A Filha de Roma e Grécia escrita por Wondy


Capítulo 17
Hayley - Ás vezes mudar é bom


Notas iniciais do capítulo

Hey divosas!
Aqui está um cap bem longo pra vocês! Quem queria mais flashbacks da HayHay com Nico este cap é pra você! Por mais que ele tecnicamente não se veem, mas... eu vou deixar vocês descobrirem, ok?
Enjoyyy



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Algumas horas após a briga com o Trovão Jr. e o Capitão Água Salgada, vulgo Jason e Percy, alguém bateu na porta do meu dormitório. Eu sabia muito bem quem era, por isso adiantei-me ao abrir, dando de cara com Annie.

– O que você sabe sobre a Marca de Atena? – Annabeth perguntou de cara, entrando no meu dormitório.

Ah, a Marca de Atena. Apenas o simples motivo do qual Eileen mal conseguia ficar em pé e muito menos segurar uma espada. Foi por causa da Marca que ela teve que se despedir dos seus dias de semideusa para sempre, como ela havia me contado antes de morrer.

Eileen me contou tudo sobre a Marca de Atena, inclusive sobre quem a guarda. Annabeth é corajosa, ela não irá recuar ao saber quem é a “guardiã” da Marca, mas é melhor não arriscar deixa-la em pânico. Ela precisa descobrir sozinha.

– Algumas coisas – respondi, fechando a porta. – Tais como o que ela é e onde está. – completei, e os olhos de Annabeth brilharam com a curiosidade. – É uma estátua – contei. -, mas você já sabia disso.

Annie é inteligente o suficiente para ter notado isso sozinha.

– Ok – falou, balançando a cabeça. – Vamos pelo começo. Como você sabe disso?

Suspirei, tirando meu colar e o joguei para ela.

– Parece familiar? – perguntei. Annabeth examinou o colar, seus olhos brilhavam em descrença. Ela tirou a moeda idêntica à que se encontrava presa no cordão, como se quisesse ter certeza de que eram reais.

– Onde conseguiu isso? – perguntou. Seus olhos acinzentados estavam cheios de curiosidade, como os de Eileen.

– Minha mãe me deu pouco antes de morrer – falei.

Por que era isso que Eileen era. Minha mãe. Pelo menos a primeira verdadeira mãe que eu tive. E eu nunca iria considerar Sarah como minha mãe, não importa o que o DNA diga.

Fui criada por duas filhas de Atena totalmente diferentes uma da outra. Eileen foi a primeira a me tratar como uma criança, foi a primeira que cantou músicas até eu pegar no sono e foi a única que realmente me amou. Sarah era uma psicopata que nunca amou ninguém, que achava prazeroso me cortar todos os dias e que nem poupou meu irmão de sua crueldade.

Sarah odiava os próprios olhos, e agora eu sei o porquê. Era por causa da cor deles. Azuis como o céu. Azuis, e não cinzas. A única filha de Atena com olhos azuis. A única coisa presente em todos os seus irmãos, ela não tinha.

– Por que você não me explica como foi escolhida? – sugeri.

Annabeth suspirou.

– Tudo bem – respondeu, relutante. – Foi na estação do metrô. Percy tinha abado de ser “achado” então eu fui à casa de Sally, mãe dele, para dar a notícia. Eu estava voltando da casa dela quando vi minha mãe estudando o mapa do metrô. Quando a chamei, ela nem ao menos me reconheceu e foi quando eu percebi que ela, na verdade, era Minerva e Atena juntas no mesmo corpo. – contou-me. – Ela estava paranoica e completamente louca! Ficava falando sobre se vingar dos romanos por tê-la transformado numa deusa tão inferior, estava ensandecida. – Eu podia reconhecer a dor em sua voz, mas não ousei interrompê-la. – Então ela me deu a moeda, dizendo para eu vingá-la matando os romanos. Quando me recusei, ela disse que eu não era sua filha, que eu falhei com ela.

– Sei como é – As palavras escaparam antes que eu pudesse contê-las.

Annabeth não pareceu ter se dado conta do que eu falei, graças aos deuses. Ela estava absorta em pensamentos.

– Ela está localizada em Roma – contei, fazendo-a olhar para mim. – Tiberino costuma levar os filhos de Atena até ela – comentei, indo até minha escrivanhia e pegando o envelope que eu guardei por tanto tempo. – Claro que é preciso de uma carta de apresentação para isso, algo que, sorte sua, eu tenho bem aqui – falei entregando o envelope à Annabeth.

– Como...?

– Antes de morrer, minha mãe me disse que algum dia eu encontraria uma filha de Atena e que eu precisaria dar isso à ela. Disse que caberia à mim guia-la. – contei. – É você, Annie. É você quem vai finalmente encontrar a Atena Partenos.

­* * *

– Sinceramente Sr. H, você precisa aprender a controlar os seus nervos. – comentei, sorrindo ao ver a expressão de raiva no rosto de Hades. Depois que os Guardas Almas me pegaram tentando fugir (pela 134796242 vez), eles me levaram até o Sr. H, para continuar com a rotina, sabe? E com sempre eu o irritei ao extremo. Novidade.

– Vamos ver se você continuará com esse sorriso quando eu exterminá-la! – exclamou ele, com a raiva evidente em sua voz.

– Caham – Perséfone pigarreou ao seu lado, fazendo-o suspirar e revirar os olhos.

– Querida, por favor... – começou ele, parando quando viu o olhar de sua esposa.

Perséfone é como se fosse uma mãe para mim desde que cheguei aqui. Ela dizia que, já que eu não tive uma mãe quando viva, terei uma quando morta, e isso só me fez gostar dela ainda mais. Sem falar que o Sr. H é totalmente louco por ela, o que o faz sempre obedecer suas ordens e atender seus pedidos. Porém, quando ela fica os seis meses no Olimpo junto de Deméter, preciso tomar cuidado com o que falo para Hades, pois ele não costuma ficar muito paciente nesses meses.

Nem eu, já que é nesses dias que fico sem minha mãe pós morte.

– Liberada – Sr. H bufou, apontando para a saída com certa impaciência. – Até amanhã, Bennet.

Levantei-me da cadeira, que praticamente já tinha meu nome por causa de todas as vezes que eu me sentei nela, e andei devagar até Perséfone. Quando cheguei perto, ela não se demorou em me abraçar, afinal ela iria para o Olimpo hoje e eu ficaria seis meses sem vê-la. Ela é bem mais alta que eu, humilhando meu 1,58 de altura com seus 1,70.

– Promete voltar o mais rápido possível? – sussurrei quando nos soltamos. Eu sabia que não poderia fazê-la jurar pelo Estige, pois ela poderia não conseguir cumprir a promessa. Perséfone segurou minhas mãos, olhando-me de modo maternal.

– Prometo – respondeu ela. Seus olhos marejaram. – Você precisa ir agora – comentou, olhando para o Sr. H, que observava a cena com tédio.

Assenti e saí pela porta, sem antes dar outro abraço em Perséfone, e entrei na biblioteca que fica ao lado da Sala de Tronos. Quando entrei dei de cara com o “faxineiro” mais fofo de todo o palácio.

– Bob! – cumprimentei, recebendo um abraço de urso em troca.

– Bob encontrou a amiga Hayley – falou ele, colocando-me de volta no chão. Seu macacão estava todo sujo de alguma substância escura e pegajosa, porém ele não parecia se importar, já que balançava sua vassoura de um lado para o outro. – Assim como Bob encontrou o amigo Nico! – exclamou ele, batendo palmas.

– Nico? – perguntei confusa. – Nico esteve aqui? – perguntei. Estranho. Quando perguntei se ele já tinha vindo aqui, Nico disse que raramente e que só vinha aqui para ver se Hades tinha alguma tarefa para ele. Porém ele sempre me avisava quando fazia isso.

– Sim, sim – Bob bateu palmas. – Nico estava conversando com Bob quando Hayley saiu da Sala dos Tronos. – contou ele. – Quando viu a amiga Hayley, Nico fez puf.

– Puf? – perguntei. O vocabulário de Bob é meio estranho, por isso quase sempre não entendo o que ele fala.

– É, puf. – respondeu. – Bob precisa limpar a sala de jantar agora – contou, quando viu as almas da limpeza saindo da cozinha. – Tchau amiga Hayley! – despediu-se e saiu pelo corredor.

– A sala de jantar fica para o outro lado... – comecei, mas ele já tinha desaparecido pelo corredor.

Puf. O que será que ele quis dizer com “puf”? Pense Hayley. É nisso que você é boa, então pense. Olhei para o lado e vi a sombra que a mesa encostada à parede emitia sob o brilho do lustre macabro pendurado no teto. Subitamente lembrei-me de quando as sombras pareceram ter formado Nico na segunda vez que nos encontramos. É isso. Nico pode, de alguma forma, controlar as sombras.

– Está andando com aquela alma a tempo demais! Faz quase um ano! – A voz de Hades me tirou dos meus pensamentos. Ele parecia com raiva. Aproximei-me da porta da Sala dos Tronos para escutar melhor.

– Quem decide o tempo que eu fico com ela não é você – Senti-me paralisar quando reconheci a voz de Nico. Então ele realmente tinha vindo falar com Hades.

– Claro que sou eu! – Sr. H irritou-se. – Eu sou o rei do mundo inferior e não admito que você fique andando com aquela rebelde imunda! – Não havia nenhum resquício de paciência em sua voz. Do que ele estaria falando?

– Não fale assim dela – respondeu Nico, sua voz estava carregada de raiva, mais raiva do que antes. – Não me importa se ela é ou não uma rebelde, não vou parar de vê-la. – Sua voz hesitou. – A não ser que você limpe a ficha dela.

Silêncio.

Quase pude ver a expressão chocada no rosto de Hades.

– E você acha que isso seria fácil? – perguntou ele. – A ficha da dela é a maior de todas as outras que eu tenho. Não é assim tão fácil apagar 5.869 tentativas de fuga da memória do Mundo Inferior, sem falar do envolvimento dela com a Resistencia.

– Quanto tempo é necessário? – Nico perguntou.

– Cerca de um ano – respondeu Hades. – Se eu fizer isso, você parará de ver aquela rebelde?

– Quando sua ficha for apagada, ela voltará para o Elísio? – A voz de Nico falhou.

– Sim.

– Então eu nunca mais voltarei a vê-la. – respondeu Nico. Sua voz estava trêmula. Então percebi de quem eles falavam.

Eles falavam de mim.

*****

Acordei sobressaltada, como em todas as vezes em que sonho com ele. Eu podia sentir meu cabelo grudado na minha nuca e braços devido ao suor. Suspirei e sentei-me, sabendo que não conseguiria mais pegar no sono.

Eu conseguia sentir minha camiseta do Arctic Monkeys que Nico tinha me dado, grudada nas minhas costas. Não faço idéia do porquê de eu tê-la guardado depois de tudo, mas, sinceramente, não consigo dormir sem ela.

Por que minha mente me obrigava a ficar sonhando com ele? Já não é ruim o bastante eu estar indo em direção dele, eu preciso sonhar com ele por todo o caminho também. Freddie estava certo: Nico nos usou. Usou a mim para conseguir informações para Hades. Ele mentiu e minha cabeça me obrigava a lembrar de tudo outra vez.

Eu já estava cansada de reviver as mesmas coisas. Eu sei que Nico me usou, mas uma parte de mim diz que ele nunca faria isso. Eu também sei que Freddie e Nico tem um ódio mortal um do outro, o que contribuiria para o fato de Freddie tentar me deixar contra ele.

O fato é: Nico mentiu para mim de qualquer forma. Afinal, ele só se aproximou de mim por causa de informações. Ás vezes eu me pego perguntando-me se alguma coisa tinha sido real. Por que para mim foi, mas será que foi para ele? Duvido.

Eu costumava encara-lo como alguém que eu podia confiar, tanto que ele sabia sobre Sarah e não tinha medo das minhas cicatrizes como as pessoas costumam ficar quando conto minha história à elas, pelo contrário, ele dizia não se importar.

Eu tenho, eu preciso parar de pensar nele. Não que alguma tentativa minha de tirá-lo da minha mente tivesse dado certo, na verdade apenas pioraram a situação. Me faziam sonhar com ele todas as noite, e os piores sonhos são o que Nico se encontra dentro de um jarro, numa espécie de coma. Por mais que ele não se mexe-se, eu sabia que ele estava sofrendo. Eu sentia isso.

Preciso tirá-lo da minha cabeça, pelo menos até o amanhecer.

Olhei para o relógio no meu criado mudo. 03:17. Ótimo, o que eu vou fazer até amanhecer?

Uma ideia me atingiu como um soco. Suspirei. Eu não iria fazer aquilo. Eu prometi a mim mesma que não iria usar quando comprei aquilo em Atlanta. Porém a impulsividade falou mais alto do que a racionalidade (como sempre). Fui até meu armário, peguei a sacola que eu tinha jogado no fundo do mesmo, tirei de lá de dentro a caixa de tintura e corri para o banheiro.

(N/a: Eu sei que os dormitórios não deveriam ter banheiros nos quartos, mas como a fic é minha eu fiz assim)

Coloquei minha cabeça debaixo do chuveiro para deixar meu cabelo molhado e comecei a espalhar a tinta no lugar que eu queria que pintasse, ou seja, as pontas do meu cabelo. Fiquei esperando, perdida em pensamentos (eu juro que tentei deixar certa pessoa longe da minha mente), que meu cabelo secasse totalmente.

Quando o relógio marcou 04:42, eu me olhei no espelho observando meu cabelo loiro platinado ficar num tom azul claro apartir do meio, tornando-se azul mais forte no final. Comprei aquela tinta num momento totalmente impulsivo quando tive que enrolar Leo e Hazel dizendo que ia pedir informação para o moço da farmácia. E eu realmente pedi informação, mas fiz isso quando estava pagando no caixa.

Observei-me no espelho e a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi: Percy vai pirar quando ver isso.

Um sorriso divertido se formou em meus lábios. Às vezes é bom mudar um pouco.

***

Quando o relógio marcou 07:28, eu saí do quarto e fui direto para o refeitório torcendo para que não esbarrasse em Percy no caminho. Eu ainda estava irritada com ele por causa de ontem.

Ninguém parecia ter acordado, já que 8:00 é horário que o Treinador G passa batendo nas portas, dizendo que já está de pé desde as seis da manhã quando, na verdade, ele tinha acabado de acordar.

Quando entrei no refeitório, me surpreendi ao encontrar Leo dormindo com a cabeça encostada da mesa. Em sua frente estavam um monte de ferramentas e alguns papéis. Aproximei-me e dei um tapinha em seu ombro. Ele nem se mexeu.

– Leo – chamei, recebendo um murmúrio em troca. Suspirei irritada, pegando a chave inglesa e bati da mesa, emitindo um estrondo, fazendo com Leo desse um pulo.

– Santo Hefesto! – exclamou ele, colocando a mão no peito. – Quer me matar?

Rolei os olhos e peguei uma maçã. Na verdade, eu estava me dobrando de rir por dentro, mas achei que não seria muito legal da minha parte rir da cara dele. Aí você pergunta: Desde quando você se importa com o que seria legal ou não quando se trata de Leo? Desde que eu descobri que foi um eidolon o real responsável pela destruição do Acampamento Júpiter.

– Não é minha culpa se você pegou no sono – comentei, dando uma mordida na maçã.

Leo rolou os olhos.

– Que horas são? – Ele mudou de assunto, coçando o olho.

– Sete e meia – respondi, fazendo-o olhar para mim.

Leo franziu a testa e pegou uma mecha do meu cabelo.

– Que demais, seu cabelo está azul! – exclamou ele, como uma se fosse uma criança, o que me fez rir.

– O que você está fazendo? – perguntei, pegando o caderno e tentando entender o que estava escrito. Nunca vi tanto garrancho.

Leo suspirou.

– O Argo II está reparado o suficiente para levantar voo – contou-me. -, mas ainda está bem danificado. – Pude identificar o cansaço em sua voz e notei as olheiras embaixo dos seus olhos.

Leo é hiperativo ao extremo, como eu, mas eu nunca tive dificuldades para dormir por causa disso e duvido que ele teve. Minha insônia é causada por... outra coisa. Ou melhor, outra pessoa.

– Você tem dormido ultimamente, Leo? – perguntei, preocupada.

Ele balançou a mão no típico sinal de “mais ou menos”. Eu estava prestes a repreendê-lo quando Hazel entrou no refeitório. Ao me ver ela franziu as sobrancelhas confusa, mas deu de ombros logo em seguida, cumprimentando Leo.

Claro que ela sabia das minha “loucuras” e já estava acostumada, e olha que não faz nem um mês que começamos a ser amigas.

Ficamos conversando sobre o que aconteceu depois de eu e Hazel termos saído até que subimos para o convés.

Andem logo! Tirem esses corpos molengas de cima da cama! já estou de pé há duas horas, então levantem! - ouvi o Treinador G gritar pelo corredor, batendo nas portas com seu taco de beisebol.

Em alguns minutos os semideuses subiram as escadas, fazendo com que eu me sentisse num episódio de The Walking Dead.

– O que aconteceu com seu cabelo? – perguntou Percy, bocejando. Ele não parecia muito preocupado, o que me surpreendeu bastante. Quer dizer, eu achava que ele surtaria!

– Eu pintei – respondi dando de ombros.

– Ah – murmurou ele, ao notar no meu tom de voz que eu ainda estava com raiva dele. – Ficou legal.

– Obrigada – falei. – Então precisamos falar com um fantasma?

– Pois é – Jason comentou. – E o fantasma só fala com garotas.

Piper sorriu.

– Muito bem – comentou ela. – Uma excursão só de meninas. Eu vou.

– Eu também – ofereceu-se Annie.

– To dentro – falei, olhando para Hazel, que me olhou agradecida. Sorri. – O que estamos esperando? Temos um fantasma para achar.


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Notas finais do capítulo

Entãããão??? Oh yeah, HayHay é baixinha!
O que acharam do novo estilo da HayHay? O que acham do trato que Niquito fez com Hades? Deixem comentários! Leitores fantasmas, apareçam!



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