Becky não sabia ao certo o porquê de ter concordado em pegar carona com Brittney e Claire. Talvez, quisesse provar que já não se incomodava mais com a relação das duas, o que infelizmente continuava não sendo 100% verdade.

De todo modo, estava feliz. E não seriam as demonstrações de afeto das duas que mudariam isso. Havia dado o primeiro passo, durante o treino das líderes de torcida. Quando Liz perdeu a paciência definitivamente e intimou as colegas de equipe que se alguma delas ousasse dizer qualquer coisa minimamente ofensiva estariam fora do grupo, foi capaz de reunir coragem o bastante para assumir que também era lésbica.

No fim, as garotas pareceram aceitar, considerando que Britt já tinha se assumido há algum tempo. Entretanto, alguns jogadores específicos – lê-se Cooper e seus amiguinhos – começaram com as piadinhas idiotas e comentários estúpidos. Até chegou a receber um copo de café quente no rosto, como viu fazerem com Liz mais cedo naquele mesmo dia.

Bom, mesmo com a pequena “humilhação”, valeu a pena. Agora, não precisaria mais esconder quem era e caso encontrasse uma garota de quem gostasse, não passaria pela mesma situação que havia passado com Britt. Só faltava conversar com os pais e tudo seria – finalmente – resolvido.

(...)

– Oi, mãe. – Josh atendeu, segurando o celular no ombro enquanto guardava os materiais na mochila. – Desculpa não ter te ligado antes, mas é que não vou almoçar em casa hoje... Tudo bem?

– Claro filho, deixa eu adivinhar... Vai almoçar com o Rony. Acertei?

Um sorriso alegre apareceu nos lábios dele, que murmurou um “uhum”. Continuaram conversando por mais alguns minutos, até que foi obrigado a desligar ao ver o diretor passando. A última coisa que precisava era ter seu telefone tomado mais uma vez...

Seguiu até o estacionamento e não demorou para achar Rony, que acenou para ele com um enorme sorriso no rosto.

– Não acredito que vou ter que andar nisso de novo... – Fingiu indignação, ao olhar para a moto em que o namorado se apoiava.

– Já falei, com o tempo você vai acabar se acostumando. – Insistiu, ainda sorrindo. – E veja pelo lado bom, pode me abraçar por todo o percurso...

– Bom argumento. – Beijou-o rapidamente, antes de montar na garupa.

Nem estava mais com tanto medo assim. Andar de moto era até divertido... No entanto, não conseguia mesmo se imaginar fazendo isso todos os dias... E menos ainda pilotando uma.

(...)

– Eu gosto disso, sabia? – Terry perguntou, com um sorriso alegre. – Ficar só com você, vendo um filme, abraçados, sem falar nada... – Recebeu um beijo de Isaac em sua testa.

Estavam sentados no sofá do apartamento do garoto – e de Frannie –, o braço dele ao redor do corpo dela, olhando para a TV desligada. Um filme tinha acabado há vinte minutos, mas não fizeram nenhuma questão de se moverem.

– Eu também. – O gamer sorriu, carinhoso. – Sabe... Antes eu sentia um pouco de vergonha de ficar te olhando por muito tempo... – Riu. – Agora eu já não fico mais assim... Namoro a garota mais linda do mundo, é óbvio que vou querer olhar...

– Você é tão fofo... – Beijou-lhe os lábios. – Mas também, não precisa exagerar. – Brincou.

– Não estou exagerando, Terr... Realmente acho você a garota mais linda do mundo. – Sorriu, bobamente.

– Own, vocês são tão fofos! – Exclamou Frannie, assustando-os.

– O-O que você está fazendo aqui? – Isaac quis saber, incomodado. – Pensei que fosse passar o resto da tarde na casa do Mattie...

– Eu ia, mas os pais dele vão trabalhar e não querem nos deixar sozinhos... – Fez um biquinho decepcionado. – Por que o Josh precisava passar o dia na casa do Rony justo hoje?

(...)

Seguindo a namorada, Gwen olhava ao redor a cada novo passo que dava, impressionada com o tamanho e a beleza daquela mansão. E ela achando que a casa de Josh e Matt era grande...

Havia acabado de conhecer a mãe de Liz. Se surpreendeu um pouco com a simpatia da mulher. Pela forma como a líder de torcida a descrevia, imaginava alguma bruxa má ou algo parecido. Claro que, o fato dela não saber sobre a natureza do relacionamento das duas provavelmente influenciava muito seu comportamento...

Foi tirada dos seus pensamentos ao sentir um puxão em seu braço. Quando se deu conta, estava no quarto de Liz, que fechava a porta.

– Eu acho que vou conversar com a ela sobre a gente hoje. – A ouviu dizer, após um longo suspiro. – Meu pai só chega depois das oito da noite. E eu... Eu andei pensando melhor sobre tudo e percebi que se existe a chance de um dos dois me aceitar, é a minha mãe que vai fazer isso...

– Não precisa ser hoje, se não estiver pronta. – Envolveu os braços ao redor do pescoço dela, encarando os olhos verdes.

– Eu estou. – Liz asseverou, convicta. – Acabo de me assumir no colégio, não quero que o que eu sinto por você seja um segredo para ninguém...

Gwen não conseguiu conter o sorriso. Instintivamente, beijou os lábios da namorada de forma carinhosa, agradecendo mentalmente pela porta estar fechada.