– Será que pode, por favor, parar de andar e me ouvir? – Frannie se “materializou” em sua frente, impedindo-o de seguir seu caminho em direção ao campo de futebol.

Matt rolou os olhos castanhos, suspirando pesadamente. Logo em seguida, afirmou:

– Agora eu não posso, Fran.

– Mattie, por favor... – Ela insistiu. – Eu sei que agi como uma idiota ontem e que não deveria ter acreditado no que a Watson disse, mas...

– Quando foi que eu te dei algum motivo para desconfiar de mim? – Ele interrompeu, perguntando. – Todo esse tempo, eu fiz alguma coisa, qualquer coisa, que pudesse te levar a duvidar dos meus sentimentos por você? Do que esse relacionamento significa para mim?

– N-Não, mas...

– Mas o quê? – Cruzou os braços,com olhar interrogativo e um tanto irritado. Após muito esperar, nenhuma resposta veio. – Foi o que eu pensei... – Bufou. – Então por que não acreditou em mim?

– Ela atendeu o seu telefone, me falou todas aquelas coisas... É claro que eu surtei! Como acha que eu deveria reagir?

– Eu não sei, me perguntar se era mesmo verdade, talvez? – Sugeriu o óbvio, ironizando. – Quem sabe, depois daquele seu ataque, ter se dado ao trabalho de ouvir a minha versão da história ou fazer o mínimo de esforço para acreditar em mim!

– M-Matt, calma...

– “Calma”? – Olhou-a, incrédulo. – Não foi o que eu te pedi ontem, quando começou a gritar comigo feito uma maluca?

– Olha, eu sei que errei, mas estou tentando resolver as coisas aqui...

– Eu passei quase meia hora te ouvindo berrar pelo telefone, enquanto tentava resolver as coisas. – Fez questão de lembrar, para então soltar outro longo suspiro. – Chega. Não quero mesmo falar com você agora. Se continuarmos com isso, essa conversa vai acabar de um jeito que eu não quero que ela acabe... – E saiu, deixando-a para trás, o encarando com expressão triste.

(...)

Mais uma vez, Liz estava perdida em pensamentos dentro da sala de aula. Observava a namorada enquanto relembrava a conversa que tivera com a mãe na tarde anterior. Definitivamente, o processo de contar para ela sobre sua sexualidade não havia sido nada fácil e ainda não sabia ao certo como compreender sua reação. Não falaram nada além de “bom dia” e “tchau” uma para a outra naquela manhã e isso começava a fazer a loira mais nova se preocupar um pouco. Entendia perfeitamente que Lily precisaria de um tempo para se acostumar com a ideia de que a filha namorava outra garota, considerando o quão fervorosamente religiosa a mulher era. Mesmo assim, sentia muito medo de nunca ser totalmente aceita. Sua relação com a mãe sempre fora muito melhor do que com o pai... Ela não queria que isso mudasse...

Entretanto, ao mesmo tempo que todas essas dúvidas a atormentavam, sentia-se tão aliviada por finalmente ter contado. Nada mais a impediria de mostrar ao mundo o quanto amava Gwendolyn Collins. Começava até a se perguntar o porquê de ter demorado tanto tempo para se assumir... Era tão bom poder beijar sua baixinha quando bem entendesse, sem se preocupar com quem estaria vendo... Agora sim estavam realmente juntas. O relacionamento não era mais um segredo! Considerava esse um passo extremamente significativo. Inclusive, o fato de serem oficialmente um casal sem medo algum de demonstrarem isso a fazia se sentir mais confiante quanto a dizer “eu te amo”. E sim, gastava muito tempo pensando sobre isso, por mais idiota que isso a fizesse parecer...

(...)

– Eu te amo... – Falou Isaac, envolvendo os braços ao redor da cintura da namorada carinhosamente.

Terry colou seus lábios nos dele, beijando-o de forma doce e apaixonada.

– Eu amo mais. – Ela afirmou, sorrindo.

O gamer balançou a cabeça negativamente, discordando, para então beijá-la novamente.

– Olha, vocês são super fofos e tudo mais, mas se incomodam de não ficarem se agarrando na minha frente? – Frannie pediu, revirando os olhos.

– Você fica se agarrando com o Matt o tempo todo... – Brincou Terry. Só após algum tempo percebeu a reação nada feliz da amiga ao ouvir o nome do quarterback. – O que foi? – Perguntou, sem entender.

– Os dois brigaram... – Explicou Isaac, sussurrando.

– Oh... – Foi só o que a gordinha conseguiu dizer inicialmente. – Nossa, Fran... Sinto muito, eu não sabia...

– Está tudo bem... – Forçou-se a sorrir. Mesmo assim, o casal facilmente percebeu as lágrimas se formando em seus olhos. – Eu... Eu preciso ir. Tenho aula de Geometria agora! – Inventou a primeira desculpa em que pensou, para sair de lá. Enquanto andava – lê-se praticamente corria – na direção oposta, acabou esbarrando em Gwen, que se aproximava dos dois amigos acompanhada por Liz e Josh. Murmurou um “me desculpe”, acelerando o passo.

– O que aconteceu? – A baixinha quis saber, preocupada.

– É uma longa história... – Isaac respondeu, suspirando.