O Amor É Mesmo Cego escrita por Dorothy Bass


Capítulo 1
Uma boa viagem pra mim...


Notas iniciais do capítulo

Olá meus lindos e lindas! Tudo bem?Então, espero muito que gostem e deixem seus comentários!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/626274/chapter/1

Acordei com o barulho alto do despertador bem ao lado do meu ouvido. Eu tenho que parar de deixar o celular do meu lado na cama. Fico inventando de mexer nele até quando não aguento mais ficar de olhos abertos e depois tenho preguiça de esticar o braço pra deixa-lo no criado mudo, então ele fica lá, embaixo do meu travesseiro, diabolicamente esperando até a hora de acordar pra tocar me dar aquele mini ataque do coração.

Mas enfim, isso não interessa. O que interessa é que finalmente chegou o dia pelo qual eu esperei por seis longos e árduos meses: o dia do meu voo pros Estados Unidos. Vou fazer um intercâmbio de seis meses em uma cidade chamada San Diego, na Califórnia. Desde pequena penso no momento em que vou visitar outro país, pegar um avião pela primeira vez, e ficar longe de casa. Não que eu não goste da minha casa, é claro! Eu amo minha casa. Mas não sei por quê, sempre pensei no momento de deixa-la, também. Algumas coisas a gente não consegue entender, quem dirá explicar.

Levantei-me às pressas para tomar banho, e quando saí dele coloquei roupas íntimas e abri meu armário quase vazio para pegar a troca de roupa que eu havia separado pra hoje

Comecei a abrir todas as gavetas, mas não conseguia achar. Eu podia jurar que tinha deixado tudo dobradinho, bem em cima ali do...

– JOÃO! – gritei, enquanto saía do quarto batendo os pés, indo em direção ao quarto do meu irmão irritante de 10 anos. Adentrei o cômodo sem bater antes, e já ia começar um barraco quando vi que ele estava dormindo ainda. Hum, interessante. O que fazer com um irmão ladrão de roupas que está brincando de Bela Adormecida? Fui ate seu banheiro, peguei o copo em que ele guardava a escova de dentes, esvaziei-o e o enchi de água até o topo. Parei ao lado da cama da peste e pensei por alguns segundos...

“É muita maldade?” me perguntei, hesitando um pouco, mas logo lembrei da vez em que ele cortou meus cabelos enquanto eu dormia. Uma aguinha não faria mal... Mata a sede, inclusive. E então despejei a água toda no rosto de João, que levantou num pulo, fazendo um barulho engraçado enquanto cuspia a água que entrara na sua boca e me lançando um olhar desesperado e confuso, o que me fez começar a gargalhar muito alto.

– Desculpa, João... – disse, em meio aos risos. – Escorregou! – fiz um biquinho, mas eu vi que ele estava... Estranho. Sua cara estava toda vermelha, parecia um pimentão. – É... vou indo. – falei e dei um passo manso, indo de costas em direção à porta, mas quando vi que ele estava se livrando dos lençóis com uma expressão nada amigável, eu saí correndo e desci as escadas gritando.

– Mãe! Mãe! – cheguei na cozinha e vi que ela estava fazendo o café. Fui pra trás dela, e comecei a tagarelar. – O João tá doido! Problemas mentais! Devaneios! Colégio interno é a solução, mãe! Olha pra el...

– Thainá, por que seu irmão tá todo encharcado? – Ela perguntou, abrindo um sorriso divertido.

– Conta pra ela, Thainá!

– Ele roubou minhas roupas, ele que começou! – falei com meu melhor tom de indignação.

– Tá doida? Você que...

– Vocês dois parem agora! João, devolve a roupa da sua irmã. E Thainá, quantos anos você tem mesmo?

– 17 anos muito bem vividos... – respondi, dando de ombros enquanto saía de trás dela e me apoiava na mesa.

– Então aja como se tivesse! Resolva os problemas civilizadamente. – ué, tem idade máxima pra jogar água no irmão e sair correndo até minha mã... Ah, saquei. Saquei, mãe. – E você sabe que está só de roupas íntimas, né?! – ela perguntou, rindo e balançando a cabeça negativamente, e eu olhei pro meu próprio corpo, confusa. Só de roupas íntimas...

– SÓ DE ROUPAS ÍNTIMAS! – Falei alto, tentando cobrir meu corpo do meu irmão saí correndo pra porta da cozinha, mas uma coisa dura e ao mesmo tempo macia me impediu de passar e me derrubou no chão.

Tentei me cobrir mais ainda quando olhei pra cima e vi que era o filho (super gato, diga-se de passagem) da Laísa, nossa empregada, a coisa dura em que eu bati um pouco antes de cair no chão como uma gelatina. Levantei-me rapidamente e saí correndo para o quarto do meu irmão pra procurar logo essas roupas.

Que vergonha! Nunca mais vou olhar na cara desse menino! Ele nunca vem pra cá, e quando vem, eu faço alguma coisa vergonhosa. Da última vez ele chegou aqui, eu estava com o rosto todo coberto de uma pasta hidratante marrom. Ah, e da primeira vez que o vi, que foi no casamento de Laísa, eu tinha acabado de cair em cima da mesa de doces.

Encontrei, enfim, minhas roupas debaixo da cama do João. Original, não?! Troquei-me, sequei o cabelo e desci para tomar café da manhã. Graças a Deus o filho da Laísa já tinha ido embora.

– Filha, vai rapidinho, ok? Temos que sair de casa em meia hora. – minha mãe falou enquanto mastigava o pão. Depois as pessoas não entendem por que eu falo com a comida na boca!

– Tá bom mamãe. Já tá tudo pronto. – falei, enquanto pegava os ovos na geladeira pra fazer omelete. Senti o olhar de minha mãe em mim o tempo todo. Ela me olhava com carinho, e a saudade já estava ali, bem no fundinho. – Eu volto, mãe. Você sabe disso. – encorajei-a, e ela sorriu, apesar de ter uma pontinha de dor ali. Eu queria que ela ficasse bem, e ao mesmo tempo não considerava a possibilidade de não ir. E seria loucura desistir.

E então, em exatamente meia hora já estávamos todos (eu, minha mãe, meu irmão e a Laísa) no carro, indo em direção ao aeroporto. Se eu estava ansiosa? Acho que não podia estar mais.

**

Eu já tinha me despedido de todos, inclusive do Caio e da Joana, meus dois melhores amigos que apareceram no aeroporto de surpresa. Abracei, beijei, falei algumas milhares de vezes que ia sentir a falta deles. Ia mesmo ser difícil ficar sem esse pessoal todo, e a saudade já apertava no meu peito. Apertava muito forte. Precisei juntar muitas forças pra começar a me dirigir ao portão de embarque.

Comecei a imaginar como seria a minha família, minha casa, meu colégio... A agência de intercâmbio me mandou foto deles, mas eu decidi não vê-las. Queria ter uma surpresa! Por enquanto, tudo o que me resta é sentar no avião e imaginar como eles são. E comecei pela minha host-mother. Loira e magricela. Muito doce! E meu host-father... deve ser o famoso macho alfa, o durão, que não deixa a filha voltar depois das 22h nem do aniversário da amiga, quem dirá de uma balada. Moreno, alto, um pouco acima do peso, e de bigode. Ri com esse pensamento... Bigodes são bem engraçados.

Bom dia senhores passageiros. Aqui quem fala é o comandante Silva. O tempo aproximado de viagem até nossa primeira escala em Washington é de dez horas. De Washington a San Diego, a previsão é de 5 horas de voo. A temperatura aproximada no local de destino é de 22 graus. Desejo a todos uma boa viagem.

Uma boa viagem pra mim, então...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quero saber o que vocês acham, viu?! Beijos de luz pros meus maravilhosos leitores!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Amor É Mesmo Cego" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.