Liz estava há exatamente um mês evitando qualquer contato com o "grupinho" de perdedores que ela já não odiava mais. Negava todos os convites de Noah - que não parava de insistir na ideia dela ser gay - e de Matt. Queria ignorar completamente a existência de Gwen e não daria muito certo se tivesse a brilhante ideia de ir para os mesmos lugares que ela. Precisava de tempo para entender melhor sua própria confusão emocional e descobrir se realmente gostava de garotas.

Obviamente sentia algo por Gwen, mas sua relação com a baixinha sempre havia sido complicada. Poucos meses atrás, a odiava profundamente e sua diversão favorita costumava ser fazer de tudo para atormentá-la, então a possibilidade de ter confundido as coisas sem dúvida nenhuma deveria ser considerada.

O lado bom de não sair com os "amigos" acabou sendo o tempo livre que usou para finalizar seus testes de direção e convecer seu pai a comprar-lhe seu primeiro carro. Um conversível prateado que faria Rebecca passar horas reclamando sobre o quão óbvia ela conseguia ser em absolutamente tudo na vida.

Aliás, fazia algum tempo que não conversava com a amiga. Aparentemente, Becky havia entrado em algum tipo de depressão pós-término que a deixava um pouco... Instável. E bem, por mais que isso pudesse fazer dela uma péssima amiga, Liz estava satisfeita com seus próprios problemas e confusão emocional.

Já Brittney, ao contrário da morena, parecia muito bem. Tinha - finalmente - conversado com os pais, que para a surpresa de todos, aceitaram bem a ideia de terem uma filha homossexual. Na verdade, acabou sendo o seu pai quem teve a reação mais exagerada. Estava proibida de falar com a outra loira, para não ser "influenciada", o que era meio irônico. O pai homofóbico e a filha que começa a suspeitar da própria sexualidade. Às vezes se perguntava se sua vida precisava mesmo ser formada por tantos clichês...

Bom, de qualquer modo, mesmo não podendo conversar com Britt, sabia que ela estava namorando uma garota que havia conhecido em um cinema. Foi a segunda vez que viu Becky chorar...

(...)

– Bom, eu vi ontem na internet que a Gwyneth Paltrow batizou a filha dela de Apple. - Começou Caleb, bem mais entusiasmado do que o habitual. - Isso me fez perceber que a gente precisa escolher para o nosso um nome especial, que tenha algum significado... - "Lá vem idiotice." Pensou Susan. - Então eu pensei no melhor nome de bebê de todos os tempos! - Tirou da jaqueta um pedaço de papel. - Hedgehog!

– Hedgehog? - Arqueou uma sobrancelha. Caleb não podia estar falando sério...

– Sim! Um dos personagens mais legais dos videogames é com certeza o Sonic. E os melhores jogos são Sonic: The Hedgehog e Sonic: The Hedgehog 2. - Explicou, como se aquilo fizesse a ideia de nome fazer total sentido. - É criativo não é? Eu duvido que alguém vá querer se meter com alguém que tenha esse nome... - Foi então que percebeu a expressão nada feliz da "não namorada". - Não gostou desse? Bom, eu tenho vários outros aqui... - Apontou para a folha de papel que segurava. - Que tal Dick? Meu sobrenome é Grayson então ele seria tipo o Asa Noturna...

– É, e também significa Pênis. - Susan revirou os olhos. - Aliás, ser um super-herói idiota não vai tornar esse nome menos imbecil.

– Ei! Dick Grayson é o Robin original... Não é qualquer herói... - Disse ele, aborrecido pela crítica. - Mas se também não gosta, podemos chamar de Earl Thomas ou Lavonte David, que são dois dos meus jogadores de futebol favoritos...

– Não vamos chamar nosso filho de nada disso! - Exclamou, irritada. - Na verdade, não vamos chamar nosso filho de nada! Quantas vezes preciso dizer que iremos dar para a adoção?

– Mas eu quero ficar com ele. - Afirmou Caleb. - Posso ser um bom pai. Tenho dois empregos e minhas notas melhoraram muito, com certeza vou conseguir me formar ano que vem e posso tentar voltar para o time e conseguir uma bolsa...

A ruiva suspirou profundamente, antes de interrompê-lo:

– Acha mesmo que seria justo ficarmos com ele?

– Como assim? - O rapaz juntou as sobrancelhas, sem entender.

– Temos dezessete anos, não conseguimos cuidar nem das nossas próprias vidas... Sejamos sinceros, Caleb... Não estamos prontos para sermos pais. Não acha que o mais certo a fazer seria dar essa criança para alguma família que possa cuidar bem dela?

– Acho. - Abaixou a cabeça tristemente. Eram fatos, ele não tinha como discordar... Mesmo assim, ainda era meio deprimente saber que não participaria da vida do filho.

(...)

Observava seu irmão pegar alguns pacotes de macarrão e colocar dentro do carrinho. Seus braços cruzados enquanto se apoiava no mesmo. Estavam no supermercado porque Matt havia convidado Frannie e Isaac para jantar na casa deles. Josh sabia que seu irmão só queria uma desculpa para passar mais tempo com a amiga, por isso tinha planos de "distrair" Isaac com um pouco de GTA.

Se ele não podia ter suas esperanças românticas realizadas - por culpa exclusiva de Rony, que ignorava completamente o fato de terem ficado naquela maldita festa - tentaria ajudar Matt a realizar as dele. Até porque, precisava de novos casais para "shippar", já que Brittney e Rebecca estavam separadas.

– Hey, Josh! - Matt o chamou. - Qual sabor de sorvete devo levar?

Um sorriso apareceu em seus lábios enquanto caminhava até o irmão.

– Qual sabor ela gosta?

O quarterback então passou a encarar o freezer com uma mão no queixo e expressão pensativa.

– Ela nunca me disse qual sabor gosta... - Murmurou com os olhos cerrados, que logo se arregalaram. - Mas ela pediu de frutas vermelhas na sorveteria do Larry outro dia! - Exclamou, satisfeito por ter conseguido lembrar.

Josh riu baixinho e voltou a cruzar os braços sobre o carrinho. Era bom ver o irmão se esforçar para agradar uma garota além de Liz Harrison.

– Hmmm... Achei! - Matt retirou o pote médio de sorvete de dentro do freezer. - Vamos?

O "mais novo" assentiu e os dois caminharam até o caixa.

(...)

Os olhos se Gwen estavam fixos na tela do computador. Lia algumas teorias sobre o a segunda temporada de The Flash, que seria lançada em breve. Estava tão concentrada no que fazia que não notou que Noah tinha um sorriso divertido no rosto enquanto a observava. Quando finalmente parou de ler e se virou, percebeu a expressão do melhor amigo.

– O que foi? - Questionou, estranhando.

– Nada não. - Respondeu o running back, antes de começar a rir baixinho.

Gwen decidiu não insistir. Com certeza preferia não saber. A mente de Noah era mais suja que o rio Citarum.

– Já pensou na possibilidade da Harrison ser lésbica? - Ele perguntou, repentinamente.

A baixinha ergueu as sobrancelhas.

– Que tipo de pergunta é essa? Ela é, basicamente, a pessoa mais hétero que eu conheço. E essa lista inclui você.

– Mas... E se... Hipoteticamente, claro... Ela fosse e estivesse afim de você? - Insistiu.

– Certo... Isso está começando a ficar estranho... - Cruzou os braços. - Você não está mesmo pensando nisso, está? Se ela fosse gay, o que com certeza ela não é, eu seria a última garota na Terra pela qual ela se interessaria. Não sei se lembra, mas... Eu meio que costumava ser o alvo dela.

– É, acho que você tem razão... Viajei demais dessa vez... - Se jogou na cama da amiga. - Só que você não respondeu minha pergunta.

Um sorriso brincou nos lábios de Gwen.

– Bom, se ela fosse lésbica e estivesse afim de mim... Eu com certeza ficaria com ela.

– Pensei que ela não fosse o seu tipo. - Sorriu de canto.

– E eu pensei que fosse uma conversa hipotética. - Retrucou, antes de se virar novamente para o computador e abrir Facebook.