Pequeno Potter escrita por Nena Machado


Capítulo 12
11. Junho, 1978


Notas iniciais do capítulo

Oi, estou ate envergonhada de só volta aqui agora. Gente, a faculdade me deixou louca com tanto trabalho que eu esqueci que não tinha publicado esse capitulo que esta pronto ha décadas. Desculpem essa pobre universitária.



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Minha Obstetra me proibiu de viajar por chave de portal ou pó de Flu logo que completei os cinco meses. O pó de Flu e a chave de portal são muito conturbados e sacode muito. E como aparatar já estava fora de consideração desde o inicio, pois precisa de muita concentração para conseguir levar o bebê junto, no primeiro sábado do mês de junho, James e eu temos só duas opções para ir para Londres, de vassouras ou no Nôitibus Andante.

Eu gosto de voar, e minha barriga pequena não me incomodava, há mulheres que voam até os nove meses, mas James alegou que era uma viagem muito longa, que eu me cansaria à toa. Por isso, Dumbledore disponibilizou uma carruagem para nos levar até Hogsmeade, e lá pegamos o ônibus.

James ia ao Ministério da Magia, ver algumas coisas sobre sua herança paterna, falar com responsáveis e assinar papéis. Ele queria deixar tudo resolvido para quando nos formássemos, assim evitaria qualquer atraso nos planos.

Chegamos no café exatamente no horário que James deveria estar encontrando a Sra. Potter. Lembrando como ela já não gosta muito de mim por toda a questão da gravidez e sabendo que precisamos evitar mais brigas para tentar manter a harmonia familiar pelo bebê, tento convencer James a não esperar comigo pela Petúnia.

— Você precisa ir. — falo o empurrando para a saída, desistindo de um diálogo e começando a me irritar com sua negação. — Eu vou ficar bem.

— Lily, pela última vez! — ele responde forçando seu corpo para traz de forma que não consigo continuar empurrando. — É perigoso, você não deve ficar sozinha.

— Potter, — coloco as mãos na cintura e preciso de muita concentração para manter o rosto serio ao ver ele quase cair.  — sou uma bruxa, tão boa quanto você, com excelentes notas em Feitiços e Defesa Contra as Artes das Trevas, participei do Grupo de Duelos por anos, então acredite em mim quando digo que posso me defender muito bem.

— Sim, mas você está gravida, — ele tenta argumentar. — agora se cansa mais rápido e está vulnerável, se acontecer algo, eu nunca vou me perdoar.

Eu entendo o que ele quer dizer, e entendo porque ele se sente responsável por mim e pelo bebê. Porem ele precisa entender que eu posso ser responsável por nos também.

— Você já estar quinze minutos atrasado, a Sra. Potter já não gosta muito de mim, então não é bacana você se atrasar por minha causa. — respondo firmemente. — Petúnia já vai chegar, posso tomar um chá enquanto a espero.

Ele suspira, resignado que não vou mudar de opinião.

— Ok, qualquer coisa me mande um patrono. — ele pede apertando a minha mão apreensivo. — Eu venho correndo.

Ele espera eu estar instalada em uma mesa para poder seguir o caminho. Observo James atravessar a rua e entrar na cabine de telefone que é a entrada de visitantes para o Ministério. Quando o garçom se aproxima, faz um comentário sobre ele ser um marido atencioso, e sorrio concordando. Estou assoprando minha xícara de chá quando finalmente escuto:

— Lily!

Ao me virar, vejo Petúnia acenando para mim. Ela vem em minha direção, a gravidez fez bem a ela, mesmo sem ter traços delicados ela estava bonita, com um brilho diferente na pele e nos cabelos.

Me levanto quando ela está bem perto, e ela não olha mais para meu rosto. Minha barriga é pequena, de acordo com a Andrea na primeira gravidez de uma mulher jovem geralmente a barriga não cresce muito. Entretanto Petúnia me viu com apenas quatro meses, quando parecia apenas que eu tinha comido demais no jantar e não que estava gravida, os dois meses e meio que se passou devem fazer uma grande diferença para ela.

— Oooh, você está tão linda. — diz ela sorrindo enquanto alisa minha barriga. — Será que a minha vai ser pequena também?

— Torça para que sim, — respondo sorrindo tocando em minha barriga carinhosamente. — minhas pernas doem com ela assim, imagine se fosse maior.

Petúnia sorri, parecendo no mais completo momento de felicidade, me lembrando que ela não passou os últimos messes remoendo preocupações, e que nós temos muito que falar.

— Sente, Tunia,  — peço sutilmente. — vamos pedir algo pra você, não é seguro para nós ficarmos juntas por muito tempo.

X-X

Ante que que eu possa falar qualquer coisa, Petúnia começa a falar sem parrar. Ela toma um chá enquanto dispara várias novidades sobre a vida de casada e fazendo perguntas sobre gravidez. Ela praticamente não me deixa concluir uma frase se quer. Parecendo extremamente serelepe com tudo que está vivendo agora, e me sinto muito feliz ao notar como o início de sua gestação está sendo tranquilo.

Me sinto mal por pela primeira vez na vida desejar o que ela está vivendo, uma família bem estruturada e sem dramas. Me sinto mal porque sei que a situação que me encontro foi causada pelas minhas próprias escolhas, e que a única coisa que a Petunia fez foi escolher com mais sabedoria do que eu. Por isso tento engolir o gosto amargo com os biscoitinhos doces e conto para ela todas as informações sobre minha gravidez, contando como é a questão no mundo bruxo e como é meu pré-natal.

E então ela faz a pergunta que evitei pensar durante esse tempo em que estivemos juntas, tentando ao máximo prolongar essa reunião porque não sei exatamente quando vai acontecer novamente.

— Agora conte por que não está me escrevendo semanalmente para me contar tudo isso como nos combinamos?

— Era isso que eu precisava falar com você. — suspiro antes de contar a ela. — há uma guerra acontecendo no mundo bruxo, Tunia, já tem alguns anos isso, mas agora ela ganhou proporções realmente grandes e ela está afetando o mundo trouxa também.

Então eu conto, explico sobre toda a ideologia de pureza de sangue, pela primeira vez conto para alguém da minha família sobre o preconceito que sempre sofri no que eles achavam ser um mundo magico perfeito, conto inclusive sobre o real motivo do fim da minha amizade com Snape, conto sobre Voldemort e sua doutrina purista, conto sobre os ataques e como é perigoso se eu voltar a morar em casa com eles, digo que James é de uma família sangue puro e isso torna nosso filho um mestiço, e por fim explico que estamos exatamente entre o tipo de pessoas que os Comensais da Morte desejariam exterminar.

— Mas você vai voltar para casa, certo? — pergunta Petúnia me olhando ansiosa. — você precisa da gente, da nossa ajuda. Onde você vai ficar? Com James?

— A família de Dorcas deixou que eu fique com eles até acharmos um lugar seguro e adequado para nós. — explico apertando suas mãos e tentar parecer mais segura do que me sinto. — é perigoso Tunia, muito. Não quero colocar nenhum de vocês em perigo.

— Lily, se isso é sobre a gravidez, não tem problema — ela fala parecendo começar a ficar desesperada. — papai esta pesquisando as coisas para o bebê, e mamãe vai aceitar de qualquer jeito.

— Não é isso, sim eu estava apreensiva em voltar para casa gravida. — respondo tentando ser o mais sincera possível. — Mas tem uma questão muito maior.

— Você podia esquecer. Isso não vai chegar à gente, no nosso mundo, as autoridades vão tomar conta disso. — balanço a cabeça negativamente, não tenho como faze-la entender como a guerra já chegou no mundo trouxa. — Esqueça, esqueça que é uma bruxa, esqueça a magia, venha morar com nossos pais e deixe tudo isso pra trás.

— Não posso. Com minha formação em Hogwarts não tenho como trabalhar em nada no mundo trouxa, e passar a viver assim não sumiria com meus dados do mundo bruxo, passei sete anos vivendo nos dois mundos, apenas colocaria vocês estariam em perigo. — suspiro fundo antes de falar o principal. — quem vai ter que esquecer é vocês. Nada de cartas, nada de falar sobre mim para ninguém, vão esquecer que sabem sobre magia ou sobre a guerra. Nós vamos lutar, Tunia, para que Voldemort não consiga poder no mundo bruxo e vá para o mundo trouxa. Mas até que ganhemos essa guerra, preciso de vocês em segurança. Vou dar um jeito de por feitiços de proteção na sua casa e na casa de nossos pais, mas não posso ter contato com vocês. Talvez eu consiga mandar um recado de vez em quando, falando como estou, mas vocês nunca vão poder responder. Preciso que você explique isso para mamãe e papai, diga o motivo é diga que vou procura-los assim que isso acabar.

Quando termino de falar, Petúnia está chorando, então também começo a chorar. Isso é uma despedida, e me sinto mal por fazer isso com ela, principalmente por ela estar grávida.

— Acabamos de voltar a sermos amigas — ela fala rouca largando minhas mãos para enjugar as lagrimas que caem por seu rosto. — e aí isso acontece para nos separar, seu mundo está te tirando de mim de novo. Como vou conseguir? Não vou contar sobre a gravidez para você, não vou saber se terei um sobrinho ou uma sobrinha…

— Eu sou escrever cartas, todas as semanas, e vou guardar. Um dia isso vai acabar, e aí poderei te entregar todas elas, e você saberá exatamente como me senti. — pego as mãos de minha irmã novamente, pela primeira vez sinto como se eu fosse a mais velha, estando adiantada na gravidez e na vida. — Você pode fazer isso também? Escrever tudo o que acontecer com você? Tirar várias fotos? Para que, quando ganharmos e eu voltar para nossa família, eu possa sentir como se eu estivesse com você por todo o tempo?

Não falo que há uma chance de não ganharmos, nem que há uma chance de eu não sair viva disso, apenas quero que ela entenda que é importante fingir que nunca me conheceu, para que ela possa viver.

— Posso, claro que posso. — ela me responde de uma forma tão chorosa que quase não consigo entender, ela bebe um gole do chá para limpar a garganta antes de voltar a falar. — Na verdade, tenho uma coisa para você.

Petúnia tira uma caixinha da bolsa, e me entrega. Ela está embrulhada em um papel de presente vermelho. Abro a caixa devagar. E então recomeço a chorar com força total.

— Queria te devolver isso há muito tempo, mas queria que fosse pessoalmente.

Quando nasci, nossos pais compraram para nós um daqueles medalhões bregas escrito “melhor irmã do mundo”, do tipo que abre e dentro tem uma foto, de um lado era a foto minha e da Petúnia ainda no hospital, e a do outro nos costumávamos atualizar todo ano, agora tinha uma foto realmente adorável e espontânea da gente se preparando para a fotografia em família no seu casamento. Era uma forma de tentar mostrar a Petúnia que ela estava ganhando uma amiga, e não perdendo espaço na casa.

Durante anos, usamos ele como se fosse algo que concretizasse nossa amizade. Mas quando me preparei para ir para Hogwarts no meu primeiro ano, Petúnia​ tirou o colar dela pela primeira vez em forma de protesto por nossa mãe tê-la obrigado a ir me levar com eles na estação de trem. Notei isso um pouco antes da hora de entrar no trem, em um rompante de raiva arranquei meu colar e joguei no lixo, depois entrei no expresso sem me despedir de Petúnia.

Aparentemente, ela tinha recuperado meu colar do lixo, e o guardado por todos esses anos, até hoje. Para me devolver.

Olho para ela com a visão embaçada pelas lágrimas. Vejo-a puxar uma corrente de dentro da blusa e sorrir fracamente.

— Entendo sua decisão, não concordo com ela, mas entendo. — ela diz, segurando o pingente com uma mão e a minha com a outra. — mas você pode ter isso de volta, pra lembrar que tem pessoas te esperando. Para eu estar sempre contigo. Quando nos vermos de novo podemos atualizar a foto para uma nossa segurando nossos bebes.

Ainda estamos chorando quando vejo James sair de um beco e decidimos que é hora dela ir embora. Então me viro para que ela possa colocar o colar em mim e depois nos abraçamos. Ela faz um carinho em minha barriga, e eu retribuo na dela, mesmo que ainda esteja lisa como sempre.

— Adeus, minha irmã. — diz Petúnia.

— Adeus.

E então observo ela pegar um ônibus, ciente de que provavelmente não a verei de novo em muito tempo.

X-X

James está nervoso, está muito nervoso, posso dizer isso pela forma como ele está roendo as unhas há quase meia hora. Olha para mim com o canto dos olhos, fazendo força para não virar a cabeça, como se esperasse que eu não notasse que está me olhando.

Ele está assim desde o momento em que eu disse que ia fazer a ronda com ele. Sendo meus últimos dias aqui, como segunda feira já começa as provas e eu decidi que já estudei tudo o que podia, resolvi aproveitar que estou me sentindo bem e ir fazer a última ronda como monitora chefe.

— Vamos lá, o que você tem? — pergunto de forma direta quando vejo ele levar a mão direita a boca de novo.

— Não tenho nada! — ele diz, com a voz abafada pelo fato de está roendo a unha do polegar.

— Você está nervoso a beça, — respondo prontamente apontando um dedo para a mão que continua entre os dentes. — está quase tirando sangue dos seus dedos!

— Ok, ok. — ele ri e ergue as mãos em sinal de redenção. — queria falar quando voltássemos a Comunal, mas já que você está me coagindo… eu queria saber se… se você quer… — ele suspira fundo e olha para os pés falando o resto da frase tão baixo que preciso me inclinar para conseguir ouvir — se você quer ir ao baile comigo.

Olho para James. Ele parece ansioso, como se todo o valor do seu baile dependesse da minha resposta. Mas eu sei a verdade, sei que a escola considera que estamos juntos de alguma forma, sei que ele está fazendo isso por que ninguém me convidou, sei que ninguém me convidou por que eu estou grávida e sei que ele acha que por ser o pai, é obrigação dele ir comigo.

Sinto meu coração descompassar as batidas contra a minha vontade, e solto um suspiro ao mesmo tempo que deixo meus ombros caírem.

— Você não precisa fazer isso. — respondo simplesmente e recomeço a andar em direção ao Salão Comunal da Grifinoria.

— Isso o que?

— Isso, — aponto para ele, como se o gesto explicasse tudo, porem ele continua confuso e sou obrigada a explicar verbalmente. — Não precisa me convidar para nosso baile de formatura.

— Mas eu…

— James, — paro e me viro para ele tão subitamente que ele encosta na minha barriga. — eu entendo, mesmo, e agradeço, mesmo. Mas não é sua obrigação…

— O que?

—… não é porque você é o pai do meu filho que você é obrigado a me assumir como sua responsabilidade.

— Desculpe, Lily, eu…

— Você é o capitão do time de Quadribol, todo mundo tem certeza que no final de semana vamos ganhar a taça, ainda é monitor chefe, é muito bonito e inteligente — coro ao notar seus olhos arregalados para a quantidade de elogios que falei sem nem precisar pensar sobre o assunto, e tento retornar para a linha de raciocínio. — qualquer menina vai querer ir com você, sei que você acha que precisa ir comigo porque ninguém me chamou, mas não precisa.

— Mas, Lily, não é…

— Sério, eu vou sozinha, — respondo firmemente, mesmo que ainda nem tivesse tomado essa decisão ate o momento. — pode convidar quem você quer que como acompanhante de verdade.

— Mas eu quero ir com você! De verdade. — ele diz, segurando meus ombros e sacudindo suavemente. — Apenas pare um pouco e me escute.

Me sinto momentaneamente confusa, mas faço o que ele pede e fico em silencio para ele poder explicar seu ponto de vista.

— Eu estou te chamando porque quero ir com você. Eu idealizei meu baile durante todo o nosso quinto ano, e todas as vezes imaginei que estava com você. — ele passa as mãos pelo cabelo, em sinal de nervosismo. — Certo que na época eu não imaginava que você estaria grávida de sete meses, mas ainda assim, quero estar com você. Podemos ir como amigos, não estou te pedindo em casamento, só quero você ao meu lado no baile.

Eu congelo, não tenho palavras para respondê-lo. Ele quer ir comigo, realmente quer. Me lembro de Sirius, falando que James age como quando era apaixonado por mim, falando do quinto ano, e agora James também está falando. Ele idealizou o baile, quando ainda tínhamos dois anos pela frente, realmente achava que tinha uma possibilidade de irmos juntos, ele achava que ia conseguir me conquistar, e que ficaríamos juntos.

Irônico que estejamos aqui agora, ele me convidando para o baile, indo juntos, com um filho chegando em apenas dois meses. Juntos, mas ao mesmo tempo separados. “Como amigos” ele disse, na nossa zona de conforto, dois amigos, que terão uma criança, mas apenas dois amigos se divertindo no baile de formatura.

— Lily?

James está me olhando, esperando por uma resposta.

— Você realmente não vai se arrepender disso no futuro? — pergunto ao ponto que James confirma com um aceno de cabeça enquanto vejo seu sorriso aumentar e seus olhos quase brilharem. — Eu aceito. Vamos juntos ao baile.

X-X

James consegue para mim um lugar especial para o último jogo de Quadribol que vou assistir como aluna de Hogwarts, quer dizer, não apenas para mim, mas para Dorcas Remus, Sirius e Pedro também. Ainda assim escutamos vários tipos de xingamentos quando passamos por todos para pegar os lugares privilegiados, e eu acabo rindo ao notar que minha barriga de gravida não tem o poder de gerar empatia em torcedores fanáticos.

— Último jogo, nem consigo acreditar nisso — comenta Remus nostalgicamente, mesmo que ainda não tivéssemos deixado Hogwarts. – Vocês imaginavam que iam estar assim agora?

A pergunta é retorica, mas eu decido responde-la mesmo assim.

— Eu definitivamente não planejava esta gravida — digo rindo feliz pelo momento.

— E eu não imaginava que ia ter o privilégio de engatar um relacionamento serio apenas por que a ruiva não soube lidar com seu chifre — Sirius comenta, acompanhando Lene com os olhos no campo.

Remus e Peter dão, cada um, um tapa na nuca do rapaz ao mesmo tempo, mas eu gargalho com sua frase.

— De nada por isso, querido Sirius. — respondo o abraçando de lado. — Se não fosse pelo meu surto de corna, você provavelmente nunca teria tido coragem.

Sirius sorri e me abraça de volta, me pego pensando em como nosso relacionamento evoluiu nesse último ano. Hoje não consigo mais imaginar minha vida sem as piadas acidas dele, e sei que posso contar com sua ajuda plenamente para qualquer coisa. Sei que ele também me considera uma grande amiga, mesmo que ele tenha dificuldades para demonstrar sentimentos, eu provavelmente nunca ouvirei um “eu te amo” vindo dele, porem sei que o sentimento está ali, nos momentos em que ele esteve ao meu lado me apoiando, se dispondo a cometer um crime por mim, segurando meu cabelo enquanto eu vomitava em algum canteiro de plantas mesmo que ele quase vomitasse junto. Sirius dá um beijo em minha testa e assim que eu vejo o sorriso que ele me lança, sei que ele está pensando em algo semelhante a mim, é assim que Sirius demonstra que se importa.

O início do jogo é anunciado, e começamos com os gritos de torcida mais alto do que jamais cantamos. Observo Marlene entrar no campo na formação liderada por James, e grito seu nome com força, balançando as bandeiras que Remus me entregou com entusiasmo. Não sou intima dos outros jogadores, que são mais novos que nós e não são envolvidos nas mesmas atividades acadêmicas que eu, então me concentro na minha amiga e em James.

O time da Lufa-Lufa está com um novo capitão esse ano, Diggory, ele tinha sido monitor da Lufa-Lufa, mas esse ano abriu mão do cargo para poder se dedicar ao time de Quadribol visto que também é seu último ano. O resultado era perceptível, enquanto no ano passado o time não ganhou nenhuma partida, esse ano ele foi para final e gerou um jogo bem emocionante conta a Grifinoria.

Mesmo assim, o nosso time é o mesmo do ano passado, além de que é o segundo ano do Capitão, eles têm mais tempo de harmonia e não precisaram se adaptar à nova liderança. Sendo assim, depois de três horas muito emocionantes de um jogo muito acirrado onde Marlene até mesmo dedicou um gol a Sirius, causando gritos histéricos quando eles deram um beijinho, James capturou o pomo de ouro.

A arquibancada tremeu tanto, que eu tive um medo real dela desabar, Remus gritava em plenos pulmões, pulando nas costas de Peter que girou no lugar segurando o amigo. Sirius e Dorcas me abraçaram ao mesmo tempo, pulando com tanta alegria que nem mesmo sentir meus pés inchados.

A torcida corre para descer as arquibancadas e invadir o campo, aos gritos de “Grifinoria Campeã”. Sirius passa os braços protetoramente ao meu redor, para impedir que alguém me empurre sem querer no meio da euforia. Observo James ser erguido pelos companheiros de time, ele carrega a taça da vitória sob a cabeça, carregando um sorriso tão grande que poderíamos contar todos os seus dentes. Sei que só vamos conseguir conversa na festa de comemoração, que ele sera totalmente rodeado por pessoas querendo parabeniza-lo, então fico ali observando-o.

E então ele olha para mim, e seu sorriso parece de alguma forma crescer ainda mais, sua felicidade é contagiante. Naquele momento não temos preocupações, não tem guerra, não tem Voldemort, não tem um bebê chegando em breve. Somos apenas jovens aproveitando um momento de plena felicidade normal da juventude.

Eu tinha certeza que aquela lembrança, a visão de James olhando para mim e sorrindo como se esse fosse o melhor momento de nossas vidas, essa visão seria poderosa o suficiente para fazer um patrono que afastaria centenas de Dementadores.

X-X

As provas duram toda a semana, pela manhã fazemos as provas teóricas, de tarde as práticas. O bebê passou a semana inteira inquieto, chutando o tempo todo, ao ponto que cheguei a sair da prova só para ficar um pouco em pé.

Minha barriga cresceu, ficando finalmente no que seria esperado de uma gestação avançada, infelizmente isso também tornou as coisas mais complicadas. Subir e descer escadas se tornou uma tortura, minhas pernas e pés viviam tão inchados que mais pareciam uma bola, o bebê estava apertando tanto minha bexiga que eu ia ao banheiro de meia em meia hora. Por conta de tudo isso, essa última semana foi bem complicada. Eu apenas desejava minha cama, um espaço confortável e uma casa que não tivesse segundo andar.

Mesmo assim, consegui passar por ela. Com dificuldade, mas passei. Vi todo o esforço e as horas de estudo mostrar sua importância, me senti confiante nas provas teóricas e mais confiante ainda nas provas práticas, principalmente naquelas que eu precisarei para seguir a carreira que eu tanto almejo.

Faltam apenas alguns minutos para acabar o tempo da prova prática de poções. Minha poção Veritaserum está na minha frente, já no pote fechado e tenho certeza de que está perfeita. Ao meu lado direito vejo James colocando a poção dele no pote, da onde estou parece muito boa também e sorrio, pois poções é uma matéria muito importante para ele ser chamado pro curso de auror.

Mais a frente, vejo Sirius mexendo na poção, deve estar no final, espero que esteja bom. Viro para trás e encontro Remus me olhando, ele sorri para mim então imagino que a poção dele está boa. De onde estou, não consigo ver Dorcas ou Lene, então só me resta torcer para que também estejam boas.

— O tempo acabou. — anuncia a mulher do ministério e vejo Sirius fechar o pote da sua poção rapidamente. — deixem na sua mesa e iremos avaliar sua poção.

Minha mochila está no chão, me preparo para juntar. Estava bem difícil me abaixar, minha barriga grande atrapalha quando tento me inclinar para frente, e minhas pernas inchadas não me deixam agachar. A enfermeira me disse uma vez que isso é coisa de primeira gestação, em uma segunda gravidez irei fazer essas coisas muito mais facilmente. De qualquer forma, antes de eu me inclinar um rapaz juntou minha bolsa e a entregou na minha mão, não sei seu nome e acho que nunca falei com ele antes, pelas suas vestes, ele é da Lufa-Lufa.

— Obrigada. — digo e ele sorri.

Ele segue seu caminho normalmente, isso é estranho na gravidez, de repente as pessoas se tornam gentis, como se a barriga fosse um alerta de que eu era uma pessoa diferente do resto. Estranhos se oferecem para pegar algo no alto, juntar algo que deixei cair, me acompanhar nas escadas…

James para ao meu lado e pega a bolsa da minha mão, o deixo carregar, mesmo que ela esteja leve, para evitar uma discussão.

— Lily, querida — escuto o professor Horácio me chamar quando já estou na porta.

Ele está ao lado da mulher do ministério. Olho para James e digo para ele seguir sem mim, que depois o encontrarei.

— Lily, quero que você conheça Elaine, ela é a responsável pelo setor de novas poções do Ministério. — a mulher parece ter uns 50 anos, ela olha para minha barriga rapidamente e sorri para mim — essa é Lily Evans, minha mais brilhante aluna, há anos não vejo um talento assim.

— Vi sua poção, senhorita — ela diz, noto que ela não deu um segundo olhar para a minha barriga, olhando apenas nos meus olhos. — perfeita, e feita trinta minutos mais rápido do que o padrão.

— Muito obrigada. — respondo, sorrindo.

— Soube que deseja se tornar uma pocionista, correto?

— Exatamente — tento conter a felicidade de esta falando com alguém tão importante para o meu futuro. — Quero me tornar uma grande pesquisadora na área.

— Para isso é necessário muita dedicação e estudos. — ela responde, dando uma rápida olhada para minha barriga dessa vez. — além é claro de apoio familiar.

— Lily é a aluna mais dedicada que já tive — Horácio fala imediatamente, parecendo nem notar ao que exatamente ela se referia. — Provavelmente ela já leu mais livros do que eu.

Conversamos por mais alguns minutos sobre os autores que eu já conhecia quando ela precisa se afastar para falar com um homem do Ministério da Magia, e Horácio me olha feliz.

— Não posso lhe dizer com toda certeza, Lily, mas tenho grandes expectativas que conseguirei uma entrevista para você. — ele pega minhas mãos e dá uma leve apertada. — você sabe que as pessoas não gostam de contratar grávidas ou mães de crianças pequenas, mas suas notas são perfeitas, e eu tenho os contatos certos. Elaine entrou no ministério por minha causa.

Sorrio para ele.

— Muito obrigada, isso significa muito para mim, independente da resposta, nunca irei esquecer essa ajuda.

— Estou trocando cartas com ela há semanas, ela também tem filhos e parece bem-disposta a te dar uma chance, claro, não posso fazer muito mais do que lhe conseguir uma entrevista, lá dentro há provas e aulas que você precisa passar e assistir, mas tenho certeza que você consegue.

Abro um grande sorriso para ele, agradecendo mais uma vez antes de me despedir.

— Ah, Lily, querida. — ele me chama de volta. — Eu recebi seu presente, uma magia linda e não me lembro de já ter lido sobre algo do tipo antes, muitíssimo impressionante.

— Apenas quis lhe dar algo para lembrar de mim. — respondo sorrindo mais uma vez.

— Dei a ele o nome de Francis — Horário me conta. — Vou cuidar dele com muito carinho, querida, espero que tudo der certo na sua vida, e espero notícias sobre esse bebezinho.

Tento controlar minha excitação, evitar criar esperanças quando tudo pode dar errado no final. Mesmo assim, ao sair da sala me vejo dando pulinhos.

— Opa, qual o motivo para tanta alegria?

Olho para o lado e vejo Remus encostado contra a parede. Ele tem minha mochila sobre o ombro, James deve ter entregue para ele, me parece muito cansado e com olheiras feias em torno dos olhos que me lembra que a lua cheia desse mês é em apenas dois dias, pelo menos ele tem uma semana para recuperar para o baile.

Extasiada conto para ele o que Horácio acabou de me falar. Depois de despejar nele tudo sobre como estou feliz que terei a chance de seguir minha vida mesmo sendo mãe solteira, imagino que ele próprio talvez tenha um motivo para ter ficado me esperando.

— Mas você queria me falar algo?

— Nada importante, na verdade — ele está desviando o assunto.

— Vamos, diga logo.

— Convidei a Dorcas para ir ao baile comigo. — ele fala, tão rápido que eu mal consigo entender, encaro ele, esperando que ele me conte o que ela respondeu. — ela aceitou.

— Remus isso é maravilhoso!

— Eu sei. — ele diz sorrindo, sinto o “mas” antes que ele continue. — mas estou com medo, eu deveria contar logo sobre o que eu sou, não?

— Bem, se você quer minha opinião,— digo, honestamente. — eu acho melhor não.

Remus me olha em expectativa, como quando você precisa ouvir que aquilo que você quer fazer é o certo, mesmo que parece muito errado.

— Remus, você tem que contar quando se sentir à vontade, não é sua obrigação contar todos os seus segredos logo no primeiro encontro. — afirmo, e tento seguir o raciocínio sem soar cruel. — Você nem mesmo sabe se esse rolo vai para frente, espere, se prepare, e aí, se e quando você quiser, você conta.

— Obrigada por me tranquilizar de que não estou sento um babaca. — ele diz sorrindo levemente para mim. — Você tem razão, mas também, você sempre tem.

— É meu instinto materno aflorando cada vez mais.

X-X

Depois do fim das provas, os alunos dos outros anos vão embora, ficando apenas os formandos. Uma semana. Falta apenas uma semana para nossa formatura, uma semana para se despedir do castelo, uma semana para começar a vida de adulto.

Estou com medo.

Tinha minha vida planejada, eu sabia o que ia fazer e quando fazer. Mas então chegou um bebê e bagunçou todos os planos. Eu amo meu filho, de uma forma que eu nem imaginava que se podia amar alguém que nunca vi o rosto. Mas isso não muda o fato de que minha vida está de cabeça para baixo.

Horácio me disse que irei receber uma carta, com minhas notas e a resposta se fui aceita no curso de preparador de poções ou não. Então vou morar com Dorcas, esperar por uma resposta. Se ela for sim, irei estar pelo menos um pouco dentro dos meus planos, se for não terei que aguentar ser sustentada por James até que eu consiga um emprego, e considerando os seis meses de alimentação exclusiva de leite materno isso vai levar oito meses, no mínimo.

Não vai ser fácil, mas eu nunca esperei que a vida fosse. Vou encarar esse desafio e fazer o meu melhor no papel de mãe.

O baile é na última sexta-feira do mês de junho, passo a manhã andando pelo castelo, faço uma visita a Hagrid, passo na biblioteca. Dou adeus aquela escola que foi meu lar por tantos anos, onde eu descobri quem eu verdadeiramente sou.

Depois, me encontro com Sirius no salão dos monitores chefes, estou ali esperando as meninas trazerem suas coisas para meu quarto, onde combinamos de nos arrumar depois de aproveitar a banheira dos monitores e ele esperando James para o que aparentemente é uma última marotisse antes de partir.

— Você... — escuto a voz de James e ergo os olhos do meu trabalho para vê-lo paralisado na porta do salão. — Você deixou ela fazer tranças no seu cabelo?

Sorrio amplamente, porque é verdade, depois de anos de insistência, Sirius Black tinha finalmente me deixado fazer um penteado em seus cabelos.

— Ela esta gravida! — ele justifica firmemente. — Não tem como dizer não a ela!

James ainda parece chocado, mas não tem tempo de falar nada, pois a porta se escancara de novo com minhas amigas entrando animadas carregando bolsas de maquiagens e produtos de beleza. Elas me puxam do sofá aos risos e eu prontamente as sigo para fora do salão, ainda podendo ouvir o Sirius gritar.

— Ei, você vai me deixar com um lado incompleto?

A primeira coisa que sinto é o alivio dos meus pés ao serem mergulhados na agua quente, eles estão inchados de tanto andar, me fazendo notar que fiquei realmente cansada da volta. O banho me dar mais sono do que me revigora, me fazendo descobrir que não é muito bacana se arrumar para festa quando tudo o que você quer fazer é deitar e dormir.

Assim que chegamos no meu quarto, usando robes e molhando o chão pelo caminho, me deito na cama e empilho dois travesseiros para colocar meus pés para cima.

— Lily! — Lene, como era de se esperar está eufórica, os cabelos estão presos em bobes para fazer cachos diferentes do natural. — vamos, vamos se arrumar!

— Estou cansada, Lene — respondo choramingando.

— Então, feche os olhos, — ela me responde prontamente, disposta a tentar fazer tudo para me animar. — vou fazer sua maquiagem enquanto você descansa

Faço o que ela mandou, em algum momento eu caio no sono. Acordo com Dorcas me sacudindo fracamente e graças a Merlin me sinto muito melhor depois do cochilo. Doe já está pronta, com o vestido vermelho e os cabelos presos em um coque com vários brilhos.

Lene está soltando os bobes do cabelo, mas fora isso também já está pronta, com um lindo vestido rosa bebê.

— Vamos, se vista, faço seu cabelo em um minuto.

Visto meu vestido, está um pouco apertado nos seios, mas é algo que dá para aguentar. Calço sapatilhas, nunca me arriscaria em saltos com a barriga de sete meses, prefiro não usar joias, pois o bordado do vestido já é muito chamativo.

Sento na frente do espelho, a maquiagem de Lene ficou ótima, leve, mas realçando cada traço bonito meu, eu não esperaria nada menos dela. Observo Dorcas enrolar meu cabelo com a varinha, Lene sempre diz que com o bobe fica mais bonito, mas eu nunca teria paciência para ficar horas com aquilo no cabelo, então opto pela magia mesmo. Dorcas prende uma parte do meu cabelo com uma espécie de tiara, deixando meu rosto em evidência.

— Você está linda. — ela diz encostando o queixo no meu ombro, então em um dos raros momentos de coragem, ela faz um carinho em minha barriga.

— Obrigada.

— Vamos! — grita Lene, fazendo a gente soltar gritinhos agudos nenhum pouco adultos. — os meninos estão esperando.

Colocamos as capas negras com detalhes em cores da Grifinoria e nossos chapéus pontudos, me olho no espelho rapidamente. Fico feliz com o resultado, e agradeço minhas amigas por não terem deixado eu abrir mão desse momento.

X-X

Anna Bolt da Corvinal foi a oradora da turma, uma atividade que reconheço das tradições trouxas. Prof. McGonagall chamou nome por nome, igual fez sete anos atrás para sermos designados as casas, porem dessa vez ela entregou os certificados de conclusão de ensino.

Dumbledore fez um curto discurso sobre como estamos iniciando a vida de adultos, salientando que estamos em um momento difícil do mundo bruxo e que teremos mais responsabilidades do que nossos antecessores.

E então, somos declarados oficialmente formados, nossas capas pela primeira vez retornam a cor preta que tinha quando chegamos aqui, teoricamente as casas não devem nos separar mais, agora somos todos adultos pertencentes de uma sociedade, mas eu sei que o fato de eu ser da Grifinoria vai me acompanhar até o fim da minha vida. Levantamos as varinhas acima de nossas cabeças, gritando vivas e rindo. E então todos jogaram o chapéu pontudo para cima.

Depois disso, tiramos a capa e a festa começa. Os alunos foram para a pista de dança sem discriminação, dançar como se a vida dependesse disso.

Mesmo assim, a formatura não está sendo exatamente do jeito que eu esperava. Durante o ano idealizamos sobre o baile de formatura. Claro nos últimos meses esse assunto foi um pouco ofuscado por causa do meu filho, mas ainda assim era algo que surgia às vezes nas conversas.

Eu não esperava estar tão cansada que não conseguisse dançar por mais de um minuto sem precisar parar para respirar, não esperava passar grande parte do tempo todo sentada comendo tudo o que Peter me traz prometendo que está ótimo, nem esperava estar com os pés tão inchados que fui obrigada a tirar as sapatilhas e ficar descalça.

Claro, isso não quer dizer que o baile está ruim, pelo contrário, continua sendo um dos dias mais felizes da minha vida e pelo o que eu pude notar todo mundo está gostando bastante. Lene e Sirius estão aos beijos perto do ponche, Dorcas e Remus não pararam de dançar desde que a pista de dança foi liberada.

James ficou comigo a maior parte do tempo, falando sobre o futuro, como espera conseguir ser um bom auror, como planeja ser um bom pai. Ele está feliz. Nos dançamos um pouco, e eu também danço com Sirius algumas músicas, e por isso perto da meia noite já estou tão cansada que me vejo pedindo para James me acompanhar lá fora para tomar um ar.

— É clara, vamos. — ele me responde prontamente, se levantando para me oferecer a mão de forma elegante.

Não preciso explicar que estou me sentindo sufocada pelo calor dos corpos dançando, nem que o som alto está me dando dor de cabeça, não preciso justificar nada para James, ele é a pessoa mais compreensiva que já conheci.

Caminhamos em silêncio até o jardim, não somos os únicos aqui, mas nos sentamos em um banco afastado onde ninguém vai ouvir nossa conversa.

Vejo Severo Snape ao longe, junto com outros alunos da Sonserina, ele costumava ser um bom amigo, mas se voltou para o lado das trevas por poder e se envolveu tanto que acabou me magoando com suas crenças, não tinha como continuarmos conversando.

Ele sempre odiou James. Se tivéssemos continuado amigos eu teria dormido com James? Eu teria engravidado? Ele não veio falar comigo depois que engravidei, mas também me lembro de falar para ele não me procurar mais. Balanço a cabeça, essas são perguntas para as quais eu nunca terei respostas, então não devo perde meu tempo.

— Então o que vocês aprontaram hoje? — pergunto apertando os olhos para ele.

— Nada, acreditas? — ele gargalhada. — fomos pegos imediatamente pelo Filch, ele ainda confiscou o Mapa do Maroto, uma vergonha para nos. Acho que estamos ficando enferrujados com a idade.

— Você sempre será um maroto para mim — afirmo rindo com ele. — posso te aplicar uma detenção pelos velhos tempos.

— Filch disse que não pode, porque já estamos indo embora.

Rimos mais um pouco, aproveitando os últimos momentos ali.

— É nossa última noite aqui. — observo, enquanto James olha as estrelas. — você acha que está pronto pra isso? Para ser adulto? Ser pai?

Eu não devo ser a única com medo né? Não devo ser a única que está com o coração apertado no peito. Quando James dá um sorrisinho eu quase acredito que sim, mas então ele diz:

— Eu estou apavorado. Me tremo todo só de pensar. — ele ri de forma nervosa. — E se eu não for aceito no curso? E se a guerra nos alcançar? E se eu não puder proteger você e nosso filho? Tantas coisas, tantas dúvidas.

— Nossas vidas vão mudar totalmente.

— Pelo menos teremos um ao outro. — ele diz sorrindo ao estender a mão, sorrio amplamente ao agarra-la com toda minha força.

Sim, vai ser difícil, mas pelo menos eu sei que terei James ao meu lado por todo o caminho.

Ficamos conversando mais um pouco, quando o relógio marcou meia noite eu já estava encostada no ombro de James, quase dormindo.

— Ei. — reconheci a voz de Sirius imediatamente.

Ele estava sem a maior parte do traje a rigor, com os botões da camisa abertos. Estava também muito alegre pra quem só tomou ponche.

— Vamos, a festa acabou, hora de ir pegar o Expresso de Hogwarts pela última vez.

X-X

Quando chego aos portões de Hogwarts me deparo com uma grande novidade. Não há nenhuma carruagem para nos levar até Hogsmeade, ao invés disso há botes no lago negro. Botes que nós conhecemos, aqueles mesmos que pegamos há sete anos no nosso primeiro ano.

Faz sentido, um rito de passagem, viemos para esse castelo pela primeira vez de bote, a última imagem que teremos dele nas nossas memórias será exatamente como a primeira, com a diferença de que agora já conhecemos cada canto do castelo, cada passagem secreta.

A ideia é ótima, mas a realidade é diferente. Com minha barriga enorme e um vestido comprido, fico com medo de cair ao tentar entrar no bote.

— Eu não vou, — digo imediatamente dando um passo para trás. — vou falar com o professor Dumbledore, tenho certeza de que ele irá ceder uma carruagem para mim.

Meus amigos começam a falar juntos, despejando afirmações de que eu vou ficar bem, e que é só entrar com cuidado.

— Gente, chega, por favor, vou cair e me machucar. — afirmo com convicção. — minha gravidez está muito avançada pra me arriscar assim.

— Você que sabe, querida, — me diz James fazendo os protestos silenciarem. — Se você quiser ir de carruagem eu vou com você, mas eu acho que você deveria pelo menos tentar, é uma daquelas coisas que você vai se arrepender depois.

Fico pensativa, como eu iria entrar ali?

— Tive uma ideia — fala Sirius do nada parecendo satisfeito consigo mesmo. — Lily, você confia em mim, certo?

Afirmo com a cabeça e só vejo ele dar um sorrisinho maroto que eu tanto conheço. Solto um gritinho quando ele me pega no colo, por um momento penso que ele vai me deixar cair, já que James não consegue mais me carregar. Mas Sirius é mais forte, e me segura facilmente. Ele anda para uma parte mais afastada, onde o lago é mais raso e entra na agua.

Remus entende qual é seu plano e sacode uma varinha, fazendo um bote se aproxima até o máximo que pode, a água atinge Sirius um pouco acima do joelho, e ele me coloca sentada no bote delicadamente.

Ele sorri para mim, como se fosse um grande herói ou coisa assim. E eu sorrio de volta.

— Sã e salva, minha querida Lily.

Remus leva o barco de volta para o cais improvisado, e os outros entram da forma normal, pulando dentro no barco. Divido o bote com Lene, Dorcas e um rapaz da Corvinal, enquanto os Marotos dividem o bote que segue ao nosso lado.

Remus tira mais algumas fotos, além de todas as que ele já tirou na festa, primeiro individuais, depois do grupo no bote, por último, fazemos o nosso melhor para conseguir do grupo todo. Para isso o rapaz que divide bote com a gente gentilmente se oferece para tirar uma foto nossa com o bote dos meninos ao fundo, talvez, quando a gente revelar, não dê para entender quem é lá atrás, mas a gente vai saber, e isso é o importante.

X-X

Quando desembarcamos dos botes (dessa vez usando magia para improvisar uma ponte com algumas madeiras que estavam por perto), fico chocada ao ver todos os formandos juntos, se abraçando e despedindo, as diferenças estavam temporariamente esquecidas. Não éramos Grifinória, Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa, nem sangue puros, mestiços e nascidos trouxas. Éramos apenas pessoas de 18 anos dando adeus à vida de criança e desejando sorte uns aos outros na vida de adulto.

Dei e recebi inúmeros abraços, ouvi parabéns por ter sido forte de ficar na escola mesmo grávida, ouvi pessoas dizendo que eu era corajosa de seguir com a gravidez, ouvi gente desejando um bom parto e que eu seja uma boa mãe. Também ouvi, em bem menos quantidade, desejos de felicidade, que eu consiga meu emprego dos sonhos e que consiga conciliar o trabalho com a vida materna. A verdade é que quando você se torna mãe, as pessoas se esquecem que essa não é a única coisa que você é.

Mas tudo bem, eu entendo o lado deles, é difícil e só quem passa por esse momento entende, então sorrio e digo obrigada, porque de qualquer forma eles estão me desejando algo bacana.

No fim, abraço meus amigos mais próximos. Lene, Dorcas, James, Sirius, Remus e Peter. Não falamos nada, por que não precisamos desejar boa sorte, afinal nós vamos estar um ao lado do outro em todos esses momentos, ajudando, dando apoio, amparando. Nós seremos a sorte que os outros tanto desejaram, nós seremos amigos.

E então, dou um braço para Lene e o outro para Dorcas. E nós entramos pela última vez no Expresso de Hogwarts, rumo ao primeiro momento do resto das nossas vidas.


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Notas finais do capítulo

Então gente, adeus Hogwarts, afora vai se tudo mais complicado. Espero que o capitulo tenha compensado a demora, beijos, ate o próximo.
[Capitulo editado em 23/09/2020]



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