Apenas uma garota... escrita por Luana Nascimento


Capítulo 37
Capítulo 36 - Feliz Ano Novo


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos :D
Eis o capítulo da semana o/
Pra quem gosta de Jelly e de algo mais quente, tá massa u.u



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Shelly

Engoli mais um gole de vodca, me sentindo meio... alterada. Como Ben conseguiu isso? Enfim, não era importante. Estava no quintal da casa de Mel, junto com os snakes. Os mais velhos estavam dentro da casa, conversando e rindo, não muito diferente do que fazíamos. Mel e Ben conversavam e riam entre eles. Mel bebeu poucos goles de vodca.

— Mel, você quer mais? — Por que minha voz estava baixa se eu senti a garganta arder com meu grito?

— Não, não quero e pelo amor de Deus, fale mais baixo!

Ri, percebendo o que eu tinha feito.

— Desculpa! — tentei sussurrar, não sei se consegui.

Mel bateu na própria testa e voltou a conversar com Ben, que tomou alguns goles e isso quase foi motivo de briga, mas ele quis, então tudo bem. Ele tinha que ser feliz, né?

— Bem, eu quero — Dave tomou a garrafa da minha mão e colocou mais bebida em seu copo. Ele estendeu a garrafa para Clint, que negou com todas as forças que tinha:

— Sem bebidas alcoólicas.

— Bem, o que é uma gota para quem já está molhado? — Jaden sorriu, ingerindo goles largos da bebida direto da garrafa mesmo. Sorri.

— Cacete, anjo xingador, deixe para nós — Dave reclamou enquanto o loiro ria.

— A pergunta é: como vamos parecer sóbrios se estamos bêbados? — perguntei, rindo, enquanto todos riam também, a não ser Clint, que meneou a cabeça:

— Que decadência.

— É só hoje, Clint, não é como se isso fosse acontecer todo dia — Dave argumentou.

— Hoje é ano novo, carnuck — dei tapinhas em seu braço. — Aproveite.

— Não preciso de álcool para me divertir, estou feliz rindo de vocês.

— Mas nós bebemos vodca e você está rindo da gente. Então você precisa de álcool para dar para nós para você se divertir — Jaden refletiu lentamente, gesticulando e parecendo bem mais bêbado que eu. Ou era eu quem estava mais bêbada que ele?

— Caralho, isso foi brilhante, cara. — Dave fez hi-5 com Jaden. — Foda.

Peguei a garrafa e bebi novamente. Aquela sensação era ótima. A virada de ano tinha sido há três horas? Acho que sim. Tomei mais um gole e Jaden roubou a garrafa de mim, virando e engolindo mais goles. Dave fez o mesmo e depois riu:

— Porra, não devíamos estar fazendo isso, não é?

— Minha mãe vai me matar. — lembrei e depois ri alto. Olhei para Jaden e ele sorria, olhando para mim. Seu sorriso se abria de forma larga e bonita. Ele estava incrível na luz das velas. Aproximei-me dele e confessei em seu ouvido: — Queria beijar você.

Ele riu, o som agradável preenchendo o meus ouvidos:

— Por que não?

E nos beijamos, as respirações capazes de atear fogo no ar de tanto álcool. Os gritos dos snakes e as preocupações nunca pareceram tão distantes. Senti seus dedos grandes na minha nuca e minha mão no seu cabelo. Nosso abraço ficou mais apertado?

— Ei, porra, sem sexo aqui — Ben separou nossas cabeças e nós rimos.

— Sem sexo, Ben — garanti afastando-me de Jaden, mas ele me abraçou:

— Você tem um cheiro ótimo.

E ficou abraçado a mim. Só consegui rir, assim como os snakes. Sorte que acamparíamos no quintal. Se minha mãe me visse tão bêbada ou nos visse tão bêbados, a noite não terminaria bem. A porta do quintal começou a ser aberta lentamente. Ben escondeu a garrafa, Jaden deixou de me abraçar, Dave fez sua melhor expressão séria. Thomas nos olhou:

— Está tudo bem aqui?

— Claro, vô. — Mel respondeu.

— Como não estaria? — Clint acenou com a cabeça.

— Está ótimo. Perfeito — Jaden afirmou em um sorriso lindo. Ele era lindo.

— Estamos nos divertindo bastante, Thomas — Ben sorriu, um de seus sorrisos naturais.

— Como está lá dentro, vô? — Dave indagou. — O pessoal está se divertindo também?

Tommy sorriu:

— Ms. Revenry e sua mãe estão um pouco alegres. Seu pai não está bebendo, Clint.

— Graças a Deus. — o cara ergueu as mãos para o céu.

— Os McCarthy estão um pouco descontraídos também.

— Ah, então está tudo ótimo! — comentei e Jaden me olhou quase rindo. Acho que soei animada demais.

— Está sim. Boa noite — Tommy despediu-se em um sorriso, fechando a porta. Esperamos cinco segundos e rimos todos ao mesmo tempo.

— Caralho, Shelly, que porra de frase foi essa? — Dave riu como eu nunca tinha visto.

— Quis participar da conversa! Adoro seu avô, é uma ótima pessoa. Ele não é uma ótima pessoa, Mel?

— Ele é sim, Shelly. — ela confirmou.

Os vizinhos começaram a tocar Britney Spears e nós rimos de novo.

— Melhor noite! — Ben deu um soco no ar.

— Temos aqui Freddie Mercury, vizinhos! — Jaden gritou. — Continuem com a merda de Britney Spears!

— Meu Deus, Jaden, fale baixo! — Mel chamou a atenção, em uma expressão alarmada demais.

— Ah, verdade. — ele baixou o tom de voz e depois gritou de novo: — Desculpa, vizinhos!

Todos riram enquanto Melinda batia na própria testa. Jaden, Dave e eu terminamos a garrafa de vodca. Aquela era a segunda? Sei lá, acho que sim.

— Ei, gente, Ben e eu vamos dormir, já são cinco da manhã — Mel informou, levantando-se e parecendo com sono.

— Mas está muito cedo ainda — reclamei. Dave e Jaden riram.

— Sim, está cedo, mas dormir é bom, Queen Marie, não importa a hora — Ben me explicou.

— Agora fez sentido — Dave ergueu o polegar.

— Jaden, você está bem? — Clint indagou. Realmente, ele parecia estranho.

— Preciso de açúcar. — ele explicou, o rosto branco. — Rápido.

Melinda correu até a sua casa.

— O que você está sentindo? — indaguei tentando coordenar meus gestos, sem muito sucesso. Tudo girava.

— Está tudo escurecendo...

— Jaden, respire fundo. — Clint pediu, esfregando seus punhos e fazendo-o deitar-se na grama.

— Cara, não nos dê esse susto — Ben pediu. — Vou ver se posso ajudar Mel.

— Jaden, fique aqui, não morre — pedi encarando seus olhos meio entorpecidos.

— Não vou morrer agora, Queen Marie. — ele sorriu, mas não com a intensidade de antes. Segurei sua mão esquerda, olhando-o quase em pânico. Ele não podia morrer. Sem mais mortes em minhas costas...

Não deu dois minutos e Melinda trouxe um resto de leite condensado e Ben, um sanduíche. Melinda jogou o leite condensado na garganta de Jaden como se fosse vodca. Ele quase se engasgou e a deteve. Depois, Ben lhe deu o sanduíche, que ele comeu com paciência.

— Gente, estou melhor.

O suspiro de alívio foi coletivo.

— Cacete. — Dave comentou se jogando na grama. — Nunca mais faça isso de novo, anjo xingador.

— Não é algo que eu posso evitar tão fácil — Jaden respondeu. Ao olhar para nós, ele riu: — Porra, vocês deviam olhar a cara de vocês.

Não sei se foi do alívio, do nervosismo, do álcool ou o fato de ver ele rindo, mas ri também. Em pouco tempo, todo mundo ria.

— Podemos ir dormir agora, Jaden? — Mel perguntou cruzando os braços.

— De preferência sem você quase morrer? — Ben acrescentou.

— Vão lá. — ele respondeu, dando de ombros. — Ben?

— Huh?

— Sem. Sexo. — ele sorria, apontando para o fotógrafo.

Melinda bateu na própria testa pela milésima vez naquela noite e Ben riu, sem responder. Eles foram para uma barraca.

— Também vou dormir, gente — Clint se levantou. Ri quando vi Dave tentando se levantar, mas seu cambaleio não permitiu. — Quer ajuda, Dave?

— Só me ajude, porra.

Clint riu e o ajudou a entrar na barraca.

— Boa noite, pombinhos.

E entrou logo depois. Olhei para Jaden e ele sorriu:

— Acho que estamos a sós.

Retribuí o sorriso, sem saber exatamente o porquê.

— É.

— Você ainda me beijaria? — ele perguntou no mesmo sorriso bêbado, os olhos meio vermelhos.

Como resposta, o beijei. Seu beijo era doce. Nos deitamos na grama, abraçados um ao outro, nos beijando e nossas mãos percorrendo pescoços, braços, cinturas, pernas, rostos.

— Shelly. — Meu nome sussurrado daquele jeito me fez estremecer de prazer. Beijei e mordi seu pescoço de forma lenta e demorada. — Shelly.

— Hm?

— Eu realmente queria fazer isso sóbrio.

Com relutância, saí de cima dele, tentando me recompor, mas o mundo girava e, por alguma razão, eu tremia. Respirei fundo, sem conseguir parar de rir.

— Você é incrível — ele sorria em sua admiração bêbada, deslizando seus dedos pelos meus cabelos, tirando-os do meu rosto de forma entorpecida. — In-crí-vel.

Ficamos um tempo deitados na grama, em silêncio, até que eu decidi:

— Vamos entrar na barraca que restou, senão vamos dormir aqui.

— Ótima ideia. Perfeita.

— Ir para a barraca?

— Dormir aqui. — ele respondeu fechando os olhos, sorrindo.

— Não podemos dormir aqui, está frio. — expliquei depois de rir, acariciando seu rosto. Por que eu fazia aquilo? Ah, sim, eu queria. Queria. Ele era lindo. Eu gostava dele.

— Mas está muito bom aqui. Não precisamos de barraca.

Com muita dificuldade, convenci Jaden e entramos na barraca, depois de algum tempo tentando. Jaden jogou-se no chão, rindo.

— Incrível.

Ri também:

— É, incrível.

— Gosto de você. — ele sussurrou.

— Gosto de você — repeti, degustando cada palavra.

Ele me abraçou e a sensação foi boa. Acho que dormi.

***************************

Acordei com a cabeça explodindo de dor. Saí da barraca, encontrei o banheiro e vomitei tudo o que tinha que vomitar. Voltei para a barraca, desorientada, e me deitei de novo, fechando os olhos. Ouvi um ronco que me tirou do meu mal-estar: Jaden dormia pesadamente ao meu lado, a barriga para cima e a boca aberta. Eu dormi com ele? Oh, tabarnak. Ok, creio que não transamos. Nós... ficamos? Fiquei vermelha quando lembrei dos abraços, dos beijos e por onde minhas mãos percorreram. Hostie.

— Jaden — tentei acordá-lo, mas tudo o que consegui foi um braço na minha cintura, numa espécie de abraço, e uma respiração menos barulhenta.

Lentamente, me desvencilhei do seu abraço. Ele grunhiu em protesto, deitando-se de lado e respirando de forma estranha, inspirando pelo nariz e expirando pelos lábios semiabertos. Olhei-o, pensando em tudo o que ele vivia naquele momento. Eu podia entender o porquê de ele ter bebido tanto. Afinal, bebi pelo mesmo motivo.

"Não quero mais sentir dor hoje", ele desabafou para mim na virada, os olhos azuis parecendo infindavelmente tristes, mostrando, através de algumas lágrimas contidas, sua dor. Os fogos de artifício explodiam ao nosso redor.

"Também não", concordei, tentando não mostrar o quanto eu me sentia gelada e doída com aquela afirmação, o quanto era ruim ver alguém sofrendo por algo que não consegui fazer.

E então, Ben nos mostrou duas garrafas de vodca assim que fomos ao quintal, meio litro cada, logo depois de tirar muitas fotos. Só não as bebemos mais rápido porque conversamos muito. E então, teve aqueles abraços loucos, cuja lembrança me deixava com calor e com as bochechas vermelhas.

Olhei para Jaden, pensando em tudo isso. Eu quis de verdade, mas... Meu Deus, como pude fazer aquilo? Deixei os pais adotivos dele morrer, não merecia ficar com Jaden, ele não merecia e eu não podia passar por aquela situação sem ficar partida em mil pedaços. Ele sorriu em seu sono, o que achei que contrastava totalmente com os meus pensamentos.

Eu gostava dele. Gostava do conjunto, de como os pequenos detalhes dele se encaixavam, deixando-o imperfeitamente perfeito para mim. Então por que quando eu pensava em ficar com ele, sentia aquele aperto cruel no peito? Porque eu teria que dizer a dolorosa verdade. Eu deixei seus pais morrer. Senti medo do seu julgamento, tanto ao fato quanto à minha habilidade. De repente, a simples presença dele se tornou opressiva só de imaginar seu olhar duro e acusativo. Saí da barraca e entrei na casa.

— Bom dia, Shelly — todos, exceto os McCarthy, tomavam café.

— Bom dia — dei meu melhor sorriso. — Que horas são?

— 11:00 a.m. — minha mãe informou. — Achei que iria dormir mais. Venha tomar café.

— Quero um banho antes.

— Nossas coisas estão no quarto de Carol. — minha mãe lembrou.

— Em cima da tábua de passar roupa — Carol reforçou. — Fique à vontade, querida.

— Obrigada.

Peguei o necessário e corri para o banheiro. Se eu fosse rápida o bastante, iria para casa e evitaria Jaden. Talvez até os snakes, se tivesse sorte. Ok, eu estava louca quando o beijei na frente deles. Tabarnak... tomei banho o mais rápido que pude, me vesti e fui para a cozinha. Melinda surgiu logo depois.

— Bom dia. Caramba, Shelly, já pensou em dormir? É bom e faz bem. — os adultos riram e eu me senti vermelha. — O que temos para comer?

Enquanto preparávamos o nosso café da manhã, tentei agir naturalmente:

— O que vocês fizeram de bom na madrugada?

— Conversamos sobre vocês. — Mr. Harrington respondeu.

Quase derrubei a caneca que eu segurava. Melinda perguntou por mim:

— Sobre nós?!

— Sobre quando vocês eram pequenos. — Thomas esclareceu. — Provavelmente sei todas as histórias constrangedoras de Ben, Clint e suas, Shelly.

— Oh, meu Deus, por quê... — passei a mão pelo meu rosto, fazendo os mais velhos rirem.

— E vocês, o que fizeram? — Mr. Harrington perguntou. Mel e eu nos entreolhamos rapidamente.

— Ah, conversamos sobre muitas coisas, jogamos verdade ou consequência, ouvimos as músicas do vizinho, essas coisas — Mel deturpou um pouco a verdade.

— É, foi ótimo — apoiei-me nisso.

— Shelly, quando você terminar, nós vamos para casa, certo? — minha mãe me aliviou sem saber.

— Já? — questionei para despistar.

— Não vai ficar para o almoço, Ann? — Carol indagou.

— Não consigo dormir bem fora de casa, não sei se você entende, Carol.

— Ah, entendo sim. Que pena.

— Outro dia marcamos um almoço — minha mãe sorriu. — Pode ser no outro fim de semana ou nesse, podemos ver.

— Ah, gostaria de participar, mas acho que esse fim de semana não poderei... — Thomas se incluiu na conversa.

Enquanto minha mãe, Carol e Thomas decidiam uma boa data para o tal almoço, Mel e eu comíamos em silêncio, com ela me olhando divertidamente. Dei o meu melhor olhar de "eu sei o que você está pensando, mas não quero falar sobre isso". Ela sorriu e voltou a comer seu misto quente.

Terminamos o café e minha mãe conversou um pouco com seus novos colegas. Depois, despedimo-nos deles e fomos embora. Não estávamos a mais de dez metros de distância quando ela praticamente ordenou:

— Ok, agora você vai me contar tudo o que houve naquele quintal.

Prometi a ela que não guardaria mais segredos.

— Nós bebemos vodca.

— Sabia. Ninguém ri tanto sem nada. O que mais?

— Jaden e eu... nós nos beijamos.

— Ai, que feliz! — ela quase deu pulinhos.

— Mãe, isso não é nada feliz. A gente estava bêbado, ele disse que não queria sentir dor. Eu também não queria, por isso bebi também. Dave ficou bêbado não sei o porquê, mas ficou. Mas a questão é que Jaden está sofrendo e sinto como... Como se fosse...

— Sua culpa — sua expressão ficou mais séria.

— E ele gosta de mim e eu gosto dele. Ele vai querer se aproximar mais e não sei se consigo lidar com isso. Como olhar e beijar um cara que me traz tanta culpa?

— Você deveria contar isso para ele.

— Mãe, os pais dele morreram há uma semana. Como eu vou falar isso para ele?

— Hostie.

— Tabarnak. — tentei um insulto pior.

— Merda. — Ergui as sobrancelhas. — Coisas que você aprende no trabalho. — Olhei para o chão, sentindo todo aquele peso que tinha ido embora com as risadas voltar para os meus ombros. — Oh, meu amor, vai ficar tudo bem, ok?

Não respondi, só deixei que ela colocasse seu braço em meus ombros, afinal, era mais leve que a minha culpa.


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Notas finais do capítulo

Tenso, não?
Sabia que ontem fez um ano que estou postando essa história? Weeeeeeee o/
Leitores queridos, obrigada a todos que acompanham, aos que comentam e até aos que não comentam, a gente perdoa.
Críticas, comentários, sugestões e desabafos abaixo vvvvvvvvvvvvv
Até o próximo o/



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