– Bom, quem quer começar? - Perguntou Noah. Houve um silêncio, até que Rebecca levantou a mão.

"Por favor, pare na Britt, pare na Britt!" Pensou, enquanto girava a garrafa. Sentia tanta falta de beijar a garota... Para a sua decepção, não parou na ex namorada, mas sim em Rony Crutcher. "Droga!"

– Será que eu não posso girar outra vez? - Olhou para Noah, com olhar tão desanimado quanto o de Rony.

– As regras são claras: vocês têm que se beijar. - "Até porque, Liz pode usar essa pequena exceção para me fazer girar de novo." Completou mentalmente.

Logo os dois se aproximaram. Acabou sendo mais um selinho demorado do que qualquer outra coisa, durou mais ou menos uns cinco segundos. Então se afastaram e voltaram aos seus lugares, meio constrangidos.

– Bom, agora é minha vez... - Noah sorriu maliciosamente.

A garrafa permaneceu rodando por alguns segundos, até que parou em alguém.

– Em mim?! - Exclamou Josh, com os olhos arregalados.

– Eu não vou fazer isso! - Decretou o running back.

– As regras são claras: vocês têm que se beijar. - Repetiu Becky, com um sorrisinho irônico nos lábios. - Anda rápido com isso!

Josh se aproximou, a contragosto. Se tinha uma única pessoa naquela sala que ele se recusava a beijar - além de seu irmão, é claro - essa pessoa era Noah Laurent. Fechou os olhos em meio à caretas e selou seus lábios nos do melhor amigo de Gwen. Rapidamente se afastaram.

Frannie foi a próxima a girar, já que estava sentada ao lado de Noah. Para sua sorte, a garrafa parou em Matt, que ficou visivelmente constrangido. O quarterback sequer teve tempo de dizer alguma coisa, pois Frannie o puxou pela camisa e colou seus lábios. Quando o beijo começou a se intensificar, ele pediu passagem com a língua e suas mãos foram em direção à cintura da amiga, com o objetivo de trazê-la para mais perto. Pararam apenas quando Terry pigarreou. Podia até ter decidido seguir em frente, mas ver o garoto que ela gostava beijar uma de suas melhores amigas ainda era algo difícil.

Os próximos também se resumiram a selinhos demorados, sendo os pares: Jane e Sebastian, Brittney e Isaac, Josh e Wally, Rony e Liz, Matt e Jane, Isaac e Rebecca, Sebastian e Frannie e Liz e Matt.

Chegou então a vez de Gwen.

– Quem será o azarado? - Provocou Liz.

– Muito engraçado, Harrison. - Revirou os olhos, girando a garrafa. Abriu um largo sorriso ao ver em quem havia parado. - Que ironia, hein? Parece que a azarada é você. - Gargalhou.

Os olhos verdes se arregalaram.

Rebecca, Isaac e Brittney realmente tentaram se segurar, mas acabaram rindo ainda mais alto que a baixinha. Sebastian cruzou os braços, frustrado. Por que a maldita garrafa não podia ter parado nele?

– Sunshine?– Gwen perguntou, dessa vez realmente falando sério.

– Tudo bem. - Concordou Liz, fazendo Noah soltar algum comentário aleatório sobre ter certeza de que adoraria ver aquilo. - Mas mantenha sua língua quieta na sua boca. - Ordenou, fazendo com que Gwen risse outra vez.

E lá foram elas.

Equanto chegava a vez de Frannie e Terry começarem a rir, Noah se mantinha totalmente concentrado na cena. Com certeza, aquilo compensaria ter tido de beijar outro cara e não ter conseguido ter a mesma sorte da melhor amiga.

Gwen, aos poucos, se aproximava da ex "rival". Precisava admitir, já tinha se perguntado como seria fazer aquilo algumas vezes. Por mais que a garota loira não se encaixasse exatamente em seu "tipo", continuava sendo a garota mais linda que conhecia.

Liz não sabia exatamente o que fazer. Tinha certeza que estava suando, mas sentia um frio da barriga. Além de um medo enorme e bizarro, maior do que quando ficara no topo da pirâmide da torcida pela primeira vez, alguns anos atrás. Sentiu-se um pouco confusa, um tanto vulnerável até. Seu olhar estava fixado na íris escura da pequena e algo dentro dela dizia que ela queria aquilo. Por deus, ela queria beijar Gwen Collins! "Não, isso é ridículo! Eu não quero beijá-la, eu não posso querer isso! Eu não gosto de garotas!" Tentava se convencer, mas pela primeira vez, não conseguiu enganar e trapacear o próprio cérebro.

Foi então que, quase como um flash, Liz Harrison se levanta, pega seu casaco e some do quarto com uma expressão de covardia e confusão. "O que está acontecendo comigo?"

Gwen até pensou em ir atrás dela, mas logo se lembrou que não eram amigas. Girou a garrafa novamente e para a sua tristeza, parou em Sebastian.

"É... Eu realmente prefiro beijar a Harrison... Ou qualquer outra pessoa nessa sala!" O pior, era que teria que ser convincente, já que existia todo aquele "plano" de fazer Jane acreditar que eles eram namorados.

Sebastian se esforçou para conter sua animação, mas não sabia ao certo se tinha ou não conseguido. Apostava no não.

Gwen então se aproximou, fechou os olhos e o beijou. Fogos de artifício com certeza seria a expressão escolhida por McKean para descrever aquilo. Todos - com exceção de Jane, que não queria ver aquela "cena" - notaram quando o rapaz tentou aprofundar o beijo, mas instintivamente a garota se afastou, evitando que aquilo se prolongasse.

(...)

Ainda ignorando completamente uma a outra, Brittney e Rebecca foram procurar Liz. Quando finalmente a encontraram, na varanda, perceberam que algo muito estranho estava acontecendo... Nunca a tinham visto naquele estado...

– Liz? - Brittney chamou, tocando o ombro da outra loira.

A principal líder de torcida se virou para olhá-las, e então perguntou:

– Quando foi que perceberam que gostavam de garotas?

As duas se entreolharam, por breves segundos.

– Eu... Não sei ao certo. - Afirmou Becky, sendo 100% sincera.

– Sim... É complicado... - Concordou Britt. - Acho que eu sempre me senti assim, mas... Só fui perceber quando... Nós duas... - Apontou para a morena e depois para si mesma. - Começamos com essa história de amizade colorida...

Becky balançou a cabeça, em concordância.

– Por que está nos perguntando isso? Você acha que você...? - Britt tentou ser o menos incisiva possível. Se aquele assunto já não era fácil entre ela e a ex namorada.

– N-Não! Eu não sou lésbica! Nem bissexual, ou algo assim! - Berrou Liz, em tom que soou extremamente ofensivo. - Eu não posso ser...

– Por que não? - Rebecca arqueou uma sobrancelha. - Você aceita que nós duas gostamos de garotas, aceita que seus novos vizinhos sejam um casal gay... Mas não quer nem cogitar a possibilidade de gostar de garotas? Pelo visto, tudo bem que os outros sejam, mas você não pode ser uma "aberração", não é? - Fez aspas com os dedos, se sentindo estranhamente irritada.

– Você não está ajudando! - Repreendeu Brittney. "E seria ótimo se você seguisse os próprios conselhos." Pensou, ressentida. Mas sabia que não era o melhor momento para terem aquela conversa. - Lizzie... Que tal nos contar exatamente o que está acontecendo?

(...)

Ferrado. Era essa a única palavra que descrevia a situação atual de Matt. Ele estava gostando de Frannie, a ex namorada de seu melhor amigo. E se sentia péssimo por isso... Como Noah reagiria? Será que a irmã de Isaac sentia o mesmo? Deus... Aquilo era inacreditável! Por que a vida dele não podia, simplesmente, ser como em um daqueles filmes em que nada dá errado?

– Tudo bem, cara? - Quis saber Sebastian, se sentando ao lado dele no sofá. De fato, estava um pouco "alto", mas não de fato bêbado. Logo, conseguia perceber quando seu amigo de infância não se sentia bem.

– Não muito... - Respondeu. - Acho que estou gostando de alguém...

– E isso é ruim? - McKean franziu o cenho, confuso.

– Me responda você. - Matt obviamente se referia à paixão não correspondida de Sebastian.

– Touché! - Disse o mais alto, entre suspiros.

Sim, definitivamente, os dois estavam ferrados.

(...)

Noah se sentia, no mínimo, desapontado. A festa que deveria ser extremamente divertida para ele e seus amigos - além de uma chance de conseguir ficar com Liz Harrison - acabou se tornando algo extremamente desagradável. Após o "jogo" de girar a garrafa ter seu fim, os convidados foram, um por um, voltando para casa.

E o pior: não passava das nove da noite! Que tipo de festa terminava tão cedo?

– Noah! - A voz de Gwen o tirou de seus pensamentos. Ela era a única que ainda estava ali, já que tinha dito para os pais que dormiria na casa de uma amiga. O que não o surpreendia, já que o sr. Collins era extremamente protetor e nunca a deixava ir em nenhuma festa. - Temos que arrumar logo essa bagunça, não se esqueça que seus pais voltam amanhã!

"Merda!" Praguejou mentalmente. Tinha se esquecido completamente daquilo...