Pequeno Potter escrita por Nena Machado


Capítulo 13
12: Julho, 1978.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, então finalmente consegui concluir esse capitulo, não vou dizer que meus problemas tão resolvidos, mas me sinto muito melhor, principalmente com todo o apoio que recebi de vocês, ainda não respondi o comentários, mas vou responde-los em breve. Quero dizer que resolvi arrumar umas coisas na fic, que me incomodavam bastante, comecei pelo nome (aquele era um temporário, que acabou ficando e ficando, agora finalmente estamos com um novo e mais a cara da fic), fiz ate uma nova capa para a historia (não sou muito boa no Photoshop, mas to tentando), agora só falta uma sinopse legal e estarei satisfeita. Quero pedir muito obrigada a todos vocês, pela paciência e apoio. Obrigada mesmo, sinceramente.



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Está formada é acima de tudo estranho, não estou em casa, não estou em Hogwarts, e de certa forma não sinto como se estivesse evoluindo na minha vida. Os pais de Dorcas adoraram ter outra pessoa na casa, a Sra. Meadowes, que insistiu que eu a chamasse de tia Verônica lá nas férias de verão entre meu quinto e sexto onde visitei Dorcas por um final de semana, me ensinou a tricotar e praticamente toda noite me presenteada com uma roupinha de bebê feita por ela.

Seu maior sonho era ter muitos filhos correndo pela casa, mas sua gravidez foi complicada, ela perdeu o primeiro bebê e quase perdeu Dorcas também, o parto foi difícil e ela foi uma daquelas mulheres que precisaram fazer cesariana. Embora eu tenha deixado claro que esperava já ter encontrado um lugar quando chegar a hora de ter meu bebê, ela parecia bem animada com a ideia de ter uma criança correndo pela casa.

James fez questão de contribuir com a despesas, mesmo eles deixando claro que era desnecessário, e eu faço questão de ajudar na casa como eu posso, mesmo com tia Verônica não me deixando terminar nenhum serviço. Então posso dizer que estamos tendo uma convivência bem pacifica.

Dorcas e Lene tinha tomado para si a missão de achar um apartamento para nós, porém não tiveram muito sucesso nisso. Nossas exigências pareciam quase impossíveis para nossa condição financeira, todos os que tinham quatro quartos eram muito caro ou eram em lugares perigosos. Além disso, ainda tinha a carta de admissão.

Lene recebeu a dela no início do mês, teve notas boas e foi aceita no curso de medibruxa que tanto sonhou, seu curso começou logo no dia seguinte, e ela planejava fazer tantas horas quanto possível para concluir o mais rápido que puder. Sirius também já recebeu a carta, embora tenha obtido boas notas, não foi aceito no curso de auror, a família Black estava basicamente toda ou presa, ou morta, ou foragida, a lealdade de Sirius ainda era questionada pela maioria dos bruxos. Remus teve notas excelentes e estava convencido de que queria ser Professor, como sua condição como lobisomem era desconhecida, ele parecia muito animado com a possibilidade, tinha conseguido um emprego em uma livraria no Beco Diagonal e esperava começar a dar aulas sobre controle magico para crianças bruxas em breve. Sendo assim, só faltava eu, James e Dorcas.

Desci as escadas devagar, isso é bem mais complicado com minha barriga cobrindo meus pés, a primeira coisa que senti foi o cheiro de café no ar, a tia Verônica faz questão de acordar cedo só para fazer o café para o tio Tiberius e eles terem esse momento juntos. Quando eu e Doe acordamos, já está tudo pronto na mesa, então apenas me sentei ao seu lado, que lia o jornal.

— Bom dia. — digo para Dorcas.

— Bom dia — Dorcas sorri para mim, mas eu vejo ela esconder o jornal em baixo das coxas disfarçadamente. Ataque a trouxas muito provavelmente, eles estavam tentando não me estressar nos últimos dias, decido tomar meu café antes de ver, para evitar a perda de apetite. — Como você está hoje?

— O Pequeno Potter chutou a noite inteira, — reclamo sorrindo ao passar a mão na barriga onde o bebe agora esta calmo. — Parece que não dormir a noite inteira.

Seja o que for que Dorcas fosse responder, ela não tem a oportunidade, pois escutamos o gritinho estridente da tia Verônica. Ela é muito espontânea e animada, de uma forma que me lembra mais a Lene do que a Dorcas, fica feliz por cada pequeno motivo e geralmente demonstra essa felicidade falando alto e rápido.

Todas as manhas ela cuida de uma horta no jardim, cultivando tomates, alfaces e essas coisas saudáveis que ela me obriga a comer depois alegando que vai fazer bem para o bebê. Então olho para a porta dos fundos esperando ela entrar correndo sujando o chão de terra para nós contar a novidade. Estou aqui há uma semana, mas já estou entendendo como é que funciona a rotina.

— Olhem, meninas, olhem! — ela entra gritando toda serelepe, Dorcas começa a reclamar sobre ter que varrer a areia, mas se cala quando tia Verônica sacode dois envelopes. — Suas cartas chegaram, minhas meninas!!

A carta, com nossas notas e possíveis admissões, a carta que vai definir uma grande parte do novo futuro. Sinto todo o ar fugir dos meus pulmões e meu coração começa a bater loucamente em busca de oxigênio. Tia Verônica entrega a cara a cada uma de nós, e senta ao lado a filha para ler a carta junto. Seguro meu envelope sem abrir, sentindo o peso leve dele enquanto para mim parece que carrega o peso do mundo.

Respiro fundo várias vezes, fazendo uma contagem na minha cabeça, e decido observar Dorcas primeiro, seu rosto está livre de qualquer emoção, então não consigo definir se ela foi aceita ou não no Ministério da Magia, e sinceramente nunca soube se ela queria ou não que isso acontecesse.

Crio coragem e abro minha carta. Passos os olhos rapidamente pelas minhas notas, só para observar que tirei nota máxima em praticamente todas as matérias que cursei, e no resto consegui pelo menos um ótimo. Sorrio satisfeita comigo mesma, decidida a ver isso com mais atenção depois, no momento o mais importante é a folha seguinte, escrita em uma bela letra itálica.

“Cara Srta. Lily Evans,

Considerando suas notas excepcionalmente altas e a carta de recomendação enviada pelo Professor Horácio Slughon, pela Professora Minerva McGonagall e Alvo Dumbledore, a Chefe do Setor de Produção, Registro e Criação de Novas Poções concordou em lhe receber para ser discutido a sua possível admissão a equipe.

Compareça ao Ministério da Magia no dia 30 de julho, domingo, às 15:00 horas, para uma entrevista.

Atenciosamente,

Daisy Lewis.”

Uma entrevista, consegui uma entrevista, sinto meu coração bater ainda mais rápido se é que é possível. Pode não ser uma confirmação imediata, mas também não é uma negação, eu tenho uma chance, só preciso impressionar.

Olho para Dorcas, ela está séria, tão séria que me faz pensar que não conseguiu a vaga. Entretanto, antes de eu perguntar algo, ela diz.

— Fui aceita no Ministério. — ela guarda o papel de volta ao envelope com cuidado demasiado. — Posso começar a ir com papai a partir de segunda.

— Que bacana! — digo polidamente. — mas se foi aceita por que você está assim? Toda jururu.

— É só que… ah, eu não sei se quero isso entende? — ela falou rolando os olhos e dando um longo suspiro. — sei que é o mais seguro, e que talvez eu não consiga de novo depois. Mas simplesmente não consigo me imaginar presa em uma sala cuidando de papeladas, entende?

Eu entendo ela, Dorcas é um espírito livre, a vida no Ministério é cheia de regras e horários marcados para entrar e sair. Não é o tipo dela. Por outro lado, como ela mesma disse, aceitar essa vaga seria a coisa segura, um trabalho certo com um salário bom.

— E o que você quer fazer então?

— Não sei. — ela deu de ombros. — mas não acho que serei feliz trabalhando em um escritório no Ministério da Magia.

— Então não aceite — disse tia Verônica fazendo carinho nos cabelos da filha de forma distraída. — você não precisa de dinheiro tão desesperadamente assim, seu pai pode continuar te ajudando financeiramente, mesmo quando vocês se mudarem. Pode ir vendo opções variadas, você gostava muito de trabalhar no Caldeirão Furado nos verões, ate mesmo podemos ver algo no mundo trouxa. Não faça algo que você não quer de verdade.

Não me pronuncio, pois se fosse eu não iria abrir mão de uma oportunidade tão estável por estar confusa, e como não quero colocar medo nela nem mentir... Bom, Dorcas é grande, sabe o que faz com a própria vida.

— Obrigada, mãe — Dorcas sorri.

— Conte comigo e com seu pai para o que precisar. — e com isso tia Verônica deu um beijo carinhoso nas nossas testas e saiu da cozinha de volta pra sua horta.

— Conte comigo também amiga. — seguro as mãos de Dorcas e ela sorri pra mim, sinto um chute do bebê. — Ui, acho que o Pequeno Potter também está dizendo para você contar com ele.

Dorcas sorri e se inclina para a frente colocando a mão em minha barriga, soltando risadas ao sentir o bebê chutar novamente.

X-X

— Ele está muito bem — suspiro aliviada quando a Obstetriz Andrea fala isso, mesmo com o oitavo mês completo ainda fico apreensiva com as visitas dela. — Ele já está encaixadinho, o que é bom, pois não queremos ter que fazer uma cirurgia.

— Não, não queremos mesmo. — digo sorrindo.

A cesariana é uma cirurgia complicada e perigosa, a última opção para quando uma mulher não consegue ter um parto normal. Mesmo com o aprimoramento que a magia nós dá, ainda é um método com grandes chances de morte. Isso sem contar as complicações do pós operatório. Não, sem dúvida não queremos ter que recorrer a cirurgia.

— Então, não querem mesmo saber o sexo? — ela nos pergunta, é uma tradição da família de James descobrir o sexo do bebê só no parto, ele disse não ligar pra isso, e que se eu quisesse saber não tinha problema, mas deu pra notar que ele gostaria de seguir essa tradição então mesmo eu estando muito curiosa falei que não precisava saber. — Essa é a última chance.

— Não, obrigada, só vamos saber quando o Pequeno Potter chegar ao mundo. — respondo, ela sorrir para nos.

— Tem alguma chance de ele nascer antes? — pergunta James.

— É pouco provável que ele nasça agora, mas caso ocorra é melhor vocês irem para o St. Mungos, pois ele precisaria de cuidados específicos por ser pré-maturo. — ela afasta sua varinha da minha barriga, e eu abaixo a camisa novamente. — Vou lhe dá duas opções para os pés inchados, azul é ingerida e a lilás é aplicada, siga as orientações no verso.

Ela pega os potes na bolsa e entrega a James. James é o principal responsável pelas minhas poções, ele sempre presta atenção e depois anota tudo direitinho em um papel para mim, depois que vim morar aqui, tia Veronica me fez colocar o papel pregado na geladeira e sempre grita perguntando se não esqueci de tomar em todos os horários.

— Além disso, tem essas duas, coloque duas gotas de cada num copo com água e beba em jejum. — ela explica entregando a James. — É para te ajudar no parto. Falta pouco, Lily querida, muito em breve você terá seu bebê nos braços.

X-X

James me leva para comprar os moveis do bebê assim que ele se instala no apartamento que vai dividir com Sirius. Remus tinha decidido continuar morando com a mãe, que estava bem doentinha desde a morte do marido e Peter tinha conseguido um emprego em um bar no Beco Diagonal, e dormia em um quarto em cima do lugar.

James e Sirius tinham dado preferência em organizar todas as coisas do apartamento que possuía três quartos, e apenas depois fui convocada para ir atrás das coisas do bebê, afinal não tínhamos nenhuma presa para ter um quarto pronto, e basicamente estávamos fazendo isso agora para James se sentir mais preparado.

A carta de James chegou confirmando o que todos nós já esperávamos: ele foi aceito. O curso de auror começou imediatamente depois disso, pois com a guerra o número de aurores diminuiu muito, tanto por causa de mortes como por falta de interesse em ser da linha de frente das batalhas, e na mesma proporção a necessidade aumentou. Por conta disso o curso que normalmente demoraria quatro anos para ser concluído, foi diminuído para dois, a equipe decidiu aumentar as horas de treino diário.

De segunda a sexta James fica no curso das 7:00 da manhã até as 22:00 da noite, com um espaço de uma hora e meia para o almoço, e aos sábados e domingos das 10h ate as 17h. Isso significava uma coisa: sem tempo para bebês.

Isso somado ao fato da necessidade da amamentação, tínhamos decidido que o bebê ficaria comigo em tempo integral até ele terminar o curso de auror e passar a ter um horário mais flexível. Ele tinha ficado bem chateado com isso, mas teve que aceitar de qualquer forma.

Desde então ele tinha estudado tanto que quase nem tinha tempo de me ver, geralmente passava em casa no fim da tarde de domingo. E dessa vez decidimos ir comprar os moveis do Pequeno Potter, assim James pode estar preparado caso aconteça algum imprevisto e ele precise ficar com o bebê.

Compramos tudo o que era necessário, focando na realidade de que ele só vai dormir com James quando já for um pouco mais crescido, então pulamos o berço e compramos uma caminha com protetor, não compramos trocador, nem banheira, entre várias outras coisas. Compramos tanto coisas bruxas como trouxas e James passou alguns minutos fascinado com o móbile.

— É incrível como os trouxas conseguiram fazer isso se mexer sozinho sem a ajuda de magia. — ele sussurra para mim quando pegamos um taxi para levar as várias sacolas para o apartamento.

Era bem localizado, estrategicamente perto no Ministério. Um prédio de 8 andares, com dois apartamentos em cada, os moradores eram todos bruxos e tinha regras de não levar trouxas que já não soubessem do mundo bruxo, assim podíamos usar magia tranquilamente pelos corredores. A maioria eram trabalhadores do Ministério, então o prédio também era fortemente protegido.

— É parte da herança do meu pai, na verdade descobrir que a família Potter tem bastante imóveis. — me explicou James, enquanto subíamos de elevador até o último andar. — Então não pagamos aluguel, só o condomínio. E é sobre isso que quero falar com você.

Saímos em um corredor comprido, no final tinha duas portas, uma de frente para a outra. Ele abriu a porta a esquerda. O apartamento estava vazio.

— Achei que vocês já tivessem mobiliado. — comentei confusa entrando no lugar. É muito espaçoso, o tipo de lugar que uma família pequena pode morar tranquilamente.

— E já mobilhamos, nosso apartamento é o da direita. Esse é o que eu estou propondo que você e as meninas aceitem. — olho para ele abismada. — Não estou fazendo favor, é só logico. Eu estaria perto do meu filho, poderia passar para vê-lo toda noite, posso até ficar com ele quanto você precisar e vocês ainda não acharam um lugar. O aluguel fica por minha conta, sua no caso, então Lene e Dorcas podem pagar o condomínio.

Estou em choque, com os olhos arregalados com a possibilidade. Seria ótimo ter James por perto, participando dos primeiros momentos do Pequeno Potter.

— James, isso... — estou sem palavras, parece algo pequeno, mas ao mesmo tempo mostra como James está empenhado em ser um bom pai, outra pessoa poderia se aproveitar para fugir o máximo possível da responsabilidade, mas ele continua tentando ser ativamente participativo. — não sei nem o que falar.

— Tem três quartos, um para cada uma de vocês, e tem um escritório, que vocês podem usar como o quarto do bebê. — ele continua falando, parecendo achar que ainda precisa me convencer a aceitar, me guiando pelo apartamento. — É perto do Ministério para você, e perto do St. Mungos para Lene.

— É ótimo, é tão maravilhoso — respondo sentindo meus olhos encherem de lagrimas, James dá um sorriso satisfeito — Vou ter que falar com as meninas, mas acho que achamos nosso lar.

X-X

Durante a próxima semana nos mudamos e começamos aos poucos a organizar tudo. Lene trouxe todos os moveis de seu quarto, assim como Dorcas, mas eu não pude fazer isso. No mundo bruxo, era normal nascidos trouxas se afastarem cada vez mais das raízes, e por isso era comum que eles passassem a mentir sobre seu status sanguíneo, em uma tentativa de fugir do preconceito, para reforçar isso o Ministério disponibilizava um recurso, o de apagar os dados de familiares.

Não tenho interesse em fingir ser mestiça, mas tenho interesse em apagar os dados dos meus pais, e tinha entrado com o pedido, alegando temer por eles.

Isso me deixou muito mal, principalmente quando vi os pais das minhas amigas no apartamento, ajudando a instalar os moveis e dando presentes. Por isso James prontamente se ofereceu para me levar as compras de alguns moveis essenciais como uma cama e um guarda roupas para mim.

Depois disso, formos comprando o resto devagar, pesquisando sempre antes de gastar dinheiro. Toda semana, desde que saímos de Hogwarts, James me dava uma quantia generosa de galões como pensão do bebê, algo que dava para mim e ele, e dizia que eu devia pedir mais se precisasse, mas eu procuro sempre me organizar direitinho para não precisar pedir, e até agora não foi necessário, inclusive na maioria das vezes sobrou. Além disso, ele se responsabilizou por comprar tudo do bebe, e o quarto já está mobiliado, com tudo necessário. Dinheiro realmente não era uma preocupação para James, nem para Sirius que estava muito confortável vivendo com sua herança.

Em uma semana, já tínhamos todos os moveis necessários e estávamos focando em comprar os detalhes. Lene fez questão de comprar vários porta-retratos, de acordo com ela isso deixaria o apartamento com cara de lar, então ela se juntou com Remus e escolheram diversas fotos nossas, em Hogwarts, nas férias, na formatura, com a família, minha gravida, era um pouco doloroso notar que não tinha fotos dos meus pais, e nesses momentos eu me sentia solitária, mas dizia a mim mesma que era pelo bem deles.

Dorcas focava em plantas, ela gosta de comprar pequenos vasos, para pôr em cima de mesas, nas paredes e nos cantos das casas. Além é claro de artesanatos, seja eles bordados, crochê ou algo modeladas em barro.

Em uma tarde, sentamos no sofá de três lugares na sala e notamos que tínhamos nosso lar, com nossa cara e estilo. Por isso, no sábado antes da minha entrevista fizemos um jantar, convidamos os meninos e os pais de Lene e Dorcas, senti uma dorzinha no meu coração por não poder convidar os meus, ao passo que James e Sirius me tranquilizou dizendo que quando a guerra passar podemos fazer outro jantar.

— Ao apartamento. — propôs um brinde o pai de Lene.

— Ao apartamento. — comemoramos.

Depois do jantar, quando os pais de Lene de Dorcas já tinham ido embora, sentamos na sala, conversando sobre a vida, da mesma forma que fazíamos em Hogwarts, mas com a diferença que agora é fatos concretos e não planos para o futuro.

— Eu só posso atente-la em companhia de alguém formado, mas isso é bacana à beça. — Lene conta eufórica sobre a paciente destisnada a ela — A medibruxa que me acompanha é uma chata de galocha, mas vou aguentar.

Damos os parabéns para ela, Sirius a abraça olhando-a em orgulho brilhando nos olhos.

— Já que estamos falando sobre formas de ganhar dinheiro, Dorcas, querida, quero lhe oferecer algo. — Na última semana Sirius começou a usar a beleza como trabalho, tirando fotos para moda bruxa, ele insiste em não ser chamado de modelo e afirma que isso é mais um passa tempo do que um trabalho. — estão procurando uma mulher com aparecia parecida comigo, para fazer par em um ensaio, pensei em você, já que é alta e tem os cabelos escuros. O que acha? Tem interesse?

Vi os olhos de Dorcas brilharem em interesse, a animação e soube sua resposta antes dela falar.

— Quero, quero sim.

— Sabia que ia topar, vamos abafar na moda juntos — Sirius estica a mão para ela que prontamente bate palma com palma.

— Falou e disse.

A conversa continuou por horas, sendo necessário um lanchinho onde todos me acompanharam no suco de abobora, mesmo que Sirius insistisse em querer cerveja. Eles apenas foram embora quando eu comecei a cochilar sentada encostada em Remus, e nessa noite eu durmo tão bem, que nem os pontapés do bebe são capazes de me acordar.

X-X

Sinto minha bocar salivar tanto que parece que estou bebendo agua, são exatamente 02:37 da manhã, tem duas horas que Lene chegou do turno dela, e como hoje é segunda sei que James esta hiper cansado porque o treino do dia é fortalecimento físico. E é assim, sem pensar muito no caso que me vejo batendo de leve na porta de Dorcas.

— Pode entrar. — ela responde em um segundo, pela sua voz logo noto que ela não estava dormindo, mas mesmo assim pergunto.

— Te acordei? — ela sorrir para mim e aponta para sua cama, aonde tem vários fios de cores diferentes sendo amarrados em um pedado de pau com nos elaborados.

— Estava fazendo uma tapeçaria para minha cama. — ela responde se afastando para o lado para eu poder sentar. — o que foi? Está tudo bem?

Eu sei o que estou sentindo, não é a primeira vez. Essa sensação louca de querer desesperadamente algo, que parece que sua mente não consegue pensar em nenhuma outra coisa além de...

— Estou desejando comer jujubas verdes acidas. — falo de supetão, fazendo Doe me encarar confusa. — Tem uma loja em perto de onde meu pai trabalhava antigamente, sempre que ele nos levava lá, Petúnia e eu comíamos tantas que ficávamos com os lábios tingidos.

Mas cedo, tirei uma pequena caixa do fundo falso na gaveta, parece algo surreal de repente ter que manter as minhas fotos de família escondidas, porem essa foi a primeira recomendação de James, nunca se sabe quem pode invadir o apartamento, e mesmo que algo aconteça comigo um dia, quero fazer de tudo para que nada aconteça com eles. Guardei a carta que fiz para Petúnia ali, e olhei as fotos por alguns minutos, me demorando mais na que nos duas, por volta dos 7 e 6 anos de idade, estávamos naquela loja, com a boca verde e as mãos cheias de doce.

— Isso realmente acontece? — pergunta Doe curiosa.

— Ah sim, — respondo rindo. — bastante inclusive, em Hogwarts eu só precisava ir até a cozinha e pedir qualquer coisa para os Elfos, uma vez eles prepararam melancia em cubos com geleia de abobora, estava uma delícia.

Acho graça da careta de nojo que Dorcas faz.

— Enfim, sei que está muito tarde, mas a loja é vinte e quatro horas... — me sinto um pouco envergonhada de pedir para ela, mas não queria acordar alguém. — Está afim de uma aventura com uma gravida?

— Mas é claro — ela responde claramente animada e me sinto aliviada em não incomodar. — vai ser como quando fazíamos piquenique de madrugada na torre de astronomia para observar as estralas.

Eu rio com a lembra da pequena travessura que nos fazíamos desde o início da amizade, e que posteriormente Marlene foi incluída. Tinha se tornado quase uma tradição para nos, e era realmente bacana reviver algo assim. Nos trocamos as roupas no máximo de silencio possível, para evitar acordar Lene que devia estar cansada, mesmo assim deixamos escapar algumas risadas e quando abrimos a porta o trinco faz tanto barulho que quase imediatamente Marlene abre a porta do seu quarto.

— Onde vocês estão indo? — ela pergunta ao nos ver de capas e segurando vassouras.

— Ah... Lily está com desejo — responde simplesmente Doe, parecendo chocada com o fato de que perdeu as habilidades de sair escondida. — estamos indo atrás de... balas verdes?

— Jujubas verdes acidas — corrijo.

Lene cruza os braços e fecha a cara, a pose de raiva constatando com seu pijama com pelucios coloridos.

— Vocês iam em um piquenique noturno sem mim? — ela parece realmente chateada, sinto meu rosto ficar vermelho.

— Achei que você estivesse muito cansada, — respondo fechando a porta para evitar que de alguma forma o apartamento da frente acorde também. — passou 12 horas no hospital, Lene.

— Nunca estou cansada demais para um piquenique noturno. — ela bate o pé de leve para reforçar a afirmação. — me deem dois minutos, vou trocar de roupa.

Incrivelmente ela leva realmente apenas dois minutos para aparecer com uma roupa trouxa assim como nos, mesmo que com uma capa por cima e a vassoura elegante na mão. Subimos aos risos para o telhado do prédio aos risos como adolescentes e de lá, após colocarmos feitiços de desilusão em nós mesmas, voamos por 15 minutos em uma velocidade talvez não muito adequada para uma gravida.

Pousamos em uma praça cheia de arvores que fica há cinco minutos da loja, escondemos as vassouras e as capas lá e seguimos caminhando com as mãos dentro do bolso para ter fácil acesso a varinha.

A senhora que esta na loja sorri para mim, assim que explico o que estou procurando ela conta que quando engravidou teve desejo por chocolate.

— O problema é que depois que comi, não conseguia mais nem sentir o cheiro — ela continua sorrindo, preparando nossos pedidos. — Meu marido teve que ficar cuidando da loja em tempo integral sozinho, coitado. É muito bom que você tenha amigas para fazer companhia.

Nos sorrimos umas para as outras. Gasto quase todo o dinheiro trouxa que tenho em doces, comprando tantas balinhas quanto possível, além de chocolate e bolo para as meninas. A dona da loja oferece que nos sentamos em uma das mesas ali, mesmo que elas normalmente não sejam disponíveis de madrugada, e prontamente prepara um café para acompanhar os doces.

Ficamos ali até quase 4h da manhã, apenas um policial vem comprar um lanche no seu intervalo, tanto para nós a liberdade de conversar alto. Conto sobre meus outros desejos, e escuto sobre as experiências da dona, que se apresentou como Dalila. No final da noite, minha boca está tão verde quanto a de Dorcas, porem a de Marlene esta azul, pois ela gostou mais da jujuba doce céu.

— Você pode tirar uma foto nossa? — pergunta Marlene, entregando para a senhora uma câmera simples.

Tiramos algumas fotos, sorrindo, comendo doces e abraçadas, e Marlene promete que vai revelar para colocar na nossa sala. Por fim, depois de nos despedimos de Dalila, caminhamos tranquilas de volta para a praça.

— Acho que descobrimos um novo lugar para nossos piqueniques noturnos — comenta Lene ao colocar a capa.

Doe e eu concordamos sorrindo, felizes por saber que algo também não vai mudar.

X-X

Estou muito nervosa, não sei o que esperar dessa entrevista, mas espero me sair bem, vou dá o meu melhor, preciso conseguir essa vaga. Estou tão ansiosa que desde ontem sinto uma coisa estranha na barriga, uma constante vontade de fazer xixi, ou algo parecido.

Dorcas me ajuda a me vestir, uso uma vestimenta bruxa comprada especialmente para essa ocasião. Bom, na verdade, eu tinha comprado uma roupa para esse dia durante as férias de verão, mas eu não contava que estaria com uma enorme barriga de oito meses de gestação, então infelizmente eu tive que abrir mão dela. Ia pegar uma roupa emprestada com a tia Veronica, mas as meninas afirmaram que eu merecia algo especial para o momento.

James está no departamento de auror, então Sirius me acompanhou até o Ministério, mas não pode ficar me fazendo companhia porque tinha uma reunião. Por isso, James me pediu para espera-lo em uma cafeteira lá perto depois da reunião, assim poderíamos voltara para casa juntos e eu contaria tudo sobre a entrevista.

Chego no Ministério dez minutos adiantada por precaução, o setor dos pocionistas ficam próximos dos aurores, mas não vejo James, falo com uma recepcionista que parece ter uns 25 anos no máximo, me identificando e dizendo o que vim fazer aqui. Ela entra em uma sala a sua direita e quando volta me manda esperar um pouco que logo serei chamada. O tempo parece se arrastar, observo o relógio na parede, o ponteiro percorrendo a área lentamente. As 15:00 horas em ponto, quando eu já esperava que alguém fosse me dizer que era um engano e eu não tinha entrevista nenhuma marcada, a Sr. Green sai da sala e chama:

— Lily Evans. — me levanto tão rápido que sinto tontura e minha vista escurece por um momento, mas continuo em pé, fingindo que está tudo normal.  — me siga, por favor.

Minha vista ainda está embaçada quando a sigo através da porta da qual ela acabou de sair. A sala se trata de um ambiente bem peculiar, como se fosse um escritório e também uma sala de experiências particulares. As paredes são cobertas por armários com portas de vidro trancadas, dentro tem as mais variadas coisa, desde papeis até um pote de conversa com o que deve ser, de acordo com a etiqueta, um coração de bode.

— Sente-se. — me sento na cadeira em frente à mesa principal, onde ela se senta do outro lado. — Bom, Srta. Evans, seus documentos, por favor.

Pego meus documentos, desde o certificado de conclusão do N.I.E.M’s até as cartas de recomendação que meus professores me deram. Ela analisa minhas notas com atenção, depois ler as cartas. Sei que ela já viu todos esses dados e que só está vendo novamente na minha frente para ver minha reação, então me mantenho serena, tentando mostrar que tenho certeza do quanto sou capacitada para essa vaga.

— Muito bem, Srta. Evans, conte-me por que você quer trabalhar no preparo de poções?

— Desde que entrei em Hogwarts, sou apaixonada pelo estudo de poções, sou fascinada pela capacidade de misturar ingredientes distintos e isso se tornar algo novo, que pode ajudar as pessoas de infinitas formas. — digo com convicção, acariciando minha barriga para tentar me acalmar. — Aprofundei meus estudos muito mais do que o necessário, ajudei o Prof. Horácio inúmeras vezes e dei aulas para alunos mais novos quase todos os anos. Tenho plena certeza de que esse é meu maior sonho.

— Horácio me contou sobre o presente que você preparou para ele. — ela comenta sutilmente, deixando os papeis de lado e se inclinando para a frente. — A magia para animar algo permanentemente vinculando-o a sua vida é bem complicada, e parece que você a associou com transfiguração, correto?

— Ah, eu queria fazer algo especial para ele, o admiro muito como professor e pocionista — respondo sentindo o rosto corar de vergonha. — Li alguns livros interessantes sobre o tema, estudei um pouco durante as férias de verão e conseguir.

Ela me pergunta sobre como fiz isso, e explico mais detalhadamente como consegui vincular as magias para trabalharem em conjunto e gerar o efeito único. A Sra. Green parece impressionada com a arte, o que me deixa um pouco incomodada com a possibilidade dela achar que fiz isso para me exibir de alguma forma.

— Vou ser bem sincera com você, querida. — ela comenta depois que termino de explicar e ela dá observações sobre o conteúdo. — Me aconselham a não contratar mulheres gravidas, jovens ou mães. E você está nessas categorias.

Sinto meu coração bater mais forte, o que eu mais temia parece estar a ponto de acontecer, ela vai me negar. Meu filho vai atrapalhar meu sonho. As duas coisas que eu mais amo estão a ponto de colidirem.

— Entretanto, Horácio me ajudou muito quando eu tinha sua idade, se estou ocupando o cargo que tenho hoje foi graças a ele. — ela se afasta e pega uma carta em uma gaveta, reconheço imediatamente a letra do professor de poções. — ele me mandou uma carta particular, várias na verdade, falando sobre você, sobre como você é esforçada e como será uma grande fabricante de poções um dia. Ele me pediu para te ajudar, como um dia ele me ajudou. E não posso negar isso a ele. Por isso, e unicamente por isso, essa vaga é sua, mas você precisará provar o quanto merece ela para continuar aqui.

Suspiro aliviada, vai dar certo, vai dar tudo certo. Preciso mandar uma carta agradecendo Horácio por isso.

— Preciso que você se responsabilize em ser a melhor.

— Sim, sim, vou estudar muito. — digo apressadamente.

— Pois bem, colocarei seu nome na turma. — ela escreve algo em dois papeis me entrega um e enfeitiça outro, que voa até um de seus armário.

Olho para o papel, é um documento de aceitação totalmente preenchido com meus dados, a única coisa que ela escreveu foi a assinatura no fim da página, e noto que meu professor já tinha basicamente conseguido a vagar para mim, eu só precisava não ser uma mane na entrevista. Não é exatamente algo para se orgulhar, porem sei que vou provar meu valor mais tarde, então decido que vou ler mais tarde.

— O curso completo é um ano letivo de duração, a primeira fase tem 5 meses de duração, começando em setembro e terminando em janeiro, é um estudo teórico e observatório, geralmente é feito aqui conosco, mas vou abrir uma exceção para você, pode estudar em casa, com seu bebê, estou me disponibilizando para te encontrar fora daqui, te explicar o que precisar, e você pode me mandar cartas com suas dúvidas. — ela fala tudo muito rápido, e me resta apenas confirma com a cabeça. — Todo mês tem uma prova, e você precisa se sair bem em todas, não posso te ajudar se você for mal em alguma, pois não sou responsável por essa área, essa prova precisa ser feita aqui, e você não pode trazer o bebê. No fim será feito uma analise das suas notas e progresso e apenas os melhores ficarão, sugiro que você seja perfeita.

— Entendo, não tem problema, acho alguém que fique com ele.

— Certo, tirando isso, acho que só teremos que ver as possibilidades quando passar para a segunda fase, que é o estudo prático. Começa em fevereiro e termina em junho, você precisara obrigatoriamente passar meio turno aqui no Ministério, até lá sugiro que você encontre uma boa baba, pois você não poderá trazer seu filho, e muito menos faltar por algum imprevisto. O processo avaliativo será o mesmo, prova todo mês e analise de progresso, mas dessa vez não apenas servirá para você se formar ou não, sua colocação final definirá qual trabalho você seguira, se é como pesquisadora e inventora, ou uma simples fabricante de poções. — ela se levanta, dando por final a entrevista. — Espero que você se saia bem.

X-X

Sento em uma cafeteria perto do Ministério, a mesma que há alguns meses encontrei Petúnia pela última vez, e começo a ler o documento de aceitação. É uma longa lista de assuntos que devo estudar, com nomes de professores e várias coisas desse tipo. Além disso, também tem informações como o fato de que entra apenas 20 pessoas no curso, depois da primeira etapa somente as 10 melhores continuam, e esse número é cortado pela metade novamente depois da segunda etapa. No final, apenas cinco pessoas se tornaram funcionários permanentes do Ministério da Magia. E eu precisa estar entre essas cinco pessoas.

Somente depois que termino de ler pela segunda vez, noto que já está escurecendo e James ainda não veio me encontrar e começo a ficar preocupada. Ele nunca me deixaria sozinha por tanto tempo, cogito a possibilidade de mandar um patrono, porem temo interromper algo importante do seu curto, então espero mais um pouco decidida que se ele não chegar em 20 minutos irei para casa sozinha.

Quando o prazo está quase acabando, vejo alguém conhecido se aproximando, mas não se trada de James, e sim de Sirius. Sinto meu coração bater mais forte, Sirius estava trabalhando hoje, ia ficar o dia todo ocupado, se ele está aqui é por que James pediu, e isso quer dizer que James não pode vim por algum motivo realmente importante.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto me levantando assim que ele se aproxima o suficiente. — James está bem?

— Tudo bem, ruiva. — ele responde, tentando transparecer tranquilidade. — Houve um ataque dos Comensais da Morte, James foi convocado para ir junto, já que ele está entre os primeiros da turma. Ele me pediu para te acompanhar até em casa.

X-X

Sirius me leva para jantar, mas não consigo comer muita coisa. James está lá fora, lutando contra bruxos que provavelmente são mais velhos e mais poderosos, correndo um grande risco. Como eu poderia comer? Depois que Sirius desiste de me empurrar comida seguimos para o apartamento.

Ele está vazio e silencioso, e de alguma maneira isso faz tudo ficar mais sombrio. Lene está dando plantão no Hospital, Dorcas foi jantar fora com algum novo paquera que ela ainda não quis falar sobre. Sinto uma dor chata no baixo ventre começou mais cedo, logo após a entrevista, gases provavelmente, desde que entrei no oitavo mês de gestação elas vem me perturbando fazendo eu arrotar ou peidar em momentos inoportunos.

— Vamos ver um filme? — pergunta Sirius, sinto vontade de mandar ele calar a boca e parar de fingir que está tudo bem, mas sei que ele só quer ajudar, então confirmo com a cabeça e digo pra ele escolher o filme enquanto vou trocar de roupa.

Visto uma camisa confortável e calça de moletom, a camisa é uma antiga de forma que fica justa e curta, mostrando uma parte de minha barriga. Na sala, Sirius já tem um balde de milho para onde ele aponta a varinha, a luz vermelha que sai dela indica que em breve o milho virará pipoca.

— Você sabe que devia fazer isso em uma panela fechada ne? — pergunto sorrindo e sabendo por experiência própria qual seria o resultado daquilo

— É? — ele olha para o balde bem em tempo de ver pipoca voando por toda a sala, me fazendo soltar uma gargalhada. — Desculpe, desculpe, desculpe.

Continuo a ri enquanto ele, com pipoca presa nos cabelos, tenta catar as outras com as mãos, esquecendo totalmente de sua varinha. Pego a minha e ordeno Accio Pipoca fazendo um movimento que faz todas elas voarem de volta para o balde.

— Foi mal, ainda estou aprendendo esses feitiços domésticos — explica Sirius, sentando no sofá e comendo a pipoca sem pensar que há poucos segundos ela estava no chão. — Remus é muito bom nos de limpeza, e James no que se diz respeito a cozinha, mas eu não achei meu dom de dono de casa ainda.

Ainda estou rindo quando sinto uma dor aguda. Solto um pequeno grito e me curvo para a frente colocando as mãos na barriga. Sirius pula do sofá, derrubando a pipoca no chão de novo e vindo me socorrer.

— O que foi? O que aconteceu? — ele pergunta aflito.

Minha espiração esta ofegante, meus batimentos estão tão fortes que consigo senti-los em todo meu corpo. E então, um liquido escorre pelas minhas pernas, molhando minha calça e formando uma pocinha no chão.

— Ai, droga. — Sirius fala baixinho sabendo muito bem o que isso significava.

— Minha bolsa estourou. — digo, só pra confirmar.

X-X

Durante meu sétimo mês de gravidez, meus amigos se juntaram com James e Marlene para leram tudo sobre o parto. Todos queriam estar preparados para o momento que eu entrasse em trabalho de parto, visto que no momento eu poderia esta acompanhada de qualquer um deles. Se acontecesse no tempo certo, eles sabiam como entrar em contato com Andrea, e sabiam inúmeras técnicas para me auxiliar até ela ou James chegarem. Se fosse antes do tempo, eles sabiam o que deviam levar para o hospital, como chegar até lá e como agir durante todo o processo até que Andrea ou James chegasse. James e Sirius até fizeram uma simulação, onde Remus, com uma bola em baixo na camisa, se divertiu horrores fingindo ser eu.

Por conta de tudo isso, Sirius sabe perfeitamente como agir, ele corre para o quarto do bebê, pegando a bolsa que eu e Lene organizamos uma semana atrás, depois corre pro meu quarto onde pega coisas para mim com meu auxílio.

— Você esta bem? — Sirius pergunta enquanto coloca tudo dentro de uma bolsa para mim. — Esta calma?

— Ainda tenho só oito meses, Sirius, esta adiantado. — de forma seria enquanto respiro fundo. — E esse bebe vai sair de dentro de mim causando bastante dor, é claro que não estou calma. Mas eu sabia que uma hora ele teria que sair ne?

— Esta bem, desculpa perguntar algo ridículo — ele diz rindo. — Você consegue andar?

Confirme com a cabeça e Sirius arruma a bolsa do Pequeno Potter em um ombro e segura a minha na mão, para poder me apoiar com o outro braço.

— Sim, por enquanto sim. — as contrações me fazem ranger os dentes e soltar grunhidos, mas eu sei que ainda são consideradas fracas.

Caminhamos até o elevador lentamente pelo corredor, e assim que entramos Sirius aproveita que me apoio na parede para enviar um patrono para todos, antes de chegarmos no térreo já obtivemos resposta de todos menos James.

Pegamos um taxi para o hospital, o taxista tenta argumentar com Sirius sobre ele parar na frente de uma loja abandonada, nervoso ele apenas puxa a varinha e estupora o motorista que cai em um sono profundo. Quase brigo com ele por usar magia na frente de um trouxa, principalmente um trouxa que só queria ajudar, mas sinto uma contração mais forte e isso se torna irrelevante. Sirius me pega no colo e corre para dentro do St. Mungos.

— Sirius, e o James? Ele queria tanto ver o parto.

— Ele vai chegar a tempo — Sirius me responde, ofegante. — Todos estão a caminho, em breve estarão aqui. E James vai chegar também.

— Senhor? — escudo uma mulher falar, não vejo quem, pois no momento estou com os olhos fechados com outra contração.

— Ela entrou em trabalho de parto! Mas só tem oito meses.

A movimentação é rápida, enfermeiras são chamadas e logo me vejo sendo colocada em uma cadeira de rodas e como a ser levada para fora da recepção.

— Sirius! — chamo, agarrando sua mão subitamente estou com tanto medo que quero alguém perto de mim.

— Calma, Lily, — ele responde e vejo que as duas enfermeiras terem reações contrarias, uma revira os olhos impaciente, outra parece compreender meu nervosismo. — só vou preencher alguns papeis e já estou contigo.

Me levam para um quarto, onde uma enfermeira jovem me ajuda a trocar de roupa para uma daquelas camisolas azuis. Ela conta o intervalo das contrações, cinco minutos e 32 segundos, e faz o teste de toque para verificar minha dilatação, 4 cm. Depois diz que estou evoluindo muito bem, e que voltara em breve.

— Qualquer coisa é só apertar esse botão que eu venho — ela fala mostrando o botão vermelho perto da maca. E com isso sou deixada sozinha.

Passa três contrações até Sirius entrar no quarto, com uma daquelas roupas de visita azul, seu cabelo está preso em um coque mal feito. Ele pega minha mão bem em quando tenho outra contração.

— Tudo bem, tudo bem, — ele diz. — você é forte, você aguenta.

É impressionante como o tempo é relativo, cinco minutos entre dos capítulos do seriado de TV é muito, você vai no banheiro, bebe agua e ainda tem que esperar. Mas entre duas contrações, os segundos voam, parece que eu não tenho descanso. E o tempo todo estou pensando: é agora, depois daqui, minha vida nunca mais será a mesma.

Será que darei conta? Será que James continuará do meu lado. Será que me filho vai crescer em meio de uma guerra? Será que meus amigos vão ama-lo? Será?

Contração de cinco em cinco minutos, dilatação de 5,5 cm.

— Calma, ruiva, tenha calma.

Como vou conciliar meu papel de mãe com meu trabalho? Como vou manter a casa arruma com um bebê correndo por todos os cantos? Como vou ter uma vida? Antes que eu posso se quer pensar em uma resposta uma voz invade o quarto.

— Olá, Lily Evans, sou a obstetriz de plantão hoje. — diz uma senhora de pelo menos 60 anos entrando. — Oh, você é nova... quantos anos tem?

Vejo Sirius fechar a cara, e sei que estou fazendo o mesmo.

— Cadê minha obstetriz?

— Andrea já foi chamada, porem mesmo quando ela chegar ainda serei eu a responsável pelo — ela responde parecendo ofendida por eu não ter respondido sua pergunta.

Ela faz o teste de toque novamente, e verifica o batimento cardíaco do bebê, me afirmando que tudo parece bem com ele, antes dela sair, entretanto, escuto sussurrar para a curandeira em treinamento.

— Se prepare, as novas fazem um escândalo.

 A moça, que parece ter basicamente minha idade parece constrangida com o comentário:

— Tente andar um pouco querida, ou dançar. — diz sorrindo sem graça.

Sirius me ajuda a levantar e me apoia ao caminhar pelo quarto, sou atingida por outra contração no momento que a moça volta e acabo dizendo algo que jamais falaria em um momento normal.

— Você tem filhos? — pergunto a ela que balança a cabeça negativamente. — Não tenha, não engravide, adote. Acredite, você não vai querer passar por isso.

— Você quer uma poção analgésica? — ela oferece parecendo nenhum pouco abalada com meu tom.

— E eu tenho cara de quem vai querer drogar o próprio filho?

Contração de cinco em cinco minutos, dilatação 6 cm.

Sirius faz massagem em minhas costas enquanto estou sentada em uma daquelas bolas gigantes, ele é realmente bom na massagem, mas ainda assim parece uma tentativa inútil de me fazer relaxar. Mas afinal, é bem difícil relaxar quando parece que você vai parir uma melancia gigante. Precisa mesmo de tudo isso? É só um bebezinho!

— Preciso ficar de pé. — digo ao sentir outra contração. — AI MEU MERLIN.

Me inclino para frente e aperto a mão de Sirius com tanta força que escuto ele soltar um gemido de dor.

— Dançar, vamos dançar. — ele sugere assim que a contração passa.

Não sei como ele arruma um rádio, mas, bem, ele é Sirius Black, duvido que tenha algo que realmente ele não consegue. Então antes da próxima contração meu amigo está colocando uma valsa para tocar no quarto.

— Você dança muito bem, é um pé de valsa — digo depois de algum tempo sendo girada pelo quarto.

— Fiz muita aula enquanto criança. — arregalo os olhos chocada, nunca imaginaria algo do tipo. — Puro sangue tem tradições engraçadas, broto, eu fiz aulas de dança, também sei tocar piano e falo francês e latim.

— Estou impressionada. — respondo prontamente. — Que tipo de coisa meu filho vai ter que aprender sendo um Potter?

— Latim está na lista, e não deixe James te impedir, ele odiava estudar isso, mas ajuda muito na pronuncia dos feitiços. — ele responde rindo. — Violino também é tradição Potter, mesmo James sendo um horror, pintura também é muito importante para eles, nunca vi uma casa com tantos quatros.

— Obriga por estar aqui comigo, Sirius. — digo ao notar que por um breve momento o nervosismo acalmou.

— É um prazer fazer parte dessa famí... — seja o que for que ele fosse falar, não consigo prestar atenção pois só atingida por outra contração.

Contração de quatro em quatro minutos, dilatação 7,5

— Cadê o James, Sirius? — pergunto chorando. — Eu quero o James aqui comigo.

James tinha falado comigo varias vezes sobre o parto, ele queria esta presente, queria fazer parte desse momento. Eu agradeço muito por Sirius esta me fazendo companhia, aguentando meus apertos na sua mão, meus gritos e meus xingamentos, mas era pra ser James aqui comigo, era para ser ele fazendo parte disso.

— Ele vai chegar, ruiva, vai chegar. — Sirius diz fazendo carinho no meu cabelo bagunçado, mas sinto que ele não sabe realmente. — está todo mundo ai, Dorcas, Remus, os pais da Dorcas, Lene está fugindo do plantão o tempo todo pra ver como você está.

— Já estamos aqui há três horas e meia, — estou coberta de suor, o rosto coberto de lagrimas, a voz ofegante. — por que ele não nasce logo?

— Calma, Lily, já vai acabar e você vai ter o amor da sua vida nos seus braços. — ele tenta me consolar sorrindo. — O que eu posso fazer para te deixar mais confortável.

— Você pode prender meu cabelo em uma trança? — pergunto rindo para tirar sarro da sua cara, porem Sirius faz uma cara de ofendido e imediatamente se ajoelha no chão atrás da onde estou sentada novamente na bola.

— Nada é impossível para mim. — ele responde dividindo meu cabelo no meio e puxando os fios que caiam nos meus olhos.

E ele está certo, porque em poucos minutos o cabelo que antes estava entrando nos meus olhos e boca agora está preso em duas tranças bem feitas.

Contração de dois em dois minutos, dilatação 9 cm

— Olá, Lily querida, eu cheguei — diz Andrea entrando no quarto. — o bebe decidiu da uma de apressadinho hein, vamos ver como ele está.

Ela verifica o bebe com uma sequência de feitiços que não consigo acompanhar, e diz está tudo normal, que eu posso ficar tranquila, mas algo no olhar dela me deixa nervosa, ou talvez seja só o nervosismo normal do parto.

Sinto outra contração.

— Está quase querida, — ela fala depois de anunciar que estou com quase 10 cm de dilatação. — mais um centímetro só e já pode começar a empurrar.

Agarro a mão de Sirius e nós olhamos apreensivos, estamos em pânico, nenhum de nós sabe como vai ser. Sinto outra contração.

— Eu quero minha mãe. — digo, chorando, o que me segurei para dizer durante todos esses meses, eu preciso da minha mãe comigo, pra me ajudar e me auxiliar nesse momento.

Mas eu não tenho isso, não posso coloca-la em risco por meu bem estar. E Sirius sabe disso, então ele apenas segura minha mão e diz que está ali comigo.

Quando a Obstetriz carrancuda retorna, quatro horas depois da minha bolsa ter estourado, ela me diz que chegou o momento.

Contrações de 90 segundos em 90 segundo, dilatação 10 cm.

Sou movida para a sala de parto, com Sirius firmemente ao meu lado. Lá estamos eu, Sirius, a obstetriz chefe, Andrea e a aprendiz que está me acompanhando desde o início e parece muito gentil para ser forçada a treinar com aquela mulher.

— Você não pode ficar aqui. — a velha fala encarando Sirius. — nem mesmo é o pai.

— Ela tem direito a um acompanhante independente da escolha. — intervém Andrea quando ver que Sirius e eu ficamos sem resposta.

Observo a forma como as duas se encaram e imagino se não existe alguma inimizade na relação. Mas não posso pensar muito nisso, pois vem uma contração que me faz gritar.

— Esses jovens modernos. — ela responde revirando os olhos e se posiciona entre minhas penas — Na próxima contração você faz força.

É isso, o grande momento. E James não está aqui.

X-X

— Empurra. — Diz a medica, e eu obedeço usando toda a minha força e gritando no processo. — Vai, garota, força.

Aperto a mão de Sirius, ele que esteve comigo por todo esse tempo. Estamos suados e vermelhos pelo esforço.

— Está vindo outra, se prepare, querida. — fala Andrea de forma calma.

Sinto Sirius soltar minha mão, mas estou no meio de uma contração então não presto muita atenção ao fato. Depois que passa e procuro por ele vejo que ele saiu da sala. Por que?

— Vai ser preciso o corte. — fala a Obstetriz chefe. — me passe a tesoura.

— Não vejo necessidade nisso — afirma Andrea segurando a mão da moça que já ia passar a tesoura.

— Ela precisa fazer essa criança nascer mais rápido. — Será que ela não sabe que eu não controlo isso?

— Ela esta evoluindo bem no parto. — Andrea tenta argumentar.

Alguém pega minha mão. Imagino que Sirius voltou, mas quando olho é James que vejo. Ele está com a roupa algum, seus óculos estão rachados, como se ele não tivesse tido tempo de concertar.

— Você consegue, querida, força. — ele me diz.

— Eu não consigo — respondo aos prantos — não tenho mais foças. Não consigo fazer nosso filho nascer.

— Você tem sim — me diz Andrea tocando em minha barriga com a varinha para verificar o batimento do bebê. — você é jovem, saudável e guerreira, vai colocar esse bebê no mundo fácil, fácil.

— Você pode achar isso, mas eu sou a direção aqui hoje, e digo que ela precisa do corte. — afirma velha. — Me passe a tesoura.

Tento entender o que esta acontecendo, do que elas estão falando, porem a próxima coisa que sinto é uma dor diferente nas minhas partes intimas, algo que lembra a um corte. Antes que eu possa perguntar o que é isso, a obstetriz chefe fala.

— Esta vindo outra, agora, faça força.

Empurro com toda a força que tenho, grunhindo e resmungando.

— Já saiu a cabeça, mais uma, só mais uma.

A contração vem, e eu faço força, gritando. E então acontece, o tempo para, o mundo para, a dor ameniza ficando um ardor doloroso, tudo para contemplar o milagre, o meu milagre, meu bebê.

— É um menino. — me diz Andrea me entregando o pequeno ser humaninho.

Depois de seis horas e meias no hospital, ele nasce. Ele está sujo, de olhinhos fechados e grita com toda a força. Minha vista estar turva, e tenho certeza de que estou chorando de emoção, mas ainda consigo ver que ele é o bebê mais lindo do mundo inteirinho.

— Ele é lindo. — diz James, sorrindo e com a vou embraçada de choro também.

— Lindo — eu digo com a voz fraca e rouca. — nosso filho.

As enfermeiras falam algo que desperta o interesse de James. Mas eu continuo olhando para nosso bebê, nosso Harry.

— O que foi?

— Ela está perdendo muito sangue, — afirma a curandeira correndo para algum lugar — a pressão está caindo.

Ele é lindo, perfeito, meu filho perfeito. Ainda estou olhando para ele quando minha vista escurece de vez.


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Notas finais do capítulo

Bom, vou deixar aqui o aviso que eu dei no "capitulo" anterior, já que vou deletar aquele.
"Olá, leitores

Sei que é uma sacanagem aparecer aqui depois de todo esse tempo e nem mesmo ser um capitulo novo, entretanto me achei no dever de vim dar explicações. Acho que é contra regras ter um capitulo como aviso, então em breve irei deletar isso e espero muito que minha história não seja denunciada antes. Bom, gente, vou abri o jogo com você.

Eu não estou conseguindo escrever.

Tenho depressão há aproximadamente uns 8 anos, e desde o início do ano entrei devagarinho em uma crise (talvez alguém ai tenha lido meu conto “Depressão”). Estou com vários problemas diferentes e isso está gerando uma enorme dificuldade de completar qualquer atividade na minha vida, e me dói muito assumir isso. Não consigo escrever, não consigo dançar, não consigo nem estudar, tudo o que eu quero é ficar deitada. Estou com um sono infinito durante o dia e uma insônia horrível de noite e isso prejudica muito minha vida.

Infelizmente, tenho que dar prioridades a certas coisas, como a faculdades e minha obrigações familiares, e as coisas como escrever e dançar estão ficando em segundo plano. Não consigo nem mesmo fazer uma hidratação no cabelo.

Por isso peço minhas enormes desculpas por toda essa demora, mas devo avisar que talvez ainda demore um pouco mais. Juro que estou fazendo o possível para ficar bem logo, afinal de contas escrever e dançar é como uma válvula de escape pra mim, mas preciso de um tempo pra conseguir entrar em equilíbrio com minha mente.

Sinto muito mesmo, entendo que alguns de vocês podem desistir da história, tudo bem. E quanto aos que não desistirem, eu vou voltar, talvez não tão rápido, mas volto.

Att,

Nena Machado"

[Capitulo 25/09/2020]



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