COBRA PV

Às coisas prosseguem normalmente. Há exatos dois meses a minha relação com a K não mudou, é solida, e a gente nunca perde o lado amigo que sempre tivemos um com o outro. Eu mesmo achei que ia ser algo tornado por problemas, mas, a verdade é que, foi a coisa mais inusitada que aconteceu.

Ouvi passos macios, por mais baixos que fossem meus sentidos sabiam perfeitamente ver que tinha alguém ali. Eu não olhei exatamente na direção, apenas sorri na esperança de que fosse a Karina. E não era. Os saltos por si só já indicavam que a tal pessoa era encrenca, ou rancor passado.

− Vagabundo? – chamou a atenção para ela. No momento rezei muito e suspirei, porque provavelmente me irritaria – esqueceu que eu existo? – Jade colou o cotovelo no balcão apoiando.

Pelos movimentos que dava, ela queria me provocar, mas a verdade é que a velha Dama, não tem tantos efeitos sobe mim como antes, eu não consigo, mas vê-la de uma forma atrativa, daqueles que mexem realmente com o extinto de macho.

− Não exatamente – comecei sendo irônico, isso nunca muda em mim – sei que existe, só não acho necessário me lembrar de você o tempo todo – por dentro vibrei com a resposta bem dada.

Jade me olhou com fúria, e bateu as mãos na bancada. Eu não obtive reação alguma, apenas a observava ser patética.

− O quê aconteceu? – disse perplexa – naquele dia a gente brigou feio, e eu desisti de você, desisti mesmo Cobra – fiz que não dava a mínima, o que a irritou ainda mais – esperei que você fosse atrás e fizesse alguma coisa, só que você parece não dar a mínima?

E eu não dava. Era como se Jade fosse um passado aceitável, não ruim, porque não me arrependendo de tudo que ocorreu entre nós, só não queria continuar com isso, é como se algo me impedisse.

− Eu sei o que é tudo isso, Ricardo – sua voz engrossou à medida que se frustrava mais com meu desprezo.

− O quê seria?

− Aquela Maria-Macho – riu, sem escrúpulos. Realmente, por mais sujo que eu fosse, aquele lado egocêntrico e superior de Jade me irritava. – Certeza

− Tu sempre implicou com a K, não se garantia? – foi o fim, ou talvez o começo de uma briga muito pior. Ela abriu os lábios e os olhos dela se marejaram, sabia o quanto se segurava para não derramá-las. No fundo achei que exagerei, mas detestava essa forma de agir da garota.

− Como vou me garantir se você tem um péssimo gosto pra mulher? – respirei fundo e ela fez o mesmo.

Vetei todas as chances de escorraçar ela dali. Seria a ultima vez que eu a ouviria dizer qualquer bobagem, e que deixasse que fosse agora.

− Jade, eu não tô com paciência alguma pra ficar remoendo passado.

Balançou a cabeça num sim desesperado.

− Já sou passado? Superou rápido, até mais do que pensei – uma lagrima havia caído dela – só me diz, que não é pela Karina? – por um milagre a raiva que predominava nela a fez dizer o nome certo da K dessa vez.

Pensei, mas obviamente não iria mentir.

− É por ela sim