Liz Harrison estava sentada desconfortavelmente em uma cadeira dentro de uma sala de aula vazia. Tantos nomes passavam por sua mente. Matthew Carter, Caleb Grayson, Gwen Collins...

Ela continuava a ser a rainha daquela escola. Nenhuma outra líder de torcida era tão popular quanto ela. No entanto, sem um namorado, aquilo não duraria. Era óbvio que ela não gostava de ser a "namorada troféu", mas sabia que sem sua popularidade suas únicas amigas seriam Brittney e Rebecca. Talvez nem elas.

Matt era quarterback novamente e Caleb era um fracassado inútil. De qualquer forma, não namorava nenhum dos dois. Não ficaria com Grayson agora que ele era um zero à esquerda. E bem, Matthew a havia dispensado.

Mas onde afinal Gwendolyn Collins entrava naquela história toda? O nome da baixinha se repetia constantemente na mente da loira. Talvez Becky estivesse certa... Ela estava ficando obcecada! Toda essa ideia maluca de destruir a vida da morena e descontar toda a sua raiva não era mais uma válvula de escape. Era quase como um hobby.

Aquela garota continuava a irritando profundamente e ela sequer sabia o porquê. Seria ótimo ter um motivo para odiá-la, mas Liz sabia que não tinha.

Gwen era atrapalhada, divertida e muito gentil. Não precisava se esforçar para fazer os outros gostarem dela.

Liz convivia com pessoas falsas em todos os aspectos. Seu pai, Jonathan Harrison, era um cristão fervoroso e, por alguma razão, achava que isso absolvia todos os seus erros. Machista, homofóbico... Talvez até um pouco racista em alguns momentos. Sua mãe, Lily, não se importava com nenhum dos absurdos ditos por Jonathan. Seus amigos? Apenas Brittney e Rebecca eram boas para ela. Os outros eram egocêntricos e metidos que só falavam com ela por ela estar no topo da "cadeia alimentar" daquela escola.

– Senhorita Pillsbury? - Ouviu a voz da pessoa que mais odiava chamar pela professora de História, enquanto a porta era aberta. - Eu queria fazer umas perguntas sobre o trabalho que Terry e eu iremos apresentar... - Foi então que pareceu notar que não era a professora quem estava ali. - Oh...

Ficou em silêncio, na esperança de que a baixinha apenas fosse embora. Não aconteceu. Gwen continuou a encarando.

– Perdeu alguma coisa? - Perguntou friamente.

– Não, é que... O que está fazendo aqui? Está na hora do almoço e todos estão no refeitório e... - Começou. - Esquece. Isso não é da minha conta.

Gwendolyn caminhou em direção à porta.

(...)

Caleb sentou em frente ao bar e pediu um Scotch. Precisava de uma bebida, depois de todo o estresse que acabara de passar. Quando sua bebida chegou, virou o conteúdo todo de uma vez e pediu outro. O dono daquele lugar não se importava nem um pouco com o fato dele ser menor de idade desde que ele tivesse como pagar.

– Um Jack, por favor. - Uma voz feminina chamou a sua atenção.

A mulher que sentara ao seu lado tinha um ar esnobe. Ela, definitivamente, não combinava com o local.

– Você não parece o tipo de pessoa que frequenta esse tipo de ambiente. -

Afirmou Caleb, chamando a atenção da jovem mulher, que não parecia ter mais de 20 anos.

– Nem você. - Retrucou. - Até onde eu sei, não tem idade para beber.

– Touche! - Levantou o copo em um falso brinde. - Minha namorada me deu um fora e a garota com a qual eu estava saindo me dispensou para tentar voltar com o ex namorado. - Admitiu. - O que te traz aqui?

– Não que isso seja da sua conta... - Tomou um gole do seu whisky. - Mas, meu noivo, que também era o meu namorado do colegial, me traiu com a minha melhor amiga. E esse foi o primeiro bar que encontrei nesse bairro.

– Então... Estamos praticamente no mesmo barco. - Abriu um leve sorriso. Não seria assim tão difícil tirar Sue de sua cabeça. - Como se chama?

– Katherine e você? - Apesar de parecer se divertir, a mulher não sorriu.

– Caleb.

(...)

Gwen pegara carona com Frannie para o apartamento da amiga. Naquela tarde, faria o trabalho de Biologia com Isaac e na próxima semana o de História com Terry. Era ótimo poder fazê-los com amigos. Alguns professores, infelizmente, escolhiam as duplas. Uma vez, teve que fazer uma pesquisa sobre a Guerra do Iraque com Rebecca Evans, que se recusou a ajudá-la na tarefa, pois tinha um "compromisso urgente" com Brittney.

– Isaac está no quarto. - Frannie informou.

Caminhou então em direção ao quarto do amigo. Bateu na porta uma, duas, três vezes. Até que ela finalmente foi aberta.

– Gwen? - Isaac pareceu surpreso.

– O trabalho.

– Oh sim, eu tinha me esquecido...

(...)

– Sue, por favor... Eu tenho que ir agora. - Pediu Sebastian, entrando no carro de um colega.

– Seb, me desculpa... Eu sei que minhas crises de ciúme não faziam o menor sentido e que eu estraguei tudo, mas... Me desculpa, meu amor... - Insistiu a garota, sem se desgrudar da porta.

– O problema já não é mais só esse, Susan. - Disse ele, um pouco impaciente.

– Não gosto de você como gostava antes, eu sinto muito.

– Eu terminei com o cara que eu estava saindo por você! - Exclamou, ofendida. - Não pode fazer isso comigo, Seb! Eu amo você!

– Eu conheço o cara, Sue. Ele é o bully que maltrata o Josh no colégio dele. - Informou. - E bem, vocês não estavam saindo... Estavam dormindo juntos. Apenas isso. E fez isso mesmo sabendo que ele namorava a ex do Mattie. Se fez isso com outra garota, não devia se sentir no direito de ter ciúmes de alguém...

– Pensei que esse não fosse o problema!

– Por favor, afaste-se do carro... - Pediu Luke, o colega de classe de McKean. - Nós temos que ir agora...

– Eu não desisti. - A garota deixou claro, antes de se afastar.

(...)

Rebecca não entendia a urgência dentro de dela de querer estar perto de Brittney. Com seus pais em casa, não poderia fazer nada que realmente quisesse. Não podia segurar a sua mão, flertar com ela, beijá-la. E isso a estava enlouquecendo. Não podiam nem mesmo ficarem próximas demais. Não queria que seu pai ou sua mãe suspeitassem de algo. Afinal, ela não era lésbica. Era? Não, não era. Não podia ser. Era algo divertido que iria embora com o tempo. Apenas isso.

As duas faziam uma maratona de filmes, sentadas no sofá da casa de Becky. Ao final do primeiro filme, os anjos para os quais ela esteve rezando finalmente a escutaram. Depois da loira ter se levantado para colocar um novo DVD ela se sentou significativamente mais perto.

– Sabe quando eu disse que eu não esperava que você aparecesse? Bom, eu estou feliz que você tenha vindo... - Confessou, sorrindo genuinamente.

Britt então entrelaçou seus dedos, debaixo do cobertor.

E Rebecca sentiu como se tivesse ganhado alguma medalha olímpica.

(...)

– Isso é fofo... - Comentou Isaac, sorrindo bobamente.

Gwen o encarou, sem entender.

– Do que está falando?

– A forma como você morde o lábio inferior quando algo a incomoda. - Explicou ele, ainda com o mesmo sorriso.

– Não tem nada me incomodando... - Mentiu.

A presença do rapaz a estava deixando nervosa. Não que fosse uma garotinha apaixonada, mas gostava de Isaac.

– Eu preciso te falar uma coisa. - Disse Isaac, decidido a revelar seus sentimentos pela garota.

– Hm? - Olhou para ele.

– Eu... - Pensou em qual seria a melhor forma de dizer isso. - Eu acho que... Hã...

– Pode me falar qualquer coisa... - A baixinha sorriu amigavelmente para ele.

– E-eu gosto de você. - Admitiu. - E eu entendo totalmente se não sentir o mesmo. Não quero que se sinta mal por não me corresponder nisso e...

Um largo sorriso brotou nos lábios de Gwendolyn.

– Shh... - O interrompeu.

O beijou. Inicialmente, ele não teve reação. Estava surtando por dentro e não acreditava que aquilo realmente estava acontecendo. Mas então, após perceber que aquilo era real e não alguma alucinação maluca criada pelo seu cérebro, correspondeu.