Minha rotina havia literalmente virado dos avessos nas últimas duas semanas daquele mês desde que eu havia dado a luz aos amores da minha vida, agora que eu estava oficialmente de "Licença Maternidade ", meu tempo era estranhamente eterno e curto ao mesmo tempo, eu acordava extremamente muito cedo junto com Dimitri todos os dias, ele mesmo muitas vezes estando extremamente cansado e cheio de coisas para fazer ao longo do dia sempre me deixava no hospital onde tive nossas filhas com todo o prazer e dedicação do universo e após se certificar de que eu ficaria bem na ausência dele imediatamente voltava para a Corte para auxiliar Christian e Lissa e os demais Guardiões no que fosse necessário.
No hospital eu passava praticamente o tempo todo numa sala-apartamento particular que era como chamavam as residências temporárias exageradamente espaçosas onde os pacientes poderiam ficar no período de recuperação e confortável com minhas filhas que não tinham mais de 25 centímetros cada uma, então por conta disso como era grandemente temido seus pulmões infelizmente não estavam prontos o bastante para trabalhar com oxigênio sozinhos ainda, e o único lugar contendo a aparelhagem que as mantinha respirando sem dificuldades ficava naquela porcaria de hospital.
Três batidas sutis na porta chamaram minha atenção.
– Entra, está aberta! -Falei sem tirar os olhos de Zoey que fazia o mesmo comigo, sustentando meu olhar como se estivesse me desafiando ou alguma coisa próxima disso; ao que parecia ela havia puxado a minha personalidade, pobre Dimitri.
Seus olhos eram definitivamente fascinantes em níveis sem classificação, tinham a mesma colocação azul que os meus assumiam quando eu entrava em Modo "Moroi" de ataque! Sim, era algo totalmente errado a linha de pensamento para qualquer um que tentasse encontrar sentido naquilo, mas ainda era totalmente verdade, o meu sangue agora era Moroi também e mesmo que eu não soubesse como funcionava essa coisa toda por alguma razão também completamente estranha sabia que possuía dons especiais tais como os Morois possuíam.
– Ei Dhampirinha! Uau! Está aí algo que eu nunca pensei que veria na minha vida, mas até que esse lance de ser mãe, feder a leite azedo logo de manhã, trocar fraldas sujas e cantar canções de ninar fofinhas estranhamente combinam com você! -Disse Adrian passando pela porta e fechando a mesma ao se aproximar. - Bom te ver Guardiã Hathaway Mazur.
Revirei os olhos com um pequeno sorriso de canto apertando Adrian quando seus braços envolveram cuidadosamente minha cintura fazendo uma leve pressão, soltando-me rapidamente.
– Bom te ver também seu mala sem alça. Está fazendo exatamente o que aqui? -Perguntei parando ao lado da encubadora encarando minhas filhas como inicialmente estava fazendo; eu simplesmente não conseguia parar de admirá-las.
– O clima da Corte está me matando e Sidney não está em casa pra piorar as coisas, então eu pensei "Prefiro ir no Hospital torrar o saco da mais nova mamãe do que ficar ouvindo os Guardiões serem idiotas!" -Ironizou Adrian gesticulando impaciente com as mãos ao se aproximar.
– Como assim, o que exatamente está acontecendo por lá Adrian? -Perguntei virando-me para ele com a expressão tensa; por alguma razão eu sabia a resposta dele. - Adrian Ivashkov, eu não vou perguntar de novo. Diz logo o que está acontecendo na Corte que eu não estou sabendo!
Adrian suspirou olhando para os lados parecendo estar em pânico como se aalguém estivesse a ponto de pular em seu pescoço a qualquer momento.
– Tasha Ozera iria ser transferida para Tarasov essa manhã onde passaria o resto de sua maldita vida por matar a minha Tia Tatiana, mas aconteceu um pequeno problema na hora da transferência e as coisas fugiram do controle. -Explicou Adrian dando alguns passos para trás.
– O que aconteceu de errado na hora da transferência Adrian Ivashkov? -Perguntei fechando as mãos em punho começando a ficar verdadeiramente irritada com toda a enrolação.
Uma movimentação se formou no corredor do piso inferior, a qual eu só havia escudado por causa que a tensão provocada pela situação havia ativado meu modo "Moroi" de ataque.
– Tasha Ozera escapou enquanto estava no corredor principal e a primeira coisa que ela disse segundo eu sobe foi, nessas palavras "Ela vai morrer, Rosemarie Hathaway vai morrer" -Disse Adrian formando aspas no ar com os dedos.
– Como isso aconteceu exatamente? -Quase gritei entrando em pânico ao perceber o perigo que minhas filhas estavam correndo. - Quem era o responsável pela transferência dela?
Alguém entrou no quarto parando pouco a frente da porta, porém essa era a última pessoa no planeta que representava perigo para mim.
– Eu era o responsável pela transferência dela para Tarasov, mas ela acertou um sedativo na minha... Ela acertou um tranquilizante na minha bunda e fugiu. Eu falhei, ok? É por isso que agora eu vou concertar as coisas do meu jeito, mas primeiro preciso tirar você e nossas filhas daqui em segurança. Agora! -Disse Dimitri se aproximando e me abraçando com força e desespero misturados, senti suas lágrimas de desespero molharem minha testa e seus braços me apertando contra seu corpo quente. - Os médicos delas vão colocá-las em respiradores portáteis, vamos ficar bem.
– Não podem remover elas dos respiradores fixos para um portátil ainda Guardião Belikov. Que droga, você leu o prontuário delas mais que qualquer outra pessoa daqui e sabe que é verdade, além disso como não sou assim tão idiota como todo mundo pensa acabei de mandar um alerta de emergência para a sua irmã que a essa altura já deve estar no prédio pra dar uma força, tira a Rose daqui e ficaremos de olho nas filhas de vocês. -Disse Adrian guardando o celular no bolso de sua calça jeans azul marinho enquanto falava. -Que foi agora? É lógico que eu vim pra cá com proteção de ponta. Vão logo!
– Têm certeza que dá mesmo conta de garantir a segurança delas e sua ao mesmo tempo Ivashkov? -Perguntei rapidamente soltando Dimitri e encarando Adrian com lágrimas nos olhos também. Eu odiava chorar na frente das pessoas, mas naquele momento isso era o que menos importava desde que elas ficassem bem. -Adrian elas são a minha vida, você precisa ter certeza de que realmente dá conta.
– Sabemos disso Rose, nos daremos conta da segurança delas! Agora vai, sai! -Disse Rebekah Belikova entrando no quarto com a expressão séria e jogando uma estaca para Adrian. - Espero que saiba usar uma desses Príncipe Ivashkov.
Senti Dimitri me arrastar para fora da sala dizendo algo em Russo que pela forma agressiva que eram pronunciadas provavelmente se tratavam de palavrões daqueles realmente bem pesados, então não me obriguei a prestar atenção.
– Dimitri o que vamos fazer agora que aquela psicopata está solta de novo? - Perguntei travando no meio do estacionamento do piso térreo sentindo cada célula de meu corpo entrando em pânico. - Se ela... Se Tasha conseguir encontrá-las, e... Não vamos estar seguros em lugar nenhum!
Dimitri travou de frente para mim levou os dedos aos meus lábios me silenciando e balançando a cabeça negativamente.
– Isso definitivamente não vai acontecer com nenhum de nós e nem com mais ninguém, eu prometo que vou concertar tudo e então vamos ficar bem. -Dimitri abriu a porta de trás do carro me acomodando no mesmo e após travar as portas assumiu a direção. - Já está tudo planejando, vamos para o aeroporto particular da Corte... Você vai para a Rússia ficar na casa da minha mãe até que tenhamos dado um jeito em tudo por aqui, mando Rebekah com as meninas no próximo vôo e fico aqui e depois prometo que...
Estávamos na estrada principal e então algo muito pesado chocou contra nosso carro, senti como se todos os meus ossos tivessem sidos esmagados com o enpacto da pancada. Eu estava no banco de trás e achei estranho a cena a minha frente estar distorcida até perceber que o carro havia capotado e estávamos de cabeça para baixo. Oh merda!
– O que diabos aconteceu? -Praguejei tentando soltar meu sinto enquanto tossia freneticamente, mas ao que parecia a porcaria da trava havia emperrado ou algo desse gênero.
Que ótimo ao que parecia agora eu estava presa pelo maldito cinto de segurança e não conseguia me soltar, mas não era isso que realmente estava me deixando apavorada naquela situação horrível. Porque raios Dimitri estava em silêncio mesmo comigo gritando a plenos pulmões? Ah merda!
– Dimtri? Amor não faz isso comigo justo agora que preciso do seu modo de Guardião Fodão, reage! -Olhei para o banco da frente e Dimitri não estava exatamente numa posição natural no banco do motorista. Péssimo sinal.
Por um milagre após mais algumas tentativas finalmente consegui soltar o maldito cinto de meu corpo usando uma fina chama na ponta dos dedos e... Espera, eu realmente havia usado fogo para me soltar? Como assim?
– Eu sou Moroi agora também.... Ah meu Deus, isso é incrível! -Constalei chutando a porta usando toda a força que sabia que possuía nas pernas e então a mesma finalmente sedeu.
Por um milagre e várias tentativas consegui soltar o cinto de Dimitri com um puxão brusco e arrastá-lo para fora do carro alguns centímetros, o problema maior foi perceber que não havia movimento de respiração e logo em seguida nem batimento cardíaco, e com isso comecei a entrar em desespero total.
Merda, ele não podia estar morrendo e muito menos nos meus braços! Eu não permitiria algo assim de jeito nenhum!
– Fala sério Camarada Belikov, você não pode morrer de um jeito tão idiota como um acidente de carro e me deixar sozinha com as nossas filhas. Reage, por favor! -Comecei a fazer massagem cardíaca em seu peito e respiração, mas nada daquilo estava funcionando. -Anda, reage Dimitri, por favor, por mim! Que inferno, reage ou juro que nunca vou te perdoar por se entregar sem lutar. Você não é assim, por favor!
Senti uma coisa estranha tomar conta de mim enquanto socava o peito de Dimitri como se uma especie de energia completamente diferente de tudo que já havia sentido isso incluindo o lado negro do Espírito, mas antes que pudesse entender alguma coisa agarrou meu ombro, então fui arremessada contra a parede.
A minha frente estava a última pessoa que iria ter um confronto comigo de novo.
– Victor Dashkov. -Falei praticamente cuspindo o nome ao encará-lo, fechando os punhos com força sentindo o ódio me consumir.
– Rosemarie Hathaway. Uma vez ouvi dizer que o Guardião Belikov lhe considera um anjo, mas posso te contar um segredinho a respeito disso querida? -Victor começou a causar pequenos terremotos por ser dominador da terra enquanto falava. - Anjos Caem Rose e essa é a sua vez de cair também.
Senti a mesma força Morou tomar conta de mim, comecei a fazer círculos imaginários no ar e percebi que algumas pedras a minha volta reagiam de forma bastante interessante e então entendi o que aquilo significava; eu tinha controle sobre todos os quatro elementos naturais quando um Moroi normal tinha posso somente sobre um.
– Você não têm a mínima ideia do que eu sou capaz, acabou de ganhar uma dança com o diabo meu Moroi metido de merda! -Falei fechando a expressão pronta para agir.
Victor avançou sobre mim com uma expressão assassina que não me intimidou em nada, mas acontece que mesmo tendo praticamente quase o dobro do meu tamanho obviamente ele não possuía nem mesmo a metade do preparo físico que eu possuía e ai estava a minha vantagem. Em determinado momento ele me prensou no chão abaixo de si, mas novamente eu era bem mais forte e logo o arremesei contra um muro de concreto ouvindo um estalo estranho e franzindo a testa quando seu corpo escorregou para o chão.
– Levanta seu desgraçado! -Gritei o sacudindo no chão, mas ele continuava imóvel. - Levante e lute como um homem seu verme!
Ao longe alguma parte da minha mente projetou o som de sirenes, logo uma movimentação estranha me cercou e senti meu corpo entrar numa espécie de torpor. Eu provavelmente estava desmaiando.
– Rose acabou, ele está morto! -Disse uma voz ao meu lado que eu sabia que conhecia, mas não conseguia identificar por ainda estar em transe. -Rose, olhe pra mim. Acabou, o Victor está morto! Solte-o, por favor!
Victor está morto....
Victor está...
Victor...
– Ah meu Deus! -Gritei caindo com os joelhos de encontro ao chão mesmo que não pudesse explicar o porque de tal reação e então finalmente minha mente se concentrou no que acontecia a minha volta. - Eu o matei... Ele está... Eu matei o Victor...Eu...
– Tudo bem filha, acabou. Está tudo bem. -Disse a mesma voz familiar e então levantei os olhos encontrando os de Abe Mazur que me encarava num misto de preocupação e alívio. -Tudo bem, vai ficar tudo bem. Só respira fundo.
Outro estalo me atingiu e comecei a me debater nos braços de Abe que me soltou pego de surpresa por minha reação. Corri de volta ao carro encontrando uma equipe de paramédicos sobre Dimitri, todos dizendo coisas sem sentido.
– Afastem-se dele! -Gritei e todos se afastaram pelo susto.
– O que faremos Guardiã? -Ouvi um dos paramédicos questionar em minhas costas.
– Dêem um segundo a eles e depois tirem ele daqui. -Ouvi uma voz que me pareceu pertencer a Guardiã Alberta Zeklos ordenar.
Cai de joelhos sobre o corpo gelado de Dimitri e comecei a chorar, então num ato de desespero parei de alisar o peito dele sentindo a força do meu lado Moroi ativar e sem pensar fechei a mão em punho e simplesmente soquei o peito de Dimitri com força.
Quando os paramédicos me imobilizarem incrédulos com minha reação de descontrole, Guardiã Alberta virou em minha direção pronta para me dar uma bronca, mas então Dimitri grunhiu de dor no chão fazendo todos os presentes naquele local prestarem atenção nele, que por sua vez cuspiu um pouco de sangue o suficiente para deixar todos em alerta, seus olhos encontraram os meus por um segundo, então ele murmurou algo como "Roza" e na sequência simplesmente desmaoiu. Sabendo que não demoraria a acontecer algo semelhante comigo devido a quantidade de energia que eu havia perdido durante tudo o que aconteceu encarei Abe afim de alertá-lo e na sequência desmaiei também.