A Filha de Roma e Grécia escrita por Wondy


Capítulo 31
Até o fim


Notas iniciais do capítulo

Olá divosas!
"Tia Wondy, porque você não postou por quase um mês inteiro?" Por que foi dificil para o exelentissimo senhor caralho escrever esse cap. Eu escrevi e reescrvi e ele nunca ficava do jeito que eu queria. Bem, até agora! Eu acredito que vocês vão querer me matar depois de ler (novidade), mas fazer o que, né?
Divosas, o tão esperado fim da primeira temporada chegou! Mas, não se preocupem, eu irei fazer segunda temporada sim, está bem?
Enjoyyy



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/627204/chapter/31

 Nico di Angelo

O dia de hoje acabara de virar o pior da minha vida.

Quando eu já havia perdido as esperanças de alguém vier para me tirar daquele maldito jarro, de repente chega ninguém mais ninguém menos do que minha ex-namorada que deveria estar morta nos Campos Asfódelos, descubro que ela é sobrinha de Annabeth Chase, que, a propósito, está neste momento procurando a Marca de Atena e acordei num navio de guerra gigante onde descubro que o número de almas fugitivas do Mundo Inferior era bem maior do que eu pensava. Em outras palavras: o dia estava correndo muito bem, obrigado.

Por mais esquisito que meu dia estava, eu não conseguia pensar em nada além do Tártaro. As coisas que vi lá embaixo eram tão sombrias que eu ainda não sabia como não acabei enlouquecendo. Tento ao máximo pensar em outra coisa, qualquer coisa, para ver se consigo afastar isso por um tempo, nem que seja apenas por cinco minutos.

O fogo liquido curou completamente todos os meus ferimentos, mas não mudou em nada essa dor infernal que martelava em minha cabeça. Diante desse grandessíssimo incomodo, resolvi fazer exatamente o que sempre faço em momentos como esse. Ignoro completamente a dor e concentro-me ao máximo em manter a expressão ilegível, pois assim ninguém virá perguntar como estou, embora eu saiba que a primeira pergunta que farão será essa.

Eu seguia Hazel pelo corredor do Argo II enquanto ela tagarelava sobre o que acontecera nos últimos dias. Eu me concentrava tanto em ignorar a dor de cabeça que conseguia entender poucas coisas que ela dizia. 

— Deixa eu ver se eu entendi – falei, interrompendo a explicação de Haz. – Annabeth foi sequestrada pelo Gregory Peck e a Audrey Hepburn em uma Vespa?

Ela rolou os olhos.

— Claro que não, Annabeth foi por pura espontânea vontade – explicou ela, roendo uma unha. – Quem foi quase sequestrada é a Hayley.

Parei de andar no mesmo instante.

O que? — perguntei, imaginando se não teria ouvido errado.

Hazel parou também e se voltou para me olhar.

— É, Sarah tentou sequestra-la – disse ela, casualmente, como se estivesse comentando sobre o tempo. – Eu suponho que você já saiba quem é Sarah.

Oh sim, eu sabia. Eu sabia quem ela era e o que havia feito com Hayley. Anos de puro sofrimento, dezenas de cicatrizes e uma alma culpada, julgando a si mesma um monstro. Hay nunca se perdoou pelo que fez, por mais que havia sido o único jeito de conseguir proteger o irmão, ela ainda carregava uma culpa enorme nos ombros. “Afinal, quem mata a própria mãe e não consegue sentir nenhum remorso?” ela costumava perguntar.

Sinceramente, se Hayley não tivesse matado a Sarah, eu teria. Sem brincadeira, o ódio que eu tenho daquela mulher é descomunal. E o fato de ela estar de volta é preocupante. Ela ter tentado sequestrar Hayley é ainda mais. Algo me diz que não será a última tentativa.

— Ela também voltou? – perguntei, disfarçando uma careta quando uma pontada de dor bateu em minha cabeça, rezando para que ela não notasse.

— Sim – respondeu Hazel, lançando-me um olhar desconfiado. – Você está bem?

Ah, a maldita pergunta. Odeio quando a fazem.

Não, eu não estou bem. Acabei de sair de um jarro maldito em que fui colocado por gigantes logo depois de me capturarem quando eu estava lutando pela minha própria vida e quase enlouquecendo no Tártaro, e ainda tenho essa dor de cabeça agonizante que está me deixando com tanta raiva ao ponto de ter o súbito desejo de socar a parede.

— Claro, só um pouco de dor de cabeça – respondi.

Hazel parece acreditar, voltando a andar e a subir uma escada que supus que levava ao convés. Eu conseguia ouvir as vozes de pelo menos sete pessoas. Pareciam estar discutindo.

Como eu havia previsto, assim que pisei no convés todos olharam para mim. Percy, Frank, e Hayley estavam presentes juntos de três semideuses e um sátiro que eu não conhecia. Hay estava desenhando algo em seu caderno, tentando fingir que não havia me notado, embora eu soubesse que sim.

— Nico? – perguntou Percy, parecendo descrente. – Como melhorou tão rápido?

— Fogo líquido – respondi. – Ah, e obrigado – falei, passando os olhos por todo o grupo. – Eu já havia perdido as esperanças.

 - Você sempre soube dos dois acampamentos. – falou Percy. – Poderia ter me contado no dia em que me viu no Acampamento Júpiter.

— Desculpe por isso. – falo, desejando acima de tudo não ter falado nada. – Hades me mostrou o acampamento no ano passado. Ele me contou que os dois acampamentos estavam separados há séculos, e que era importante que eu soubesse, embora eu não tenha idéia do porquê. Meu pai me fez jurar não contar nada a ninguém sobre isso. – Pelo canto do olho, consegui ver Hayley rolando os olhos ao ouvir as palavras “meu pai”. – Achei que fosse por causa de Hazel. Eu precisava de um lugar seguro para levá-la. Mas... agora acho que ele queria que eu tivesse conhecimento dos dois acampamentos para entender o quando a missão de vocês é importante. Assim eu procuraria as Portas da Morte.

O ar ficou gelado. Um semideus loiro que eu não conhecia soltou faíscas pelas mãos.

Tentei ao máximo possível não lembrar daquilo. As forças de Gaia me dominando completamente.

— Você as achou? – perguntou Hayley, sua voz estava um pouco tremula. Ela sabia muito bem onde as Portas ficavam.

Assenti.

— Fui um idiota. Caí direto na armadilha de Gaia. – falei, olhando para meus pés. – Foi como sair de um buraco negro.

— Hã... – Frank parecia nervoso. – Que tipo de buraco negro você está se referindo?

Não consegui responder. Eu sentia como se eu abrisse a boca para falar, entraria em pânico.

— Tártaro – ofegou Hayley. – A parte mais profunda do Mundo Inferior.

Assenti. Uma onda de náuseas me atingiu ao lembrar da voz de Gaia em minha cabeça, levando-me à um estado tão terrível que não sei como não acabei ficando louco.

— Eles me puxaram para o poço. As coisas que vi lá embaixo.... – minha voz falhou. Eu não conseguiria falar disso. Não aqui. Não agora. Tudo o que eu queria era me sentar à beira do lago da Resistencia e conversar sobre bandas com Chris, Lindy e Hayley. Queria esquecer tudo o que havia acontecido, de preferência nesse exato momento.  Queria me sentar com Hazel e contar cada detalhe daquele lugar, pois isso me faria sentir mais leve, saber que outra pessoa sabe exatamente o que eu vi.

— Ninguém que entrou no Tártaro saiu vivo. – falou Hayley, parecendo notar meu incomodo. – O lugar é usado como uma espécie de prisão de segurança máxima para os titãs, gigantes e maiores inimigos dos deuses. Eu não acredito que ele seja um monte de colinas verdes com pôneis saltitando pela grama. Ninguém sabe ao certo como é lá embaixo. – seus olhos pousaram em mim. Eu sabia o que ela queria dizer. Ninguém, exceto eu.

— Deixa eu adivinhar – falou um semideus baixinho e moreno, erguendo os olhos do leme. – É para lá que temos que ir.

A idéia me deu vontade de rir de tão ridícula.

— Impossível. Sou o filho de Hades e mesmo eu quase não sobrevivi. As forças de Gaia me dominaram na hora. Ela é incrivelmente poderosa lá embaixo. Não sei como não enlouqueci.

Tudo ficou quieto.

— Então, apenas fechamos as Portas da Morte do lado mortal. – opinou Hayley. – Elas não ficam no Épiro?

— Não é tão fácil. – falei. – As portas precisam estar fechadas dos dois lados. Pouco adianta trancar apenas uma se a outra está aberta. Precisam ser controlados ambos os lados.

— Então precisamos de alguém que as feche no Tártaro enquanto o resto fecha as portas deste lado? – perguntou Percy.

— É.

— Então, precisamos de alguém para se aventurar no Tártaro e fechar as Portas da Morte? Beleza, quem é suicida o suficiente para ser voluntário dessa missão? – o garoto que cuidava do leme perguntou sarcasticamente.

O silencio era tanto que eu conseguia ouvir o zumbido de uma mosca do outro lado do navio.

— Eu. – manifestou-se Hayley.

O quê?

Todos ficaram um tempo em silencio, embasbacados demais para falar algo. Depois desse momento passar, os protestos começaram. Todos os semideuses falavam ao mesmo tempo, inclusive eu, embora eu duvide que alguém percebesse em meio daquele monte de vozes.

Eu já sabia há muito tempo que Hayley tinha tendências suicidas – eu até costumava usar isso para irrita-la ás vezes. -, mas isso era demais.

— CHEGA! – gritou ela. – Eu vou, ponto final! Sou a única aqui que não tem nada a perder!

— Não importa o quão durona você seja, você não têm ideia do que há lá embaixo. – falei, minha voz saiu sombria. – Você vai morrer se for sozinha.

— Eu já morri uma vez. Não pense que tenho medo de morrer de novo – retrucou ela.

— Já chega! – exclamou Percy. Ele parecia com raiva. – Você não vai. Ponto final. Nem que eu tenha que te amarrar nos estábulos para te impedir.

Eles se encararam por um tempo, até que Hayley desviou o olhar vencida, soprando uma mecha do cabelo para longe do rosto.

— Certo, tanto faz.

— E quanto à Annabeth? Já a acharam? – mudo para o primeiro assunto que me vêm à cabeça.

Para minha surpresa, quem responde é Hayley.

— Sim – diz ela, mostrando o caderno. Nele estava desenhado um prédio em ruínas, com portões de metal e rostos de deuses esculpidos nas paredes. O prédio era estranhamente familiar. – Desenhei isso há alguns dias atrás. Não fazia ideia do que era até agora. – Ela não parecia me ignorar mais.

Agradeci internamente à Hayley por ter feito com que o foco voltasse à Annabeth.

— E como tem certeza que ela está aqui? – perguntou Percy. – Pode ser um prédio qualquer.

— Por causa disso – diz ela, apontando para um canto do desenho onde uma Vespa está estacionada no meio-fio. – É igual à vespa do Gregor... quer dizer Tiberiano – corrigiu-se rapidamente.

O garoto que cuidava do leme se aproximou.

— E como saberemos onde é isso? – perguntou ele. – O Google Maps pode ser bom, mas é inútil sem um endereço. – Hayley assumiu uma expressão confusa. – Desculpe, esqueci que você perdeu, bem, os últimos oitenta anos. – Completou o garoto. - Bem, minha aprendiz Jedi, Google Maps é...

— Isso não importa agora, Leo! – exclamou Percy. – Annabeth pode estar em perigo! Se não formos rápidos ela pode acabar sendo... – ele não conseguiu completar a frase, embora todos nós já soubéssemos o que ele queria dizer. Morta.— E sem um endereço, como a acharemos?

— Posso dar uma olhada? – perguntei. Hayley assentiu sem me encarar e Leo entregou o caderno para mim.

Eu conhecia aquele prédio. Era como uma lembrança distante, mas ainda assim eu já havia visto ele antes.

Edifício Emmanuel.

É claro! Eu conseguia lembrar de Bianca e eu visitando-o com a Tia Agnese. Antigamente ele era uma espécie de mercado. Quando fizemos uma viajem curta até Roma, passamos por lá. Lembro-me também o porquê de ter me marcado tanto. Foi a primeira vez que me perdi de Bianca, que só me achou duas horas depois.

— Eu conheço esse lugar – falei. – É o Edifício Emmanuel.

Leo voou para um painel onde continha um console de vídeo game, mexendo furiosamente nos controles. Frank se debruçou ao seu lado, e apontou para um ponto na tela.

— Frank você é incrível! – exclamou Leo. – Estou estabelecendo a rota!

Frank apenas deu de ombros, modesto.

— Um turista chinês marcou o lugar no Google Maps.

Leo sorriu para o resto do grupo.

— Ele lê chinês.

— Só um pouquinho – disse Frank.

— Não é o máximo?

— Meninos – interrompeu Hazel. – Sinto muito em atrapalhar esse momento tão lindo, mas precisamos ser rápidos. Quanto tempo para chegarmos até o Edifício Emmanuel?

— Uns vinte minutos. – respondeu Leo.

Hayley se desencostou da amurada.

— Isso quer dizer que temos um tempo livre antes da próxima luta. – diz ela, indo em direção à escada. – Eu preciso de café.

Assim que ela desapareceu pelas escadas, o resto dos semideuses pareceram tentar encontrar algo do que fazer. Ninguém estava prestando muita atenção em mim mesmo, então saí discretamente e desci as escadas, procurando Hayley.

Quando passei perto de uma porta dupla, ouvi o som de algo caindo e a voz de Hayley xingando em italiano. Entrei no cômodo, que se revelou um refeitório. Uma mesa com bancos de madeira estava no centro e as paredes projetavam imagens do Acampamento Meio-Sangue. Ao longe, consegui identificar Clarisse La Rue socando um cara de borracha.

Do lado direito do cômodo, se encontravam os armários e uma bancada. Hayley estava colocando várias frutas – inclusive duas maças azuis – dentro de uma vasilha de plástico branca e colocando-a encima da bancada.

— O que você veio fazer aqui? – perguntou ela, sem olhar para trás.

Dou de ombros.

— Vim pegar um café. – falo. – E tentar te explicar o meu sumiço, já que você não deixou que eu o fizesse na enfermaria. E também tentar te fazer esquecer essa sua ideia maluca e completamente suicida de ir para o Tártaro.

Hayley suspira pesadamente, finalmente olhando para trás e encarando-me de um jeito que me faz ter a sensação de ter acabado de ter feito algo muito idiota. Ela se encosta na bancada, toma um gole de café e faz um gesto com a mão como se me incentivasse a começar a falar. Porém, antes que eu possa começar, algo captura minha atenção.

— O que aconteceu com seu cabelo? – pergunto, franzindo a testa. Seus cabelos, outrora completamente prateados, agora estavam com as pontas pintadas de azul.  

— Eu pintei – disse, friamente.

— Ficou incrível.

— Obrigada – agradeceu, corando. – Agora, você vai contar sua historinha, ou...?

— Depende – digo, dando de ombros calmamente.  

— Depende de que?

— De que parte você quer ouvir, é logico – falo.

— Por que entrou na Resistencia? – ela pergunta, sem rodeios.

Dou de ombros.

Por que foi o primeiro lugar em anos em que me senti realmente em casa.

— Porque eu gostava de lá – respondo.

Hayley me encara com descrença.

— Entrou na Resistencia Asfodeliana, da qual resiste ao seu pai, o grande rei do Mundo Inferior, e que também faz o uso de um soro ilegal que é estritamente proibido nas terras de Hades, só porque você gostava de lá?

— É.

Hayley joga as mãos para o alto em um ato de exasperação.  

— Você é um idiota.

— É por isso que não acredita em mim? – A pergunta escapa da minha boca. – Por que sou um idiota?

— Eu não acredito em você apenas pelo fato de ter mentido para mim desde que colocou os pés na Resistencia, Nico – diz ela, dando de ombros e virando-se para a bancada, fingindo estar fazendo algo, mas eu sabia que ela só não queria me encarar. Por mais que suas palavras me atinjam feito facas, continuo sério, torcendo para que ela não note meu desconforto.

— Quando foi que eu menti? – pergunto.  

Hayley para o que está fazendo no mesmo instante para me lançar um olhar completamente descrente.

— Mentiu para mim sobre quem você era, sobre o que estava fazendo na Resistencia, sobre o fato de que seu pai é o rei do Mundo Inferior... – Ela conta nos dedos. – e mais algumas outras coisas, como o fato de você ser um espião, sobre...

— Espera aí – pedi, interrompendo-a. – Espião?

Do que ela estava falando? Ela achava que eu era um espião de Hades, é isso? Aquela era a coisa mais ridícula que eu já ouvira.

— Ah, por favor – fala ela, rolando os olhos com desdém. Hayley começa a caminhar em direção a saída, mas a seguro pelo braço. Ela me encara numa mistura de raiva e confusão.

— De onde você tirou isso, Hayley? – pergunto.

Aquilo não era coisa dela. Nunca nem passaria pela sua cabeça a ideia de eu ser um espião. Qual é, chega a ser ridículo. Então como ela conseguia dizer aquilo com tanta convicção, com tanta certeza?

— Foi o Lewis quem enfiou isso na sua cabeça? – pergunto novamente. Hayley desvia o olhar, respondendo minha pergunta sem nem precisar pronunciar nenhuma palavra

Freddie Lewis é um homem morto.

— E você acreditou nele? – pergunto, descrente. Ela não acreditaria em algo assim, não é?

Hayley continua sem me olhar, encarando as imagens do Acampamento Meio-Sangue como se subitamente elas se transformassem em algo muito interessante.

— Qual é, Hayley, você me conhece. Sabe que eu não faria isso.

Ela finalmente olha para mim. Seus olhos verde-mar transbordavam raiva não contida.

— Eu conheço? Eu realmente conheço você, Nico? – pergunta ela retoricamente, soltando uma risada como se achasse a ideia hilária. – Engraçado, pois alguns meses atrás eu poderia jurar pela minha vida que você nunca mentiria para mim. – diz ela, desvencilhando-se de minha mão e saindo antes que eu pudesse impedi-la.

Doeu? Ah sim, doeu como o inferno.

Mas ela não precisa saber disso.

*****

 O Treinador Hedge adorou o método que usamos para chegar até Annabeth.

Basicamente, usamos a balista para abrir um buraco no chão. Eu tinha certeza que nunca havia visto um sátiro tão animado com a ideia de disparar uma arma antes. Chegava a ser assustador.

Em meio a uma chuva de carros, Leo Valdez conseguiu manobrar o Argo II de modo que o navio inteiro mergulhasse na escuridão da caverna recém aberta. No mesmo instante, Percy correu para a amurada, correndo o risco de acabar caindo.

— Annabeth! – gritou ele, em meio aos carros que caiam.

Tudo ficou silencioso por um minuto inteiro que mais pareceu ter sido mil anos.

— Aqui! – Annabeth gritou de volta, em pânico.

Frank Zhang ajudou Percy a lançar uma escada de cordas e antes que ela encostasse no chão, o filho de Poseidon já havia começado a desce-la seguido pelos outros semideuses.

A câmara era enorme, fria e escura, porém o que mais havia me chamado a atenção era a imensa estátua de mármore e ouro que se encontrava amarrada em um canto. Ah, então aquela era a Marca de Atena. Até que se parecia com a deusa, ao contrário das outras estatuas de Atena que eu já tinha visto.

O que também me chamou muita a atenção foi o enorme buraco no chão. Mesmo de onde eu estava parecia não ter fundo. Um arrepio subiu minha espinha como uma aranha. Um buraco sem fundo.  

Percy correu até Annabeth, abraçando-a. Ela se aninhou em seu peito, os ombros chacoalhando como se estivesse chorando.

Annabeth Chase havia mudado muito desde a última vez que eu a vi. Estava mais alta e mais magra, seu tornozelo estava enrolado em talas. Quebrou o tornozelo.

— Annie! – exclamou Hayley, correndo em direção a filha de Atena, abraçando-a. Annabeth retribuiu, apertando Hay como se não conseguisse acreditar que ela era real. Eu não sabia que elas eram tão próximas assim.

Pelo visto há muitas coisas das quais eu não sei. Pessoas mudam muito em dez meses e eu torcia para que não fosse o caso de Hayley.

— Sua perna – Hayley ajoelhou-se ao lado de Annabeth, examinando a tala. Ela pegou uma adaga, cortando um pedaço de teia que estava enrolado no tornozelo da filha de Atena e pegou sua mochila, colocando-a nos próprios ombros. Annabeth a lançou um olhar agradecido. – O que aconteceu com você?

Annabeth começou a explicar sobre sua jornada pela Marca de Atena. Contou sobre como havia conseguido enganar os fantasmas da irmandade de Mitra dizendo que era uma espécie de magma-mater (do latim: grande mãe) de sua irmandade e apenas deduziu os tais “segredos” de Mitra apenas observando uma estátua do mesmo. Depois, foi perseguida por milhares de aranhas até cair e quebrar o tornozelo. Explicou também sobre como havia enganado Aracne – a guardiã da Atena Partenos -, fazendo-a tecer a própria armadilha.   

Deuses, eu sabia que Annabeth era inteligente, mas por Hera, ela conseguiu enganar um dos monstros mais inteligentes da Grécia Antiga.

— Santo Júpiter! – exclamou Jason Grace. – Fez tudo isso sozinha! E com o tornozelo quebrado.

Annabeth conseguiu abrir um pequeno sorriso.

— Bem... fiz parte disso tudo sozinha – disse ela, olhando para Hayley. – Não teria conseguido sem a sua ajuda.

Hayley retribuiu o sorriso.

— Então, o que faremos com a estátua? – perguntou Leo.

Todos olharam para a estátua.

 - Levaremos conosco – concluiu Annabeth.

— Como? – perguntou Piper. – Essa coisa deve pesar uma tonelada.

— Podemos coloca-la nos estábulos – opinou Leo. – É claro que uma parte precisará ficar para fora, mas podemos dar um jeito de cobrir.

Os semideuses estavam tão absortos na conversa que nem se deram conta de que Hayley não estava mais entre eles. Mas eu percebi. Ela estava na beira do buraco, ajoelhada com as mãos estendidas para frente. O que Hades ela estava fazendo?

— Ei – chamei quando cheguei perto dela o suficiente. Hayley não mudou sua postura, como se já esperasse que eu iria atrás dela. – O que está fazendo?

Ela não responde, apenas continua com as mãos estendidas até que um fio de água emergisse do buraco, as gotas dançando envolta dos seus dedos. Hayley finalmente abriu os olhos, sorrindo.

— Eu sabia que havia sentido algo – ofegou ela. Olhou para mim sorrindo, como se a descoberta a fizesse esquecer completamente que me odiava. – Sabe o que isso quer dizer?

— Provavelmente, que tem água no final desse buraco – falo.

Ela fecha a cara, inconscientemente fazendo com que a agua tomasse diversas formas diferentes.

— E você por acaso sabe que buraco é esse? – perguntou ela.

— O buraco de Newton? – pergunto, recebendo um olhar descrente de Hayley.

— Primeiro: Newton não tinha um buraco. Segundo: eu acho que você sabe que buraco é esse.

Um arrepio subiu minha espinha. Meus pés foram imediatamente para trás, levando-me o mais longe possível do abismo. Do Tártaro.

  Quando Hayley percebeu, abriu um sorriso.

— Está com medo? – perguntou, a voz carregada de deboche.

Apenas a encarei de volta, sério.

— Acredite, Hayley, se tem alguma coisa nesse mundo da qual eu tenho medo é o Tártaro. – e perder você.

Ela rolou os olhos, voltando-se para o abismo novamente.

— Isso – começa ela, indicando a água que tomava formas ao redor dos seus dedos. -, significa que há água lá embaixo. Quer dizer que a queda é segura.

Levei alguns segundos para entender o que ela estava querendo dizer.

— Hayley, não! – falo, ignorando meu medo e ajoelhando-me ao seu lado. – Você não pode fazer isso. Não é como o Mundo Inferior, está bem? Você vai morrer lá embaixo!

Hayley olhou para mim.

— Eu não estou pedindo sua permissão – disse friamente. – É o único jeito de fechar as Portas da Morte.

— Podemos achar outro jeito.

— Não, não podemos. E você sabe disso. – acusou ela. – Além disso, eu sou a única aqui que não tem nada a perder.

Só de ver o brilho de determinação em seus olhos, eu já sabia que não importava o que eu fizesse, Hayley Bennet não mudaria de idéia.

Ela estava errada. Não era a única que não tinha nada a perder. Não era a única que não teria ninguém lembrando dela todos os dias. Eu havia tomado uma decisão. Não importava o quanto eu tivesse medo, ignoro o pânico e seguro a mão de Hayley.

Não vou perde-la de novo.

— Então eu vou com você.    

 

 

Final da primeira temporada

Segunda Temporada


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Agora, se me dão licença, irei me trancar numa fortaleza para que vocês não me matem. Fui :P



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Filha de Roma e Grécia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.