A Filha de Roma e Grécia escrita por Wondy


Capítulo 20
Hayley - Faça a dor parar


Notas iniciais do capítulo

Antes de eu dar olá vou precisar ter ataque, ok? AI MEU SANTO JOHN LENNON MEU KURT COBAIN DO CÉU MINHA HISTÓRIA FOI RECOMENDADA, CARA, RECOMENDADA!!!! Respira Wondy, respira. Pra você que não entendeu, minha história foi recomendada. EU TO SURTANDO ATÉ AGORAAAAA!!!! Miss Hannigan sua diva! Esse cap é dedicado a você!!!! Não consigo parar de reler sua recomendação maravilhosa!!!!
Agora sim, olá divosas!!! Recadinho rápido: eu passei os caps que estavam em 3ª pessoa para 1ª e acrescentei algumas coisas também, então sugiro que vocês dêem uma olhada, ok?
Enjoyyy!!!!



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Todos olhavam para mim, perplexos. As águias estavam inertes no chão, mal se mexiam. Eu realmente espero que não estejam mortas. Alguns dos romanos que as águias carregavam se levantaram cambaleando, outros continuavam no chão, inertes. Por favor estejam só desmaiados, por favor. Eu sentia minhas cicatrizes queimando por baixo das mangas da minha jaqueta, mas eu não ligava.

Afinal, eu não ligava para mais nada no momento em que vi todas aquelas corujas no chão. Meus braços tremiam, eu conseguia ouvir minha respiração mais ofegante do que nunca. Vozes sussurravam na minha cabeça. Sarah dizendo que eu era uma aberração, Eileen cantando uma música em italiano, Arthur chamando por mim.

Eu. Não. Conseguia. Pensar.

– Faça eles pararem – sussurrei. – Faça eles pararem – repeti, um pouco mais alto dessa vez.

As vozes ficavam cada vez mais altas. Eu conseguia ver a boca de Percy se movendo, mas não conseguia ouvi-lo. Parecia que estavam espetando meu cérebro com alfinetes. Apertei minha cabeça com as mãos e caí de joelhos, mas não conseguia sentir nenhuma dor.

A única coisa que eu conseguia pensar era: Faça a dor parar.

– Faça parar! – eu gritava. Senti braços ao meu redor, mas eu não conseguia parar de gritar. A dor ficava cada vez mais forte. – Por favor, faça parar!

Lágrimas saíam dos meus olhos, eu sentia minha voz totalmente histérica, mas a dor não parava. As vozes berravam, não me deixavam em paz. Suor escorria das minhas têmporas, eu gritava de dor. Uma dor que ficava pior a cada segundo.

– Por favor, faça parar – choraminguei, em pânico. As vozes ficaram mais altas. – Calem a boca!

Então a aberraçãozinha está com dor? Olhe só ela está até chorando, coitadinha...

Hayley, nós vamos morrer! Por favor, eu não quero morrer!

Feche os olhos querida. Tudo vai passar, é uma questão de tempo. Guie minha irmã até a Marca...

A dor ficou tão forte que achei que minha cabeça fosse explodir. Minha garganta ardia de tanto que gritei. Eu conseguia ouvir a voz abafada de Percy me perguntando o que estava acontecendo comigo.

Por favor – implorei. – Faça a dor parar.

As vozes pararam, e eu mergulhei no breu absoluto, mas a dor não passou.

*****

– Quando você vai me apresentar seu namorado? – Os olhos negros de Lindsay me encaravam em expectativa enquanto ela bloqueava meu ataque.

Franzi a testa e ela aproveitou a oportunidade para me lançar por cima do seu ombro.

– Isso não vale, você me distraiu – protestei.

– Aprendi com você – retrucou ela, sorrindo triunfante.

– Que namorado? – perguntei, levantando-me.

– Aquele garoto que fica com você perto do lago – ela respondeu, arrumando o rabo de cavalo totalmente desfeito. Não era o primeiro treino dela, mas estava se saindo muito melhor do que na última vez. Devo ter corado até o último fio de cabelo.

– Ele não é meu namorado – falei, observando-a sorrir. – Ele só está me ajudando ter controle sobre meu poder.

– Ah, sim claro, desculpe-me – comentou, irônica. – É que vocês se encontram há algum tempinho...

– Cinco semanas não é tanto tempo assim – resmunguei.

– E você está contando! – exclamou ela. – Você gosta dele!

– Claro que gosto, ele é um amigo muito legal – frisei a palavra “amigo”.

Lindsay rolou os olhos, porém não disse nada.

Lindsay Bellanger morreu no ano de 1961, num acidente de carro na França. Sua família inteira morreu, porém ela não conseguiu achá-los em lugar nenhum dos Campos Asfódelos. Eu a encontrei chorando sozinha há alguns anos atrás. Naquela época ela só sabia falar francês, então tive que aprender a língua para ensiná-la o inglês.

O fato de que Lindsay não precisa fazer nenhum esforço para continuar se lembrando de quem é, continua sendo um mistério para a maioria dos membros da Resistência, Freddie passou anos tentando entender isso, mas acabou desistindo no final.

Depois de algum tempo, Lindsay pediu à Freddie um feitiço para parecer que tem quatorze anos. Ela costuma dizer que não é bom ter cabeça de adolescente no corpo de uma garotinha de oito anos, ninguém lhe dava credibilidade.

– Acho que por hoje é só – comentei, depois de algum tempinho. – Você está evoluindo muito, sabe?

– Desde 1961? – perguntou, irônica. – Posso te fazer uma pergunta? – Sua voz parecia hesitante.

– Claro.

– Elas ainda doem? – perguntou ela. Levei um tempinho para me dar conta do que ela estava falando. Dei um sorriso forçado.

– Não mais.

Lindsay olhava para minhas cicatrizes expostas com interesse.

– Você se vingou dela? – Eu sabia muito bem de quem ela estava falando.

– Sim.

– Foi bom?

– No primeiro dia sim – respondi, lembrando-me daquele dia. – Nos próximos eu só conseguia pensar no monstro que eu sou.

– Um monstro não teria se aproximado de uma garotinha assustada e dado à ela um lar – ela murmurou, olhando diretamente para mim.

Não consegui me conter e a puxei para um abraço. Lindsay é a única pessoa na Resistência que é mais baixa do que eu, e eu, obviamente, faço questão de jogar isso na cara dela todos os dias. Ela é minha melhor amiga e a única que sabe sobre a verdade por trás das minhas cicatrizes. Ela, Freddie e Nico.

A visão mudou e eu fui transportada para a sala de reunião pouco usada da Sede.

– Como posso ter certeza de que ele é confiável? – A irritação era evidente na voz de Freddie.

– Fala sério! – exclamei. – Freddie, ele sabe coisas sobre Hades que podem ser úteis.

– E se ele for um infiltrado? – questionou ele.

– Ele não é um infiltrado – Afirmei, mal sabendo que eu estava redondamente errada. – Eu confio nele, Freddie!

A expressão dele se tornou dura, como se não tivesse gostado das minhas palavras. Qual era o problema de eu dizer que Nico não é um infiltrado? Não entendi [Wondy: Ô lerdeza].

– Muito bem – falou, irônico. – Então vamos abrir as portas da Resistência para um cara que você conheceu há dois meses e já “confia” nele – Freddie fez as aspas com os dedos. – Por que não aproveitamos para mostrar todos os nossos segredos mais importantes também, não acha?

– Você está sendo ridículo.

– Antes ridículo do que psicopata. – ele nem pareceu se dar conta do que disse.

Segurei as lágrimas. Freddie, meu melhor amigo, acabara de jogar na minha cara que eu era uma maldita psicopata que matou a própria mãe. Ele pareceu se dar conta do que disse, pois sua expressão suavizou.

– Hayley, eu não quis dizer isso – ele falou, rapidamente.

– Quis sim – retruquei, levantando-me e saí pisando duro.

Ouvi ele me chamando, mas não parei. Bati a porta e o encanamento improvisado da cozinha explodiu. As lágrimas tinham sumido dando lugar à raiva. Como ele ousara? Eu confiei nele para contar meu maior segredo e ele, simplesmente, joga na minha cara que eu sou psicopata!

Eu preciso socar algo.

Fui para o lado de fora e fiquei sentada à beira do lago, transformando a água em várias formas enquanto tentava me acalmar.

– Você está bem? – A voz de Nico me fez dar um pulo de susto.

Forcei um sorriso.

– Estou – respondi.

– Não está, não. – É claro que ele notaria. A maioria das vezes, tudo o que você precisa fazer é dar um belo sorriso falso e ninguém nunca irá notar o quão quebrado você está por dentro. Nico é diferente. Ele nota, ele sabe quando eu não estou bem.

– Como você sempre sabe? – perguntei, exasperada.

Ele deu de ombros.

– Eu conheço você – respondeu. – Então, me conte o que a afligiu, bela dama – falou teatralmente, fazendo-me rir.

– Freddie, me chamou de psicopata.

A expressão dele ficou dura, igual a de Freddie minutos atrás, ou seriam horas?

– Vou matá-lo – falou, levantando-se. Seu tom de voz me deu arrepios. Ele estava andando em direção à Sede, mas eu entrei na sua frente, parando-o.

– Não, não vai – falei. Ele tentou se desviar de mim, mas eu o impedi. – Ele já está morto, lembra?

– O que quer dizer que se eu o matar ele vai se regenerar, então eu posso matá-lo de novo, e de novo, e de novo – Ele não parecia estar brincando.

– Estou com tanta raiva dele quanto você, mas precisa entender que se ferir Freddie de qualquer jeito, a Resistência inteira vem atrás de você.

– E para ser uma luta justa, eles precisariam de mais três almas. – comentou ele.

– Um dia sua modéstia te mata, Nico – comentei.

– Eu sei – concordou. Então sua expressão convencida sumiu quando olhou para mim. Eu não tinha notado o quão perto nós estávamos. Seu hálito de romã batia em meu rosto. Ele estava muito perto de mim, tanto que eu consegui ver algumas bolinhas douradas em seus olhos negros. Ele então acabou com a distância entre nós e me beijou.

Eu estava completamente ensandecida. Eu estava beijando meu melhor amigo. E eu não estava nem aí para o fato de ele ser meu melhor amigo, pois, quando seus lábios tocaram os meus, tudo a nossa volta pareceu evaporar. Não existia Freddie, nem Resistencia, nem Hades. Só existia eu e ele.

Minhas mãos foram diretamente para seus cabelos, enquanto as de Nico enlaçavam minhas cintura, trazendo-me mais para perto colando nossos corpos até que eu não conseguisse mais distinguir qual era meu e qual era dele. Sua boca tinha gosto de romã e eu não queria me afastar, por mais que a falta de ar estivesse mais presente do que nunca. Ele se afastou ofegante e totalmente vermelho, eu não deveria estar muito diferente.

– Desculpe – murmurou ele. E nunca mais tocamos no assunto “beijo” depois daquele dia.

*****

Meu corpo inteiro doía. Eu não conseguia me mexer direito e nem tentei. As vozes haviam sumido junto da dor, graças aos deuses.

– Tem certeza que ela está bem? – A voz de Percy estava trêmula de preocupação.

– Tenho – respondeu a voz de Piper. Ela parecia cansada, como se já tivesse dado essa mesma resposta quinhentas vezes. – Não sou uma filha de Apolo, mas sei quando um pessoa está perfeitamente bem.

– Mas ela estava gritando tanto...

– Percy, ela está bem – insistiu Piper.

Percy suspirou, derrotado.

– Há quanto tempo ela está aqui?

– Umas quatro horas, sei lá.

Quatro horas? Eu fiquei desmaiada por quatro horas? Pareceram minutos.

Forcei meu olhos a se abrirem. A claridade me cegou, fazendo-me franzir a testa.

– Alguém pode desligar a luz, por favor? – resmunguei.

Percy correu para o meu lado.

– Hayley! – exclamou ele, ajudando-me a sentar. Olhei em volta e notei que eu estava numa cama na enfermaria. – Fiquei tão preocupado! O que aconteceu com você?

– Não me lembro – menti. Percy não precisava saber que as vozes dos meus parentes mortos estavam gritando na minha cabeça, fazendo-me desmaiar. Ele pareceu acreditar.

Então uma coisa me veio.

– Conseguiram o mapa? – perguntei, segurando seu braço.

– Annabeth conseguiu pegá-lo. – contou Percy. – As últimas palavras que você disse antes de desmaiar foram: Pegue o mapa, e Annabeth não hesitou em obedecer.

Ok, disso eu realmente não conseguia lembrar. Porém, eu lembrava da dor e das vozes. E a pior voz era a qual eu não conseguia tirar da cabeça.

A aberraçãozinha está com dor?


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Notas finais do capítulo

*0* *0* Beijo Niley *0* *0*
O que acharam dessa dor de cabeça sinistra da HayHay? E o flashback? Eu sei que a parte favorita de vcoês foi o beijo Niley, hehehe... Finalmente, hein? Então, eu quero todo mundo que acompanha a fic comentando sobre essa cena, viu? Quem comentar vai ganhar pirulito de morango!!