Pequeno Potter escrita por Nena Machado


Capítulo 10
9. Abril, 1978.


Notas iniciais do capítulo

Olha quem vai começar o ano com o pé direito!! Então, eu devia esta estudando para minha prova de fisica, mas to aqui atualizando (já era hora, ne não?). Desculpa a demora gente, mas ta bem complicado a coisa chamada faculdade (serio, acho que vou repetir em duas materia!). Meu semestre termina sexta agora, e vou ter umas semaninhas de folga, então espero da uma adiantada com os capitulos, promesa de ano novo, ok?



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Sinto outra pontada em minha barriga, o bebê se mexe muito, em todos os momentos, mas principalmente à noite. Aparentemente, meu bebê quer ser um vampiro, porque ele simplesmente não entende que essa é a hora de dormir, e fica se revirando tanto que acaba me fazendo levantar.

Não são movimentos fortes, ainda não dá para senti-los pelo lado de fora, então ninguém além de mim já sentiu seus chutes, que mais parece como se eu estivesse constantemente cheia de gases. Eu mal posso esperar para ver a cara do felizardo.

Sirius e Lene tocam em minha barriga sempre que podem, competindo para ver quem ia sentir um chute primeiro, eles são sutis quando estão em público para evitar o falatório antes do necessário. Remus já tocou algumas vezes, poucas para respeitar mais o meu espaço, e sempre repete variáveis da mesma frase.

— Eu praticamente consigo sentir o milagre de um bebê se formando aí dentro.

Ate mesmo Peter tentou sentir uma vez, ficou decepcionado por não ter como sentir ainda. Mas Dorcas não tocou, mesmo quando Lene tentou convencê-la, ela parecia pensar que o bebê ia pular para seu colo se ela chegasse muito perto. Mas eu vejo o carinho em seus olhos quando alguém fala sobre meu filho, ela apenas não parece saber muito bem como demostrar seu afeto por uma criança.

Não me importo com todo mundo querendo tocar minha barriga, que cresceu consideravelmente na última semana. Mas estou realmente incomoda com James ainda não ter tido vontade de sentir o filho, é normal Dorcas ou Remus manterem distancia, entendo o ponto deles, mas eu realmente esperava que James quisesse estar mais próximo do bebe.

Me jogo no sofá do Salão Comunal que é meu cantinho de todas as noites. É aqui que fico até estar cansada o suficiente para cair na cama e dormir sem notar os pontapés do bebê. Por vezes, eu durmo aqui mesmo e James ou Sirius me carregam para o quarto.

Toco minha barriga, os chutes estão concentrados para o lado direito.

— Vamos lá bebê, tente se aquietar sim? — peço e começo a cantarolar uma canção de ninar que minha mãe cantava para mim.

— Ele não fica quieto?

Me viro para trás em um pulo e vejo James, ele está parado na porta de seu quarto, usa uma calça de pijama e uma camisa de um time de Quadribol.

— Ele não quer dormir. — respondo sorrindo.

James se senta ao meu lado. Nos últimos tempos adquirimos o costume de passar algumas noites juntos, com ele ao meu lado fazendo companhia enquanto o bebê não me deixa dormir. Geralmente falávamos de coisas banais, monitoria, Quadribol ou os testes que se aproximavam, mas em algumas noites, falávamos sobre o bebê.

É estranho, ficamos confusos, falamos sobre os planos para depois da escola, e como vamos fazer sobre o bebê. Mas James nunca realmente fala sobre como ele se sente, é quase como se ele estivesse fazendo o que ele acha que é obrigação dele.

Por isso, me surpreende com o que faz esta noite. Ele se curva para frente e passa a mão em minha barriga, sobre meu umbigo, seu ato me deixa tão chocada que paraliso. Com os olhos arregalados e a mão ainda no lado direito da minha barriga.

— Ei, Pequeno Potter, você precisa deixar a mamãe dormir. — seu sorriso é largo, seus olhos brilham, sinto uma emoção enorme aquecer meu peito e fico desnorteada, com vontade de chorar.

James parece notar o que está fazendo, pois segundos depois puxa a mão e me olha, seu sorriso sumiu e suas bochechas ganham um tom rosado, ele parece constrangido e eu não entendo o porquê.

— Desculpa. — ele pede, me deixando sem entender patavilhas. — eu não devia… te tocar assim. É que eu sempre falo com ele enquanto você dorme e… ai isso ficou pior. É só que…

Ele fala com o bebê? Já tocou minha barriga antes? Em todas aquelas noites que ele me carregou ou só algumas vezes?

— Está tudo bem.

— Não, eu sei que devia pedir antes. — ele passa a mão pelos cabelos, nervoso. — Nós não temos nada e eu não sei onde está o limite que existe na nossa relação.

Eu rio, passei os últimos dias pensando no porquê de James não se aproximar, imaginei que ele poderia não amar o bebê como eu já amo ou até que ele podia não querer saber do bebê. Não pensei nem por um minuto que ele podia ter inseguranças também, que ele podia não saber como agir.

As vezes esqueço que tudo isso também é uma novidade para ele. Precisamos trabalhar mais na nossa comunicação. Pego a mão de James e coloco em minha barriga, exatamente onde estava antes, depois arrasto ela para o lado direito.

— Os chutes são aqui, na verdade. — digo.

James ainda está apreensivo, mas aquele brilho volta para o seu olhar e ele sorri de leve. Espero alguns minutos para voltar a falar.

— Sei que nossa relação é… um pouco… incomum. Mas acho muito importante que você tenha uma ligação com nosso filho, e ele está na minha barriga por enquanto. — sinto o bebê dá outro pontapé, mas aparentemente James não sentiu nada. — podemos não estar romanticamente juntos, James, mas para o resto das nossas vidas teremos algo para nos unir, é preciso sim que achemos nossos limites, mas só vamos achá-los se começarmos a procurar.

X-X

Respiro fundo e tento de novo. A minha saia não fecha.

Com cinco meses de gestação completos, não tem mais como eu vestir meu uniforme. Nos últimos dias eu estava usando uma camisa que Remus me emprestou, não ficava bom nos seios, mas ninguém notava, principalmente com o uso constante da capa. Mas agora minha saia também não dá mais, mesmo que Marlene tenha soltado a costura nos lados.

Até agora ninguém tinha notado realmente minha gravidez, tinha alguns burburinhos sobre eu ter engordado, e algumas das meninas mais maldosas tinham logo associado os quilinhos a mais com um bebê. Mas a maioria não, achavam que a sempre certinha Lily Evans nunca faria algo errado, não nessa magnitude. Então os comentários ainda eram tão poucos que eu nem mesmo notava normalmente.

— Quando seu uniforme não der mais, Lily, você pode comprar um uniforme novo, ou se preferir pode usar uma roupa normal, só mantenha o tamanho padrão exigido pela escola. — foi o que McGonagall falou para mim, em uma de nossas reuniões.

Então pego uma calça de moletom, ela é folgada e não aperta minha barriga. Já que estou sem a saia do uniforme, deixo a camisa de Remus sobre a cama e visto uma camisa branca. Coloco à capa do uniforme por cima e me olho no espelho.

Minha barriga está pontuda, marcada sob a camisa justa, a capa esconde um pouco. Mas é óbvio, não terá mais como esconder, todos irão confirmar a gravidez.

Respiro fundo uma vez, sei que a partir de hoje às fofocas vão aumentar cada vez mais, sei que vão descobrir rapidamente quem é o pai, e vão criar teorias sobre a gravidez inesperada de dois adolescentes que nem namoram. Mas é algo que eu sei que iria acontecer em algum momento, e estou há bastante tempo preparando meu psicológico para lidar com isso.

Encontro Sirius, Remus e Peter na entrada do Salão Principal, James e as meninas ainda não apareceram e eles parecem estar esperando os amigos.

— Remus. — chamo, lhe entrego sua camisa e sorrio. — obrigada, mas não dá mais para esconder.

— É, as pessoas já começaram a notar mesmo. — ele me dá um sorrisinho acolhedor. — Mas você está linda, a mãe mais linda que eu já vi.

Sorri, sim, eu me sinto linda, mesmo que tenha aparecido algumas estrias em minha barriga, eu carrego meu filho ali, a coisa que eu mais amo no mundo.

Sirius passa um braço pelos meus ombros, e toca minha barriga com a outra mão. Dou uma olhada ao redor automaticamente, mas só tem algumas crianças que estão concentradas em cartelas de sapinho de chocolate.

— Lily está cada dia mais bonita, — diz Sirius. — a gravidez lhe faz muito bem.

Imagino que isso não deve ser totalmente verdade, tem mais haver com o fato de todos ali já gostarem tanto do bebê ali dentro, mas sorrio para Sirius.

— Obrigada.

James se junta a nós, ele me olha, notando minhas roupas e sorrir. Por ele já tínhamos deixados todos a par da gravidez há muito tempo, eu relutei, pois sei que os comentários me abalariam, e queria evitar isso ao máximo.

— Bom dia. Oi, Pequeno Potter. — Sirius se afasta só para James poder cumprimentar o filho, logo em seguida empurra sua mão para o lado e volta a tocar minha barriga.

James suspira e revira os olhos. Sirius está convencido de que será o primeiro a sentir o bebê se mexer, afirmando que já é o predileto do bebê e que se James bobear ele rouba seu posto de pai. Já James não está tão preocupado com isso, tudo o que ele quer é que o bebê nasça saudável e forte.

— Você está bem? — pergunta James a mim.

Ontem eu dormi sem problemas, ele deve ter notado que não fui para o salão comunal.

— Estou bem, e ele também.

As meninas aparecem finalmente nesse momento e Sirius se afasta de mim para dar um beijo de bom dia na namorada. Entretanto, Lene só joga sua bolsa nele e vem até mim.

— Ei! — reclama Sirius, mas Lene o ignora completamente.

— Oi, coisa linda da titia. — fala Lene com uma voz esquisita para minha barriga.

Ela se abaixa e dá um beijinho no topo da minha barriga. Noto que as crianças estão olhando, de cenho franzido, mas decido ignorar. Vão saber de qualquer forma, então não tenho motivo para privar meu bebê de carinho.

— Vamos? — pergunta Dorcas.

— Por favor, — respondo prontamente. — hoje é um daqueles dias em que quero comer tudo o que tiver na mesa.

Rindo, James pega minha bolsa e seguimos para o Salão Principal tomar café. O salão está lotado e sinto cada pessoa me olhar, alguns olham descaradamente, outros tentam disfarçar, mas ainda dá para notar. Vejo quando alguém se inclina para comentar algo com outra pessoa, e noto que principalmente os mais velhos parecem chegar a uma conclusão rapidamente.

Sinto um aperto em minha mão. Olho para cima e me deparo com Sirius sorrindo para me encorajar. Apenas ai noto que eu parei no meio do caminho, acanhada com os olhares e cochichos, James está parado alguns passos a minha frente me esperando. Então espiro fundo e recomeço a andar, e com James de um lado e Sirius do outro, sinto que tenho o total apoio de meus amigos.

Sento entre Lene e Remus. Todos me olham, esperando pela minha reação. Posso ouvir os sussurros dos que estão mais perto de mim, e posso ver as pessoas em outras mesas se inclinando para sussurrar algo no ouvido do outro.

Respiro fundo. Isso é só o choque, logo passará e todos vão parar com isso. Repito essa frase em pensamento três vezes antes de sorrir.

— Me passa a geleia, Dorcas.

Dorcas sorri, ela deve estar orgulhosa de mim, por eu estar encarando tudo tão bem. Lógico, ela não sabe o que sinto dentro de mim. Vergonha por ter engravidado, culpa por sentir que as coisas seriam melhores sem o meu bebê.

— Os N.I.E.M.s já são mês que vem. - fala Lene, tentando arrumar um assunto para me distrair. — você poderia me ajudar com poções Lily?

— Claro. — respondo, de boca cheia, estou realmente com muita fome hoje. — Aliás, preciso de ajuda em feitiços.

No início do mês faltei três aulas de feitiços por estar me sentindo mal, sem contar as faltas do mês passado. Perdi muita matéria.

— Eu te ajudo. — responde James. — tenho mesmo que praticar. Preciso de pelo menos um ótimo se eu quiser entrar no curso de auror.

Passamos o resto do café falando sobre os testes, sobre a matéria e marcando horários para estudar juntos na biblioteca. Peter é o que parece mais preocupado, porem os meninos o calmam lembrando que ele sempre ficava assim e sempre conseguia se sair bem.

Quando saímos para a nossa primeira aula, de transfiguração, James me segura pelo meu braço e deixa o pessoal ir na frente.

— Precisamos ir contar para minha mãe. — diz ele, parecendo um pouco apreensivo. — agora que a escola já sabe que você está grávida, não demorará muito para descobrirem quem é o pai, e demorará menos ainda para chegar à minha mãe.

— Podemos pedir dispensa para a Prof McGonagall esse fim de semana. — digo, James leva a mão a boca, ele rói as unhas quando está nervoso ou ansioso. — vamos no sábado, contamos para ela e voltamos no domingo.

James para de andar e de roer as unhas. Olha para mim e tentar sorrir, mas seus olhos mostram uma certa aflição que eu consigo entender, pois já a senti quando fui contar sobre a gravidez para meus pais. Tento transmitir confiança no meu sorriso, assim como ele fez comigo quando foi minha vez, e acho que surgiu efeito, visto que ela respira um pouco mais levemente.

— Certo, pode deixar que eu falo com McGonagall ainda hoje.

X-X

Tento me concentrar no que o Prof. Binns diz, mas é difícil com as duas meninas, sentadas na carteira atrás da minha, falando sobre mim.

Elas discutem sobre quem é o pai do bebê que eu espero, a loira acha que é James, pois estávamos muitos próximos já tem um mês (aparentemente ela torcia para gente ficar juntos), já a morena acha que é de Spinnet. Estão chocadas por eu continuar na escola, sem ter vergonha de “andar pelos corredores com minha barriga de mulher prenha”.

Dorcas está com raiva, vejo isso em seu olhar, faz parecer que ela quer deixar de lado todo seu lema de “diga não à violência” e socar a cara da morena que falou que eu sou uma idiota por ter deixado o namorado traidor me engravidar.

Quando o sinal bate, faço questão de agarrar o braço de Dorcas e arrastá-la para fora da sala.

— Está tudo bem, sério. — digo a ela infinitas vezes, enquanto caminhamos para a próxima e última aula do dia, Defesa Contra as Artes das Trevas.

— Elas não deviam falar daquele jeito, nem conhecem você, não fazem ideia do que aconteceu!

— Eu sei, eu sei. — digo suspirando. — nós sabíamos que isso ia acontecer, então vamos lidar da melhor forma: ignorando.

Mas é difícil ignorar, pelo resto da semana os alunos não têm outra coisa para falar. Primeiro a teoria que todo mundo acreditava era que eu tinha tido uma recaída com meu ex e engravidado, porem ele fez questão de negar tudo imediatamente e afirmou que isso era coisa dos Marotos com quem eu estava passando muito tempo. Em seguida as pessoas ficaram entre duas opções: Sirius, que foi visto várias vezes cuidando de mim e James, que tinha se aproximado mais nos últimos meses.

Eu me sentia mal com os comentários que faziam referente a Marlene, principalmente a chamando de idiota por continuar amiga de mim e namorando Sirius, visto que muitos acreditavam que a gente teve um caso. Algumas pessoas, e com essas Dorcas discutiu aos gritos, afirmavam que ela tinha perdoado porque “homens tem necessidades” e “pelo menos ele gastaria energia com uma pessoa por quem jamais Lene seria trocada”. Lene lidou com isso muito bem, fazendo questão de mostrar que estava muito feliz no namoro e que sua amizade comigo continuava firme e forte, e o quanto ela já esperava pelo bebê. Já Sirius não ficou tão bem assim.

Ele não se importava com os comentários gerais, tinha conversado com Lene muito antes e estava totalmente tranquilo com as acusações sobre traição e paternidade, porem um boato em especial o incomodou. Supostamente Lene não teria se importado com um caso entre nos, pois sabia que ele jamais casaria com uma “sangue-ruim”, não sei exatamente onde começou isso, porem Sirius pareceu realmente magoado de alguém cogitar isso sobre ele, visto que é uma atitude facilmente esperada de qualquer outro Black.

De qualquer forma, em pouquíssimo tempo eles descobriram que o pai é o James, o assunto sobre Sirius morreu e começaram a focar em espalhar todo tipo de fofoca sobre como foi concebido o bebê. Desde a que vínhamos mantendo um relacionamento escondido desde que eu namorava, até, essa é a teoria mais comum e aceita, de que eu dei o golpe da barriga.

Todos estão em expectativas sobre o posicionamento de James. Se ele vai casar comigo, apenas assumir o bebê ou me abandonar à própria sorte. Mas nós conversamos sobre e decidimos que não devemos explicações para ninguém, então optamos por apenas seguir nossos planos sem divulgar nada abertamente.

Descobri rapidamente que as meninas podem ser mais maldosas do que os garotos. Eles falam sobre eu ter dado um golpe, sobre eu querer dinheiro e coisas do tipo, geralmente falam quando acham que não estou ouvindo. Já as meninas são divididas em dois grupos, as que sentem pena e as que parecem ter prazer com minha desgraça, eu realmente não sei qual é o pior.

Elas costumam falar sobre como fui idiota, como sou uma vadia por ter transado antes do casamento, como quis dar um golpe, que minha vida está destruída agora que terei um bebê para carregar por todos os cantos, que eu devia ter abortado em quando ainda havia tempo.

Depois da nossa última aula da semana, fui ao banheiro depois do jantar. Minha bexiga parece ter diminuído de tamanho, sinto vontade de fazer xixi a cada hora e isso me obriga a sair da sala de aula várias vezes. Estou prestes a sair do box quando duas meninas entram no banheiro. Falando de mim. Falando mal.

— Se ela queria dar um golpe, deveria pelo menos ter tido a decência de esperar o fim da escola. — diz a primeira. — Quem engravida aos 17 anos?!

— Acho que ela já tem 18 e você não sabe o que aconteceu, Charlotte. — diz a segunda. — Pode ter sido um acidente.

— Acidente? Sério? Você é tão ingênua! — responde a tal Charlotte. — Ninguém engravida sem querer. Se você quer transar, tem que saber como evitar filho.

— Acontece, mamãe engravidou de mim sem querer.

— Sua mãe era casada, Anne! Já a Evans não deveria nem estar transando! Sequer namorava com James. — Charlotte parece indignada, não consigo entender o motivo, pois eu nunca nem ouvir falar sobre essas meninas, não entendo como elas sabem sobre minha história. — ela devia ter abortado, mantido o mínimo da sua dignidade!

— Ela podia não querer, talvez ela queria o bebê. — diz Anne, sua voz demonstra que ela está chocada com a situação.

— Se ela quis o bebê só pode significar que foi um golpe. — responde Charlotte. — afinal, ela é só uma sangue ruim da classe média, viu a oportunidade de amarrar um sangue puro rico a ela e se agarrou com unhas e dentes, deve está tentando forçar James a se casar com ela.

Tenho que sair daqui, sinto que vou chorar a qualquer momento, e se elas não saírem logo vão acabar me vendo, não quero dar mais isso para a rede de fofoca da escola.

Pisco várias vezes e respiro fundo antes de sair. As duas moças estão na frente do espelho, arrumando o cabelo, uma, que deduzo ser a Anne pela forma como ela corou envergonhada por ser pega falando, é da Corvinal, já a Charlotte, que me olhou como se eu fosse um bicho inferior, veste as vestes da Grifinória. As duas parecem ter 14 ou 15 anos, ainda estão naquela fase em que o corpo está deixando as características infantis.

Anne corre para um box, buscando um motivo para sair da minha frente. Vou para a pia ao lado e lavo as mãos, como se nada tivesse acontecido e eu não tivesse ouvido nada, mas ao sair, pouco antes de fechar a porta, escuto Charlotte sussurrar.

— Se orgulha da barriga como uma prostituta.

Eu mal consigo chegar ao Salão Comunal. É sexta e o relógio marca 18:30, o que significa que James está no treino de Quadribol já que a final do campeonato contra a Lufa-Lufa se aproxima. Não tenho como ir atrás dele, mesmo que eu tivesse vontade de me certificar de que ele sabe que não quis dar um golpe e que ele ama nosso filho.

Ao invés disso corro para o dormitório da Grifinoria e subo as escadas para o dormitório masculino, evitando ir até as meninas significaria encontrar outras meninas também. Me resta correr atrás da única outra pessoa que parece conseguir me acalmar esses meses.

Sirius esta concentrado em uma partida de xadrez bruxo contra Remus quando eu entro. Pedro e um dos gêmeos estão conversando baixo em uma cama afastada, enquanto o outro gêmeo parece fazer as preção de um dever.

Todos olham para mim, não fui nenhum pouco sutil ao entrar, e já devo ter começado a chorar, pois Sirius se levanta imediatamente e vem me abraçar. Os gêmeos Prewett saem do quarto o mais rápido que podem, não querem lidar com uma grávida chorona imagino.

— O que houve? Está machucada? Está doendo? — Sirius está assustado, olha para minha barriga, procurando o motivo do meu choro.

Ele não entende que a dor que sinto é emocional, mas Remus sim. Ele vem até mim e me puxa dos braços de Sirius, me levando até uma cama.

— Vou pegar um copo d'água. Se acalme, não vai fazer bem para o bebê.

Remus pega um copo em seu criado mudo e enche com água e me entrega, enquanto Sirius me pede para respirar fundo e Peter parece perdido no que fazer.

— Melhor? — Remus pergunta depois que termino de beber a agua e consigo parar de chorar.

— Sim. — não é verdade, e eles sabem disso. — Obrigada.

— Quer falar o que aconteceu? — pergunta Remus, deixando bem claro que eu não sou obrigada a falar.

Mas eu conto, conto como tudo está me afetando, como as fofocas e os falatórios e julgamentos me deixam mal. Choro de novo, Sirius me abraça e faz cafuné em minha cabeça. E eu continuo contando, sobre como tudo me deixou mais insegura, sobre como o fato de todos estarem convencidos de que serei uma péssima mãe está me deixando com medo. Falo pelo que parece ser horas, e os meninos me escutam, eles falam pouco, mas o suficiente para me confortar. E quando não tem mais o que ser falado, ficamos sentados na cama, em silêncio, aprecio a companhia e o apoio que meus amigos me dão.

— Eu não sei muito como ajudar, Lily — comenta Peter sutilmente. — mas tenho certeza que posso te oferecer um chocolate.

Sorrio para ele em agradecimento e nos quatro dividimos uma barra de chocolate da Dedos de Mel, logo começo a sentir o beber se mexer, animado como sempre ficar quando eu como doce. Acabo dormindo com o cafuné de Sirius e quando acordo, vejo que estou na cama de Remus, e ele está dormindo no chão, sobre várias cobertas, me sinto mal ao pensar que ele vai ter uma dor horrível no corpo, mas sei que ele se sentiu melhor em não me acordar para ir pro quarto.

Não sou uma pessoa muito religiosa, mas imagino que Deus me deu grandes amigos porque sabia que eu ia precisar. Então, agradeço a Ele por tudo.

E depois levando para encarar mais um momento importante, hoje é o dia em que irei conhecer a Sra. Potter.

X-X

A mansão dos Potter’s reflete todo o dinheiro que eles possuem. É enorme, com cerca de três andares, imponente, com um jardim enorme e bem cuidado. Uma elfa doméstica vem nos receber a porta quando James a abre, ela parece feliz e animada.

— Sr. Potter, Sr. Potter! — exclama a pequena.

James sorri para ela.

— Olá, Fini. — James se abaixa e aperta sua mão, a elfa parece em êxtase. — você sabe onde está a mamãe? Preciso muito falar com ela.

— A Sra. Potter está na biblioteca, senhor. — responde, ela olha para mim rapidamente, para mim, não pra minha barriga. - Fini pode ser útil em mais algo?

— Essa é Lily Evans, Fini. — apresenta James, fico sem saber o que fazer, nunca tinha conhecido um elfo além dos que trabalhavam em Hogwarts, mas James me faz um sinal para cumprimenta-la, então estendo a mão. — Lily, esta é Fini.

Fini, parece entusiasmada ao apertar minha mão, imagino que nem todos os convidados sejam educados com ela.

— Traga algo para Lily beber, sim? Algo sem álcool. — diz James. — e algo bem forte para mim e minha mãe.

— Sim, Sr. Potter. — Fini faz uma referência antes de sair apressada.
James suspira, depois pega minha mão e me conduz até a biblioteca, passamos por uma sala de jantar finamente decorada, com uma enorme mesa no meio, e por corredores com obras de artes bruxas e trouxas nas paredes, ate esse momento eu não tinha verdadeiramente entendido quanto dinheiro os Potter’s tinham, mas tudo ali gritava elegância. Na porta da biblioteca ele para e olha para mim, sério.

— Minha mãe… minha mãe pode ser um pouco complicada e ter reações inesperadas. — ele diz parecendo ter dificuldade para achar as palavras certas. — nunca sei o que esperar dela, então me desculpe por qualquer coisa, e deixe tudo comigo, tudo bem? Será mais fácil.

Antes de eu ter a oportunidade de responder, James abre a porta.

— Mãe? — a mulher não espera um segundo chamado.

Eu nem mesmo vejo da onde ela surge, só a vejo abraçando o filho. Me afasto dos dois por puro instinto, James me pediu para deixar que ele contasse, e é isso que irei fazer a menos que seja necessário me envolver.

— Meu filho, não sabia que vinha. — diz ela se afastando e analisando James. — aconteceu alguma coisa? Por que veio para casa antes do tempo?

Ela deve ter quase 60 anos, é uns 20 cm mais baixa que James, embora seu corpo pareça bastante em forma para a idade, seus cabelos são quase completamente brancos e estão presos em um coque impecável.

— Vim só passar o fim de semana, eu preciso lhe contar uma coisa, mãe. Algo importante.

O rosto da Sra. Potter se torna sério. Ela olha para mim, finalmente me notando, mas antes dela notar minha barriga, James chama sua atenção de volta.

— Essa é Lily Evans, mãe, ela está grávida, de um filho meu.

James é direto, diferente de mim, não tenta pedi calma ou preparar o terreno, apenas joga a informação e espera. A Sra. Potter fica pálida, mas inicialmente não diz nada. Ela me olha e me analisa, olhando fixamente para minha barriga, notando que a gravidez não é recente. Começo a ficar apreensiva depois de cinco minutos em que ela fica no mais absoluto silêncio. Mas James conhece sua mãe, e se ele está esperando, eu prefiro ficar também.

— Isso não pode ser verdade. — diz finalmente. — Isso não pode ser verdade!

— Mãe… — James tenta falar, mas é interrompido.

— Essa é Lily Evans? A Lily Evans? A menina da qual você tanto falava antigamente?

James cora, envergonhado.

— Sim, é ela.

— Isso não pode ser verdade, James! — ela passa a mão pelo cabelo, em um gesto que me lembra muito a James. — ela está mentindo, não pode ser seu.

— Ela não está mentindo, mãe. — responde James, confiante. — eu sei que é meu.

— Há quanto tempo vocês estão juntos? — pergunta, foi uma pergunta diferente da dos meus pais, embora as palavras fossem as mesma.

Meus pais queriam saber se era uma relação longa o suficiente para não ter tanto falatório, já a mãe de James… ela parecia estar fazendo um desafio, parecia conter uma acusação que eu não entendi, mas James pareceu entender, pois ele esfregou os dedos nas têmporas antes de responder.

— Não estamos juntos, foi uma noite, uma única noite.

A Sra. Potter o afasta com um empurrão, e vai até umas prateleiras perto da lareira.

— Ela está querendo te dar um golpe, essa gente é sempre assim, quer o dinheiro. Você é tão ingênuo, meu filho, nunca vê mal nas pessoas. Mas eu não vou deixar, esse bebê deve ser de um qualquer. Vamos provar que você não tem nada haver com isso.

Me sinto ultrajada, mas antes que eu possa responder alguma coisa que talvez fosse me arrepender depois ela corre para o fundo da biblioteca e volta trazendo para mesa um pergaminho. James se aproxima e eu vou atrás dele. O pergaminho é grande e antigo, decorado no que me parece ser bordado de outro, tem nomes e mais nomes, descreve as gerações dos Potter’s. A árvore genealógica, deduzi.

No final, na geração mais nova, há apenas três nomes, James tem duas primas mais velhas, que já são casadas e não puderam passar o nome Potter para seus filhos, ele é o único herdeiro. Encaramos o nome de James.

James C. Potter

1960-XXXX

E abaixo dele há um traço, ainda fraco, mas bem visível.

Herdeiro Potter

21 semanas

Olho para a mãe de James, ela encara fixamente o papel em sua frente, incrédula, pálida. Ela olha para mim pela primeira vez. Eu não desvio o olhar, mesmo querendo muito, esperando pelo que ela vai falar, como ela vai agir. James se põe entre a gente, talvez com medo que ela me ataque como meu pai o atacou. E então ela fala:

— Quanto você quer para tirar isso?

X-X

— Não! — responde James parecendo realmente abismado. — Não diga isso! Isso não é mais uma opção.

— É a melhor solução, James, você sabe que é!

— Já falei que não!

— Isso não é você que decide! — ela responde e se vira para mim, deixando claro que sou eu que devo decidir. — Quanto você quer para aceitar tirar o bebê? Fale o preço.

— Lily, não quer tirar, já conversamos sobre isso. — se intromete James novamente, tentando chamar a atenção da mãe.

Me sinto confusa, quando conversamos, James deixou a entender que sua mãe me denunciaria caso descobrisse sobre um aborto. Agora, descubro que meu nome nem mesmo consta na árvore, e que sua mãe está mais do que disposta a se livrar do nosso filho.

— Já tenho cinco meses. — digo baixinho, sem saber direito como falar que não vou abortar.

— Podemos dar um jeito, não será perigoso, podemos…

— Mãe, por favor. Não. — pede James. — Nós já decidimos, vamos ter o bebê, cuidar dele. Todos na escola já sabem.

— Todos? Todos!?

Estou hiperventilando. Por algum motivo a gritaria que ocorreu na minha família foi menos intimidador do que essa calmaria fria que está reinando aqui. Talvez porque eu sabia que depois de tudo aquilo íamos ficar bem. Aqui não, aqui parece que a qualquer momento a Sra. Potter vai chamar um advogado.

— Pense no que todos vão falar. — argumentou James.

— Pense no que vão falar pelo resto da sua vida, James! — ela exclama. — Podemos fazer parecer que foi espontâneo, é normal meninas novas não completarem a gestação!

— Filhos bastardos não são tão incomuns assim, — responde James, seus músculos estão contraídos e os punhos fechados com força, ele está com raiva, mas sabe que é melhor tentar manter a calma. — tem pencas deles por aí, é meu filho!

Ponho as mãos em minha barriga instintivamente, querendo proteger meu bebê.

— Como vocês vão sustentar esse bebê? Como vai fazer o curso de auror e trabalhar?

— Preciso pedir minha parte da herança do papai, mãe, vou precisar dela, pelo menos nos primeiros anos. — responde James. — o curso de auror dura dois anos, depois disso vai dar para vivermos bem.

A Sra. Potter parece chocada, ela me lança um olhar arrogante.

— Sei o que você está fazendo, quer ter vida boa sem se preocupar em conquistar. Acha que porque meu filho estava interessado em você já alguns anos vai conseguir isso com ele. — ela dá um passo em minha direção e eu dou um para trás. — James dará tudo o que esse bebê precisa mesmo ele sendo um bastardo, mas não pense que você irá conseguir casar com James, isso eu não vou deixar.

E dizendo isso, ela saiu da biblioteca, batendo a porta com força.

X-X

Me deram um quarto de hóspedes longe do quarto da Sra. Potter. É uma suíte grande, decorado em bege e dourado, tem uma grande e confortável cama, o banheiro, que eu já visitei três vezes, tem uma banheira e vários tipos de perfumes, sabonetes e óleos de banho.

A Sra. Potter não jantou conosco, e James agiu como se nada tivesse acontecido, de forma que eu realmente não soube o que fazer ou falar. Então apenas comi o que foi servido e não conversei com ele, que não comeu nada e ficou o tempo todo absorvido em pensamentos. Quando subi me joguei na cama, me enrolando nos lençóis e me encolhendo da forma como minha barriga deixa. E aí eu me permito começar a pensar.

Estou confusa, não sei exatamente o que aconteceu mais cedo, sei que terei que falar com James em algum momento, mas acho que será melhor esperar voltarmos para a escola.

O bebê está quieto hoje, talvez tenha notado que não está na mesma cama de sempre. Então aproveito e fecho os olhos, buscando uma noite de sono tranquila para me recuperar do dia atribulado.

São quase duas horas quando acordo com batidas na porta. Me levando para abrir, mas antes de chegar lá, paro. Será que é a Sra. Potter? Querendo me convencer a fazer o aborto, talvez me obrigar a fazer de alguma forma, ela teria coragem para me ameaçar? As batidas soam de novo. Se eu gritar, será que James vai me escutar daqui? O quarto dele deve ficar perto do da mãe, ou outro lado do corredor.

Dou alguns passos para trás, a porta está trancada, se eu fingir dormir talvez ela vá embora.

— Lily? — soa uma voz do outro lado, e eu suspiro aliviada, não é a Sra. Potter, é James. — Lily, você está acordada?

Abro a porta. James está vestindo um pijama cinza, o cabelo mais bagunçado do que o normal e está descalço. Obviamente ele acabou de sair da cama apressadamente já que não teve tempo de calçar um chinelo.

— Eu preciso falar com você.

Dou espaço para ele entrar ainda sem falar nada e ele se senta na cama, cobrindo o rosto com as mãos.

— Desculpe. — ele pede. — desculpe, me desculpe mesmo.

— Está tudo bem, — digo, fechando a porta e indo me sentar ao seu lado. — está tudo bem, você não podia adivinhar qual seria a reação da sua mãe.

— Não, não. — James balança sua cabeça com tanta força que seus óculos escorregam pelo seu nariz e ele precisa empurrar de volta para o lugar. — eu sabia, no fundo eu sabia.

Fico muda, completamente atônita com a confissão, não sei o que falar. Mas James não espera uma resposta, ele continua a falar, exaltado.

— Quando você me contou eu entrei em pânico, mas nunca, nunca mesmo, cogitei tirar o bebê. — meu estômago revira com sua frase, porque eu cogitei isso. — é um bebê, não tem culpa de nada. Mas você queria abortar e eu não sabia o que fazer, por isso eu disse aquilo. Disse que minha mãe podia te denunciar, mesmo eu tendo quase certeza que ela não faria isso. Achei que era a única forma de fazer você ter o bebê, eu ficava com ele, mas eu precisava te convencer a ter. Por isso eu evitei ver minha mãe antes. Eu sei que errei, sei que você tem razão em ficar com raiva, mas honestamente, eu não me arrependo. Quer dizer... gostaria de ter sido sincero com você, mas não sabia se isso seria o suficiente. E se você quiser tirar o bebê agora, eu imploro para que você não faça isso. E devo dizer que se você fizer isso, Lily, eu realmente vou denunciar você.

Após terminar o discurso ele finalmente levanta o rosto e olha para mim, esperando minha resposta. Não sei o que fazer, uma parte de mim sente raiva, raiva por ele ter mentido, raiva por eu não ter notado, simplesmente sente raiva. Já a outra parte está aliviada, porque ainda tenho meu bebê, e por mais difícil que esteja sendo, eu o amo tanto que nem consigo imaginar meu futuro sem ele.

— Você devia ter me contado. Mas eu não vou concordar com sua mãe. — respondo seca. — eu amo meu filho, James, e é por isso que estou tentando não ficar com raiva de você, por que você é o pai dele. Eu entendo os seus motivos, mas quando você veio conversar comigo eu já tinha basicamente decidido não fazer o aborto, eu só precisava saber que você ia me apoiar. Você devia ter conversado comigo sinceramente. Olha, agora quero você fora do meu quarto.

James parece muito envergonhado, evitando ate mesmo me olhar, se levanta da cama de cabeça bai e anda até a porta, mas antes de abrir se vira para mim e diz:

— Você está com muita raiva? — pergunta e eu apenas o encaro sem responder. — vamos ter que reavaliar os nossos limites?

Suspiro fundo com sua insistência, não, não estou com tanta raiva, quero ele presente da mesma forma que ele está, mas também não quero dizer isso para ele agora.

— Conversamos amanhã, James.

Ele concorda com a cabeça e sai do quarto, antes dele fechar a porta, noto que ele está mais abalado do que quando entrou e sinto meu coração apertar com a ideia de que estou fazendo ele se sentir mal.

Não consigo dormir o resto da noite.

X-X

Me sento no sofá do Salão Comunal, faz cinco dias que minha relação com James se resume ao estritamente necessário, Sirius acabou assumindo um papel de mediador, se preocupando com minhas necessidades e passando as informações para James quando requisitado. Isso me faz mal, mas não quero ir atrás dele, foi ele quem errou, embora agora eu não consiga entender exatamente qual o motivo de eu ter ficado com raiva.

O Pequeno Potter se mexe dentro de mim, hoje ele está agitado, passou o dia se revirando ao ponto de me impedir de estudar. Suspiro, estou com muito sono, mas ele não me deixa achar nenhuma posição confortavel.

— Ele esteve muito quieto esses dias, né?

Só noto James quando ele se senta ao meu lado e fala isso. É o contado mais íntimo que tivemos nos últimos dias. Tento agir naturalmente, como se não tivéssemos brigado na última semana.

— Sim, eu estava me preparando para quando ele voltasse a mexer. - digo sorrindo.

James sorrir timidamente.

— Eu posso? — ele indica minha barriga.

— Claro. — respondo.

Ele cobre minha barriga com as mãos, e eu as guio para onde há o maior movimento. Parece exatamente como antes, então deduzo que o que quer que tivesse de errado entre nós já passou.

— Ei, Pequeno Potter, como foi seu dia hoje? Sei que a mamãe insistiu em fazer a ronda, você gostou do passeio por Hogwarts? — James continua falando com o bebê por mais alguns minutos, afirmando que estava com saudades de conversar com ele e depois começa a falar comigo. — Quero te pedir desculpa mais uma vez, sei que foi idiota, devia ter falado com você abertamente.

— Esta tudo bem, James — respondo finalmente. — Isso não mudou muita coisa na nossa realidade não é mesmo, vamos apenas continuar vivendo nossas vidas da mesma maneira.

— Sirius não vai gostar de perder a posição de destaque. — ele comenta rindo.

— Ele pode continuar sendo o pai substituto para os momentos de necessidade — respondo de brincadeira.

E é ai que acontece. Um chute que para mim parece muito como qualquer outro, mas James dá um pulo para trás.

— Isso foi você? — ele pergunta de olhos arregalados.

— Você sentiu? — pergunto sorrindo. — Céus, você sentiu?!

— Acho que sim, é ele?

— Sim, foi ele.

James coloca as mãos de novo em minha barriga, e eu posso jurar que estou vendo lágrimas em seus olhos.

— Que lindo. — diz ele em um sussurro. — é maravilhoso. Ele está aí, vivo, chutando.

Sorrio, eu sei bem como ele chuta, mas James só está sentindo agora. Sorrio ainda mais quando noto que James foi o primeiro a sentir. Depois de tanta discussão entre o Sirius e Lene, James foi o primeiro a sentir o bebê chutar.

O pai foi o primeiro, um pai que o ama muito, que ama o Pequeno Potter. De alguma forma ele sentiu esse amor e retribui da forma como pode por agora. Isso faz todo o sentido.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado do capitulo, sei que ficou enorme e espero que não tenha ficado cansativo.
Aaaah, amanha é meu aniversario!! Parabéns para mim, então quem quiser me dá um comentário/favorito/recomendação de presente eu to aceitando. Feliz Natal e um Prospero Ano Novo para todos vocês!!!! Muita felicidades, saúde, que seus sonhos se realizem!
[Capitulo editado em 13/09/2020] Poucas mudanças nesse capitulo, apenas algumas frases que ficaram perdidas e pensamentos que foram esquecidos, espero que tenham gostado.