Mestre Simas escrita por Bruna, anabanana


Capítulo 1
A Estranha Família de Mestre Simas


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Mestre Simas projetou sua capa vermelha violentamente, cortando o ar. Andou pelo corredor branco da Ópera de Arame e bateu na porta da loja do seu melhor amigo.

— E aí Dedé? Tudo em cima? Cadê as birita?

— Birita não tem. Só tem piano.

— Beleza! Vou levar um piano.

Saindo da loja, voltando pelo corredor branco, ele sapateia e canta:

“Fui à loja do Mestre André

E comprei um pianinho

PimPimPim

Um Pianinho

PimPimPim

Um Pianinho”

— Para casa, Jarbas — Falou para seu motorista pinguim.

Jarbas dirigiu o jatinho particular rosa com purpurina para a mansão do Mestre, que se encontrava na Montanha Doce.

A mansão era verde limão com purpurina. O acabamento das portas e janelas era cor de lavanda. Ele adorava sua mansão. Combinava tão bem com seu jatinho. Essa havia sido adquirida em um leilão online. Era tão, tão, mas tãão grande que cabia seu bichinho de estimação, ou melhor, seu bichão de estimação: um enorme bicho de seda que fabrica não somente todas as roupas da família, mas também roupas para exportação. Exportavam até para a Mongólia!

— Hélou, José Alfredo! — Disse Mestre Simas para seu bicho de seda.

— Querida, cheguei! — Falou para sua esposa, que estava cozinhando arroz Basmati. — Comprei um pianinho!

Dorotéia levou um susto e deixou cair todo o vidro de pimenta no arroz Basmati e gritou, com o fundo de sua guela, horrorizada com a aquisição:

— AAAAAAAAHHHHHHHH!!!!!

*

O jantar foi um desastre. Enquanto Mestre Simas cantava a música do pianinho, a mulher e as crianças gritavam loucamente devido à quantidade exorbitante de pimenta contida em cada garfada.

Tereza Cristina, a filha mais nova, implorava insistentemente para que pedissem uma pizza. A pimenta fazia com que seu rosto ficasse vermelho, combinando com seu cabelo.

Depois de meia panelada comida, finalmente a mãe Dorotéia concordou com a ideia da filha.

— Calabresa ou frango com catupiry? — Perguntou Alex, o filho mais velho, que tinha o cabelo verde.

— Não! — Disse Carol da Balada, a filha do meio, que tinha cabelo rosa. — Eu prefiro alcachofra com nozes e catupiry. O que você acha pai?

— PimPimPim, um pianinho, PimPimPim, um pianinho! — cantarolou o pai.

*

Ao abrirem a caixa da pizza, perceberam que houve um engano. Mandaram uma pizza de sabor PimPimPim, um pianinho.

— Ah não! — Protestou Alex, se exaltando. — Não aguento mais sabor piano! Pedimos esse nas últimas três vezes!!

Dorotéia ia concordar com o filho, porém estava com muita fome para reclamações. Todos comeram sem reclamar, discutir, nem pestanejar, pois estavam famintos. Afinal, o almoço tinha sido Torta de Gorila com Calda de Banana.

*

Ao tomar o último gole do suco de pinóia, com guarda-chuva e canudinho alaranjado em formato helicoidal, Carol da Balada foi checar seu Instabook no seu iPhitanga, em busca de uma nova balada. Ela se surpreendeu ao receber o convite para o evento “Festa de 15 anos do Jegue”.

— O quê? O Jegue vai debutar??? — Perguntou Alex.

— Quando? Quando? — Perguntou a mãe Dorotéia.

— Amanhã! — Respondeu Carol da Balada.

— Eba!!! — Comemorou Tereza Cristina.

— Mas eu nem tenho vestido para ir! — Reclamou Mestre Simas.

— VAI COMPRAR NA LOJA DO MESTRE ANDRÉ!!! — Gritaram todos em coro.

O Mestre se dirigiu a garagem e entrou no carro.

— Jarbas, vamos voltar para a loja do Mestre André.

— Mas o quê? Por quê? — Questionou Jarbas, desanimado.

— Preciso ir comprar um vestido para a festa de 15 anos do Jegue!

— Mas quando vai ser isso? — Indagou o pinguim.

— Amanhã.

— Interessante...— Disse Jarbas, maleficamente.

*

— Vestido para festa de 15 anos? Não tenho! Só tenho

pianinho.

— Beleza! Pode mandar!

Novamente, Mestre Simas voltou para casa cantando e sapateando a música do pianinho.

Quando Mestre Simas voltou para a casa, não contou a ninguém que tinha comprado outro pianinho.

Em vez de se dirigir à sala de TV da mansão, onde sua esposa e seus filhos estavam assistindo Todo o Mundo Odeia o Cris, ele se encaminhou ao local onde o bicho de seda da família se encontrava.

— E aí, José Alfredo?

Mestre Simas esperava alguma demonstração de afeto do animal de estimação, como um “ronron” ou até uma lambida na cara. Mas José Afredo estava tão concentrado no seu trabalho que sequer percebeu que seu dono estava ali.

O pai de família não estava satisfeito com seu bicho de estimação. Ele esperava uma relação com mais amor e afeto.

O mestre de capa vermelha estava decidido a adotar um novo bicho de estimação.

*

No dia seguinte, enquanto Dorotéia, Carol da Balada e Tereza Cristina se emperuavam para a festa do Jegue, ouvia-se nas moitas do quintal um misterioso telefonema:

— Alô? Quero recrutar o Recruta. Isso mesmo. Recrutamente recrutado. Emitam o alerta verde para hoje a noite.


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