A Filha de Roma e Grécia escrita por Wondy


Capítulo 25
Hazel - Visitas inesperadas


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey divosas! Quanto tempo, não é? Digamos que eu tive alguns probleminhas familiares, perdi meu pen drive (que é onde eu guardo a fic), e meu óculos desapareceu, fazendo com que eu não conseguisse ficar muito tempo escrevendo. Pois é, a lista é grande, maaaaaaaaas o que importa é que o novo cap está aqui!!!!!!!!!!! YAY!
Então, talvez vocês queiram me matar, talvez me afogar, talvez me eletrocutar (o que não daria certo, pois sou filha de Zeus) com esse cap. Não vou dar spoiler, mas muita gente vai levantar a plaquinha de "Já Sabia", e outros vão ficar com cara de "WTF?".
Ah, já ia me esquecendo. Tem um "easter egg" que eu coloquei aqui desde o começo a fic, e ninguém notou. Ninguém, a não ser a divosa leitora Lilica611. ela notou que o sobrenome da Hayley (Bennet) é o mesmo da cantora Paola Bennet, que fez a música "Soldatino". Detalhe: é uma música de ninar para o Nico, como se fosse a Bianca que a canta. Gente, é linda! vou até deixar o link para vocês ouvirem: https://www.youtube.com/watch?v=f9fu5rJ3k4Q
Enjoyyyyyy



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Os pesadelos fizeram da minha noite um inferno.

Primeiro sonhei que estava ouvindo os gritos da minha mãe sem poder fazer nada. Ela estava nos campos de punição, eu nos Campos Asfódelos. Não conseguia me mexer. Não conseguia pensar eu outra coisa que não fosse salvá-la.

Depois, sonhei com um mundo onde Gaia governasse. Era aterrorizante. Os desertos extensos, pois os oceanos haviam secado. A Terra havia virado um planeta de areia. Em um trono esculpido na areia branca, Gaia estava sentada e sorria para a paisagem que via.

O último foi o pior, pois era o que estava realmente acontecendo. Eu não podia simplesmente tentar me convencer de que era apenas um sonho, por que não era.

Nico estava sentado, imóvel. Seus olhos estavam fechados, sua boca estava levemente aberta. O cabelo no rosto e a camiseta com estampa de caveira amassada. Ele poderia estar dormindo, mas eu consegui sentir. Eu sentia que sua vida esvaía aos poucos.

Eu estava em sua frente, mas ao mesmo tempo não estava. Tive poucos sonhos assim, não estou acostumada com essa sensação. Era horrível ver seu próprio irmão morrendo na sua frente e não poder fazer nada.

Meus olhos ficaram marejados ao vê-lo daquele jeito, sem poder fazer nada para ajudar. Não. Eu podia. Posso achá-lo à tempo com os desenhos de Hayley. Ela havia desenhado todo o percurso que precisaríamos seguir para achá-lo.

– Nico, estamos indo te salvar – sussurrei, colocando toda minha força nas palavras, torcendo pra que isso o fizesse me escutar. – Preciso que aguente firme!

Ele não se mexeu. Não fez nada que demonstrasse que me ouviu. Claro, eu estou sonhando, não estou ali, não de verdade.

Então ele murmurou algo. Quase inaudível.

Bionda. Primeiro achei que fosse Bianca, mas ele repetiu um pouco mais alto. Ele tinha falado Bionda.

Eu já tinha ouvido isso antes. Vasculhei minha mente tentando me lembrar. Nico costumava falar isso ás vezes em meio à várias palavras em italiano que dizia. Uma vez ele me contou o que significava. O que era mesmo? Não consigo me lembrar.

Loira. Significava loira.

Lembrei da minha conversa com Hayley, quando ela me contou que conhecia Nico.

– Nico era o único que conseguia me tirar do sério – contou ela. – Ele costumava me chamar de Bionda só para me irritar, mas depois isso virou meio que um apelido.

*****

Um barulho estridente me fez acordar. Fiquei sentada por um tempo, pensando que aquilo havia sido coisa da minha cabeça, até que ouvi novamente. O mau pressentimento que eu sentia desde que nos afastamos da ilha de Hércules cresceu em meu peito.

Naquele momento, eu soube o que era imediatamente. Estavam invadindo o Argo II. Eram Crisaor e seus golfinhos ambulantes.

Levantei num pulo e, sem nem me importar de ainda estar de pijama, escancarei a porta. Encontrei Hayley no corredor. Ela usava uma camiseta escrito Arctic Monkeys, com as linhas que pareciam ser sonoras embaixo do nome. Acho que já tinha ouvido Nico falar sobre uma banda com esse nome. Ela usava um short xadrez vermelho e sua jaqueta de couro. O cinto dourado brilhava em sua cintura. Não me surpreendia a idéia de ela dormir com ele.

– Crisaor? – ela perguntou.

– Crisaor – confirmei.

Hayley xingou em italiano.

– Você bem que poderia parar de estar certa sobre tudo – ela comentou.

– Olha quem fala.

Corremos para o convés e duas mãos pegaram meus braços, impossibilitando-me de me mexer. Mas, Hayley estava ali. Ela o golpeou com a espada, fazendo-o recuar soltando meus braços.

Olhei para trás. Era um golfinho-humano. Ele tinha pernas e braços, mas seu rosto era um golfinho, sua pele cinza. O Homem-Golfinho usava roupas rasgadas – uma camisa encardida, uma calça que não parecia ter sido lavada há séculos e uma badana vermelha amarrada ao redor da cabeça pontuda de golfinho. Em seu cinto pairava uma espada.

O resto dos semideuses subiram e começaram a atacar os Homens-Golfinhos com tudo.

Estava pronta para atacar quando uma voz me fez parar no mesmo instante:

– Parem!

A voz era feminina e era muito familiar. Olhei em direção ao mar e vi uma trirreme pouco menor que o Argo II. As velas pretas eram pintadas com uma cabeça de górgona. A voz vinha de lá.

Uma mulher estava no leme. Estava escuro, não conseguia ver seu rosto, mas sabia que era uma mulher. Estranho. Crisaor era homem, não era?

A mulher se apoiou em uma corda e embarcou no Argo II. Finalmente pude ver seu rosto. Seus traços eram estranhamente familiares. Seus olhos eram azuis e seus cabelos loiros. Era bonita, muito bonita. Parecia estar perto dos trinta anos. Usava uma camisa folgada por baixo do colete e botas até o joelho. Estava vestida como uma pirata.

Ao vê-la, Hayley enrijeceu. Ela olhava para a mulher como se ela fosse um fantasma. Ela fechou os olhos e murmurou algo. Voltou a abri-los e recuou, como se notasse que a mulher era real.

– Sarah – ela ofegou. Vi ao longe Piper arregalar os olhos.

A mulher abriu os braços, como se quisesse abraça-la.

– Filha!

Filha? Aquela é a mãe da Hayley? Não podia ser, a mãe dela está morta!

– Você deveria estar morta – ofegou Hayley, perplexa.

Sarah andou pelo convés, até que ficasse à poucos passos de Hay.

– Você pegou uma carona com a prisão da Morte, eu também peguei – falou como se fosse óbvio. Sarah franziu a testa ao olhar o cabelo de Hayley. – O que é isso no seu cabelo? Esqueça, não quero saber. Vamos sentar, precisamos colocar a conversa em dia.

*****

Depois do choque minha mãe voltou dos mortos, Hayley assumiu uma expressão ilegível. Ela parecia com raiva de ver Sarah ali e não feliz.

Todos os semideuses se sentaram em torno de Bufford, a mesa maravilha. Os homens-golfinhos trouxeram um jogo de chá de porcelana e arrumaram a mesa, também puxaram a cadeira para Sarah se sentar e só se retiraram quando ela permitiu.

– Seus novos criados? – perguntou Hayley, seca.

– Oh, sim – respondeu Sarah. – Depois de ter mandado Crisaor para o lugar que ele merece, assumi sua posição de capitã.

– Não sabia que lutava.

– Sou uma semideusa, é claro que sei lutar.

– É, conheço suas habilidades com facas – comentou Hayley, ainda seca. – Continua mutilando crianças, mamãe?

– Sempre que posso – Sarah deu um sorriso malicioso antes de tomar um gole de seu chá. – Então, quem são os novos amigos da minha doce filinha?

Annabeth pigarreou.

– Desculpe pela pergunta, Senhora Bennet, mas como pode estar viva? – perguntou cautelosamente. – Hayley nos contou que a senhora morreu há muitos anos.

Sarah não desviou os olhos de Hayley quando respondeu:

– É claro que contou – murmurou ela. – Afinal, foi ela quem o fez, não é?

Percy deixou sua xícara cair, Annabeth se engasgou, Frank virou um buldogue, faíscas soltaram do cabelo de Jason, Piper arregalou os olhos e o nariz de Leo pegou fogo. Eu fiquei tão perplexa que atraí uma faca para mim. Sarah a pegou no ar, a pouquíssimos centímetros do meu rosto.

– Se acalme, querida, não queremos nenhum derramamento de sangue hoje. – falou ela, abaixando a faca para a mesa. – Espero.

– O que a senhora quer dizer com isso? – perguntou Percy. Sua voz estava trêmula.

Sarah não respondeu. Estava ocupada observando Hayley à beira de um colapso. Ela estava com os olhos fechados e os punhos cerrados.

– Veio para se vingar? – perguntou ela. Sua voz era letal.

Sarah riu.

– Me vingar? Por você ter me matado? – ela riu mais. – Por que iria querer me vingar disso? Foi o momento que eu mais tive orgulho de você, minha filha!

Hayley parecia perplexa, assim como o resto de nós.

– Como?

Sarah fez um gesto de desdém com a mão.

– Ah, por favor, não fique tão perplexa. – pediu ela. – Você tinha que ver a frieza, a arrogância nos seus olhos quando baixou aquela faca direto para meu peito, Hayley. – Os olhos de Sarah pareciam brilhar, como se lembrassem de uma lembrança feliz. Ela baixou o colarinho da camisa até que cinco cicatrizes bem no meio de seu peito estivessem à vista. – Você nunca se pareceu tanto comigo, minha filha.

Hayley recou com a cadeira.

– Você é completamente louca.

Sarah gargalhou.

– É o que a maldição faz com você, querida.

– Maldição? – Percy perguntou.

Sarah olhou para ele, como se tivesse só notado sua presença agora.

– A Maldição Bennet. Hayley não lhe contou? – perguntou. – É a punição que Dioniso deu à minha ancestral, Vera, que o ofendeu de algum modo. Ele a amaldiçoou a ser a primeira psicopata. Apartir daí, todas as primogênitas da família Bennet se tornam psicopatas ao completar quinze anos. – Meus deuses. – Para ativar a maldição, é preciso causar a morte de alguém que você ame. – ela olhou para Hayley com orgulho. – E minha filha vai ser a mais poderosa psicopata da nossa família – Sarah sorriu para Hayley. – Você é o nosso futuro.

Meus deuses. Sarah Bennet é completamente louca. Como ela pode pensar que a psicopatia é uma coisa boa? Que é um dom?

Eu conheço Hayley, sei que ela nunca mataria alguém que ela ama, muito menos causaria sua morte. Hayley Bennet é a pessoa mais altruísta que eu conheço. Sei que ela preferiria morrer a matar alguém que ela ame.

Hayley é assim, então não irá ativar a maldição nem se quisesse. A não ser... a não ser que ela já a tenha ativado. Não. Ela não ativaria.

Sinto um aperto em meu peito. Hayley está fadada a virar o seu maior pesadelo quando completar quinze anos. Espere um pouco. Hayley morreu antes de fazer quinze. Isso não significa que a maldição foi quebrada? Pelo menos para ela?

– Espere um pouco – pedi, atraindo a atenção de todos na mesa. – Hayley morreu antes de completar quinze anos. Isso não faz com que a maldição pule ela?

Hayley olhou para mim e eu notei o que tinha acabado de falar.

Antes que eu arrumasse a frase, Percy exclamou:

Como é que é? – ele parecia tão perplexo quanto os outros ao redor da mesa, com exceção de Sarah e Hayley. Droga. Eu havia esquecido que os outros não sabiam do fato de que Hayley é uma alma, assim como eu. – O que você quer dizer com “Hayley morreu antes de completar quinze anos”?

Hayley suspirou, tentando manter a calma. Eu sabia que ela estava à beira de colapso, embora disfarçasse muito bem.

– Eu sou uma alma – revelou ela. – Morri em 1943, num incêndio dentro de uma igreja com meu irmão mais novo Arthur.

Percy ficou imóvel. Parecia estar em choque, assim como o resto dos semideuses.

– Você é uma alma? – Percy perguntou num tom baixo, como se não conseguisse acreditar. Hayley apenas assentiu cautelosamente. Ela estava com aparência calma, mas eu sabia que estava se controlando para não surtar e me estrangular por ter revelado aquilo. – Por que nunca me contou?

Sarah deu um sorri malicioso.

– Ah, querido, você não faz idéia do quanto minha filha não te contou – comentou, tomando um gole do seu chá. – Começando com sua infância feliz.

Hayley surtou. Todas as xícaras explodiram, uma atrás da outra. O chá que outrora estava na xícara de Sarah, agora estava todo em sua roupa.

– Não ouse – A voz de Hayley era letal, como se tentasse matar Sarah com as palavras.

Sarah não pareceu se afetar, até riu.

– Por que, querida? – perguntou, fazendo-se de desentendida. – Não quer falar sobre suas cicatrizes?

Uma onda gigante bateu contra o Argo II, fazendo o navio balançar. Um nó se formou em meu estômago. Ah, não. Não posso ficar enjoada agora.

– Não – A voz de Hayley poderia atravessar o aço.

Sarah fez uma falsa expressão preocupada.

– Tem certeza? – perguntou. – Não quer que eles saibam o motivo de você nunca tirar a jaqueta? O motivo que é tão imune a dor de cortes, como se tivesse acostumada?

Eu não estava entendendo nada. Onde Sarah queria chegar? E no que a jaqueta de Hayley tinha a ver com isso? Eu estava pra lá de confusa. Percy parecia estar do mesmo jeito, embora ainda estava completamente imóvel. Acho que nem estava prestando atenção na conversa. Piper era única que não parecia estar surpresa, até olhava com pena para Hayley, como se soubesse do que Sarah estava falando.

Sarah se inclina para frente e sua voz é tão potente quanto o charme de Piper quando fala:

– Tire a jaqueta. Mostre o que você tanto quer esconder.

Hayley a encara como se estivesse em transe, mas depois de um tempo ela dá um soco na mesa tão forte que até Sarah se assusta.

– Eu cresci ao seu lado, sei como dizer um não para você – Sua voz estava trêmula e eu não cometi o erro de pensar que era de choro. Sua voz estava trêmula de raiva.

Sarah estala a língua.

– Garota insolente – acusa ela, abrindo um sorriso. – Exatamente como eu criei. Para ser uma guerreira fria, sem sentimentos, para que não tivesse compaixão alguma com o inimigo.

Hayley parecia ter levado um soco.

– Todos aqueles anos de dor, de sofrimento que passei por sua causa, foram para me transformar numa porcaria de assassina sem coração? Me transformar numa merda de arma? – Sua voz estava tão tremula de raiva, que eu quase não a entendia. Ela arregaça as mangas da jaqueta de couro até os cotovelos e sufoco um grito. Seus braços são cheios de cicatrizes. Algumas saltadas, outras apenas linhas brancas, mas ainda assim é perturbador. – Duzentas e trinta e seis cicatrizes. Duzentas e trinta e seis! – exclamou, levantando os punhos e ficando em pé. - Você me cortou duzentas e trinta e seis vezes quando eu era uma criança! E agora vem me dizer que tudo isso foi para meu próprio bem? – Hayley deu uma risada sarcástica. Todos a olhavam chocados, Percy não parecia nem ao menos respirar de tão imóvel que estava. - Sabe, eu poderia ter aguentado. Afinal, eu aquentei por oito anos, que diferença faria mais alguns, não é? – Eu estava completamente chocada com que estava ouvindo. Por que ela nunca tinha me contado isso? – Mas... você o cortou também. Ele tinha quatro anos, mãe, e você o cortou. Você realmente pensou que eu não iria tentar acabar com isso? – perguntou. Sarah assumiu uma expressão impassível, sem demonstrar nenhum sentimento. – Sim, eu matei você. Sim, eu me sinto culpada, não por ter feito aquilo, mas sim por que eu gostei de ter te matado. Mas eu nunca vou me arrepender de ter te mandado para o lugar que você merece.

Todos mergulharam num silencio profundo, o som das ondas batendo contra o casco do navio era o único presente. Até que Sarah se inclinou para frente. E riu.

– Estou tão orgulhosa de você, querida – Sua voz transbordava carinho, mas eu sabia que era fingido. – Olhe para você! Não tem sentimentos nem pela sua própria mãe! Eu vim aqui para te buscar.

Hayley recuou um passo.

– Como é?

O sorriso de Sarah aumentou.

– Seu aniversário está próximo – informou ela. – Muito próximo. Vim aqui para que você se juntasse a mim. Quem seria capaz de nos derrotar se estivermos juntas?

Havia um brilho maníaco nos olhos de Sarah. Naquele momento, não tive dúvidas de sua insanidade mental. Ela mutilava os próprios filhos e gostava de fazer isso com eles. Que tipo de pessoa consegue fazer isso? E o fato de que Hayley poderia se tornar igual à ela, me dava calafrios. Não é à toa que Hayley morre de medo disso e faz de tudo para não se parecer com Sarah. Pintar o cabelo de azul foi uma das tentativas de não se parecer tanto fisicamente com ela.

– Se você acha que vou abandonar meus amigos para me juntar à minha mãe psicopata e completamente pirada, está muito enganada – vorecifou Hayley.

Sarah bufou.

– Se você não tivesse se afeiçoado tanto à Arthur e à aquele garoto na sua infância, sua resposta seria bem diferente.

Hayley franziu a testa, parecendo verdadeiramente confusa.

– Que garoto? – perguntou. – Eu não consigo me lembrar de ter tido um amigo sequer na minha infância.

Sarah balançou a mão com desdém.

– Um garoto completamente insuportável que te fazia sorrir pelos cantos – informou ela com desdém. – Se não me engano, ele mergulhou num lago no dia mais frio do ano para pegar seu livro que tinha caído. Ele quase não voltou, até que ele foi ejetado de dentro d’água. Eu soube que tinha sido você. O medo de perder seu melhor amigo ativou seus poderes de Netuno.

Hayley ficou com uma expressão desolada. Notei que ela se sentia culpada por não lembrar desse amigo, ele sacrificou a própria vida para resgatar algo que era importante para ela. Hayley queria mais do que tudo se lembrar dele.

– Mas – exclamou Sarah, a animação tomando conta de seu corpo. -, estou aqui para busca-la, então pegue suas malas e vamos.

– Não.

Por mais incrível que pareça, não foi Hayley quem falou. Foi Percy. Ele estava de pé, olhando para Sarah como se quisesse quebrar seu pescoço com a força do pensamento.

O olhar de Sarah estreitou.

– E quem é você para decidir isso?

– Percy Jackson. Irmão dela.

Sarah o olhou de cima a baixo.

– O filho de Poseidon. Claro, como não notei antes? – perguntou à si mesma. – Não importa, minha filha irá comigo. Não importa quem você seja ou quem você derrotou, não vai me impedir de leva-la.

Percy abriu a boca para retrucar, mas foi interrompido por Hayley.

– Tem razão – ela falou, calmamente. Se virou para Percy. – Você não pode impedi-la. Mas – Abriu um sorriso. –, eu posso.

Sarah se levantou.

– Não é hora para suas brincadeiras, Hayley Bennet! – vorecifou ela, impaciente. - Não temos muito tempo! Precisamos chegar à Atenas o quanto antes. A Mãe Terra me prometeu alguma coisas.

– Se aliou à Gaia – observou Hayley. – Não me surpreende. Não vou sair desse navio.

Sarah abriu um sorriso vencedor.

– Vou matar seus amigos.

– Então terá a mais pura certeza de que não vou ir com você, além de que terei o maior prazer em te matar novamente, mamãe.

O sorriso de Sarah amoleceu, mas então voltou a alargar.

– Tudo bem – falou numa voz estritamente calma e calculada para a situação. – Espere por minha próxima visita no dia do seu aniversário. Quando completar quinze anos de vida, vai ter uma opinião diferente.

Todos nós continuamos imóveis.

Sarah dá meia volta e pula para seu navio, deixando-nos no Argo II. O navio dela se afasta numa velocidade impressionante.

Continuamos em silencio absoluto. Hayley parecia querer acordar em sua cama e se dar conta de que tudo isso foi apenas um pesadelo.

Mas não foi.

*****

– POR QUE VOCÊ NUNCA ME CONTOU ISSO? – gritava Percy, enfurecido.

– AH, SIM, CLARO! OI MANINHO, ESTOU FADADA A VIRAR UMA PSICOPATA QUANDO FIZER QUINZE ANOS E TENHO UMA MÃE IGUALMENTE PSICOPATA QUE ME CORTAVA TODOS OS DIAS, O QUE TEM PARA O CAFÉ? – Hayley gritava de volta.

Estávamos no refeitório. Jason, o Treinador Hedge e Leo não estavam. Jason tinha levado uma pancada na cabeça e estava descansando na enfermaria, Leo e o Treinador estavam no leme.

Annabeth estava tentando acalmar o namorado, Piper estava chocada de mais para usar o charme, Frank estava tão encolhido que parecia querer desaparecer e eu estava de olhos fechados, uma parte de mim querendo defender Hayley e a outra querendo gritar com ela por nunca ter me contado sobre sua mãe.

– Parem de gritar – exclamou Piper. Os dois pararam no mesmo instante.

Mas Hayley ainda tinha muita coisa para dizer.

– Por que você não tenta ser o responsável pela morte do próprio irmão mais novo, ter uma mãe psicopata, ser mutilado todo santo dia e estar fadado a fazer a mesma coisa e até pior com seus amigos, e depois tenta lidar com tudo isso caindo sobre seus ombros ao mesmo tempo? – Seus olhos estavam marejados, ela estava completamente histérica. Eu nunca a tinha visto assim. Então ela fez algo que não surpreendeu apenas a mim, mas sim à todos.

Ela chorou.

Na afrente de todo mundo.

Hayley odeia que a vejam chorando, pois pensa que isso a faz fraca.

Percy olhou para ela de olhos arregalados. Tenho certeza de que ele nunca e tinha visto chorar.

– Eu não consigo suportar isso – A voz de Hayley estava trêmula. – Eu não aquento mais. – ela coloca a cabeça entre as mãos e se encosta da parede escorregando até estra sentada no chão. Ela enfia a cabeça entre os joelhos e começa a soluçar.

Antes que eu consiga me dar conta do que estava fazendo, corri até ela e a abracei com força. Hayley apoia a cabeça no meu ombro, molhando minha jaqueta, mas eu não me importo. Estou ocupada demais lançando um olhar assassino à um Percy completamente perplexo, assim como todos.

Hayley está chorando. Está colocando tudo o que estava entalado em seu peito há anos para fora, sem nem se importar se está chorando na frente dos outros.


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Notas finais do capítulo

Entãããão? Querem me matar? Acho que sim. Bjs da Tia Wondy, comentem! Comentários deixam a Tia Wondy feliz e com mais vontade de escrever!
Ah, quase esqueci! Jeri Ryan é Sarah Bennet! Fui!



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