea imediatamente. — você é jovem, saudável e guerreira, vai colocar esse bebê no mundo fácil, fácil.

— Você pode achar isso, mas eu sou a direção aqui hoje, e digo que ela precisa do corte. — afirma a mulher entre as pernas de Lily. — Me passe a tesoura.

Vejo a enfermeira jovem passar a tesoura parecendo contrariada, e observo quando ela aproxima a tesoura de Lily. Não consigo entender o que ela está cortando, visto que o bebe ainda não nasceu para ser o cordão umbilical, mas Lily responde, puxando as pernas por reflexo e soltando um grunhido de dor, a medibruxa puxa suas pernas de volta para o lugar sem muita delicadeza. Antes que eu possa reclamar disso porem ela fala:

— Está vindo outra, Lily força.

Lily grunhe e resmunga, e quase se senta na maca, a Obstetriz a empurra de volta.

— Já saiu a cabeça, mais uma, só mais uma.

E então escuto, o suspiro de alivio de Lily seguido pelo som mais maravilhoso do mundo, o choro do meu filho.

— É um menino. — me diz a medibruxa, entregando a Lily o bebê pequenininho,  todo sujo de uma mistura de sangue com algo branco que imagino ser a placenta.

Então olho meu menino. Harry, então é um Harry Potter.

— Ele é lindo. — digo sorrindo.

— Lindo — Lily tem a voz fraca, esta pálida e parece a ponto de apagar. — nosso filho.

— Vamos precisar de uma transfusão. — viro imediatamente para a enfermeira quando escuto isso.

— O que foi? Porque transfusão?

— Ela está perdendo muito sangue, a pressão está muito baixa. Precisamos estabiliza-la ou ela vai morrer!

X-X

Fui empurrado para fora da sala, não sei para onde levaram o Pequeno Potter, nem o que aconteceu com Lily, me resta apenas ir para a sala de espera atrás dos nossos amigos. Estão todos lá quando saio, ainda visto a roupa azul de acompanhante, mas tirei a touca.

— E aí, Potter, como ela está e o bebê? — me surpreendo ao ouvir a voz do Longbottom, ele ainda está aqui, não sei porque.

— Bom, o bebê está bem, é um menino, nosso Harry. Mas Lily…

Sinto todos prenderem a respiração e a fala da mãe de Dorcas soa na minha cabeça "um parto é complicado, você pode sair com uma vida nova, ou uma a menos".

— Ela teve alguma complicação… eu não entendi bem… algo sobre ter muito sangue… algo não deveria ter acontecido… não sei… Lene, Marlene, você pode… pode tentar descobrir….

Não preciso nem terminar o pedido, Lene sai imediatamente da sala, Dorcas corre atrás dela, e noto que ambas choram. Sento no sofá, o mundo parece pequeno de novo, o ar falta de novo, não sei o que está acontecendo comigo.

— Calma, respira, apenas fique onde você está e respira — é Longbottom de novo, tentando me acalmar.

— Vai ficar tudo bem, James, ela é forte, muito forte, foi só uma complicaçãozinha - Remus tenta me acalentar.

— Ela não pode morrer, não pode, ela passou por muita coisa pra ter o Harry, ela merece vê-lo crescer, ajudar com as coisas da vida. — eu estou chorando, as lágrimas escorrem pelo meu rosto, e então eu noto uma coisa, não estou com medo pelo Harry, estou com medo por mim, eu não posso perder a Lily. — eu a amo, amo muito, e não tive coragem de dizer pra ela ainda, não falei que quero estar com ela, e com o Harry, e ter uma família, isso é muito injusto.

Sinto alguém se aproximar, ao levantar o rosto vejo Sirius se abaixando na minha frente. Seus olhos também estão molhados, mas ele tenta segurar o choro, tenta ser forte, por mim, porque é assim que nos nós apoiamos, quando um sofre, o outro segura a barra.

— Está tudo bem, Prongs, ela vai ficar bem, Harry vai crescer com a mãe, e você vai ter todo tempo possível com a Lily.

Apenas o puxo para um abraço, eu preciso o apoio do meu irmão.

— Obrigada, por estar com ela, por trazê-la aqui tão rápido, obrigada por tudo.

Sirius não tem tempo de responder, pois Lene aparece, correndo, Dorcas não está com ela.

— Conseguiram estabiliza-la no momento, ela deve uma hemorragia pós-parto, mas conseguiram parar o sangramento, ela está fazendo uma transfusão de sangue e em breve irá pro quarto.

Sinto como se o mundo saísse de cima de mim, o suspiro coletivo alivia a todos.

— O Harry tá no berçário, vocês vão vê-lo pelo vidro.

Logo, todo mundo começa a andar, mas continua onde estou, apenas respirando, sinto alguém sentar do meu lado no sofá.

— Não vai ver seu filho? — pergunta Longbottom.

— Gostaria de vê-lo de novo junto de Lily sabe.

— Entendo — ele responde. — sabe, não sabia que vocês não estavam juntos.

— É complicado de contar — dou um leve sorriso. — Como você me soube acalmar, sabe, mas cedo?

— Ataques de pânico são... normais nessa guerra, ninguém espera que você aguente tudo sem problemas, — ele responde com propriedade, como se ele próprio já teve sua cota de ataque. — você logo vai ter alguém explicando sobre isso, você precisa saber acalmar seu companheiro, e se acalmar também se tiver sozinho.

Ficamos em silencio por alguns minutos, antes de eu falar novamente:

— Porque você continuou aqui? Me acompanhou até aqui?

— Ah bom, sabe, você pareceu bem surpreso, e estava tendo um ataque de pânico. Não tenho filhos, e não posso imaginar como é a pressão quando nasce um, então imaginei que se fosse o contrário, eu gostaria de ter todo o apoio possível. — ele sorrir, levantando uma sobrancelha ao completar — e também, eu gosto de você, Potter

X-X

Lily ainda dorme quando eu entro no quarto, a medibruxa garantiu que ela acordará em pelo menos 10 minutos, e eu quero está aqui para quando acontecer. Ao seu lado tem um pequeno berço, onde um bebê agora bem limpinho está deitado, enrolado numa mantinha amarela que me lembro de Lily ter escolhido por combinar com a bolsa do bebê.

Será que posso pega-lo? Lily não gostaria de carrega-lo primeiro? Se bem que, bom, ela carregou ele na sala de parto, foi rápido, mas carregou…

Delicadamente tiro o bebê do berço e o arrumo no meu colo, é estranho, seu corpo passa fragilidade.

Meu filho, meu Harry, seus cabelos são negros como o meu, mas ele nasceu com muito cabelo, diferente de mim que nasci careca. Suas mãozinhas são minúsculas, e os pezinhos são a coisa mais fofa e linda que já vi na vida. Ele é vermelhinho, e possui uma boca fina igual a minha.

— E Lily, nesse você perdeu, puxou todinho para mim. — mal término a frase quando ele faz questão de me contradizer 

Harry abre os olhos, e eles são verdes vivos, a cor exata dos olhos da Lily, e também o formato. Por favor Merlin, que os olhos dele nunca mudem, pois são os olhos mais lindos que já vi a vida.

Me sento na poltrona, ainda com ele no colo me olhando, e observo Lily, que está viva, bem, precisará tomar algumas vitaminas para evitar uma anemia. Mas está aqui, terei a oportunidade de dizer a ela o quanto a amo, que quero está com ela para sempre, e talvez dessa vez eu consiga conquista-la.

Mas por enquanto nós temos outra prioridade, abaixo o olhar novamente, e Harry continua me olhando com esses olhos incríveis.

— Bem-vindo ao mundo, Pequeno Potter.


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Notas finais do capítulo

[Capitulo editado em 29/09/2020] Primeiro capitulo que foi escrito já em 2020 depois de uma pausa de dois anos pra cuidar da mente, esse não precisou de tanta revisão, quero agradecer de novo por vocês ainda estarem aqui.



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