Eu não cabia mais nas minhas roupas!
Dimitri já estava pronto a quase uma hora visto que faltava apenas meia hora para encontrarmos meus pais no restaurante fora das imediações Reais e eu ainda estava de lingerie preta no quarto de frente para o guarda-roupa tentando entrar em meu uniforme padrão de Guardiã, mas toda vez que eu chegava na barriga, os botões abriam.
– Que inferno, meu uniforme não entra mais em mim! -Arremesei a roupa no chão e cruzei os braços fazendo bico igual uma criança. - Minhas roupas não entram mais em mim! Que droga!
Dimitri ergueu as sobrancelhas observando em silêncio minha reação infantil com relação as minhas roupas do uniforme, vendo que eu não comseguiria resolver nada, suspirou desistindo de apenas ficar assistindo, levantou pegando a peça do chão, jogando a mesma sobre a nossa cama, abriu a sua parte do guarda-roupa, pegou uma de suas camisas que estavam pequenas e rapidamente colocou em mim como se eu fosse um bebê- bem na verdade nesse caso eu realmente era mesmo a bebê dele, mas isso era outra história. Se ajoelhou ficando com o rosto na altura do meu tórax e começou a fechar os botões lentamente, ainda faltava os da minha barriga, ele sorriu e começou a depositar beijos em minha pele.
– Logo vai descobrir que a mamãe têm um temperamento muito... Interessante, por isso espero que você seja igual a mim nisso. -Disse Dimitri novamente beijando minha barriga antes de levantar e me beijar com carinho - Pode usar as minhas camisas que estão pequenas, eu vou separar todas para você hoje. Pronta para irmos agora Roza?
Se eu estava pronta para conversar com meus pais sobre minha gravidez inesperada? Claro que não estava, mas agora não havia mais escolhas.
– Prefiro não responder essa pergunta Camarada, vamos logo antes que resolvam vir nos buscar e não estou afim disso. -Falei pegando minhas chaves e indo para a sala.
Entramos no carro preto que pegamos emprestado da Corte porque chamaria menos atenção, Dimitri assumiu a direção como sempre, ao longo do caminho permanecemos em silêncio absoluto. Rapidamente chegamos ao tal restaurante que meu pai havia escolhido, era um lugar enorme e muito bonito, entramos e logo vimos a mesa onde meus pais estavam, nos aproximamos e por um milagre Abe estava sorrindo, em compensação minha mãe estava com cara de que me mataria se pudesse.
– Olá velhote, bom te ver numa situação mais calma e num ambiente com muitas testemunhas. - Comprimentei o abraçando devagar, ele retribuiu educadamente.
– Olá querida, obrigado por vir até aqui. -Abe respondeu sorrindo ao me soltar e estender a mão para Dimitri parado ao meu lado. -Guardião Belikov.
– Senhor Mazur, Guardiã Hathaway. -Dimitri retribuiu o aperto com a expressão séria, porém postura relaxada.
– Mãe. -Chamei a olhando com um pequeno sorriso educado, mas para minha surpresa fui ignorada.
Dimitri me encarou de soslaio obviamente sendo pego de surpresa também por aquela reação, mas disfarçou puxando uma cadeira para mim.
– Tomei a liberdade de pedir comida Italiana pra todos enquanto esperávamos a chegada de vocês, espero que estejam com fome. -Disse Abe percebendo o clima meio pesado entre mim e Janine.
– Foi muita gentileza de sua parte aceitar a situação tão rapidamente Senhor Mazur. -Disse Dimitri com os dedos entrelaçados nos meus por baixo da mesa.
– Vamos direto ao ponto porque esse teatrinho está acabando com os meus nervos, vocês sabem porque foram chamados aqui hoje, e sabemos que pela forma como reagiram na outra noite claramente não pretendiam nos contar sobre a gravidez tão cedo. -Disse Janine com a voz fria me atingindo como uma lâmina afiada.
– Janine, por favor. -Abe a advertiu levemente encarando a mim e Dimitri com um falso sorriso.
– Janine o caramba! Não criei minha filha para ser uma puta, prostituta de sangue ou coisa pior do que isso! Dimitri engoliu sua história de gravidez mágica ou seja lá como chama isso, mas eu não sou idita a esse ponto Rose. -Gritou Janine levantando da mesa furiosa e apontando o dedo para mim. -Eu esperava qualquer coisa de você, menos que abrisse as pernas para qualquer Moroi safado.
– Mãe, isso é totalmente... -As palavras ficaram presas em minha garganta, já minhas lágrimas eram outra história.
– Desculpe, mas definitivamente não vou permitir que fale assim com a minha namorada você sendo mãe dela, uma das melhores Guardiãs, ou qualquer coisa do gênero, em especial quando ela está carregando um bebê. O nosso filho. -Dimitri se levantou bruscamente e fiz o mesmo, no caso deme vi a fúria controlada dançar perigosamente em seus olhos. - Sinto muito pelo incômodo logo pela manhã Sr. Mazur, mas vou me retirar com a sua filha agora.
Janine não se conteve em me machucar só com palavras que fizeram minha alma sangrar como se tivessem me fincado uma estaca de preta, quando dei por mim ela já havia me dado um tapa no rosto, só não cai no chão com o impacto daquele ato porque Dimitri tinha bons reflexos e com isso me segurou, puxando meu rosto para seu peito.
Legal que naquela altura do campeonato metade do restaurante havia virado em nossa direção para ver o que estava acontecendo devido aos gritos furiosos de minha mãe.
Uma cena.
Isso definitivamente era tudo que eu não estava querendo naquele momento, mas quem liga para a Guardiã grávida mesmo? Janine pelo visto não dava a mínima.
– Ei! O que diabos você têm na cabeça Janine? -Abe gritou furioso, rapidamente puxando minha mãe para trás pela cintura de forma brusca quase agressiva, olhando Dimitri ao mesmo tempo. - Belikov tira a minha filha daqui, agora!
– Vêm meu amor, hora de tirar você daqui. -Dimitri abaixou o corpo, passou um dos braços por trás de meus joelhos me obrigando a dobrar as pernas, sua outra mão estava em minhas costas.
Eu estava seguramente acomodada no colo dele agora, esse era um dos poucos lugares onde eu realmente me sentia segura, protegida, mas ainda assim estava frágil pelo que acabara de acontecer uma vez que meus hormônios estavam todos bagunçados pela gravidez, só queria ir pra casa e chorar por horas até arrebentar os meus pulmões.
Dimitri me acomodou cuidadosamente deitada no banco de trás do nosso carro, tendo um pouco de trabalho ao tentar tirar meus dedos trêmulos presos fortemente em sua camisa branca já bastante amassada pelo aperto dos meus dedos e manchada com água salgada de minhas lágrimas infinitas, me cobriu com seu sobretudo depositando um beijo cheio de carinho no alto de minha cabeça, então fechou a porta e assumiu a direção ignorando seu celular que tocou praticamente o caminho todo de volta para a Corte.
Em determinado momento o carro parou, as portas foram abertas trazendo um golpe de ar gelado típico da Corte que durou poucos segundos, senti o sobretudo de Dimitri ser colocado cuidadosamente sobre meu corpo impedindo o frio de me pegar e novamente naquele di eu estava nos braços de Dimitri, no caminho ouvi vozes de alguns Guardiões conhecidos perguntando o que tinha de errado comigo, mas todos foram ignorados e sabendo que era mais perto Dimitri entrou no ginásio me colocando deitada sobre um colchonete.
– Quer conversar sobre alguma coisa Roza? -Perguntou Dimitri colocando o corpo sobre o meu, mas sustentando o peso de seu corpo nos braços para não me machucar.
– Não, eu quero chorar e socar alguma coisa sólida. -Respondi colocando os braços sobre o rosto quando senti que as lágrimas viriam. Era uma reação idiota, mas eu não gostava de chorar na frente do Dimitri. - Imaginei que meu pai fosse explodir comigo, não a minha mãe. Viu o jeito que ela olhou pra mim lá? Engraçado que ninguém a julgou por ficar grávida aos 18 anos... Tudo bem eu tenho 19, mas e daí? Eu contínuo sendo filha dela estando grávida ou não.
Dimitri deitou no colchonete ao meu lado e me puxou para seus braços mantendo silêncio enquanto eu reclamava as dores da minha alma, ele raramente dizia alguma coisa, então quando eu já estava me sentindo um pouco melhor fomos para casa, afinal hoje era aniversário de Lucas e Marie e como madrinha e Guardiã eu tinha que estar lá, Dimitri também iria por ser meu namorado, mas ainda estava meio chateado pois havia sido proibido de usar seu uniforme e acompanhar o evento como Guardiã, mas para mim estava bom desde que ele estivesse lá.