School Days escrita por Isa
– Posso entrar? – Perguntou Sebastian, receoso.
– O quarto é seu. – Gwen deu de ombros.
Sem dizer mais nada, ele entrou e sentou-se ao lado dela na cama. Permaneceu calado, evitando olhá-la, para evitar que qualquer sentimento de culpa, por mínimo que fosse, surgisse. Por outro lado, o som do choro e os murmúrios incompreensíveis eram ouvidos e já era o suficiente para que se sentisse mal. Porém, não chegava a ser o suficiente para fazê-lo se arrepender, pois seu subconsciente ainda tinha certeza de que o que fazia era por um “bem maior”, também conhecido como a possibilidade de conseguir mudar a forma como ela o via e finalmente conseguir namorá-la. Não se arrependia nem um pouco de causar aquele sofrimento, porque na cabeça dele, tudo seria compensado, já que ele nunca a magoaria quando ficassem juntos.
– Eu sou tão burra... – Finalmente, após minutos em silêncio – ou quase, já que seu choro era bastante audível – Gwen se pronunciou, em tom meio arrastado. – Como foi que eu não previ isso? Aquela vadia sempre consegue o que quer!
– Olha, se quer saber a minha opinião... – Receoso, olhou para ela. As marcas das lágrimas eram visíveis, no entanto, aparentemente o choro havia cessado. Suspirou, aliviado. Isso facilitaria um pouco o “trabalho” dele. – O problema não é só a Allison...
– Acha que eu não sei disso?! – A voz elevou-se, em óbvia irritação. – Desculpa, eu só... – Parou de falar e permaneceu assim por três segundos, que naquela situação, pareceram uma eternidade. – Você... Você acha que eu posso ter entendido errado?
– O quê? Não! – Segurou-se para não berrar e manter-se neutro em relação àquilo. – Você viu, Gwen. As duas estavam se beijando, escondidas dos outros... E não foi só você. Eu também vi. E tive exatamente a mesma conclusão.
– É só que... Não faz o menor sentido... Por que ela ficaria com a Allison? Nós estávamos... Tudo ia tão bem... Eu... Eu não entendo... – Nesse momento, as lágrimas brotaram novamente nos olhos castanhos, mas ela rapidamente as secou, abaixando a cabeça logo em seguida.
– Ei... – Ele levantou delicadamente o rosto dela. – Não vale a pena sofrer assim por ela...
– Eu preciso conversar com ela. – Afirmou, levantando-se. – Caso eu tenha entendido errado, não posso estragar tudo desse jeito...
– Gwen! – Segurou-a pelo pulso, sem muita força. – Não faça isso consigo mesma... Ela te traiu, não tem nenhuma outra explicação...
– Como é que você pode ter tanta certeza? – Desvencilhou-se do leve aperto, “puxando” o pulso para si.
– Porque... – Teatralmente, parou. – Eu não sei se devo falar, acho que só vai piorar ainda mais a situação...
– Do que você está falando? – Voltou a se sentar. – Me conta, por favor...
– Outro dia, na escola, eu vi as duas conversando. Era só que elas faziam. Conversar... Mas também, pareciam bastante próximas... Foi uma das razões pelas quais eu imaginei que a Allison fosse uma amiga e que vocês duas apenas tivessem brigado, entende? – Esforçou-se para passar o máximo de credibilidade que fosse possível. – Sinceramente? Estou começando a achar que hoje não foi a primeira vez que isso aconteceu...
– Tem certeza de que eram elas? – Precisou ter certeza. Sua expressão facial implorava por um “não”.
Contendo o sorriso que teimava em querer aparecer em seu rosto, ele respondeu:
– Absoluta.
Aquela confirmação foi como um balde de água fria, acabando com qualquer esperança que ela ainda tivesse de ter cometido um engano. E só então ela se deu conta de como, pela primeira vez na vida, desejava com todas as suas forças estar errada. Mas, infelizmente, não estava.
Liz tinha mesmo a traído...
– Gwendy? – Noah a chamou, entrando no quarto seguido.
– Pode me levar para casa, por favor? – Pediu, indo até ele, que assentiu, antes de murmurar um “vou avisar a Jenn”.
(...)
– Ah, vai se foder! – Frannie berrou, sem mais paciência para a burrice do namorado. – Ele é seu amigo? Que ótimo! Lindo, de verdade... Mas não pode ignorar o fato de que ele é um grandessíssimo filho da puta!
– Bom, não foi ele quem decidiu beijar a Allison... – Matt retrucou, irônico.
– Cara, você nem viu o que aconteceu... – Rony decidiu intervir.
– É? A Frannie também não... – O quarterback fez questão de lembrar. – Ninguém aqui viu! E mesmo assim, estão acusando o Seb sem provas...
– Eu não estou acusando ninguém de nada. – Disse Isaac, erguendo as mãos como se declarasse defesa.
– Eu também não. – Rony o acompanhou. – Não estou do lado de ninguém, prefiro ficar fora dessa...
– Bom, nós estamos acusando sim. – Frannie afirmou, apontando para si mesma e então para Josh. – O imbecil do Sebastian armou tudo, tenho certeza...
– Chega! Não adianta ficarmos discutindo isso! – Terry falou. – Concordo plenamente que essa história toda deve ter dedo do McKean, mas não é problema nosso... Sem bem que... – Olhou diretamente para Liz, que estava sentada no sofá, chorando compulsivamente, enquanto era consolada por Britt e Becky, que haviam chegado pouco depois de toda a confusão acontecer. – É realmente estranho vê-la reagir desse jeito. Mudei de ideia. Estou mesmo com a Fran e o Josh nessa.
(...)
– Obrigada pela carona. – Murmurou Gwen, preparando-se para abrir a porta, mas a mão do melhor amigo a impediu. – O que foi?
– Eu acho que você precisa conversar com alguém sobre o que aconteceu. – Expôs Noah, sério como ela não via há tempos.
– Já falei com o Sebastian e fazer isso não me ajudou em nada. – A baixinha contestou.
– Alguém que realmente seja seu amigo, Gwen. – Ele disse, de forma meio cortante. – Aquele idiota deve estar comemorando uma hora dessas...
– Tanto faz. – Ela deu de ombros. – Não muda o fato de eu ter visto a Liz beijando a Allison.
– Se quer saber, ela parecia bem mal quando a vi antes de virmos embora. – Comentou Jennifer, meio que sem saber ao certo o que pensar, mas ao mesmo tendo achando estranho o acontecimento. Ela tinha uma grande habilidade para “ler” as pessoas. E bem, pôde ver nos olhos da líder de torcida que ela não estava mentindo. – Você tem certeza que elas estavam se beijando?
– Eu vi, Jenn. Eu cheguei bem na hora, e... – Permitiu-se suspirar longamente antes de finalizar sua sentença. – O Sebastian disse que as viu conversando outro dia, na escola...
– Ah, o Sebastian disse. – A ironia na voz de Noah era evidente. – Realmente, uma prova incontestável.
– Não quero ter que passar por isso outra vez... – Mais uma vez, as lágrimas teimaram em aparecer, mas naquele momento ela não se deu ao trabalho de impedi-las. – Não consigo lidar com a possibilidade dela realmente ter me traído... Eu... Eu simplesmente não posso me permitir criar esperanças só para sofrer depois...
Sem aguentar ver a melhor amiga daquele jeito, Noah retirou rapidamente seu cinto de segurança e a puxou para um abraço apertado, que durou até que ela parasse de chorar.
– Gwendy... – Ele chamou, ao se afastarem. – Ela não é a Jane...
– Eu sei. – Gwen asseverou, olhando para o nada. – E é exatamente isso que faz doer bem mais...
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