A Filha de Roma e Grécia escrita por Wondy


Capítulo 18
Piper - Xícaras explosivas


Notas iniciais do capítulo

Hello divosas!
Vocês devem ter notado que eu não postei no fim de semana, não é? Beeeem, aqui estou eu para me justificar. Eu estava com muita preguiça e, para completar, eu estava com febre, ou seja, eu queria estar morta. [Lana: Plágio é crime!] então você vai precisar processar metade da população, né? Voltando ao assunto. O importante é que eu estou postando agora, e segui os conselhos que muitas de vocês deixaram nos reviews para fazer caps mais longos. Agora cada um vai ter no mínimo duas mil palavras, o que acham? Devem estar pulando, eu também estou!
Enjoyy



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O céu de Charleston estava nublado, porém isso não impediu o calor de tomar conta da cidade. Quanto mais eu andava, mais calor eu sentia e menos conseguia sentir meus pés. Hayley e Annabeth não pareciam muito diferentes, já que as duas estavam suando e ofegando, cansadas. O que me apavorou mesmo foi o fato de Hayley estar usando sua jaqueta debaixo daquele sol.

– Você não está com calor? – perguntei à ela.

Hayley lançou-me um olhar de descrença.

– Não, é só minha pele chorando – respondeu sarcasticamente. Notei desde o início que ela não era uma pessoa muito paciente.

– Eu quis dizer – corrigi-me, ignorando sua resposta. – você não está com calor usando essa jaqueta?

Hayley hesitou, o olhar sarcástico deixando seu rosto completamente.

– Estou bem – respondeu. Pude ver que ela estava doida para mudar o assunto. Percebi que tem mais coisa nessa história, mas optei por mudar de assunto quando finalmente chegamos a um jardim.

Annabeth não tinha proferido uma palavra sequer desde que saímos do navio.

– Eu já estou cogitando a idéia de voltar até o lago para ajudar Percy – Hayley comentou.

A cidade era imensa, com várias placas espalhadas em todos os lugares assim como as plantas. O cheiro adocicado e enjoativo estava no ar. Cheiro de flores, provavelmente resultado das milhares espalhadas pelo lugar. Era lindo, grande e cheiroso, ou seja, vamos ficar uma hora procurando o tal fantasma e espirrando por causa das flores.

E foi o aconteceu. No começo foi até divertido correr pela área lendo placas e procurando o bendito fantasma, até que começou a ficar entediante. Tivemos que passar pelo mesmo lugar várias vezes, andamos em círculos e, para completar, descobrimos que Hayley é fanática por flores [Perséfone: Que orgulho!].

Passei a maior parte do tempo perdida em pensamentos, tentando furiosamente não pensar nas visões que tive em Katoptris. Eu tinha visto o parque, mas não dei muitos detalhes à Annabeth. A última vez que tentei interpretar as visões, Percy e Jason quase tinham se matado no Kansas. Vai que, de repente, Annie e Hayley tentam fazer o mesmo? Não posso correr o risco.

As duas garotas não estavam muito falantes. Annabeth estava perdida em pensamentos e Hayley estava ocupada demais observando as flores do parque e mexendo em seus cabelos, agora azuis, distraidamente. Sua expressão carregava uma preocupação muito bem escondida, e notei que ela estava murmurando uma música em italiano. A canção era como um calmante, mas eu não parei para escutá-la.

Por isso ocupei minha mente com Jason, meu maravilhoso namorado não tão maravilhoso assim. Nos últimos dias ele estava meio... qual seria a melhor palavra? Ele estava meio travado. Quero dizer: ele quase não conversava comigo, por causa dessas baboseiras de toque de recolher. Jason sempre foi muito rígido quando o assunto é regras. Ele as cumpre como um bom líder, eu admiro isso nele, tanto que foi uma das razões por eu ter me apaixonado. Mas depois de um tempo isso fica meio chato. Quase nunca tem tempo para nós. E tem Reyna também...

– Ali – A voz de Hayley me tirou de meus pensamentos. Ela estava apontando para o outro lado do porto. A alguns metros da margem, estava uma figura branca reluzente. Eu poderia ter confundido com um barquinho ou até uma boia, mas, ao chegar mais perto, notei que tinha a forma de uma pessoa. Forcei meus olhos até que o fantasma ficasse nítido. E eu reconheci.

– É ela – grunhi, e avancei até o “fantasma” deixando Hayley e Annabeth para trás. Quando cheguei perto da rua tentei voltar, mas meus pés não me obedeciam. O pânico encheu meu peito para depois sumir totalmente dando lugar à raiva. Era ela quem estava fazendo isso comigo. E isso me deixou com mais raiva.

Ouvi Annabeth gritar o meu nome quando, por pouco, eu desviava de um cavalo que puxava uma carruagem. O homem que guiava o animal gritou uma série de insultos, mas eu nem me dignei a virar a cabeça.

O barulho de passos apressados me chamou atenção, e, sem olhar para trás, notei que se tratava de Hayley e Annie. As duas me alcançaram quando cheguei à poucos metros da margem.

Eu ainda olhava fixamente para ela, estreitando os olhos, mas sua forma cintilava tanto que não consegui enxergá-la muito bem. Porém, eu ainda a reconhecia. Só ela era capaz de disso. Então ela flutuou até onde nós estávamos e seu brilho enfraqueceu.

Ela tinha uma beleza de tirar o fôlego. Era difícil descrever seu rosto. Os olhos brilhavam alegremente – ás vezes em tons de verde, azul ou âmbar. Seus cabelos passavam de louro liso para castanho encaracolado e ruivo.

A mulher estava vestida como uma beldade sulista, exatamente como Jason descreveu. Seu vestido tinha um corpete decotado de seda roda e uma saia de três camadas com renda branca e anáguas. Ela usava longas luvas de seda branca e segurava junto ao peito um leque de penas. A mulher parecia ter recém saído de um filme de época.

Não sentir inveja dela seria uma missão impossível, ela exalava beleza e charme. Olhei para as meninas ao meu lado. As duas estavam boquiabertas.

– Afrodite – falou Annabeth, com a voz fraca.

– Vênus? – perguntou Hayley, perplexa.

– Mãe – falei sem nenhum entusiasmo,

– Meninas! – A deusa abriu os braços como se quisesse abraçar nós três, mas não nos mexemos. Hayley pousou sua mão no cinto dourado – Leo havia lhe mostrado como usar a névoa e transformar sua espada num cinto há dois dias atrás – seus olhos eram letais. Se Afrodite notou, não demonstrou ou apenas ignorou. – Que bom que vieram! A guerra se aproxima e o derramamento de sangue é inevitável. Portanto, só há uma coisa a fazer.

Hayley olhava para a deusa do amor com raiva. Afrodite sempre se parecerá com a pessoa mais bonita que você já tenha visto, e eu me perguntei quem Hayley via em sua frente.

– E o que seria? – Annabeth perguntou, cautelosamente. Os olhos de minha mãe brilharam.

– Tomar um chá e bater um papo, obviamente. Venham comigo!

*****

Afrodite sabia como oferecer um chá. Foi irritante.

Ela nos levou até o pavilhão central nos jardins. Uma mesa perfeitamente arrumada com xícaras e pratos de porcelana e talheres de prata nos esperava. Isso me deixou com mais raiva ainda. Minha mãe sabia ser irritante com todo o papinho de “Oh, olhe só, sou tão perfeita! Meus filhos também devem ser!”. Em outras palavras: irritantemente irritante. E Hayley parecia concordar comigo, pois não tirou a mão do cinto durante todo o percurso até os jardins.

Minha mãe perfeita sentou-se em uma cadeira de rainha e serviu chá e bolos sem nem deixar cair uma migalha na roupa, com a postura sempre perfeita e um sorriso deslumbrante.

– Ah, minhas doces meninas – falou ela, docemente. A carranca de Hayley aumentou. – Amo Charleston! Os casamentos que assisti aqui me dão água nos olhos. E os bailes elegantes. Ah, eram uma graça! Ainda tem estátuas minhas em muitas mansões, porém aqui me chamam de Vênus.

– Quem é você? – A pergunta pareceu escapar dos lábios de Annabeth. – Afrodite ou Vênus?

Minha mãe bebericou seu chá. Seus olhos brilhavam em malícia. Estreitei os olhos. Hayley fez o mesmo.

– Annabeth Chase, você se tornou uma garota tão bonita, mas deveria fazer algo com seu cabelo. – opinou ela. – E, Hayley Bennet, seu cabelo e essas roupas...

– Minhas roupas?

Hayley olhou para seus jeans rasgados e sua blusa com a frase “Why So Serious?” acompanhada de uma estampa com um sorriso macabro. Ela não parecia constrangida, mas sim perplexa, como se não conseguisse imaginar nada de errado com suas roupas.

Minha mãe estava me matando.

– Mãe! – repreendi. – Você está me envergonhando!

– Ora, não vejo por quê – retrucou Afrodite – ou Vênus, não sei qual das duas -, parecendo ofendida. – Só por que você não dá importância para minhas dicas de moda, Piper, não significa que as outras não vão gostar. Eu poderia fazer uma rápida transformação nelas, talvez se eu...

Era uma morte lenta e dolorosa.

Mãe! – repeti, enfatizando a palavra.

Ela bufou, vencida.

– Está bem. – Afrodite cedeu. – Quanto à sua pergunta, Annabeth, eu sou ambas. Afrodite e Vênus. Na verdade, mudei muito pouco em comparação aos meus colegas olimpianos. Atena está terrível... – Fez uma pausa para tomar um gole de seu chá. Vi pelo canto do olho Annie e Hayley torcerem o nariz. – Perdão, estou fugindo do assunto. Amor é amor, seja você grego ou romano. Essa guerra não vai me afetar tanto quanto os outros.

Hayley mordiscou um biscoito azul. Estou começando a pensar que o gosto por comida azul é de família.

– Ainda não estamos em guerra – comentou ela, seca. Me perguntei se ela era corajosa ou burra.

Afrodite, no entanto, apenas deu um sorriso calmo.

– Ah, minha querida e italiana Hayley. – Afrodite fechou o leque. – Tanto otimismo... no entanto vocês têm dias angustiantes pela frente. É claro que a guerra se aproxima, aliás, muito mais rápido do que pensa. Amor e guerra sempre caminham juntos. São os pontos altos da emoção humana! – Então sorriu. Um sorriso estranhamente calmo e compreensivo. – Entendo que não deve estar muito feliz, querida, principalmente por causa das pessoas que encontrará pela frente. Embora, irei adiantar que deixarei sua vida amorosa um tanto interessante.

Hayley cerrou os punhos. A xícara de chá que outrora estava em cima da mesa, explodiu em mil pedacinhos.

– Oh, que desastre – comentou Afrodite, calmamente. Com um aceno de sua mão a xícara voltou ao normal como se nada tivesse acontecido. Então a deusa estudou Hayley. – Ah, querida, você precisa fazer algo nesse seu cabelo...

– Mãe – chamei, prevendo mais xícaras explodindo. - O que quer dizer com dias angustiantes?

Afrodite riu, como se eu fosse um cachorrinho fofo.

– Bem, Annabeth pode lhe dar umas pistas. Uma vez lhe prometi que deixaria sua vida amorosa interessante também, e não foi exatamente o que fiz?

Agora era Annie quem parecia querer explodir uma xícara de chá.

– Interessante é eufemismo – comentou ela, segurando a alça de sua xícara tão forte que pensei que quebraria.

– É claro que não posso levar o crédito por todos os seus problemas – disse a deusa. – Mas, sim, adoro reviravoltas em uma história de amor. Hayley sabe muito bem disso!

Ao ouvir a última frase, Hayley engasgou com o biscoito que comia.

– Mãe – cortei. -, existe alguma razão para você estar aqui além de nos oferecer chá?

– Eu sempre venho aqui! Adoro a vista, a comida, a atmosfera... esse lugar exala o aroma do romance e corações partidos, conseguem sentir? Séculos disso.

– Pobres coitados – Hayley resmungou ao meu lado. Se Afrodite ouviu, não demonstrou.

– ... e as festas! – continuou Afrodite. Ela apontou para uma mansão próxima. – Naquela sacada teve uma festa na noite em que a Guerra de Secessão começou. A batalha do Forte Summer.

– É isso! – interrompeu Annabeth. Ela falou a frase como se estivesse falando “Eureca!”. – A ilha do porto. Foi onde aconteceu a primeira batalha da Guerra de Secessão.

– Os confederados bombardearam as tropas da União e tomaram o forte – lembrou Hayley.

– Ah, que festa! – suspirou Afrodite. – Deviam ter visto! Ah, as lindas explosões de luz do outro lado do porto, o rugido dos canhões dando aos homens uma desculpa para abraçar as namoradas assustadas!

Meu chá estava frio. Eu geralmente dormia nas aulas de história, por isso não conseguia lembrar de nada sobre a Guerra de Secessão. Porém, Annabeth e Hayley pareciam saber exatamente o que era e o que aconteceu. E com detalhes.

– Você está falando do começo da guerra mais sangrenta da história dos Estados Unidos. – Hayley observou, perplexa.

– Mais de seiscentas mil pessoas morreram – continuou Annabeth. – Mais americanos que na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais juntas!

Isso me fez perder a fome. Olhei para o resto de bolo em meu prato. Meu estômago revirou. Peguei-o e comecei a jogar para as pombas.

– E as bebidas! – Afrodite continuou, como se as mortes não fossem tão importantes quanto as bebidas da festa. – Ah, eram divinas. O general Beauregard em pessoa estava lá. Ele era um canalha...

– Mãe! – gritei, reconhecendo o sobrenome do ancestral de Silena Beauregard. Peguei a outra fatia de bolo em meu prato e a atirei também. As pombas pareciam felizes com meu gesto.

– Sim, desculpe – Porém ela não parecia estar tão arrependida assim. – Para resumir, estou aqui para ajuda-las.

– Dicas de moda não – resmungou Hayley, torcendo o nariz.

– Duvido que encontrem Hera com frequência. – continuou a deusa. – Sua pequena missão não a tornou muito bem-vinda na sala do trono. E os outros deuses estão bastante indispostos, como vocês já devem saber, divididos entre seus lados grego e romano. – Afrodite olhou para Annabeth. – Suponho que já tenha contado a seus amigos sobre a briga com sua mãe...

– Briga? – A pergunta escapou de meus lábios. Hayley não falou nada, mas não parecia surpresa também.

– Uma discussão – corrigiu Annabeth. – Não foi nada de mais.

– Nada de mais – repetiu Afrodite, como se não acreditasse nas palavras. – Não sei, não. Atena era a mais grega de todas as deusas. Porém, os romanos a transformaram na deusa das artes e da sabedoria, a transformaram numa deusa menor, o que a deixou furiosa. Principalmente depois que saquearam Atenas...

Eu quase podia ver as engrenagens trabalhando na cabeça de Annabeth.

– A Marca de Atena... – disse ela. – Leva a uma estátua não é? Leva até a estátua.

Afrodite sorriu. Hayley também.

– Você é inteligente, como sua mãe. – observou Afrodite. – Porém compreenda que seus irmãos estão atrás dela à séculos. – Olhou de soslaio para Hayley. – Ninguém conseguiu recuperá-la. Alguns conseguiram sair vivos, mas com sequelas. Aquela estátua é a razão para tanto ódio, para tanta xenofobia entre as culturas grega e romana.

Eu não conseguia entender uma palavra do estavam dizendo. Ok, Marca de Atena. Estátua. Razão para o ódio entre gregos e romanos. Ah, agora eu entendi. Mas qual estátua?

– De que estátua estamos falando? – perguntei.

Afrodite sorriu docemente.

– Tenho certeza que Annabeth irá explicar tudinho à vocês quando voltarem ao seu navio. Porém, tenho a impressão de que gostariam de me fazer alguma pergunta.

Annabeth não perdeu tempo.

– Precisamos saber onde esse mapa está. – informou ela.

– Gente!

Hayley apontou para o céu. Sobrevoando a cidade estavam duas águia enormes. Acima delas, vinha uma carruagem voadora puxada por pégasos. Parecia que a distração de Leo não tinha funcionado.

Afrodite passou manteiga no muffin, como se tivesse todo o tempo do mundo.

– Está no Forte Summer, é claro – Ela apontou a faca de manteiga para uma ilha do outro lado do porto. – Ah, querida, preciso arrumar seu cabelo... – comentou, olhando para Hayley.

– Eu estou bem! – Hay exclamou, se pondo em pé num pulo. Eu e Annabeth seguimos seu exemplo.

– Você irá me agradecer depois. – avisou Afrodite, desaparecendo.

De repente, o cabelo de Hayley estava perfeito. Sem nenhum friz, sem nenhum fio fora do lugar. O azul nas pontas parecia mais vivo e ele estava mais comprido. Agora chegava até o meio das suas costas. Ela estava linda. Poderia facilmente ser confundida como uma irmã minha.

Quando notou, Hayley soltou um grito e começou a bagunçar o próprio cabelo, mas ele sempre voltava para o mesmo lugar de antes.

– Quanto tempo isso vai durar? – perguntou ela, desesperada.

– Uma semana, talvez – falei. Hayley soltou um gemido de frustração. Ela começou a murmurar um monte de palavras em italiano, alemão e francês. Entendi algumas como: droga, puta merda, fdp, fdm, e outros insultos que eu nem sabia que existiam.

– Sem ofensa, Piper, mas eu odeio sua mãe – grunhiu ela.

Porém, tínhamos problemas bem mais graves para enfrentar agora.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam do "presente" de Afrodite? Reviews? Leitores fantasmas apareçam imediatamente! Até o próximo!



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