Frustrada. Essa palavra definia como Becky se sentia após o seu “encontro” com Rachel. Sem sombra de dúvidas, aquela não seria a garota que a faria esquecer Brittney. A cada cinco minutos, era uma nova piadinha sem graça, geralmente com conotação sexual. Como se já não fosse o bastante, o ego da de olhos azuis conseguia superar o seu e o de Liz juntos. Com certeza, não saberia lidar com isso. Não sabia lidar nem com o seu próprio... E para fechar com “chave de ouro”: ela era totalmente grossa com boa parte das pessoas que falavam com ela.

Fez uma nota mental: partir para outra. Com sua decisão de encontrar alguém que a fizesse se “desapaixonar” por Britt, não podia ficar perdendo tempo e insistindo em algo que sabia que não ia dar certo, mesmo a garota sendo absurdamente linda.

Quando encontrasse “a” pessoa, estava decidida a contar para os pais sobre sua sexualidade. Seus medos haviam arruinado seu relacionamento com Britt. Não cometeria o mesmo erro novamente... Mas para isso, precisava estar em um relacionamento com alguém que a fizesse sentir segura. Era o que procurava. Um namoro sério. Não “ficadas”. E, infelizmente – ou felizmente, considerando a enorme quantidade de reclamações que tinha sobre a atitude da mais alta – Rachel não parecia querer nada além disso.

Começava até a se arrepender por ter matado aula para passar por uma decepção terrível como aquela.

(...)

– Eu senti tanto a sua falta... – Admitiu Josh, contra os lábios do namorado.

– E eu senti a sua. – Respondeu Rony, dando-lhe vários selinhos antes de se afastar. – Eu te amo...

– Eu também te amo... – O mais baixo envolveu os braços ao redor do pescoço do loiro, abraçando-o carinhosamente. – Me desculpa por ter sido um babaca...

– Eu já desculpei, tipo, da primeira das cem vezes que você pediu. – Brincou, correspondendo ao abraço.

Ficaram assim por um tempo. Durante o abraço, Josh conseguiu ver Cooper Clarington apontar para eles e cochichar algo com os amigos, que começaram a rir. Revirou os olhos e ignorou. Sabia que, além de perda de tempo, comentar algo acabaria fazendo Rony se irritar. O kicker não era exatamente do tipo “ativista pacífico”. Embora na maior parte do tempo tentasse evitar brigas, sempre acaba se metendo em alguma...

– Hey, gaynicórnios! – Chamou Noah, se aproximando. Se separaram e olharam para ele, ambos com um olhar de “sério?”. – Foi mal, ainda não consegui pensar em um bom nome para vocês dois...

– Que tal nos chamar pelos nossos nomes? – Sugeriu Ron, revirando os olhos e rindo levemente.

– Hum... Deixa eu pensar... Não! Agora, já que Terry está com o Isaac, Frannie está com o Matt e a Gwen está com... Vocês sabem quem... – Evitou citar Liz, pois não queria acabar as expondo, já que alguém passar e simplesmente ouvir era uma possibilidade real. – A questão é, todos estão ocupados se agarrando por aí. E eu estou precisando de um conselho de alguém que não seja o Sebastian.

– Sobre a Jenn? – Josh perguntou.

– Sim. Eu tenho dizer o quanto gosto dela, mas não sei se ela se sente da mesma forma e quero saber como descobrir.

– Só diga. – Rony deu de ombros. – Quer dizer, não fale “eu te amo” ainda, mas se sente essa necessidade toda de dizer como se sente, use outras palavras.

– Outras palavras... – Noah repetiu, enquanto refletia sobre aquilo. Seu raciocínio lento não ajudava muito. – Acho que tive uma ideia e pela primeira vez não parece totalmente sem noção! – E saiu, parecendo bastante animado.

(...)

– E-Então... É... Minha irmã vai passar a noite na casa do Matt amanhã... – Começou Isaac, coçando a cabeça envergonhado. – E o meu pai... Ele... Ainda está viajando... Por isso... Eu andei pensando e... Você quer ir lá amanhã à noite? – Fez a última pergunta falando rápido. Mal acreditava que realmente havia criado coragem para sugerir aquilo.

Um sorriso apareceu nos lábios de Terry, que corou um pouco.

– Ahn... Claro!

– Legal! – Exclamou, comemorando.

Obviamente, tinha algo muito específico em mente. Claro que, se não acontecesse, estaria tudo bem para ele, mas como haviam conversado sobre o assunto, começava a pensar sempre em oportunidades. Agora só precisaria da ajuda de Frannie para pensar em uma forma de fazer com que tudo se tornasse romântico... Sabia que a namorada gostava dessas coisas e embora não fosse muito bom nisso, por ela valia a pena se esforçar.

Na verdade, qualquer coisa valia a pena quando se tratava da sua garota. A mais linda e perfeita, embora poucos conseguissem compreender e valorizar isso...

(...)

“Olha, Liz... Não estou querendo te desanimar nem nada, mas... Eu realmente espero que a Gwen seja mais paciente que eu sobre isso...” As palavras da amiga não saíam da cabeça da capitã das líderes de torcida. Não estava pronta para se assumir, não ainda... Mas só de pensar na possibilidade de perder sua baixinha, justo quando eram oficialmente namoradas... Não. Imaginar isso era doloroso demais. Não podia ficar pensando nessas coisas. As coisas entre elas estavam bem, não é verdade? Por enquanto, isso bastava...

– Está tudo bem? – A voz da namorada soou preocupada. – Ficou calada de repente...

– Não é nada. – Se esforçou para conseguir sorrir.

– Você pode me falar qualquer coisa, okay? – Seu olhar mostrava total seriedade.

– Eu sei disso... – Dessa vez o sorriso foi verdadeiro. – Eu estava apenas pensando...

– Sobre...?

– Nós... – Suspirou. – Você... Você se sente mal por ninguém poder saber sobre nós?

– Eu me sinto mal por nem sempre poder demonstrar o quanto você significa para mim em público, sim. – Admitiu, com um sorriso. – Mas... Não me incomodo tanto de esperar, sabe? Entendo como deve ser difícil com pais como os seus... Pelo que fala deles, eles me parecem mesmo bem rigorosos...

– Eles vão me queimar como uma bruxa quando souberem... – Riu, sem humor.

– Não seja tão negativa, talvez eles até aceitem... Se explicar direito como as coisas funcionam e tudo mais.

– Quando eu contar, quero que esteja lá comigo... Porque não sei se conseguiria sozinha...

Gwen beijou-lhe delicada e carinhosamente.

– Eu vou estar... – Prometeu, quando se afastaram.

Então, Liz colou seus lábios novamente. Dessa vez, o beijo foi algo mais intenso, até meio quente demais considerando que estavam no auditório do colégio, onde qualquer um poderia entrar a qualquer momento...

Na verdade, alguém já estava lá há muito tempo.

Mais do que bem escondido, Sebastian tirava algumas fotos do “momento” – particularmente patético aos olhos dele – das duas com o celular. Precisava fazê-las terminar, fosse por bem ou por mal. E quando Liz quebrasse o coração da “sua” Gwen, por medo de assumir o que tinham, ele apareceria e mostraria para ela de uma vez por todas que ele e apenas ele a merecia.