Um Bom Dia Para Se Inspirar escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Vi a imagem no grupo do face, e acabei me inspirando a escrever. Como não sabia direito características dos dois (Seiji e Misaki), fiz que eles fossem colegiais. Espero não ter fugido muito das expectativas kkkEnfim, Boa leitura! (e obrigada por dar uma chance a minha história!)



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O sol acabara de nascer e Misaki já estava de pé. Apesar do sono, ela não podia se dar ao luxo de dormir: esquecera de fazer sua lição de casa, pela terceira vez na semana. Escrever a noite toda e acordar antes da hora para fazer as tarefas já estava se tornando um hábito. Não que ela não ligasse para suas notas ou afazeres do colégio, pelo contrário, era uma das melhores alunas de sua sala, mas toda vez que a inspiração para escrever lhe vinha, nada mais importava.

Depois de terminar o último exercício de matemática, Misaki tomou uma rápida ducha, colocou seu uniforme, ajeitou cuidadosamente seu cabelo cor-de-rosa com o arquinho de orelhas de gato, pegou sua bolsa, e correu até o colégio.

Quando chegou, percebeu que o primeiro sinal já havia tocado, e ela estava atrasada novamente. Porém, mesmo recebendo bronca do professor ao pedir para entrar na sala, Misaki sabia que tinha valido a pena. Ela estava no clímax do seu romance, e não seria uma ou duas broncas que a deixaria triste.

Entretanto, hoje não era seu dia de sorte. Assim que o sinal bateu, marcando o fim da aula, seu professor a chamou até a mesa.

– Misaki-san, já é a terceira vez nessa semana que isso acontece. Há algo que quer compartilhar comigo? Algo que eu possa lhe ajudar? – Indagou.

Misaki pensou bem antes de responder. Ela conhecia bem seu professor, e por conhecê-lo, sabia que ele não gostaria da resposta. Perder o horário por escrever uma história de amor inspirada em seu senpai, com toda a certeza não era uma desculpa boa.

– Ah... É o meu despertador. Não precisa se preocupar, professor. Prometo que hoje mesmo vou depois do colégio comprar um novo! – Misaki mentiu, sorrindo amarelo.

– Desculpe estragar seus planos, Misaki-san. Hoje você terá que cumprir com algumas tarefas do conselho estudantil como advertência. Seiji-kun já estará te esperando quando a aula acabar. Passar bem.

O professor fez uma reverência, e saiu da sala, deixando para trás uma Misaki petrificada. Ao mesmo tempo em que seria ruim perder um precioso tempo que ela poderia estar escrevendo na escola, ficar ao lado de Seiji-senpai a traria inspiração. Muita inspiração. Afinal, o herói de sua história era ninguém mais e ninguém menos que ele. Os dois já se conheciam há muito tempo, sendo que Seiji foi vizinho de Misaki por dez anos, mas mudara ano passado.

As aulas foram passando, e Misaki ficava cada vez mais ansiosa. Praticamente tudo que tinha aprendido fora da escola, foi com Seiji. Ele secretamente era o seu onii-chan. Ela só não o chamava mais assim, porque os dois só se viam na escola e Seiji não gostava que os outros vissem que os dois eram próximos.

Ao toque do último sinal, Misaki levantou feliz e nervosa. Ter a advertência era uma desculpa perfeita para ver seu senpai. Seiji era o vice-presidente do conselho estudantil, e pelo que Misaki sabia, o presidente estava doente e por isso quem estava no comando era ele.

– Você não acha que está feliz de mais para receber uma advertência? – Seiji questionou assim que Misaki entrou na sala do conselho. Ele admirava o jeito leve e despreocupado que ela levava a vida (o total oposto dele), mas isso não significava que ela tinha que ser tão irresponsável a ponto de se atrasar para a aula.

– Desculpa. – Misaki murchou um pouco. Seiji estava com a sua cara de sério que raramente usava com ela, e isso não era um bom sinal. Seus olhos violeta ficavam intimidadores atrás da lente do óculos.

– O professor me pediu para lhe dar algumas tarefas. Hoje você limpará a biblioteca, amanhã o jardim e segunda a quadra. Três lugares para três dias de atraso.

Misaki sentiu uma flechada partindo seu coração. Quando seu professor queria, podia ser muito cruel.

– Tudo isso?! Mas eu não vou conseguir fazer isso sozinha! – Misaki exclamou. Seiji fraquejou um pouco na sua postura. Vê-la desolada o dava uma vontade imensa de ajudar. Porém, com tanta papelada do conselho para resolver... Seria difícil.

– Sinto muito. Só tente não chegar mais atrasada.

– O.K., Onii-chan. – Misaki suspirou irritada, mostrou a língua para Seiji, e saiu andando rápido até a biblioteca. Seiji apenas riu nervoso, e olhou para os lados para ver se alguém tinha escutado. Misaki realmente não tinha jeito.

Já passava das seis da tarde quando Seiji acabou de preencher a última folha em cima de sua mesa. Espreguiçou-se, e arrumou seu material. Olhou no relógio e percebeu que tinha passado tempo de mais ali. Antes de ir embora, um pensamento lhe ocorreu.

Será que Misaki ainda está aqui?

Sem que percebesse, começou a caminhar até a biblioteca. Chegando lá, encontrou uma cena incomum. Por conhecer Misaki, imaginou que ela estaria sentada, lendo algum livro ao invés de estar arrumando as estantes. Entretanto, ela estava com o carrinho de livros quase vazio, e parecia concentrada no que fazia.

– Precisa de ajuda?

– Seiji-senpai! – Misaki admirou-se. Realmente não esperava que ele fosse ali vê-la. Ela desejava que isso acontecesse, mas não sabia que seu desejo se tornaria real. – Não precisa, só faltam mais dois livros.

– Tem certeza? Posso guardar o carrinho para você... – Seiji ofereceu, caminhando até Misaki. Ela sorriu, e assentiu sentindo-se feliz.

Depois de Misaki colocar os últimos livros em seus devidos lugares, e Seiji guardar o carrinho, os dois foram caminhando juntos até o portão do colégio.

– Já está escuro. Quer que eu te acompanhe até a sua casa? – Seiji ofereceu. Misaki sentiu seu coração se agitar, e tratou de controlá-lo. Seu onii-chan só estava sendo gentil, como sempre foi. Não era algo especial.

– N-não precisa, Onii-chan. Você está morando do outro lado da cidade, pode ficar mais perigoso para você. – Misaki abaixou a cabeça, tímida.

– Você insiste em continuar a me chamar de Onii-chan, não é? – Seiji riu escondendo sua vergonha.

– Sim. – Misaki respondeu com as bochechas ardendo. Ela queria dizer que ele foi e sempre será seu onii-chan, independendo do que ele pensa, mas se conteve. Se falasse aquilo, ficaria parecido com uma declaração. – Falo só porque sei que não gosta. – Disse, e sorriu travessa.

– Bem, então vou indo. Até mais, Misaki-san. – Seiji não esperou pela resposta, e começou a caminhar. Mesmo sabendo que aquilo era algo bobo, ele se irritou. Sempre que ficava perto de Misaki, seus pensamentos ficavam confusos e ele não gostava de confusão. Se as coisas são feitas em meio a confusões, saem imperfeitas, e se forem imperfeitas, não servem para nada.

Estranhou, porém, por não escutar a resposta de Misaki. Normalmente era gritaria um “Tchau”. Quando Seiji olhou para trás, sentiu seu coração na boca. Três garotos cercavam Misaki.

– Vamos lá, neko-chan. Você não quer se divertir com a gente?

– N-não. – Misaki murmurou tentando sair dali, porém um garoto estava na sua frente, e os outros dois atrás. Sair do meio era impossível. Tentou olhar por cima do ombro do garoto a sua frente, mas não enxergou mais Seiji. – Me deixa ir embora.

– Não seja tão arrisca. É só um pouquinho... – O garoto da frente sorriu, pronto para agarrá-la. Misaki segurou a bolsa em frente ao seu corpo, gritou se jogando no chão, e fechou os olhos.

Porém, não sentiu as mãos nojentas do garoto em seu corpo. Abriu os olhos, e percebeu que ele estava ao seu lado, caído no chão e que Seiji estava dando um murro em um dos seus amigos. Misaki entrou em estado de choque assim que percebeu que o outro amigo do garoto tinha um taco de beisebol na mão. Ela lembrava vagamente que Seiji já tinha feito artes marciais, mas não imaginou que o seu senpai fosse tão bom. Em cerca de alguns segundos, Seiji tinha pego o taco, e afastou os três garotos de Misaki.

– Senpai... – Misaki murmurou levantando do chão e indo para trás de Seiji. Ela estava a ponto de começar a chorar.

– Está tudo bem agora, Misaki. Onii-chan está aqui. – Seiji respondeu, sentindo a raiva em cada palavra.Quem aqueles três pensavam que eram para tentar agarrá-la?! Ele não era a favor da violência, mas em casos como aquele, não mediria esforços para protegê-la.

– Vá se ferrar, cara. Não queríamos nada de mais. – Um dos garotos respondeu limpando a sujeira da roupa. Logo, ele e os outros dois foram embora.

Seiji olhou para Misaki, e a abraçou.

– Eu definitivamente vou te levar até a sua casa. – Afirmou.

– Obrigada, Seiji-senpai. – Misaki sorriu.

Durante o caminho, que não era muito longo, Seiji ficou o tempo todo alerta. Aqueles três haviam despertado seu lado protetor. Já fazia tempo que ele não sentia a necessidade de proteger Misaki; pelo que lembrava, a última vez foi quando um garoto do colégio apenas riu e fez críticas mentirosas da redação que ela tinha escrito, ainda no jardim. Secretamente, ele adorava as histórias que Misaki escrevia, porém não tinha coragem de pedir para lê-las.

– Pronto, está entregue. – Disse assim que chegaram ao portão da casa de Misaki. Ela sorriu já mais calma. Apesar de ter passado por aquilo, a presença de Seiji a confortava. E toda aquela confusão a tinha dado uma nova ideia para a história.

– Obrigada, Seiji-senpai. – Agradeceu, fazendo uma reverência.

– Pode me chamar de Onii-chan mesmo... – Seiji murmurou com o rosto corado.

– Sério?! – Misaki exclamou feliz. – Obrigada Onii-chan! – Agradeceu novamente, e na empolgação, depositou um beijo na bochecha de Seiji, quase o beijando sem querer na boca.

Quando se deu conta do que tinha feito, Misaki tratou de entrar rapidamente na área de sua casa, e deu um breve aceno antes de adentrar pela porta, deixando um Seiji completamente envergonhado lá fora.

Desculpe, professor. Mas vou chegar atrasada amanhã novamente. – Misaki pensou assim que sentou em frente ao seu computador e começou a escrever.


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Notas finais do capítulo

Explicações dos termos em japonês:
*-san: se utiliza quando conversa com alguém que não se tem intimidade e/ou para tratar a pessoa com respeito
*Senpai: é como o veterano. No Japão se tem grande respeito aos mais velhos que você.
*-kun: parecido com o "san", com a diferença que é mais utilizado para meninos
*Onii-chan: uma forma carinhosa de chamar seu irmão mais velho
*neko-chan: equivale ao gatinha daqui do Brasil shausha
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Olha gente eu até que me segurei para não usar tantos termos em japonês sahsuhu e a vontade de colocar um arigatou/sensei/ gomem/ etc? Mas achei que a estética da história ficaria melhor com a maioria das palavras em português mesmo. Bem, espero que tenham gostado, fiz de coração ^--^
Beijos, e obrigada por ler!