A Filha de Roma e Grécia escrita por Wondy


Capítulo 22
Hayley - Turistas barulhentos


Notas iniciais do capítulo

Heeeeyyy divosas!!!! Como vocês estão? Estão bem? É isso que acontece quando a autora não sabe o que colocar nas notas iniciais!!! Então vou só deixar o cap mesmo, já está tarde da noite e minha irmã ta brigando comigo para eu desligar a luz ¬¬ Enjoyyyy!!



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Minhas pernas doíam e o cansaço tomava conta do meu corpo, mas eu não podia parar. Meus machucados me castigavam, mas eu os ignorava. Entrei num beco sem saída. Droga.

– Arthur – chamei, fazendo-o olhar para mim. – Eu vou te ajudar a subir por essa janela – avisei.

– Como você vai passar? – ele perguntou, a preocupação estampada em seus olhos.

Suspirei. Arthur sabia o que estava acontecendo. Sabia o que eu iria fazer. Eu só não queria que ele visse.

– Eu dou um jeito – assegurei-lhe. – Vá direto para casa, não olhe para trás!

Arthur assentiu e me deixou ajuda-lo a passar pela janelinha do prédio abandonado.

– Eu te amo, Hayley – sussurrou antes que sua cabeça desaparecesse. Ouvi o eco dos seus passos e o alivio encheu meu peito. Ele estava a salvo.

Arthur tinha dez anos agora. Estávamos na Alemanha no momento. Para nossos vizinhos, somos os irmãos Schmidt, que vieram do norte do país, pois herdamos a casa da nossa falecida avó. O povo daqui é simpático, mas Arthur e eu gostamos de ficar em casa, principalmente depois do incidente com os Bambinos.

Estávamos na feira quando reconheci Antônio Adamatti, conhecido por outros como o braço direito de Oscuro, líder dos Bambinos. Eu e Arthur não conseguimos escapar antes de ele nos ver, e agora Adamatti e mais alguns amigos estavam atrás de nós.

Ouvi passos atrás de mim e me virei para ver o rosto cheio de malicia de Adamatti, acompanhado de mais três caras musculosos. Ele riu ao me ver sozinha. A cicatriz que ocupava o lado direito de seu rosto formando um “H”, se mexia enquanto ele o fazia.

– Hayley Bennet – ele falou meu nome como se estivesse ansiando para falá-lo por anos. Seu sotaque me deixou com raiva. – Devo admitir que você não é muito fácil de localizar.

– Eu me esforço – O semblante frio tomando conta de mim, como sempre faz quando o vejo.

Adamatti pareceu achar minha resposta engraçada.

– Vejo conseguiu esconder o monello – ele observou, despreocupado. – Mas isso não importa. Vamos acha-lo mais cedo ou mais tarde, pois depois de hoje ele não vai ter mais sua irmãzinha para protege-lo.

Senti o canto do meu lábio subir.

– Quer que eu deixe outra cicatriz em você, Adamatti? – perguntei lembrando da vez em que fiz a cicatriz em forma de H em seu rosto. A expressão dele endureceu. – Acho que vou fazer um B no outro lado.

Adamatti tirou um punhal no cinto. Os outros caras fizeram o mesmo, mas suas lâminas eram menores. Puxei a adaga que Eileen me deu, do meu tornozelo.

Adamatti riu.

– Sempre achei engraçado ver uma garota com uma adaga.

Dei um sorriso de lado.

– Sempre achei engraçado ver idiotas achando que são mais do que realmente são.

O cara mais musculoso correu na minha direção. Ok, estratégia. Julgando pelo seu físico, seria suicídio ataca-lo fisicamente. Ele é levemente manco da perna esquerda, possivelmente por causa de uma fratura recém curada no joelho. Sua respiração ofegante sugere que ele pode ser asmático e a lâmina do seu punhal está cega. Probabilidade do plano dar certo: 70%.

Quando o cara chegou perto, dei um chute em seu joelho. O som do seu osso quebrando encheu meus ouvidos e ele caiu de joelhos. Ele tentou pegar minha perna, mas eu fui mais rápida e dei um soco em sua garganta. Como esperado, ele teve falta de ar. Aproveitei a chance e passei a adaga por sua garganta, cortando sua carótida. Ele caiu no chão, seu corte fez uma poça de sangue.

Probabilidade de recuperação: 0%.

Pois, com os Bambinos eu preciso ser extremamente calculista. Não pode ter uma chance sequer de eu estar errada.

Logo os outros dois estavam no chão, fazendo companhia à seu amigo. Um se encontrava morto e o outro com 5% de chance de se recuperar. Se ele se recuperasse, ficaria em estado vegetativo para o resto de sua vida.

Olhei para Adamatti e dei um sorriso malicioso. Ele avançou com o punhal preparado para ser cravado em meu peito. Porém, não vai ser hoje que vou lhe dar o prazer de me ver morta.

Probabilidade de o plano der certo: 80%.

Adamatti se aproximou correndo em minha direção. Aí estava seu maior erro: ser bruto demais, fazer as coisas sem pensar. Se ele ao menos tivesse pensado antes de fazer, se daria conta de que eu poderia simplesmente bloquear seu ataque com o antebraço e sair do caminho, fazendo-o bater na parede.

Ele se virou em minha direção cambaleante. Seu nariz sangrava, possivelmente uma fratura. Sorri quando vi que meu plano estava seguindo como planejado. Meu sorriso pareceu deixa-lo com mais raiva. Ele gritou e avançou novamente. Dei um soco em seu rosto. Adamatti curvou o corpo para frente, segurando o nariz e eu cravei minha adaga em seu peito.

– Eu avisei para nos deixar em paz – falei quando ele caiu no chão.

Probabilidade de recuperação: 0%.

– Bem-vindo à Alemanha, stronzo.

*****

– Hayley! – A voz de Leo gritou do outro lado da porta. – Está acordada?

Eu estava completamente acordada depois do meu sonho/flashback. Era a primeira vez que eu havia sonhado com o tempo que eu e Arthur estávamos fugindo. Eu odiava lembrar daquela época, não por causa dos Bambinos, mas sim por que eu era fria, calculista ao extremo e até mesmo arrogante. Exatamente igual à Sarah (tirando a parte de ser uma completa psicopata que corta os outros por puro prazer).

Em qualquer outro momento eu teria pulado da cama e corrido para fora, mas não hoje. Não depois de reviver minha pior lembrança dos meus tempos de “foragida”. Não depois de reviver a lembrança em que eu mais me parecia com ela.

Peguei o travesseiro e o forcei contra minha cabeça.

– Não!

–Vamos lá! – ele persistiu. – Preciso de ajuda para reparar o navio! Sua amiguinha marinha o destruiu!

Lembrei do que aconteceu ontem: Cristy nos atacando por causa de uma pequena (lê-se gigante) farpa na nadadeira. Antes de sair ela me avisou sobre um tal de Crisaor, irmão de Pégasus. Tipo, o cara era irmão de um cavalo alado? Show, também quero!

– Já estou indo! – gritei, pulando da cama. Coloquei minha roupa de sempre: calça jeans rasgada, uma blusa com a frase “Normal People Scare Me” [Wondy: Alguém pegou a referência?] e minha tão amada jaqueta de couro preta. Meus coturnos surrados foram por último.

Dei uma olhadinha no espelho do banheiro, só para ver se a benção (maldição) de Afrodite já tinha saído. Sem sorte, meu cabelo ainda estava lindo.

Encarei meu reflexo. Se eu prestasse muita atenção nos meus olhos verde-mar, conseguia notar que eles são um pouco mais azulados do que os de Percy. Meu cabelo perfeito (eca) caía em ondas pelos meus ombros. No momento, a única coisa que me diferenciava de Sarah era o fato do meu cabelo estar azul nas pontas. Eu odiava meu reflexo por causa disso.

Desviei o olhar com o pensamento e encarei meu reflexo novamente.

A garota no espelho sorriu.

Mas não era eu.

– Não minta para si mesma – A voz de Sarah estava cheia de malícia. – Sabe que vai ficar igual à mim.

Tampei a boca com a mão para não gritar e recuei até sentir minhas costas baterem da parede. Fechei os olhos com força.

Não é real.

Não é real.

Voltei a abri-los. Uma garota totalmente branca com o terror estampado em seus olhos me encarou de volta.

Estou ficando louca.

Não.

Eu já sou louca.

*****

Eu e Hazel ficamos encarregadas de consertar o estábulo do Argo II. Eu juro que tentei deixar a cena do banheiro pra lá, mas a lembrança não parava de voltar à minha mente. Não foi real, foi minha imaginação. Eu sei disso. Sarah está morta. Eu a matei. Não existe probabilidade alguma de ela estar viva.

– Você está bem, Hay? – Hazel interrompeu meus pensamentos. – Está tão quieta.

– Estou bem.

– Tem certeza?

– Sim.

– Absoluta?

– Sim.

– Cem por cento de certeza?

– Hazel, eu estou bem – assegurei-lhe. – Só tive um sonho ruim. – Não era exatamente mentira.

– Arthur?

Assenti.

Hazel me lançou um olhar de “sinto muito”. Dei de ombros.

Ficamos trabalhando em silêncio por alguns minutos. Hazel estava praticamente apanhando do martelo, então me ofereci para fazer seu trabalho enquanto ela ia fazer o meu.

Mas as palavras de Sarah não conseguiam deixar minha mente.

Não minta para si mesma. Sabe que vai ficar igual à mim.

Não vou, não. Eu prefiro morrer do que ser igual à Sarah Bennet. Eu faria qualquer coisa para não ser igual à ela. E eu não serei.

Lembro-me do dia em que vi meu pai pela primeira vez. Lembro do que ele me disse:

– Sua mãe era complicada, mas nós nos amávamos.

E lembro do que eu respondi:

– Minha mãe era uma vadia psicopata que nunca amou ninguém.

Lembro do jeito que ele suspirou cansado e me deu meu primeiro presente. O anel de prata em formato de tridente ficava à minha mão esquerda desde aquele dia. Não importava o quanto eu o culpava, não conseguia tirá-lo do dedo. Por mais vezes que eu tivesse jurado para mim mesma nunca mais usá-lo, ele ainda estava aqui.

– Você é minha filha, Hayley. Eu preciso saber como você está. – ele dissera.

– Você é um deus. Você sabia muito bem o que ela fazia comigo. E nunca tentou impedir.

Eu o culpava por isso.

Às vezes, tudo o que eu queria era ter uma vida normal, com uma escola normal e com uma vida amorosa que não fosse um playground de uma deusa. Mas eu não trocaria a vida que eu tenho por nada.

Uma buzina de navio fez com que eu desse um pulo, errando o prego e por pouco não acertei meu dedo. Eu e Hazel nos encaramos por alguns segundos antes de sair correndo para o convés.

Quando chegamos, nos juntamos ao resto do pessoal que estava encostado à amurada. Aproximei-me e vi o motivo da buzina.

Cerca de cem metros a bombordo, estava um imenso navio de cruzeiro deslizando pelo Argo II. Turistas acenavam para nós e tiravam fotos. Talvez eles pensassem que era um navio temático. Eles buzinaram outra vez.

O Treinador G tampou os ouvidos.

– Eles precisam ser tão barulhentos?

– Só estão dizendo olá – explicou Frank.

O navio buzinou outra vez, e eu estremeci.

– Que tal mandarmos “oi” no estilo semideus? – sugeri.

– Concordo – gritou o Treinador. – Eu disparo a balista.

– Não – respondeu Leo através de um sorriso forçado.

Olhei para o horizonte e perdi o ar. Uma montanha se erguia do mar a menos de 1km ao norte. Eu já tinha visto rochedos bem legais, mas nada foi tão incrível quanto aquele.

– O rochedo de Gibraltar – eu e Annabeth falamos em uníssono. Isso já tinha virado até normal.

– Na extremidade da Espanha – completou Annie.

– E lá adiante a África. – continuei. – Estamos na boca do Mediterrâneo.

Estremeci. Estávamos quase entrando em terras antigas e perigosas. Onde encontraríamos Crisaor e sabe-se lá quem mais. Onde poderíamos encontrar monstros não tão simpáticos quanto Cristy.

– Nos tempos antigos, essa área era chamada de Pilares de Hércules, certo? – perguntei à Annie.

– Sim, o rochedo era um dos pilares. O outro era uma montanha africana; ninguém tem certeza de qual delas.

Percy franziu a testa.

– Hércules, é? Aquele cara parece o Starbucks da Grécia. Para onde quer que você olhe, lá está ele.

Franzi a testa.

– O que é Starbucks?

Percy pareceu perplexo.

– Você não sabe o que é Starbucks? – Sua voz estava carregada de descrença.

Neguei com a cabeça.

– Você não sabe quem é Chuck Norris e não sabe o que é Starbucks? – Percy parecia estar – se era possível – ainda mais perplexo.

Neguei com a cabeça novamente.

– Preciso te dar umas aulas sobre o século XXI – observou. – Para você e para Hazel.

Um arrepio subiu minha espinha e torci para que ele não ligasse os fatos.

– Claro – Tentei parecer animada.

Piper pigarreou.

– Então... esses pilares, eles são perigosos? – ela perguntou, cautelosamente.

– Para os gregos, os Pilares assinalavam o fim do mundo conhecido. Os romanos diziam que havia a inscrição de uma advertência em latim. – respondi, vasculhando minha mente procurando as histórias que eu tanto ouvia na Resistência.

Non plus ultra – disse Percy.

Eu e Annabeth olhamos para ele, perplexas.

– Sim. Nada mais além. Como sabe disso? – perguntou Annie.

Percy apontou.

– Por que está escrito ali.

Diretamente à nossa frente, no meio do estreito, uma ilha havia surgido. Eu juro que aquela ilha não estava ali antes. Era uma pequena ilha, coberta com florestas e cercada por praias brancas. Em meio as ondas, viam-se duas colunas gregas tão altas quanto o mastro do Argo II. Entre elas, imensas letras prateadas brilhavam debaixo d’agua: Non plus ultra.

Estreitei os olhos tentando ver melhor a ilha, e consegui ver um cara musculoso de braços cruzados na praia. Ele não parecia muito feliz.

Quase perdi a voz.

– Aquele é...?

– Hércules – falou Jason. – O mais poderoso semideus de todos os tempos.

– Fale isso perto do Sr. D e ele arranca sua cabeça fora – resmungou Percy.

Annabeth pigarreou.

– Precisamos seguir em frente – afirmou ela. – Ele deve estar guardando o estreito. Talvez queira falar com a gente. Acho que devemos enviar um grupo pequeno À terra firme, uma ou duas pessoas no máximo, para conversar com ele.

– Eu vou – ofereceu-se Jason. – Ele é filho de Zeus. Eu sou filho de Júpiter. Talvez seja legal comigo.

– Ele não vai ser legal com você – afirmei. – Probabilidade de ele te matar na sua primeira palavra mal intencionada: 95%.

– Você está enganada.

– Tem razão. 95% é pouco, eu chuto 98%.

– Então quem vai? – perguntou ele. – Você?

Estreitei os olhos para ele.

– E por que não?

Jason pareceu perplexo.

– Ele é um deus. Que chance você tem contra ele?

– A mesma que a sua.

– Não, não tem.

– Por que sou mulher?

Isso o calou.

– Está decidido, eu vou e Piper vai comigo – O que foi? Eu preciso de alguém com charme se barra ficar preta.

Piper se engasgou.

– O quê?

Rolei os olhos.

– Seu charme e útil. Vamos.

Piper suspirou.

– Tudo bem.

Eu sabia que se acontecesse algo, eu teria que virar a Hayley calculista outra vez. Mas quer saber? Eu nem importo mesmo.


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Notas finais do capítulo

Turn down for what da HayHay, oh yeah! Então, eu preciso perguntar se alguém aí olha Once Upon a Time, por que eu cansei de surtar sozinha, deixem reviews!



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