The Girl Who Survived escrita por LullyDean


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olha, eu amo muito essa fanfic, tanto que tinha de escrevê-la, porém algo estava errado. De início não acreditei que meu bloqueio criativo estivesse ocorrendo por causa do inicio da história e do meu desagrado com ele, mas quando percebi, tive de corrigir tal erro.

Sinto muito por ter demorado tanto e por tê-los feito esperar horrores, mas milagres acontecem e espero que gostem dessa nova versão de TGWS.

É a ultima vez que vou reescrever ela, juro!


Bem, sem mais delongas, boa leitura!



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França — Mansão Blackwell

1981

 

A grande e velha mansão das Blackwell’s sempre foi uma bela visão.

Durante o passeio era comum escutar os pássaros nos galhos das árvores e ouvir o barulho da água corrente da grande nascente em alguma parte da propriedade.

Após a trilha, a grama lisa e macia abre caminho para a grande mansão da família Blackwell (antigamente um castelo), onde nas paredes cinzentas cresciam alguns ramos de falsa-vinha. Uma planta arbustiva trepadeira com folhas verdes brilhantes, de crescimento rápido e muito vigoroso, com gavinhas que aderem a outras plantas e paredes.

Logo na entrada da mansão, quatro pilastras cinzentas sustentavam o telhado de uma passagem de quatro metros até a grande porta de madeira, que se encontrava completamente molhada graças a uma ventania frenética em meio à chuva.

Os pingos grossos e pesados açoitavam as paredes do grande casarão com violência. No lado de dentro da mansão, onde os cômodos pareciam respirar na penumbra, duas mulheres se encontravam na biblioteca.

A mais velha estava sentada diante à mesa de mogno, enquanto a mais nova lia um livro de estudo de Defesa Contra as Artes das Trevas no sofá escarlate velho e macio.

Os cachos castanho acaju estavam bagunçados, sendo contraditoriamente domados por uma fita de cor salmão. Pequenos fios encaracolados desobedientes caiam diante o livro, sobre a face pálida e ansiosa da menina.

Os olhos caramelos de Emilly possuíam olheiras devido às noites mal dormidas e permaneciam inchados como resultado das lágrimas que caiam toda noite antes de dormir. Angustiada, tentou mais uma vez ler a frase do livro sem que um nó se formasse em sua garganta.

 

A Maldição da morte.

Esse feitiço produz um raio de luz verde e um som de algo batendo no alvo sem causar dor. Não pode ser prevenido pelo uso de nenhuma poção ou contrafeitiço. Os médicos sequer conseguem detectar a causa mortis e não existe proteção contra ele.

Quem utilizar a Maldição da Morte em outro ser humano recebe pena de prisão perpétua, na prisão bruxa de Azkaban.

 

Fechou os olhos com força sentindo os mesmos marejarem.

Ela podia amar o livro e a matéria em si, mas desejou nunca ter tocado no mesmo aquela noite.

Fechou o livro silenciosamente, não querendo fazer barulho.

Grizelda ergueu a cabeça, desviando o olhar do pergaminho sobre a escrivaninha para a sobrinha. As chamas na lareira a esta altura já dançavam timidamente, como se a qualquer momento fossem sessar, deixando ambas no escuro.

Os quadros nos corredores, que insistiam em conversar entre si todas as noites, agora permaneciam em silêncio. Nem mesmo a madeira ousava ranger diante aos passos de nenhuma das mulheres quando caminhavam pela mansão.

Tais fatores faziam Emilly acreditar que a casa inteira sabia do evento de algumas horas. O atentado em Godric’s Hollow.

— Ela estava ferida? — perguntou com a voz um pouco trêmula devido o nó que tinha se formado na garganta.

Grizelda encarou a sobrinha de forma menos dispersa.

A expressão cansada e débil da mais velha era um quadro raramente presenciado pela mais nova.

Ajeitando a postura, Grizelda respirou fundo não sabendo como iniciar tal conversa. Abaixou os olhos por um segundo, organizou alguns papeis em cima da mesa, juntou as mãos entrelaçando os dedos e voltou a olhar para a sobrinha com um olhar pesaroso.

Emilly sentia a boca secar e o gosto metálico do sangue que escorria por pequenas fendas em seus lábios ressequidos, enquanto esperava por uma resposta da tia.

Mais uma vez a mulher respirou fundo. Fechou os olhos com força e permaneceu em silêncio por longos segundos.

— Ninguém sabia onde eles estavam. Com exceção de Lyanna e... — Grizelda abaixou o olhar, abriu a boca, mas logo em seguida tornou a fechá-la.

Seus lábios formaram uma linha fina, comprimidos para que as palavras uma vez pensadas não fossem formuladas.

Parecia, pelo menos para a senhora, que enquanto não começasse, formulasse ou concluísse uma frase o atentado não seria real. Parte de si gostaria que fosse assim, mas infelizmente não era.

Grizelda segurou o papel que lia tão atentamente há alguns segundos, olhou para a sobrinha que ainda mantinha o olhar fixo em si e despejou da melhor forma que pôde:

— Sirius — pôs a carta de lado, apanhou um pedaço de pergaminho em branco, o estirou sobre a mesa e molhou a ponta de sua pena branca na tinta preta do pequeno pote, que se encontrava ao lado de um grosso livro de poções — Ao que parece, Lílian, James, Camille e Connor estavam escondidos em Godric’s Hollow.

Emilly mordeu o lábio sentindo o sabor metálico de seu sangue espalhar pela boca e se misturar a algo amargo em sua garganta.

— Você-Sabe-Quem estava atrás dos quatro... de Harry para ser mais especifica... quanto a filha de Camille, creio eu, ele quisesse... honestamente, não faço ideia do que se passou por aquela mente depravada em relação a neta da Sra. Blackwell... aquele monstro desenvolveu um interesse nela e logo deixou claro que estava atrás da menina também... Quase a apanhou certa vez...

 — O atentado antes de a Camille sumir com o Connor... — murmurou com amargura — Mas Lílian e Camille tiveram uma briga horrível... os rumores...

 — Verdadeiros — esclareceu — Ao que parece uma encenação, creio eu, para saber se tinham um traidor no meio deles... poderia ser pra desviar atenção... todos sabiam o quanto Connor e James se odiavam, uma briga entre Camille e o casal seria conveniente para desviar os seguidores de Você-sabe-quem da ideia de que eles recorreriam uns aos outros para proteção... — Grizelda deslizou a pena sobre o papel.

— Recorreram...  — murmurou Emilly de forma afirmativa.

— Alguém sugeriu que teriam mais chances de escapar se apelassem para o Feitiço Fidelius...

“É um feitiço bastante complexo, o qual implica esconder um segredo, por meio da magia, em uma única pessoa viva. A informação é guardada no íntimo da pessoa escolhida, ou fiel do segredo, e torna-se impossível encontra-la, a não ser, é claro, que o fiel do segredo resolva contar a alguém. Enquanto o mesmo se mantivesse calado, Você-Sabe-Quem poderia procurar varias vezes pela vila onde estavam sem encontrá-los...”

— Eu sei o que é o Feitiço Fidelius — Emilly interrompeu a tia com certa ansiedade. Suas mãos começaram a tremer, enquanto borboletas pareciam voar em seu estômago, deixando-a enjoada — Quem era? — indagou com amargura — Quem era o fiel do segredo deles?

Grizelda ergueu o olhar para a sobrinha, mergulhando outra vez a ponta da pena no tinteiro.

— Sirius.

O amargor em sua boca piorou e seu estômago doeu como se tivesse levado um soco naquele segundo. Um soco brutal e violento.

Sirius... Era Sirius... O tempo todo foi Sirius Black...

Emilly quis gritar, suas mãos tremiam de forma descontrolada, seus lábios ressecados e quebradiços ardiam levemente assim como seus olhos marejados, inchados e avermelhados. Seus dedos apertaram a capa escura do livro que lia anteriormente até ficarem brancos, sendo essa a melhor maneira que encontrou para disfarçar a tremedeira.

Travou o maxilar, engolindo a vontade de chorar e toda raiva que sentia.

— Continue — exigiu, voltando a travar o maxilar, pressionado os lábios até ficaram esbranquiçados.

Grizelda sentiu as palavras entalarem na garganta. Pela primeira vez durante todo o diálogo, não havia ar. A boca secou e uma onda de ansiedade e tristeza preencheu todo seu corpo como uma lufada de calor.

Emilly tentava, de forma nada discreta, parecer forte para a tia que já sabia o quanto a sobrinha estava se controlando para não cair mais uma vez em prantos.

— Lyanna... — a bruxa apanhou a pena e voltou a escrever, aquela era a única forma que tinha para se distrair e falar sem que as palavras a sufocassem — Acredito que Lyanna estava morando com eles ou perto... eu recebi essa carta a pouco — apontou com a cabeça a carta que lia atentamente minutos antes — Para serem encontrados, o fiel do segredo tinha de falar a localização dos quatro para alguém.

“Nenhum dos cinco esperava que ele aparecesse. Mas como Black contou à Você-Sabe-Quem, era certo que o mesmo fosse atrás deles assim que soubesse da localização. Não sabemos o que aconteceu de fato na casa, apenas que o corpo de Lyanna estava no meio da rua, os de Connor e James estava no primeiro andar da casa, e os de Lílian e Camille próximos ao berço, enquanto não se tinha nenhum sinal daquele-que-não-deve-ser-nomeado...”

— Como sabe que Sirius foi o traidor? — Emilly indagou em negação  — não consigo acreditar que ele fora capaz de trair os... preferiria morrer do que trair os amigos...

— Ele matou Pedro! — Grizelda cuspiu entredentes — Assassinou 12 trouxas em seguida! Tudo o que sobrou do menino Pettigrew foi um dedo... ele foi pego por pelo menos vinte homens do Esquadrão de Execução das Leis da Magia dando gargalhadas diante do que restava do rapaz! Fudge foi um dos primeiros a chegar, ele viu tudo. Muitos trouxas testemunharam o ocorrido — Grizelda respirou fundo de forma amarga — Sirius Black é um traidor... Traiu os amigos... Ele tirou-a de nós...

Grizelda sentia vontade de arrancar os olhos de Sirius com as próprias mãos. Mas, infelizmente, nenhuma tortura seria suficiente para fazê-lo sentir a dor que ela sentia naquele momento.

Nada podia trazer Lyanna de volta.

Emilly tentou engolir a vontade de chorar e o nó sufocante em sua garganta, não tendo muito sucesso. Lágrimas grossas desciam de seus olhos inchados, era doloroso imaginar os últimos momentos de sua irmã.

Lyanna não era perfeita, mas era incrivelmente inteligente. Jamais deixaria algo como uma suposta traição passar batido, sabendo que colocaria a vida de seus amigos em risco. Se havia algo que Emilly admirava na irmã mais velha, era a lealdade e devoção que tinha com aqueles que amava.

— O que mais? — a ruiva indagou com a voz um pouco rouca.

Grizelda, que havia terminado a primeira carta e começado uma segunda, olhou por um breve momento para a sobrinha.

— Sobreviveram — disse simplesmente, recebendo um olhar confuso da mais nova — Os dois.

— As crianças? — indagou desgrudando as costas do sofá e inclinando-se na direção da tia, mesmo sabendo da distância considerável entre o sofá e a mesa.

Grizelda assentiu.

Emilly piscou mais confusa do que antes.

Como aquilo era possível?

— Mas... o boato... — Emilly murmurou confusa, duvidando plenamente das palavras soltas nas ruas — Somente Harry foi encontrado na casa... não tinha nenhum sinal da neta da Sra. Blackwell e nem de Você-Sabe-Quem...

Grizelda mais uma vez assentiu.

— Não havia sinal dela, pois ela não estava na casa — voltou sua atenção para a sobrinha — Ao que parece, Connor a escondeu... Ela estava com Roman.

Emilly piscou tentando entender a tia.

— Como? — indagou de supetão — Os quatro estavam morando na mesma casa apenas com Harry?

— Já sabe que, com as ameaças bruxas aos nascidos trouxas e suas famílias, sua tia Cassidy precisava de proteção... — a senhora falou da melhor forma que pode, tentado não misturar as palavras da carta com a conversa que tinha com a sobrinha — Assim como a irmã de Lílian... Conseguimos comprar uma casa, bem modesta para os padrões Hansfield, mas segura e próxima o suficiente da Sra. Eva... não... como era mesmo seu nome trouxa de casada?

— Alguma coisa com Dur... — Emilly lembrou vagamente — Quando ouvi pela primeira vez me lembrou de Durmstrang... — franziu o cenho tentando recordar do nome — Durm... Dur... Durley... Dursley!

— Sim, isso mesmo. Dursley — Grizelda assentiu, não estranhando totalmente a linha de pensamento da sobrinha — Roman disse que ficaria de olho... E depois de ser deserdado e ir morar com os trouxas, escondeu sua tia e a protegeu... mas ao que parece, não só ela...

— Não soa como uma atitude que Camille aceitaria... deixar a filha com o irmão de Connor... confiar em alguém nesse momento... se afastar da filha para proteger Harry...

— Não, não soa — Grizelda afirmou com uma leve sombra de descrença em seu semblante.

A senhora desviou o olhar e observou a chuva que respingava sobre a janela, perdida em seus próprios pensamentos.

— Sabe o que aconteceu com os Longbottom?

Grizelda sentiu o estomago revirar.

— Não — mentiu.

Emilly ficou quieta.

— O que sei, é o que Lucy ficará com Roman.

— Mas a Sra. Blackwell...

Grizelda negou com a cabeça, um gesto que insinuava muitas coisas para a sobrinha e uma delas era a repulsa que dona do casarão tinha pela própria neta.

— Não perdoou a filha mesmo depois de morta...

— Não sei ao certo o que se passa em sua mente — afirmou a mais velha —, mas o que posso insinuar, talvez erroneamente, é que o orgulho a consumiu junto do luto e da negação.

Emilly tentou umedecer os lábios.

— Ela irá reconsiderar — disse esperançosa — É a ultima Blackwell. Sua neta. Ela irá reconsiderar.

— Claro que vai — afirmou com a cabeça — O sangue e o dever falarão mais alto.

Um estampido baixo as assustou, ligeiramente.

Perto da lareira, grande olhos tristonhos as encaravam.

As longas orelhas pontudas quase tocavam a bandeja de prata que a pequena elfo trazia. Ela andou timidamente até a mesinha perto do sofá, depositando a mesma com duas xícaras e um bule de chá fumegante.

— Sinto muito, senhoras... — sibilou a elfo domestica.

— Sentimos muito também, Ava — Emilly respondeu entristecida.

— Minha senhora era tão boa com Ava... — murmurou com a voz esganiçada — Minha senhora não merecia... O que farei sem minha senhora agora? Ava sente muito... sente muito pela senhora Blackwell também... Não come nada... Mor também sente, não consegue ajudar a própria senhora... assim como Ava não ajudou a dela...

Com outro estampido, a elfo sumiu.

Emilly lamentou silenciosamente encarando a bandeja.

Não houve diálogo após a aparição de Ava. A biblioteca ficou silenciosa, assim como o resto da casa. Ali não havia comemoração pela queda do bruxo. Não como em todo reino unido, onde pessoas se reuniam em segredo, erguiam os copos e diziam, sem saber da verdade, com vozes abafadas:

— À Harry Potter, o menino que sobreviveu, e à Lucinda Blackwell, a criança que não teve tanta sorte.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu simplesmente ameeeeeeeeeeei escrever esse capitulo, pois desde o inicio da fic eu evolui horrores e queria colocar tal evolução aqui ♥



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